Nosso Estranho Amor

33. A carne é fraca ou o caráter é duvidoso?

Era uma quinta-feira quando após termos nos amado até a exaustão recebi uma notícia nada agradável da minha namorada.

–Princesa, a partir de segunda-feira vai começar o Congresso Anual de Direito Trabalhista, só que nesse ano será em Vitória. Vou viajar no domingo a tarde e prometo que tento voltar o mais breve possível.

–Amor, como vou sobreviver uma semana longe de você? –perguntei fazendo biquinho. –A Tainá não pode ir no seu lugar? Vou morrer de saudades.

–Vou ministrar algumas palestras e a Tai não tem tanta experiência nesses eventos importantes. É o nome do escritório que estará em jogo. –mesmo triste tive que entender a situação.

–A Tainá não é tão competente quanto a namorada maravilhosa que tenho. –disse e em troca recebi um beijo. –É apenas uma semana, mas para mim parece que será uma eternidade. –respondi triste.

–Você pode ir comigo se quiser e te darei toda atenção possível. –claro que meu coração queria aceitar, mas sabia que isso não poderia acontecer.

–Uma proposta tentadora, mas você sabe que não posso ser tão irresponsável de largar a escola, ainda mais agora no fim do ano letivo.

–Tem razão, mas enquanto isso vamos compensando a saudade… Gi, antes que esqueça, a Tai nos convidou para irmos a uma boate nova que fica na região metropolitana amanhã. Ela quer nos apresentar a nova namorada. O que acha da ideia?

–Não sei anjo, você vai viajar no domingo, então queria que passássemos a sós esses dias antes da viagem. –no fim não queria ter que olhar na cara da melhor amiga da minha namorada, mas também estava aliviada por saber que Tainá estava namorando.

–Eu também não, mas o Arthur  me convidou. Segundo o meu maninho, ele e a Dani querem nos dar uma notícia.

–Se a Dani vai estar nessa boate, então eu também vou. –disse sorrindo.

–Vai só pela Dani é? Pensei que ia por mim. –adorei o jeitinho ciumento da Ágatha.

–Vem aqui minha ciumentinha fofa! Te amo! –disse já começando a acariciar aqueles seios rosados.

–Eu te amo mais! –novamente voltamos a fazer amor.

A sexta-feira a noite chegou com força total e cá entre nós, Ágatha e eu estávamos espetaculares. Eu usava um vestidinho curto na cor branca e as costas nuas com uma sandália de salto fino na mesma cor, meus cabelos estavam escovados e usava uma maquiagem da noite. Já minha namorada usava um vestido dourado e decotado na altura dos seios, sapatos da mesma cor, maquiada e o cabelo vermelho descia como cascatas pelas suas costas.

–Giovanna, não acha que devia colocar uma roupa mais comportada? Assim você vai atrair muitos olhares. –não acreditei no que ouvi.

–Pensava que no mínimo ia me elogiar e dizer o quanto estou linda. Esse decote nos seus seios também vão atrair a atenção de muita gente, mas não vou deixar os outros estragarem nossa noite. –disse chateada.

–Se você quiser eu posso trocar de roupa. –Ágatha disse me etando.

–Nada disso. Nós estamos maravilhosas e vamos logo embora. O motorista do aplicativo já está esperando.

–Então você vai vestida assim? Quero ver se vai aguentar minha vingança. –percebi o olhar safado na minha direção.

Já que provavelmente íamos beber bastante, então seria mais seguro irmos de aplicativo mesmo. No carro entendi qual era o plano da ruiva, não sabia se ria, se ficava chateada ou excitada.

–Ágatha, tira a mão daí… –disse em um fio de voz enquanto sentia meu sexo ser acariciado por cima da calcinha.

–Tirar a mão de onde, amor? –se fez de desentendida. –Só tô fazendo carinho. –dessa vez sua mão já estava dentro da minha bucetinha me penetrando com vontade.

Quando senti os movimentos alucinados dos dedos da Ágatha me preenchendo por completo precisei morder com muita força os seus dedos para não gemer alto enquanto o gozo se aproximava. Mesmo alcançando o orgasmo silenciosamente notei que o motorista observava o que se passava no banco detrás pelo retrovisor. Notei seu sorriso sacana e morri de vergonha.

O pior foi já na boate na hora de pagar a corrida…

–Vocês são duas mulheres jovens e gatas, formam um casal bonito. O meninão ficou alegre com a performance. –disse acariciando o seu membro. –Se quiserem podemos marcar um show particular na minha casa.

–Bem que falam que Deus dá a roupa conforme o frio, você não passa de um João Ninguém. Tenho certeza de que não sabe com quem mexeu. Sou advogada de renome aqui no Rio e tenho colegas muito influentes. Prepare-se porque muito em breve chegará uma intimação e será chamado pra depor. Deixando de ser motoristazinho de aplicativo, na cadeia, quero ver como vai sobreviver. –percebi o olhar etado do homem.

–Me desculpe doutora. Eu lhe imploro… Minha esposa é dona de casa, tenho seis filhos pequenos que sustento. –nessa hora o homem já estava desesperado mostrando a foto das crianças que julguei que eram seus filhos.

–Seus problemas não são da minha conta. Pensasse nisso antes de nos desrespeitar. Nos veremos no tribunal.

O motorista saiu desesperado e eu estava etada com a atitude da minha namorada. Claro que o que ele fez foi erradíssimo, mas no momento pensei nos seus filhos.

–Vamos amor! –a ruiva falou entrelaçando nossas mãos como se nada tivesse acontecido.

–Ágatha, você endoidou? O homem tem filhos pequenos. Não inicie um processo contra ele.

–Qual o seu problema, Giovanna?! Esses pobres só servem pra fazer filho e implorar por benefício do governo, os filhos dele não me dizem respeito. –nessa hora me veio na cabeça a conversa que tive com a Pietra na última vez que nos vimos, quando ela mencionou o fato da Ágatha ser interesseira. –Tá se doendo por ele? Vi muito bem do jeito que ele te olhou, por acaso você tava querendo…

–Nem ouse terminar essa frase ou então acabo com nosso namoro agora mesmo. Não vou permitir que me falte com respeito. –respondi de forma enérgica.

Com essa discussão que já estava atraindo atenção de curiosos entramos na boate. Não demorou para avistarmos a mesa em que Dani, Tainá e uma moça negra que julguei ser sua namorada estavam. Algo que me aborreceu bastante é que Elisa, a namorada da Tainá, estava comendo a Ágatha com o olhar e a ruiva parecia não se importar.

O clima estava bastante tenso até que Ágatha com medo de que estourasse alguma bomba resolveu puxar assunto.

–Dani, o que você e o Arthur queriam tanto falar com a gente? A propósito, cadê o meu irmão?

–Queremos dar essa notícia juntos. Tô tentando ligar pra ele, mas o sinal está muito ruim. Gi, me acompanha até o lado de fora? –estava de olho na Elisa e na Ágatha, por nada queria sair dali.

–Vai sozinha Daniela, agora não dá.

–Por favor minha amiga. Vem comigo…

Notei o olhar de súplica da Dani, então mesmo contrariada, segui com ela. Quando já estávamos a uma boa distância resolvi ser direta.

–Por que me tirou da mesa daquele jeito? Aquela vagabunda está se jogando pra cima da minha namorada. –estava explodindo de raiva.

–A Ágatha não é nem uma santa. Só vai acontecer algo se ela conceder. Você precisa se controlar mais. Te pedir pra vir comigo, caso contrário iria bater na Elisa.

–Não seria má ideia. Agora chega de sermão. –disse me virando para voltar para boate.

–Ei, pra onde você vai? –minha amiga ainda tentou me impedir de voltar.

–Daniela, não vou quebrar a cara de ninguém se essa é a sua preocupação. Apenas vou ao banheiro, estou apertada. –disse sem mais rodeios.

Até achei estranho que todas as cabines do banheiro estavam vazias, o que tornou possível tentar recuperar meu controle emocional. Eu era uma pessoa muito calma, mas sabia que não responderia pelos meus atos se voltasse para aquela mesa. Tudo deveria estar indo bem, mas como desgraça pouca é bobagem, sempre tinha alguém para aparecer nos momentos mais inoportunos.

–Sabia que estava certa quando disse que o destino faria com que nos esbarrássemos em qualquer lugar. –minha ex-namorada se aproximava de mim usando um vestido justíssimo e saltos. Para o meu eto ela estava maquiada e os cabelos antes curtos, agora estavam mais compridos. Fiquei boquiaberta diante da visão que tive. Ela estava exuberante.

–Pietra, o que você tá fazendo aqui? Você prometeu que deixaria de me perseguir e iria me deixar em paz. Sai daqui antes que alguém nos veja.

–Pinguim, você já te se achando demais. Não tô seguindo seus passos se é o que tá pensando. Apenas fui chamada para trabalhar na inauguração dessa boate e cá estou. Não tenho bola de cristal para imaginar que você e sua namoradinha apareceriam justamente aqui. –disse enquanto retocava o batom naqueles lábios carnudos e não conseguia desviar minha atenção.

–Esquece! Você não me deve explicações. Preciso ir… –disse querendo me livrar da presença da DJ o mais rápido possível. Antes que pudesse sair do banheiro fui agarrada de volta.

–Espera! Por que tá com tanta pressa? Aposto que tá com medo de que eu te beije, você corresponda e traia a mimadinha.

–Não fala assim da minha namorada. O nome dela é Ágatha! –falei com raiva.

–Que seja! Gostou do meu novo visual? Pode até dizer que não, mas o seu olhar e o seu corpo dizem o contrário. –perguntou mudando de assunto.

–Pietra, qual o seu intuito querendo conversar como se fôssemos velhas amigas? Não interessa se eu gosto ou não, eu tenho namorada e você é passado na minha vida. –respondi simplesmente. –Aposto que as solteiras adorarão seu estilo, mas não tenho absolutamente nada haver com isso.

–Você tem tudo haver com a minha transformação, agora tô entendendo que você gosta das ladys. Maldita hora que levei aquela ruiva pra minha casa. Seu lado racional até quer que eu seja passado na sua vida, mas suas emoções estão a flor da pele para que eu te agarre aqui mesmo. –disse na sua calma costumeira.

–Preciso ir. Estou nesse banheiro há muito tempo e a Ágatha já deve estar sentindo minha falta. –disse indo em direção à porta.

–Tudo bem. Tenha uma excelente noite. –Pietra disse enquanto ainda continuava a retocar sua maquiagem.

–Espera! Tenho um assunto importante pra conversar com você. –falei querendo sentir um pouco mais daquele perfume cítrico e observar melhor o novo visual da minha ex.

–Você ia embora, agora mudou de ideia e quer conversar, ainda por cima em um banheiro vazio… Giovanna, não tô entendendo. –Pietra comentou me olhando nos olhos pela primeira vez. Os azuis e os verdes se fitavam desafiadoramente.

–Eu soube que enquanto namorávamos, a Nicole ainda frequentava a mesma boate que você trabalhava…

–Ai Senhor! Á Ágatha é a mulher mais fofoqueira que conheço. –Pietra falou me interrompendo.

–Não corta a minha fala! Que tipo de envolvimento você teve com a Nicole ou com qualquer outra das minhas amigas? –indaguei com medo da resposta.

–Se você tá achando que fiquei ou transei com alguma daquelas falsianes, saiba que nunca te desrespeitaria dessa forma. –Pietra falou e soube que estava sendo sincera. –A Nicole ia até as boates, transava com muita gente pra conseguir dinheiro pra comprar drogas. Várias vezes, eu e algumas pessoas da boate tínhamos que carregar a garota chapada até o carro da mãe dela. Depois ela foi internada em alguma clínica e não sei de mais nada. Ela quis sim ficar comigo várias vezes, mas nunca tivemos nada. –a morena respondeu a todos os meus questionamentos, tudo batia com parte do que a Ágatha havia falado. –Se era isso que queria falar comigo, agora já pode voltar para o seu amor. Você mesma disse que ela está te procurando.

–Ainda não terminei, Pietra. Posso saber por que há cinco dias atrás você mudou o seu status nas redes sociais para solteira? Muitas meninas estão se oferecendo nos comentários. E quem é aquela morena que estava na última foto que você postou no Instagram? Desde quando começou a gostar de mulheres mais velhas? –perguntei morrendo de raiva. Pietra me olhava desacreditada.

–Giovanna, você tá ficando louca?! Coloquei que estou solteira porque é a mais pura verdade, lembrando que tô solteira há muito mais tempo. Não sei que tipo de namoro você e Ágatha tem, mas você tá parecendo uma louca varrida, tô te estranhando, nunca foi assim. –Pietra comentou gargalhando.

–Ainda não me respondeu quem estava com a foto contigo. Aquela mulher tem jeito de oferecida, safada, pilantra… –confesso que já estava gritando de tão furiosa.

–Giovanna, cala a boquinha! Você já tá testando muito a minha paciência e estou prestes a explodir. –Pietra falou começando a se alterar também. –Não  sabia que mesmo namorando você fica stalkeando minhas redes sociais. Nem deveria responder, mas se vai te deixar mais calma… A Rosângela é pediatra no mesmo hospital onde minha mãe trabalha, as duas são muito amigas, a tia Rosa é muito bem casada com o Doutor Américo, e estou supervisionando a construção da casa deles. –Pietra comentava me encarando e era óbvio que falava a verdade.

–Era só isso que queria saber, agora tenho que ir. –precisava sair urgentemente dali antes que acontecesse alguma besteira.

–Você faz um interrogatório sobre a minha vida e acha que vai ficar por isso? Não sou seu brinquedinho e nem sua marionete, Giovanna. Sei que errei muito, mas não permitirei que brinque comigo. –Pietra gritou partindo com tudo na minha direção. Ela estava tão transtornada que tive medo do que pudesse acontecer, nunca vi minha ex-namorada tão irada.

Juro para vocês que não tive tempo para reagir ao que veio em seguida, até porque foi algo inesperado. A DJ me imprensou contra uma parede sem me dar chances para fugir dali, colocou sua coxa contra meu sexo após afastar minhas pernas, o atrito da minha buceta contra a coxa da morena já estava me deixando bastante molhada. Pietra começou a beijar e chupar meu pescoço dando leve mordidinhas, odiei-me mais ainda quando comecei a gemer e puxava seus cabelos. Suas mãos deslizavam pelas minhas costas nuas e apertavam meu bumbum, aumentando ainda mais meu tesão.

–Pietra, para… Isso tá errado. Eu tenho namorada… –apenas balbuciava, mas sem conseguir sair dali. Era tudo mais forte do que eu.

A DJ não falou nada, apenas continuou beijando meu pescoço. Já estava um pouco fora de mim. Pietra não tardou em beijar minha boca, sem demora, sem reservas, chupando minha língua da maneira que só ela sabia fazer. Era misto de saudade, paixão, desejo e amor talvez.

–Quero saber se a Ágatha te pega desse jeito e faz a sua calcinha encharcar só com beijos. –a DJ comentava acariciando meu sexo por cima da calcinha. –Vai Giovanna! Implora pra que eu te coma agora mesmo. Você quer tanto quanto eu. –Pietra puxava meus cabelos e eu só fazia gemer.

Quando a DJ ia abrir o zíper do meu vestido, provavelmente para tocar nos meus seios, fomos afastadas bruscamente por uma voz.

–Meninas, vocês ficaram loucas?! Perderam a noção do perigo?! Se eu não tivesse chegado a tempo, o que iria rolar?! –essa voz era da Dani. Fiquei imensamente agradecida à minha amiga por ter aparecido. Se fosse a Ágatha não sei o que seria de mim.

–Eu iria matar as saudades da minha loirinha, mas você estragou todos os meus planos, Daniela. –a DJ falou me deixando enfurecida.

–Não tive culpa. Foi a safada da Pietra que me agarrou… –tentava me defender.

–Agora sou a culpada?! Você não estava amarrada, Giovanna. Não foi embora porque não quis. –Pietra disse querendo me culpar.

–Na minha opinião as duas estão erradas. Giovanna, você morre de ciúmes da Ágatha, mas nesse momento não pensou nela. –disse me fazendo sentir culpada. –E você, Pietra… Também deveria respeitar o namoro das pessoas, principalmente da Giovanna. Não acha que já prejudicou muito ela?

–Sei que fiz a Gi sofrer, mas só quero provar que mudei e sou uma nova pessoa. –a DJ se justificava. –E a Giovanna também teve os erros dela.

–Pra mim vocês duas precisam ter vergonha na cara, resolver se ficarão juntas ou separar de vez, mas nunca terem envolvido uma terceira pessoa nesse caso mal resolvido, não é justo com a Ágatha. –Dani reclamava puxando nossa orelha e sabia que ela estava certa. –Giovanna, você é a minha melhor amiga, mas serei sincera. Depois do que presenciei nesse banheiro começo a duvidar se você merece a minha cunhada. Se a Ágatha souber ela não vai te perdoar…

–Daniela, eu te imploro. Eu amo a Ágatha com todas as minhas forças. Confesso que fui fraca. Eu te imploro… Por tudo o que é mais sagrado, não conta nada para a minha namorada sobre o que aconteceu aqui, não quero perder o meu amor novamente. –meu desespero era tanto que ajoelhei na frente da Dani.

–Ama tanto a Ágatha, mas ia dar bem gostoso pra mim. Acho que você quer é ter uma morena e uma ruiva aos seus pés. –Pietra comentou rindo.

–Levanta desse chão, Gi! Larga de drama! –Dani disse me ajudando a levantar. –Eu não direi uma palavra sequer, sei que não cometerá o mesmo erro novamente. Agora resta saber da Pietra… Se ela falará algo ou não.

–Já disse e volto a repetir quantas vezes forem necessárias. Meu intuito não é prejudicar a vida da Giovanna. Se voltarmos será de comum acordo, não por pressão.

–Não vou voltar com você, Pietra! –disse já voltando a me alterar.

–Já chega minha amiga. Pietra, agora sai de fininho do banheiro antes que alguém te veja.

Enquanto Dani falava tratei de arrumar o meu vestido que estava muito amassado e retocar a maquiagem. A DJ já estava para ir embora dali, mas algumas mulheres começaram a entrar no banheiro, dentre elas… A minha namorada.

 

 

Depois dessa, será que a Gi ainda merece a Ágatha?



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