Nosso Estranho Amor

36. O reencontro com Bianca

A Ágatha apesar de insegura, ciumenta e infantil, era tão gata, sexy, charmosa, de uma índole inquestionável, qualquer pessoa no meu lugar adoraria ter aquela deusa nórdica como namorada. Pela primeira vez pensei se o que sentia pela Pietra não era apenas uma atração sexual visto que aquela morena com cara de bad girl tinha um jeito cafajeste e safado que me deixava louca de desejo.

–Cunhada, vai querer uma carona? –meus pensamentos foram cortados.

–Obrigada Alana, mas não é necessário, estou de carro.

Despedi-me da Alana e do Alex, sem olhar para a cara do Sr. Gustavo, não fazia mais a mínima vontade de fingir simpatia com meu sogro. Ágatha não quis de jeito nenhum que o Arthur lhe acompanhasse ao aeroporto, a história da Pietra ser madrinha da criança que estava por vir não seria digerida tão cedo.

Meus pensamentos não paravam quietos. Agora que a Ágatha estava longe eu tinha vontade de ir a determinado lugar, mas meu cérebro alertava para sinal de perigo e que não deveria me arriscar, só que meu lado impulsivo sempre falava mais alto. Mesmo sabendo de todos os riscos, resolvi seguir minhas emoções e assim fui guiando meu carro pelas ruas movimentadas da cidade maravilhosa. Cerca de vinte minutos depois já estava em frente à campainha de uma casa. Até relutei por alguns segundos, mas minha mão foi mais rápida e já tocava insistentemente aquela campainha.

–Já vai caralho… Porra, será que não sabe esperar? –ouvi uma voz conhecida gritar de dentro da casa enquanto destrancava a porta.

–Eu pensava que essa sua mania de falar centenas de palavrões havia ficado no passado. –respondi de maneira irônica enquanto notava o seu olhar de estranheza.

–Posso saber o que tá fazendo na minha casa? Cadê a Ágatha? Ela sabe que você está aqui? Não quero mais confusão com a sua namorada. –Pietra falava com cara de poucos amigos e com o cabelo todo arrepiado.

–A Ágatha foi fazer uma viagem, coisa de trabalho. –limitei-me a dizer. –Gostaria de conversar com você. Será que posso entrar ou tô atrapalhando algo? –não esperei uma resposta e fui entrando mesmo sem ser convidada.

–Giovanna, nós moramos juntas por cinco anos. Será que você não lembra que todo domingo durmo no início da noite? É meu dia de folga. –ainda estava com cara de quem comeu e não gostou.

–Sabia que era uma péssima ideia ter vindo até aqui… –disse pegando minha bolsa.

–Você já me acordou mesmo, e não é todo dia que tenho a honra receber minha ex-namorada em casa. Havia muito tempo que você não colocava os pés na minha humilde residência. O que você quer? Se for para repetir o que rolou no banheiro da boate, estou à sua disposição. –notei que Pietra usava um short e um top, deixando a mostra suas tatuagens e piercings. Tentei em vão não olhar para aquele corpo.

–Não seja cínica! Precisava conversar com você. –disse sem saber por onde começar, então enrolei um pouco. –Gostaria de te agradecer por ter pago a minha fiança, e dizer que no final dessa semana vou receber meu salário, aí posso te pagar toda dívida. –respondi sem jeito.

–Já disse que você não precisa me pagar, e esse dinheiro é dos meus pais. Nunca te deixaria naquela prisão –Pietra respondeu calmamente.

–Não quero ter uma dívida pendente contigo. Querendo ou não eu vou pagar.

–Então pague para a minha mãe se faz tanta questão. –Pietra disse se levantando do sofá e indo em direção para onde ficava o nosso quarto.

–Assim será! Para onde você vai? Ainda não terminei de falar. –respondi com raiva quando vi Pietra me dando as costas.

–Vou tomar banho, Giovanna. Não pense que só porque veio até a minha casa vou ficar te rendendo homenagens. Se quiser falar comigo, espera eu terminar de tomar meu banho ou então volta outro dia. –disse indo para o quarto, e fiquei esperando a Pietra lá. Observando aquele lugar odiei me lembrar de cada momento dos mais de cinco anos que passamos juntas, instantaneamente pensei em quantas amantes a DJ já não deveria ter levado para aquela cama, por fim, lembrei da Ágatha e da reviravolta que a ruiva provocou na minha vida.

A Pietra parece que resolveu sair do banheiro apenas de toalha para me provocar.

–Será que você não poderia sair vestida? Precisa ficar de toalha na minha frente? –indaguei desacreditada.

–Ué! Esse é o meu quarto e sempre saio do banheiro desse jeito. Vou ficar nua enquanto escolho a roupa que vou usar. Se quiser pode ficar, caso sinta que a carne é fraca é só se retirar. –respondeu rindo.

Sabendo que talvez pudesse fraquejar diante da DJ na mesma hora fui para a sala. Não acreditei quando vi a roupa que a Pietra apareceu vestindo.

–Você vai ficar de camisola? Você nunca gostou de roupas assim… Tá querendo me provocar de qualquer jeito?! –disse observando o decote que havia perto da região dos seios.

–Por acaso não posso mudar? –disse dando de ombros. –Espero que seja breve, Giovanna! Mais tarde tenho um compromisso. O que você quer? –indagou seca.

–É verdade que você e a Débora estão namorando? Esse seu compromisso de mais tarde é com ela? –perguntei sem esconder minha raiva.

–Quem te falou isso? –indagou curiosa.

–Pietra, não seja ridícula! Vocês duas apareceram juntas na boate, e depois ela disparou que  estão namorando. Responde logo o que eu perguntei. –disse sem paciência.

–Você tá com ciúmes de mim? Pensei que amava a Ágatha. Se eu estiver namorando com a Débora, não é da sua conta. O que tivemos ficou no passado ou será que não? –sussurrou se aproximando cada vez mais de mim e claro que eu fui para o outro canto da sala.

–Só acho que seria muita sacanagem você namorar com a Débora. Por causa dela meus pais não falam mais comigo, todos os dias morro de saudades deles e é nítido que ela me odeia e quer me destruir. Com tanta mulher no mundo, sério que você vai namorar justo com ela? –explodi de uma vez só.

–Seus pais perderiam o contato com você de qualquer maneira pois são homofóbicos ao extremo, a Débora apenas adiantou algo que aconteceria mais cedo ou mais tarde. Mas se te serve de consolo, não namoro com a Débora, nunca tive nada com ela. Nos encontramos por acaso na boate e ela pediu uma música. Depois ela me convidou para sentar com vocês, e não iria perder a chance de provocar um pouquinho sua namorada. O resto da história você já sabe… –disse respondendo aos meus questionamentos.

–E que compromisso você ainda tem mais tarde? –indaguei interessada. Não sabia o que estava acontecendo comigo.

–Minha vida, meus compromissos. Não somos mais namoradas e não te devo satisfações da minha vida.

–Mesmo quando namorávamos você não perdia a oportunidade de me enfeitar com vários chifres. Fui chifruda desde o início desse namoro que você nunca levou a sério. –disse sem esconder minha raiva.

–Se você faz tanta questão de saber. Namoramos por cinco anos, comecei a te trair apenas nos últimos dois meses de namoro, antes disso nunca fiz nada, mesmo você merecendo.

–Engraçado que naquele dia você me falou… –tive minha fala cortada

–Sei perfeitamente que disse que te trair desde o início, mas era mentira, falei com o propósito de te humilhar. Fui fiel por quase cinco anos. Você sabe que tentava de tudo para que nosso namoro pudesse melhorar, mas você nunca dava espaço, Giovanna. Sei que fui muito safada por ter mentido e te traído, mas se nosso relacionamento fracassou, a culpa não foi totalmente minha. –disse me deixando pensativa.

–Pietra, não sei porque tá querendo esclarecer todos esses pontos. Nós não temos mais nada e o que é passado ficou no passado, não há porque ficarmos conversando sobre esse assunto.

–Tem razão, Giovanna. Terminamos e esse assunto não nos levará a lugar nenhum. Como disse, estou esperando uma visita, ela pode chegar a qualquer momento e não quero que ela te veja aqui. Então vai, saia daqui! Vá viver feliz com a Ágatha ou com quem quer que seja, se bem que se a mimadinha descobrir que foi traída, não irá mais querer saber de você… Não me procure mais e eu também prometo que não vou mais te infernizar. Quando nos esbarrarmos na rua farei exatamente o que já me pediu antes, fingir que não te conheço.

–Não precisamos ficar dessa forma, Pietra. Nós ainda podemos ser amigas e…

Minha fala foi interrompida pelo barulho da campainha. Com certeza a pessoa que tocava insistentemente deveria se tratar da suposta visita da minha ex-namorada. Mesmo sem entender o porquê, senti uma pontada de ciúmes, mas ao mesmo tempo não tinha dúvidas do sentimentos que nutria pela Ágatha. Amava muito essa mulher, mas então… Por que estava tão incomodada com o fato da Pietra estar namorando e talvez até mesmo estiver seguindo com a vida dela? Deveria estar feliz por ela.

Respirei completamente aliviada quando vi uma moça também morena, de cabelo liso, estatura média e olhos claros adentrando a sala.

–Gigica, não acredito no que tô vendo! –a mulher disse esfregando os olhos como que para ter certeza do que estava enxergando. –Você tomou chá de sumiço, mas continua mais bonita do que antes.

–Bibi, que saudades de ti! Em questão de beleza ninguém é párea pra você. –disse lhe dando um abraço mais do que apertado, o abraço foi tão forte que acabamos nos desequilibrando e caímos juntas no sofá.

Por alguns minutos esquecemos da presença da Pietra e começamos a conversar sem parar.

–Será que dá para as madames fofocarem sobre maquiagens e marcas de roupas depois. Eu ainda estou aqui. –fomos interrompidas pela voz da DJ.

–Sempre sendo a estraga prazer! –Bianca disse mostrando a língua para a irmã. –A Girafona disse que vocês haviam se separado. Não me diz que estão se entendendo… Vocês pretendem voltar? –Bibi indagou me deixando em maus lençóis.

–Sei lá, pergunta para a Giovanna. Você pretende voltar? –Pietra repetiu as mesmas palavras da irmã.

–Não confunda as coisas, Bianca… –estava começando a ficar sem jeito. –Eu namoro, só vim conversar com a Pietra.

–Conversar sobre o que? –Bianca indagou nos observando atentamente.

–A Giovanna queria falar sobre a fiança, e ah… Saber se estou namorando com a Débora ou saindo com alguma garota.

–PIETRA! –gritei por ela ter falado aquilo.

–Falei alguma mentira por acaso? Sabe perfeitamente que entre a Bianca e eu não há segredos.

–Gigica, desculpa pelo que vou dizer… Mas pense bem se você ama a sua namorada. Não é normal você estar com alguém, mas querer saber o que sua ex-namorada anda fazendo.

Fiquei refletindo sobre as palavras da Bianca, o pior era saber que querendo ou não ela estava certa. Eu queria a Ágatha ao meu lado, mas então o que a Pietra representava para mim?

–Oh Barbie… Minha irmã está falando com você. –nesse momento fui despertada dos meus pensamentos.

–Desculpa. Estava pensando em outros assuntos. –respondi seriamente.

–Já percebemos que você estava no mundo da lua, Gigica. –Bianca ficou me encarando por quase cinco minutos sem falar absolutamente nada e confesso que me assustei.

–Bianca, por que tá olhando tão fixamente para a minha namorada? Pensei que gostava de homem. Confesso que mulher é muito bom, principalmente quando gozam na boca e nos dedos, mas não vai pegar a Gi. –Pietra comentava rindo.

–Girafona, a Giovanna não é mais sua namorada e nem me interessa como as sapatas gozam. Vai naquele supermercado que tem as melhores massas de pizza. Aproveita e faz algumas comprinhas pra mim, tem muita coisa faltando em casa, compra as fraldas da Natalie e o iogurte do Mateus, aquele que vem com brinde. –Bianca disse sem parar de me fitar.

–Cara, eu tô cansada. Tem que chegar na minha casa me dando ordens? E esse supermercado fica no outro lado da cidade, vou demorar muito pra voltar. Não quero enfrentar trânsito. –a morena não parava de reclamar.

–Pietra, essa é a maneira educada da Bianca dizer que quer conversar a sós comigo, “tendeu”? –indaguei impaciente.

–Não seja por isso. Vou para o quarto e deixo as duas donzelas papearem até altas horas.

–Pepa, te conheço muito bem para saber que vai se esconder atrás da porta e ficar ouvindo toda conversa. Como sua irmã mais velha quero que me obedeça e vá fazer essas benditas compras. Vai mesmo deixar seus sobrinhos sem fraldas, iogurtes, shampoo, leite…? –Bianca tirou uma lista e ia lendo cada item que faltava na sua casa.

–Tá, já entendi! A que ponto cheguei… Sendo expulsa da minha própria casa. –Pietra disse indo mudar de roupa fingindo chateação.

Bianca apenas sossegou quando viu a irmã saindo da casa com seu Nissan Versa, querendo comprovar que ninguém ouviria a nossa conversa.

–Pronto Gigica! Agora somos apenas nós duas. Não sou psicóloga, mas me conta absolutamente tudo o que anda passando dentro dessa cabeleira loira. Sua situação com a atual namorada, seu rolo mal resolvido com a Pepa. Sabe que não precisa esconder absolutamente nada de mim. –sabia que poderia confiar na Bianca, ela não me julgaria.

–Bibi, eu conheci a Ágatha quando ela estava na cama da Pietra… –aos poucos fui resumindo como conheci a ruivinha, como me apaixonei, como lhe pedi em namoro, o período horrível que ficamos separadas, nossa volta, a confusão que a Pietra provocava em mim e contei até mesmo sobre a traição e sobre a reação da minha namorada quando descobriu.

–Pelo amor dos meus orixás! Isso tá parecendo enredo de novela mexicana com tanto drama e rebuceteio, mas sem final feliz. –Bianca dizia coçando a cabeça tentando assimilar tudo o que eu havia dito. –Só da Ágatha não ter terminado esse namoro, prova que ela realmente te ama e tá pensando em te dar uma oportunidade, e é bom saber que você teve a coragem de ser verdadeira, coisa que muitos não seriam. Neste momento não importa os sentimentos da minha irmã e nem da Ágatha, mas sim os seus. Vamos por parte. O que diferencia as duas e te deixa tão confusa com relação aos seus sentimentos? –Bibi indagou sem largar minhas mãos que continuavam suando frio.

–A Ágatha é muito linda, a louca dos doces, já topamos muitas loucuras juntas, romântica, fofa, me defendeu várias vezes contra o próprio pai, sou apaixonada por aquele sorriso que tem o poder de confortar meu coração mesmo nos piores dias, quando fazemos amor é um momento mágico e divino, ela ganha o meu coração cada vez mais com os menores gestos, não consigo ficar longe dela por muito tempo, ela é o meu maior vício, a minha fofura marrenta. –disse relembrando do quanto a ruiva balançava minhas estruturas. –Só que a minha namorada também é muito ciumenta, insegura, explosiva, chata, infantil, mal-educada as vezes, grossa, temperamental, e todo esse comportamento me irrita e me afasta. –terminei de falar tudo o que sentia com relação à Agatha.

–Entendi muito bem o que a Ágatha representa para você. Agora vamos para o outro lado da moeda. O que a minha irmã representa na sua vida? –Bianca indagava fazendo minha mente viajar ao passado.

–Não tenho nem palavras para definir a Pietra. Foi graças à ela que meu lado bissexual aflorou. Nós tivemos uma história de tanto tempo juntas, dividimos nossas vidas por cinco anos. Ela tem um jeitinho cafajeste e safado que ao mesmo tempo que irrita, acaba me encantando. É toda extrovertida e engraçada, muito dona e segura de si. Sou grata por todos os momentos maravilhosos que a Pietra me proporcionou. Ao mesmo tempo que sinto que preciso seguir minha vida porque não conseguirei confiar na Pietra depois das traições, sei que fui indiretamente responsável por tudo o que aconteceu, principalmente naquela vez que ela precisou ficar internada por causa da dengue e coloquei o meu trabalho em primeiro lugar, nem cheguei a ir no hospital, foi muito egoísmo. –disse sem segurar minhas lágrimas. –A Pietra é muito calma e isso é muito bom pra mim, mas a Ágatha é explosiva, e de explosiva já basta eu.

–Giovanna, depois de tudo o que você me contou, acho que precisa rever seus conceitos sobre o verdadeiro significado da palavra amor. Reparou que você é completamente apaixonada pelas qualidades da Pietra e da Ágatha, mas não pelos defeitos? Com o amor verdadeiro somos capazes de amar até os defeitos da pessoinha que faz nosso coração acelerar. Você abordou pontos que queria que a minha irmã e a sua namorada melhorassem, mas e quando se trata da parte contrária? Acha que está sendo não apenas uma boa namorada, mas um ser humano melhor? Eu tenho certeza que não e creio que você também sabe disso. –Bianca concluiu sua fala, mas sem um tom acusador, apenas me puxou para um longo abraço.

–Bibi, o que eu faço agora? Devo me afastar das duas? –indaguei insegura.

–Se fosse você conversaria com a Pietra e com a Ágatha sobre a possibilidade de terem um relacionamento a três, viverem o poliamor, pode ser uma boa saída.

–Bianca, você só pode tá ficando maluca… –respondi com um falso sorriso.

–Não é maluquice, apenas sou aberta às possibilidades. Não custa nada tentar. Se a Ágatha e a Pietra já transaram, então pelo menos na cama elas se entendem, só resta saber se elas se entendem além da cama. –Bianca falou de uma maneira tão natural que percebi que não estava brincando. –Gigica, não quero que ache que estou pegando no seu pé, desde que começou a namorar com a Pepa, ganhei mais uma irmãzinha, mas pensa bem no que te falei. Só de você ser sincera com sua atual namorada, demonstra mesmo que os seus sentimentos por ela vai muito além de um simples desejo carnal e a Ágatha é importante na sua vida. Só espero que não seja tarde demais quando descobrir quem ama. –Bianca falou continuando a acariciar meus cabelos.

Continuei a conversar com a minha irmã do coração por quase uma hora até que Pietra chegou, sempre atenta aos seus conselhos, mas sem saber mesmo quem amava, e pensando que se a Ágatha fosse capaz de me perdoar, daria uma chance para nós duas, precisava construir uma nova história, com o tempo talvez fosse capaz de formar uma amizade com a Pietra, mas por enquanto não.

–Bianca, não acredito que você achou essa mulher bonita. –Pietra reclamava quando a irmã elogiou a minha namorada depois de ver uma foto nossa.

–Sim, a Ágatha é bastante gostosa, e eu pegaria se gostasse da fruta. –Bibi comentou naturalmente de uma maneira que me deixou enciumada. –Olha essas sardinhas e esse cabelo vermelho natural… Como alguém consegue ser tão sedutora mesmo com essa carinha de anjo?!

–A Giovanna ainda me ama muito, só tá magoada, quando ela resolver voltar comigo, essa ruiva é toda sua.

–Pietra, você pode pagar pela própria língua. Não tenha tanta certeza assim de que te amo e que não resisto ao seu charme.

–Como assim, Pinguim? Duvido que tenha contado pra Bianca que traiu a Ágatha quando tivemos uma recaída. Por que faria isso se não me amasse? Se a mimadinha descobrir, perdeu playboy… –Pietra não parava de rir. Com certeza minha ex-namorada não sabia da verdade.

–Girafona, não é a hora certa para dizer que há vencedores. A Giovanna contou toda a verdade para a namorada antes dela viajar, contou tudo o que aconteceu. –Bibi comentou e na mesma hora as risadas foram cessadas.

–Isso é verdade, Giovanna? O que a Ágatha falou? –Pietra indagou seriamente.

–Ela não estava com cabeça para pensar nesse assunto agora, iremos nos resolver quando minha namorada voltar de viagem. –disse simplesmente. –A Bianca deu uma ideia que não me pareceu tão ruim. Posso conversar com a Ágatha e ver se ela topa um relacionamento a três. O que você acha, Pietra? Nós duas sabemos que a Ágatha é maravilhosa, eu gosto da duas, seria só questão de vocês se acertarem. –falei tudo o que pensava, mas percebi o olhar fuzilante da morena.

–Você enlouqueceu se pensa que toparei algo desse gênero. Pra mim namoro é monogâmico, o resto é safadeza. Terá que escolher entre a Ágatha ou eu. –Pietra comentou furiosa e eu apenas dei de ombros. Minha ex só poderia estar louca se acha que eu trocaria a atual por ela.

Percebendo que Pietra estava morrendo de raiva, Bianca resolveu mudar de assunto.

–Gigica, quero saber se na quinta-feira você topa jantar na casa da mãe. –fiquei surpresa diante desse convite.

–Não mesmo. Desculpa Bianca, mas não é uma boa ideia. Sua mãe vai ficar falando como se Pietra e eu ainda fôssemos namoradas. –disse querendo terminantemente afastar essa ideia.

–Giovanna, você não queria uma maneira de agradecer pelo pagamento da fiança. Vá jantar com a gente… Não vai cair seu pedaço se fizer isso. –Pietra comentou de forma irônica.

–A Pietra tem razão. Ainda aproveita para ver o Mateus e a Natalie, eles morrem de saudade de você. O namoro com a Pepa pode ter acabado, mas não o seu amor por eles.

–Tudo bem. Vejo vocês na próxima quinta. Só que agora preciso ir. –despedi-me da Pietra, da Bibi e mais do que rapidamente fugi dali.

Iria sim na casa da tia Marcela, mas não cederia às provocações da minha ex-namorada, ficaria com a Ágatha se ela ainda me quisesse, faria qualquer coisa para que a ruiva não me deixasse.



Notas:



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