Nosso Estranho Amor

38. Nunca tive um amor assim, até nossa loucura combina

Para a Ágatha permanecer ao meu lado paguei um preço relativamente alto, não vou negar. O problema não foi nem o fato de me afastar totalmente da Pietra, até que foi melhor assim, mas o fato de ter que cortar qualquer laço com o Mateus e a Natalie, e ainda por cima me afastar da Dani e recusar o convite para ser madrinha da filha dela. Mesmo assim, minha namorada andava mais ciumenta do que nunca, e olha que nem dava motivos. Uma vez estávamos passeando em uma galeria de artes quando ocorreu uma situação incômoda.

–Por que você parou pra falar com aquele homem? Ele estava te paquerando descaradamente, e você dando corda. –Ágatha gritava feito louca atraindo olhares na nossa direção.

–Ágatha, pelo amor de Deus, não vamos passar vexame em público. Você está vendo coisas que não existem. Aquele rapaz estava pedindo informações sobre onde estão expostos os quadros impressionistas. Não sei se reparou que ele estava acompanhado pela esposa e por dois filhos pequenos. –falava tentando me conter.

–E daí? Há muitos casais por aí loucos para fazerem ménage com alguém. Já viu a roupa que você está usando? Esse vestido não é apropriado para um ambiente desses, mas você cismou de sair com essa roupa. –a ruiva parecia completamente sem noção.

–Sim. Eu estou com o meu vestido preferido e não deixaria de usar ele só porque você quer. O nosso combinado era que eu não teria mais contato com a Pietra ou qualquer pessoa que tivesse ligação à ela, além de você fuçar a vontade minhas redes sociais. Mas escuta bem o que vou dizer… Nas minhas roupas você não vai mandar –explodi irritada, gritando muito mais alto. Nós estávamos atraindo atenção de todos.

–Por que você tá atacada? Você aceitou ficar comigo porque quis, não te obriguei a nada. Lembra que foi você que me traiu, queria ver se fosse o contrário. Vamos embora! Muita gente está nos olhando. –nessa hora apenas bufei.

–Estão nos olhando por sua causa, pelos seus gritos… –comentei enquanto íamos para o estacionamento.

Uma situação pior ainda aconteceu quando estava na casa dos pais da Ágatha. Por sorte ela estava jogando videogame com o Alex, por algum tempo tive um pouco de paz.

–Giovanna, estou muito decepcionada contigo por não querer ser madrinha da Paulinha. Jamais esperava que você fosse acatar todas as ordens da Ágatha. Pensa pelo menos com carinho, não deixa ela mandar desse jeito em você. –Dani dizia em um almoço de família enquanto minha namorada não estava por perto.

–Não fala besteiras. A Ágatha não manda em mim, ela é maravilhosa… Simplesmente aceitei o que ela pediu para que ela se tornasse mais segura e visse que não há motivos para ter ciúmes de mim.

–Cuidado que todo relacionamento abusivo começa desse jeito. Agora ela te proíbe de fazer coisas que você queria, amanhã vai dar teco nas roupas que você pode ou não usar, depois interferirá no seu trabalho, e por aí vai. Quando você acordar e quiser sair dessa relação pode ser que seja tarde demais e já esteja enrolada até o pescoço. Relacionamento abusivo é fácil para entrar, mas muito difícil para sair. –Dani disse e saiu, me deixando perdida com os meus pensamentos.

Acabei me afastando ainda mais da Dani, não apenas porque a Ágatha me pediu, mas não enxergava sentido nas coisas que minha amiga falava. Minha vida sexual estava melhor do que nunca. A ruiva era muito ciumenta sim, mas sempre era bastante carinhosa e fazia todas as minhas vontades, tudo estava melhor do que nunca. Enquanto estivesse longe da Pietra, tudo estaria perfeito.

A minha ex-namorada não ficou nada feliz quando a Ágatha excluía as mensagens que ela me enviava, então nem me surpreendi quando um certo dia a Pietra resolveu tomar satisfações pessoalmente na saída do meu trabalho.

–Olha só se não é a tão sumida Giovanna. Quer dizer que agora a advogada fica com o seu celular o tempo todo? –perguntou de uma só vez sem me dar chances para respirar.

–Pietra, entre minha namorada e eu não há segredos, então ela pode pegar no meu celular sempre que quiser. Fala logo o que você quer. Não temos nada para conversar.

–Nosso namoro acabou, mas não sei se tá lembrada que prometeu para o Mateus e a Natalie que não se afastaria novamente deles. Só que você não tá prometendo o que cumpriu. Meus sobrinhos reclamam da sua ausência.

–Falou bem Pietra… Eles são seus sobrinhos, não meus. Divirta-se você com eles, a responsabilidade é sua. Eu estou construindo uma nova vida ao lado da minha namorada e nessa vida não está inclusa pessoas do meu passado. Não vou brigar com a minha namorada por sua causa ou de qualquer outra pessoa. Ninguém vai se meter no nosso namoro. –falei explodindo de raiva.

–A Dani bem que me alertou sobre a lavagem cerebral que a Ágatha fez em você, só que jamais imaginei que as coisas estivessem tão feias. Não estou mais te reconhecendo, Giovanna. De uma menina-mulher doce e meiga você se transformou em alguém egoísta. Quer dizer então que vai deixar aquela advogada comandar a sua vida? Precisava ver todo o estrago que ela causou com os meus próprios olhos. –Pietra dizia bufando.

–Já acabou com o show ou ainda tem algo a dizer? –perguntei com cara de paisagem.

–Só quero ver como vai terminar esse suposto amor entre vocês. A Ágatha parece que te dará um chute na bunda quando você menos esperar, mas tomara que esteja enganada.

–Adeus Pietra! –disse enquanto já entrava no meu carro.

–Até um dia, Giovanna!

Parece que todos estavam contra o meu namoro e isso me aborrecia cada vez mais. Não deixaria ninguém atrapalhar o amor que existia entre a Ágatha e eu.

O aniversário da minha namorada estava chegando, com ele… Parece que novos problemas estavam me aguardando. O aniversário cairia bem no meio da semana, na terça-feira, mas a Ágatha queria de qualquer jeito fazer uma festança na fazenda dos avós que estavam morando em Santa Catarina, o objetivo dela era permanecer por lá durante uma semana, e ficou extremamente chateada quando eu disse que não iria poder viajar com ela, parecia uma criança mimada e birrenta. Mas só de ver aquele biquinho me dava vontade de encher de beijos.

–Ágatha, será que você não entende?! Sou professora e o ano está na reta final, preciso corrigir provas, dar aulas para os alunos que ficaram de recuperação. Não posso me ausentar por uma semana. Que desculpa eu daria na escola? –queria colocar um pouco de bom senso naquela cabeça.

–Amor, eu já pensei em tudo o que você me disse, e garanto que não haverá problema. É só você dizer para a diretora da escola que está com uma doença contagiosa, que precisará se ausentar pra fazer um tratamento. Eles colocam alguém no seu lugar nesse período.

–Você só pode ter enlouquecido… Como vou chegar na maior cara de pau e dizer que estou doente? No mínimo precisaria de um atestado médico. –eu e minha boca grande.

–Giovanna, você deveria saber que tem uma namorada linda e inteligente que pensa em absolutamente tudo. Esqueceu que sou uma advogada muito influente? Tenho um médico amigo e poderoso, ele me devia um enorme favor, e agora chegou o momento de pagar o que me devia. Aqui está o seu atestado médico solicitando afastamento de oito dias, é o tempo que durará nossa diversão. –Ágatha disse me entregando o atestado falso.

–Você sabe que isso é muito loucura, né? –Disse enquanto lia detalhadamente tudo o que estava escrito sobre a minha suposta doença. –Mesmo assim eu aceito, a escola anda me cansando tanto, e acho que uma semana afastada não fará mal a ninguém.

–Assim que se fala meu amor! Tô muito feliz por ter aceitado. –minha namorada disse enquanto me enchia de beijos. –Vou precisar te ajudar com a maquiagem até ficar com uma cara de doente que convença.

Pelo amor de Deus, não me perguntem como eu aceitei entrar nessa roubada. Sempre fui muito certinha, jamais na minha vida havia cometido uma loucura grave dessas, mas reconheço que não apenas a ideia da ruiva e o meu amor por ela, mas também a vontade de conhecer o interior de Santa Catarina pela primeira vez e passar uma semana longe do agito de uma cidade grande como o Rio de Janeiro me convenceram a participar dessa peça. A minha atuação foi tão boa que a diretora aprovou o afastamento desses dias e ainda fez 1001 recomendações para que me recuperasse o mais rápido possível.

Pensei em um presente para a minha namorada, poderia estar me precipitando muito, mas o meu lado impulsivo falou mais alto…

Conhecer mais os avós da Ágatha me proporcionou momentos ótimos. Eles contavam cada peripécia da neta que eu chorava de tanto rir. Por serem dias de semana nem todos seus parentes puderam comparecer, apenas seus pais, Alex e alguns amigos próximos, por sorte a Tainá não estava, ela ficou no Rio para segurar as barras do escritório. Tudo estava correndo na mais perfeita ordem.

Em determinado momento minha namorada me chamou para cavalgar e depois tomar banho em um riacho que havia próximo dali.

–Pensava que meus avós não iam te largar tão cedo. –dizia reclamando.

–Pelo menos eles gostaram de mim, isso é muito bom. –respondi rindo.

–Impossível seria eles não gostarem da loirinha mais linda e mais gostosa desse mundo. –disse mordendo meu pescoço e me causando arrepios.

–Como sabe que sou gostosa? Teria que provar pra saber. –disse entrando na brincadeira.

–E é exatamente o que farei agora, só que de uma maneira diferente. Tá vendo aquela árvore? Deita perto do tronco que vou prender seus braços e vendar seus olhos. O único movimento que quero é o das suas pernas apertando meu pescoço.

Adorava esse jeito mandão e direto da ruiva quando fazíamos amor. Mais do que depressa fiz o que ela pediu e ansiosa para ver sua reação no momento em que abocanhasse o meu sexo, e surtiu o efeito desejado…

–E esse anel, Gi? Quase que eu engulo. Quando for fazer algo de diferente me avisa. –a advogata dizia enquanto tirava a minha venda e desamarrava as minhas mãos.

–Ágatha, não sou a pessoa mais romântica desse mundo, o pedido que vou te fazer agora acho que não é do jeito que você sonhou. Não sei se esse é o momento certo, na verdade nem sei se essas coisas existem, acho até que posso estar sendo precipitada porque nos conhecemos há pouco tempo, então vou direto ao ponto. Quer casar comigo? –suava de tanto nervoso e estava apavorada.

–Giovanna, casamento é um assunto muito sério, eu até pensava que me casaria depois dos 30 e…

–Desculpa amor! Esquece tudo o que te falei. –disse me sentindo uma completa idiota por achar que a Ágatha aceitaria se casar comigo.

–Que mania de me interromper nos momentos impróprios, bebê! Você não me deixou terminar. Nós nos amamos, já moramos praticamente juntas, você pode contar comigo nos momentos bons e ruins assim como sei que é reciproco, então não vejo motivos para recusar esse pedido maravilhoso.

–Custava ter dito logo um sim ao invés de quase me enfartar? Aliás, ainda não tô acreditando que você aceitou. –disse feliz da vida colocando a mão novamente no meu coração para acalmá-lo.

–Colocando essa aliança no seu dedo saberá que é verdade. Só que eu quero participar ativamente da decoração do nosso casamento, e vamos escolher o destino da nossa lua de mel.

–Calma amor! Vamos planejar tudo com tranquilidade. Agora quero um beijo.

Nem eu mesma acreditei que a ruiva aceitou o meu pedido de noivado, minhas emoções estavam a flor da pele. O restante da viagem foi regado á muito romance, amor, carinho e passeios perfeitos nas trilhas, rios, praias próximas e tudo o que a natureza pode nos oferecer. A semana era para a Ágatha passar com os parentes também, mas não vou negar, amei por ela ter feito questão de passar cada momento ao meu lado. É óbvio que fotografias não faltaram. Por enquanto apenas nós duas sabíamos desse noivado, deixaríamos para fazer o anúncio oficial em outra ocasião.

Na segunda-feira cheguei radiante à escola, mas minha felicidade foi cortada quando notei alguns funcionários estarem cochichando algo sobre mim, alguns davam risadas, outros me olhavam com nojo, outros poucos com pena. Estava completamente perdida sobre o que estava acontecendo, mas minha confusão mental aumentou ainda mais quando ao adentrar na turma do 5°ano A, a primeira turma que dava aula, presenciei Jair no meu lugar ministrando a entrega das notas, o mesmo informou que a diretora gostaria de falar imediatamente comigo. Bastante nervosa, pernas tremendo, fui conversar com a dona Rita.

–A Senhora me chamou? Preciso retornar para a sala. –perguntei após a mesma permitir minha entrada.

–Sente-se Giovanna! –assim que sentei, a mesma prosseguiu. –Você está demitida e quero que passe no RH para assinar alguns papéis, o Jair já assumiu todas suas turmas. –ainda bem que estava sentada tamanho choque que senti com essa notícia.

–Como assim… Demitida? Algum responsável se queixou de mim? Os alunos gostam de mim e…

–Não se faça de inocente professora! Sabemos perfeitamente que o atestado médico era falso, você nunca esteve doente. Se já não bastasse essa grande mentira que ainda pode acarretar em medidas judiciais, você está envolvida amorosamente com a tia de um dos nossos alunos, um relacionamento homoafetivo que contraria todos os princípios doutrinários e éticos da nossa Instituição. –estava pálida, petrificada. Como a diretora da escola descobriu o meu namoro com a Ágatha? Com certeza alguém contou.

–Eu não sei nem o que dizer… –ainda estava afetada com a bomba que recebi.

–Não há o que ser dito. Caso não queira responder judicialmente, aconselho que se retire o mais rápido possível dessa escola.

Nem precisei ouvir novamente o que foi dito. Como furacão deixei aquela sala chorando. Estava completamente desnorteada e em estado de choque. Além de amar o meu trabalho, essa escola me proporcionava um ótimo salário. Agora como iria me manter, quitar a divida da casa, da aliança caríssima que comprei, juntar dinheiro para o meu casamento e por aí vai? Estava simplesmente perdida.

O desespero era tanto que nem me dei conta do corpo pequeno que havia na minha frente e acabei trombando.

–Tia Gi! Por que você tá chorando? Aconteceu algo? Por que não apareceu na minha turma hoje? –estava bastante chateada, mas não deveria descontar no menino.

–Enzo, a partir de hoje não serei mais sua professora, fui demitida, agora preciso ir. –antes que pudesse ir o menino pegou no meu braço e falou coisas que fizeram sentido.

–Foi a Débora, ela é responsável pelo seu sofrimento. Quando a tia Ágatha disse que não queria mais ver ela no aniversário e nem nunca na vida, ela procurou te fazer mal de alguma forma, mas ela vai se ver comigo.

–Meu lindo! Fica bem! E nada de vingança. Não combina com uma criança incrível como você.

Ainda bastante atordoada e com o rosto vermelho de tanto chorar e maquiagem borrada, segui até o escritório da Ágatha, ela era a única pessoa capaz de me consolar em um momento desses. Identifiquei-me com a secretária da ruiva que não queria liberar minha entrada, informando que minha namorada se encontrava em uma reunião muito importante, mesmo assim não dei ouvidos, entrei na sala de reuniões observando dois senhores vestidos elegantemente, a tal Tainá. Ágatha, com seu terninho preferido, explanava perfeitamente sobre algum assunto a outras três pessoas que não sabia quem era. Só ali me dei conta do papel ridículo que estava fazendo, podendo até prejudicar o trabalho da minha noiva. Todos, inclusive a ruiva, olhavam etados a minha entrada repentina e com certeza o meu estado assombroso.

–Mil perdões doutora Ágatha, doutora Tainá, mas não consegui impedir que a moça entrasse. –a secretária se justificava.

–Menina, como você ousa entrar feito um furacão nesta sala? Por acaso não sabe o significado da palavra limite? Estamos com investidores… –ignorei completamente a fala da Tainá, sabia que ela não ia com a minha cara, então me dirigi à minha namorada, ops, noiva.

–Ágatha, eu preciso falar com você, é urgente… –disse encarando a ruiva.

–Vamos para a minha sala, lá teremos privacidade para conversar. Tainá, você segura as pontas e termina de conduzir a reunião.

–Eu? Mas é você que estar a par desse processo, você tem que conduzir… –a morena parecia apavorada só de pensar na ideia de ficar sozinha com os investidores.

–Não ouse questionar a minha ordem. Já te passei todas as informações necessárias sobre esse caso, então você deve estar apta. Peço desculpas, mas preciso me retirar. Com licença.

A ruiva entrelaçou sua mão na minha e fomos em direção à sua sala. Rapidamente Ágatha me trouxe um copo de água com açúcar e tomei mais do que depressa a fim de me acalmar.

–Desculpa ter vindo até aqui sem avisar e atrapalhar seus compromissos. –falei quando já estava um pouco mais calma.

–Ei… Você é minha noiva. Te disse que estaríamos juntas nos momentos bons e ruins. Só me diz o que está acontecendo para poder ajudar.

Em meio ao choro, abraços reconfortáveis, tratei de explicar tudo o que havia acontecido, nos mínimos detalhes.

–Depois de tudo tenho quase certeza de que a Débora ferrou com a minha vida novamente, até parece que ela nasceu pra isso. –disse mantendo meu olhar em um ponto fixo.

–Acho que não meu amor. A Débora não sabia que passaria a semana com meus avós na fazenda. –Ágatha parecia pensar em quem seria o responsável pelo meu sofrimento.

–A Tainá é amiga dela, pode ter comentado algo… Ou então o seu pai também pode ter falado mais do que devia. –disse procurando por explicações, mas minha noiva se aborreceu profundamente.

–Sei que meu pai não gosta muito de você, mas ele jamais faria algo dessa magnitude para te prejudicar. E a Tainá é a minha melhor amiga, confio nela de olhos fechados. –rebateu um pouco alterada.

–A Tainá não é essa santinha que você pensa, ela não presta. Ela gosta de você, Ágatha. Pode muito bem ter tramado algo para me prejudicar. –era verdade, só esperava que a advogada acreditasse em mim.

–Isso não faz o menor sentido, nunca tive absolutamente nada com a Tainá, você sabe disso, mas vou relevar o que você falou porque não deve tá raciocinando direito com tudo o que anda acontecendo.

–Você não é capaz de enxergar algo que tá a um palmo do seu nariz, você pode não gostar dela, mas ela gosta de ti. –rebati irritada pela falta de credibilidade.

–Já que estamos pensando em suspeitos, a Pietra pode muito bem ter armado todo esse rolo como forma de vingança. Ela sabia do nosso namoro e da existência do Enzo. –não acreditei no que ouvi.

–A Pietra pode ter todos os defeitos desse mundo, mas ela jamais faria algo tão sério para me ferrar, não é do feitio dela agir assim. –conhecia a morena e sabia que ela jamais me prejudicaria.

–Agora vai colocar a mão no fogo pela sua ex na minha frente? Depois ainda tem a cara de pau de dizer que é coisa da minha cabeça quando digo que você gosta dela. –agora minha noiva é que já estava irritada.

–Ágatha, eu vim até aqui para conversar numa boa, não para brigarmos. Não vai adiantar fazer inúmeras suposições sobre quem me ferrou sem ter provas. Só preciso de paz.

–Tem razão meu amor. É que não gosto de ver você defendendo a Pietra. Vamos sair daqui. –disse pegando sua bolsa.

–Você não precisa trabalhar? Pode deixar que vou para minha casa.

–Nunca que deixaria você sair daqui nesse estado. Vamos passar o dia juntas, e até o final do dia quero ver um sorriso nesse rosto. –disse me dando um abraço reconfortável.

Os dias foram passando rapidamente e nada de conseguir um emprego. Sabia que meu currículo estava “manchado” e a escola antiga jamais daria boas recomendações sobre a minha pessoa, parece que trabalhar como professora novamente seria uma missão impossível, mas continuava na batalha. Se minha vida profissional estava no maior estrago, não poderia dizer o mesmo sobre a minha vida pessoal. A Ágatha passava muito tempo comigo, sempre tentando me fazer sorrir, e toda vez meu coração acelerava com todo seu amor, carinho e preocupação, não podia ter escolhido uma noiva melhor, várias foram as vezes em que brigava para que ela não desmarcasse compromissos profissionais por minha culpa. O meu irmão quando soube que estava desempregada nem se mostrou surpreso ou ofereceu ajuda, nos raros momentos em que me enviava mensagem era para perturbar e insinuar que tudo o que estava acontecendo era minha culpa. Se eu não estava passando fome ou com grandes apertos financeiros era graças à minha noiva, mas toda essa situação obviamente não me deixava nada feliz, depender do dinheiro da Ágatha era tudo o que eu não queria, mas nesse momento não havia nada que pudesse fazer para mudar essa realidade.

Em um fim de semana, meu amor e eu anunciamos nosso casamento para a família dela. Pensei que a única reação negativa seria apenas do meu sogro, mas me surpreendi quando apenas o Alex e o Enzo permaneceram ao nosso lado.

–Vocês não namoram há tanto tempo, estão apressando as coisas. –minha sogra falava.

–Isso é loucura. Vocês são jovens, precisam namorar mais e se conhecer melhor. –Alana comentava.

–Giovanna, você tá sem emprego. Minha neta terá que arcar com os custos do casamento sozinha? –a avó de Ágatha indagava.

–A Tainá me disse que vocês estão prestes a fechar contratos importantes. Casamento e lua de mel agora não será uma boa ideia. –Arthur comentava.

–Como quer casar com a Ágatha se nós nem conhecemos a sua família? Nem sabemos de onde você vem. –Sr. Antônio, avô da minha noiva também se intrometia. Como disse… Parece que tudo conspirava contra nós.

–Não tenho contato com a minha família desde que eles descobriram que também gosto de mulheres. –tentava sair daquela saia justa.

–Você já namorou com homens Giovanna, então quem garante que não terá uma recaída e trairá minha filhinha com eles? –Sr. Gustavo não perdia a chance de perturbar.

–Pai! Já chega. Deixe de ser inconveniente! A Giovanna tem caráter. –minha noiva me defendia.

–Jamais trairia a sua filha com homens. Amo demais ela e a Ágatha me satisfaz em tudo. –disse entrelaçando nossas mãos.

–Já conversaram sobre o assunto filhos? –agora até o pai do Enzo se intrometia. –A Ágatha não quer ter filhos e você parece que quer ser mãe. Não acham que é muita discordância? Uma das duas terá que abrir mão.

–Galera, já chega. Vocês estão se intrometendo muito em um assunto que não tem nada haver com a gente. Se elas já optaram por se casar todos nós devemos apoiar, não o contrário. –Alexandre comentava.

–O tio Alex tá certo. Minhas tias se amam e merecem ser felizes. Quero que se casem logo. –Enzo dizia vindo na nossa direção e nos abraçando.

–Obrigada, só vocês dois para nos entender. –Ágatha falou e eu apenas assenti.

De volta para o apartamento percebi que minha noiva observava cada detalhe do meu silêncio.

–Amor, não ligue para o que minha família falou. Pouco me importa o que eles falam. É você que amo, vamos nos casar e ninguém tem nada haver com isso. –a ruiva disse com o olhar brilhando.

–Também te amo, Ágatha! Não vou deixar que nada nos separe. –disse entrelaçando nossas mãos, mas sem ter tanta convicção do que dizia.



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