Nosso Estranho Amor

66. Uma nova pessoa em minha vida.

Esse tempo que andei afastada da Ágatha foi até bom para colocar minha cabeça no lugar, se ela não queria me dar uma nova chance, não acreditava na minha mudança, então iria seguir minha vida tranquilamente e consciente de que dei o meu melhor.

Nesse ínterim o chefe do meu setor foi transferido para uma nova filial da Empresa e no fim do dia teria que me apresentar à nova gerente que substituiria a sua vaga. Todo mundo dizia que ela era a filha de um dos donos da empresa, extremamente antipática, feia e metida.

–E aí? Tá pronta para enfrentar o dragão? Dizem que a sua chefa é uma pessoa bastante mal humorada porque é feia, velha e nunca transa. –Tainá disse conseguindo me arrancar gargalhadas ao fim do meu expediente.

–Ela não terá queixas do meu trabalho, se falar desaforo, não ficarei calada. –disse indo para a sala da Sra. Ricci. De longe ainda ouvi Tai desejar boa sorte.

Os boatos que circulavam pelo corredor da Empresa é de que a Sra. Ricci era uma mulher bem velha, feia, desdentada, com vários problemas familiares, financeiros e tudo que é tipo, e descontava suas frustrações demitindo funcionários que não fosse com a cara.

Eu não poderia falar absolutamente nada pois desde que ingressou na Empresa, essa mulher sempre ficava isolada na sala da direção, apenas sua secretária pessoal era o elo entre a toda poderosa e o restante dos funcionários do meu setor.

Era a primeira vez que iria conhecer a peça. Assim que a porta foi aberta e adentrei a sala da minha chefa óbvio que esses boatos caíram por terra. De maneira profissional, uma mulher muito linda entre 32 e 35 anos me observava atentamente. Ela era branca, cabelos lisos batendo na cintura e castanho-claros, deveria ter por volta de 1:70 cm, mas o que mais me chamou a atenção foram os olhos que possuíam uma tonalidade variante entre verde e o castanho-claro. Tive a leve impressão que conhecia aquela mulher de algum lugar, mas não conseguia me lembrar de onde… Assim que me acomodei na cadeira ouvi aquela voz perfeita pronunciando cada habilidade e experiência profissional que constava no meu currículo, por frações de segundos tive um certo medo dela não ir com a minha cara e ser demitida.

–Srta. Giovanna Andrade, saberia dizer por que lhe chamei na minha sala? –perguntou me analisando profundamente, algo me dizia que aquele olhar era mais do que profissional, principalmente depois que lhe vi mordiscando o lábio inferior e reparei que não usava aliança. A última vez que transei foi quando a Ágatha esteve na minha casa, isso já tinha bastante tempo, então com certeza meu corpo reagia diante de fatos que não existiam.

–Creio que para conhecer melhor sobre minhas habilidades profissionais e verificar se estou realizando meu serviço de maneira correta. –respondi convicta.

–Não tenho dúvidas de que é uma profissional extremamente eficaz e competente, sem dúvidas nasceu para a administração, mas não foi unicamente por esse motivo que lhe chamei na minha sala. –Senhora Rizzi comentou calmamente, mas fiquei em dúvidas… O que ela queria comigo então? E por que não conseguia tirar os olhos daquela bunda redondinha e empinadinha?

–A Sra. poderia ser mais específica, por favor? Ainda não estou entendendo. –comentei rapidamente tirando os olhos da sua bunda antes que pudesse ser pega no flagra.

–Não precisa me chamar de senhora, afinal, devemos ter a mesma faixa etária, pode me chamar de Ana Luísa, Ana ou só Luísa, a escolha é sua. –notei que minha chefa lançou um olhar sacana, mas antes que pudesse processar essa informação, Ana retornou para assuntos profissionais. –Gostaria de lhe parabenizar pelos projetos que está desenvolvendo na Empresa, sem dúvidas nosso nome se consolidou ainda mais no mercado de turismo desde quando você assumiu a função. Um ponto que me deixou bastante intrigada é porque os relatórios e as planilhas que você deveria fazer e eram para estarem prontos apenas daqui a três semanas já estão todos na minha mesa desde ontem, acredito que esse fato possa ser um problema. –a mulher terminou de falar me analisando profundamente, de vez em quando sentia seu olhar descer pelo meu decote, não sabia se ficava receosa porque a minha chefa me mirava como um pedaço de carne e isso poderia interferir negativamente no meu trabalho ou se aproveitava para entrar no seu joguinho.

–Realmente continuo sem entender sobre o que está falando. Se estou realizando meu trabalho de maneira excelente, cumprindo todos os prazos antes do tempo e ajudando no crescimento da Empresa, qual seria o problema de tudo isso? –indaguei confusa.

–Giovanna, sejamos honestas. Nós duas cursamos administração, para toda essa quantidade de trabalho ser realizada em tempo recorde é porque você está se dedicando integralmente ao trabalho e esquecendo de viver seu lado pessoal. O excesso de trabalho pode causar doenças físicas e até mesmo psicológicas, por esse motivo estou lhe dando férias por tempo indeterminado. –não havia pior notícia para eu receber.

–Senhora, talvez você não compreenda, mas eu amo a minha profissão. Trabalhar muito não é um esforço pra mim, desempenho as minhas funções com o maior prazer. Se eu tiver férias neste momento sinto que não será o melhor para mim, prefiro continuar trabalhando. Por favor, reconsidere… –fiz esse pedido com a ilusão de que a chata parada à minha frente me entendesse.

–Giovanna, acredito que está trabalhando muito para fugir de pendências emocionais ou assuntos inacabados. Sinto muito lhe dizer, mas não será o trabalho que solucionará os seus problemas. Você terá trinta dias de férias e isso já está decidido. Aproveite esse tempo para se autoconhecer, viajar e resolver o quer que esteja lhe incomodando. Isso é até um conselho de amiga e não de chefa. –meu rosto ficou vermelho de tanta raiva. Não estava mesmo nos meus planos sair de férias.

–Nossa relação é de chefa e funcionária, Ana Luísa. Não lhe dei intimidades para que me dei conselhos e diga o que devo ou não fazer com a minha vida. Você quer me demitir? Pode me demitir, mas eu não quero férias. –falei entredentes desafiando minha chefa, mas ela parecia até estar se divertindo com a cena.

–Com certeza você não seria tola de pedir demissão, perder todos os seus direitos e o ótimo salário que recebe nessa empresa por causa de tamanha besteira, né? –percebendo meu silêncio diante de sua fala minha chefa prosseguiu. –Pois bem! Tire esse tempo para você e em breve nos veremos.

–Está bem senhora Ana Luísa Ricci. Posso me retirar? –indaguei em tom de ironia.

–Foi bom perguntar, iria esquecendo de falar algo importante… Após o retorno das suas férias seu salário permanecerá o mesmo, mas irei reduzir o tempo da sua jornada de trabalho. O tempo a mais que a senhorita passava trabalhando use para outros hobbies. –minha vontade era de enforcar aquela filhinha de papai até a morte tamanho ódio estava sentindo dela. –Sei que agora quer me matar, mas depois irá me agradecer por tudo o que estou fazendo por você, Giovanna. –minha chefa falou em tom amigável.

–Com licença! –apenas disse isso e saí o mais rápido possível me controlando para não bater aquela porta com brutalidade

Eu não gostei nada dessa ideia de férias, mas também não seria louca de me demitir por um detalhe insignificante. Pela manhã levava minha filha à escola, e não foram poucas as vezes que dava de cara com a Ágatha. Notava que nas vezes em que Sabrina não estava por perto, minha ex-noiva até tentava se aproximar, mas aí lembrava que ela estava grávida e sempre arrumava um jeito para escapar da ruiva, não precisava de mais sofrimento, mas de longe desejava que a criança pudesse nascer com muita saúde.

Enfim, a verdade é que minha rotina se tornou extremamente insignificante depois que minha chefa me deu essas férias forçadas. Meus pais ainda trabalhavam muito, havia dias que a Kat estava na casa da Pietra, meus amigos trabalhavam no decorrer da semana, então lá pelo terceiro dia de férias já estava mais do que entediada e soltando fogo pelas ventas.

Nesse dia estava almoçando com a Dani e até fiquei com pena dela por ser obrigada a aguentar meu mau-humor e minhas conversas estranhas.

–Amiga, acredita que pela primeira vez tô pensando em ir sozinha até uma clínica de fertilização, passar pelo procedimento e ser mãe solteira, poder dar um irmão pra Kathleen. Dessa forma teria um bebê para ocupar o meu tempo. O que você acha da ideia? –perguntei enquanto andava pelos corredores do shopping depois de ter deixado Kat na casa da Pietra e os filhos da Dani estarem na casa dos seus pais.

–Giovanna, acho que você tá completamente pirada. Não é colocando uma criança no mundo que terá a felicidade que tanto sonha todos os dias e a cura pra todo seu sofrimento. Pra educar uma criança precisa de todo um preparo emocional. Você melhor do que ninguém sabe disso depois do que passou com a Kat. Se você for mãe agora apenas pra ceder um capricho poderá até criar um novo problema. –Dani comentou e em seguida me arrependi da ideia.

–Esquece essa besteira que falei. É que eu pensei que como a Ágatha tá grávida, vai ser mãe, talvez poderia ser uma boa ideia pra mim e…

–Espera! Que história é essa da minha cunhada estar grávida? –Dani perguntou confusa. Parecia não saber sobre o que estava falando.

–Daniela, pelo amor de Deus! Vai dizer que não sabe que a Ágatha e a Sabrina vão se casar e que a família Médici terá mais um membro? Aliás, de quantos meses a Ágatha está grávida? A barriga dela já começou a crescer? –indaguei curiosa.

–Gi, pelo que eu saiba não tem casamento que vai acontecer e muito menos uma criança a caminho, a não ser que a Ágatha queira fazer uma surpresa a todos, mas não acho que esse seja o caso… –Dani parecia completamente embaraçada com tudo o que eu estava falando ou no fim apenas não queria que eu soubesse das coisas para poupar mais sofrimento para mim, a segunda opção era mais provável. –E a Ágatha grávida? Isso não faz o menor sentido…

–Dani, a vida da Ágatha não me interessa em absolutamente nada. –disse mudando de assunto porque não queria começar a chorar em pleno shopping lotado. –Só queria saber o que fazer pra esses trinta dias passarem mais rápidos e eu poder pelo menos me divertir um pouco.

–Tive uma ideia, amiga. Você anda comendo muito, as vezes está com um mal humor insuportável, acho que já passou da hora de conhecer uma mulher e poder resolver esse problema. Que tal criar uma conta em apps de encontro? Pelo menos você conhece novas mulheres, se diverte, pode transar e todo mundo fica feliz. –Dani começou a rir, mas eu não achei a menor graça.

–Tá louca, Daniela? Sabe quantos perfis fakes existem por trás dessas redes sociais? Pode ter muito tarado se passando por mulher atrás dessas telas, mas confesso que seria muito bom ter uma companhia agradável mesmo que as coisas não terminassem na cama. Minha experiência sexual sapatônica sempre se resumiu à Pietra e Ágatha, então seria bom provar algo diferente. O gosto das mulheres é magnífico. –respondi com um sorriso safado.

–Giovanna, me poupa dos detalhes e do que você quer provar. –Dani dizia fingindo indignação. –Há muitos sites de confiança e ficaremos atentas aos perfis. Acredito que vale a pena arriscar. Não esquece que o Alex encontrou a namorada dele no Badoo e desde então o solteirão que não parava com mulher nenhuma já tá indo pra três meses de namoro com a Raquel.

Nunca fui fã de aplicativos de relacionamentos, ainda mais para procurar algo casual, mas como estava ne seca e na fossa, não teria mais nada a perder. Passei um tempo com a Dani tentando montar um perfil que chamasse atenção, recebi muitos likes e mensagens de mulheres que gostariam de me conhecer, porém nenhuma delas me chamava atenção. Sempre achava as conversas muito fúteis ou desinteressantes, não sentia atração, sei lá… Sempre havia algum problema, a sintonia não encaixava.

–Giovanna, você é muito chata, meu! Isso tá pior do que seleção de emprego. Você já conversou com mais de vinte perfis e nenhuma delas te agradou. Como você dispensou a Thais314? A mulher é muito linda, tava tão na sua e conversava muito bem.

–Dani, a garota só sabia falar das viagens internacionais que fez, não me deu espaço pra falar sobre mim, não quero sair com gente assim, fora que o cabelo precisava de muita hidratação. –disse rindo, mas percebi um tom de seriedade da minha amiga.

–Gi, se você continuar exigente desse jeito não vai arrumar ninguém, nem mesmo pra uma simples transa.

Passei mais algum tempo conversando com a Dani até que fui para a minha casa e pensando se essa ideia de aplicativos de relacionamentos era uma boa. Já era quase 00h00min, deveria ir dormir, mas ao saber que a Pietra levaria minha filha pra escola na manhã seguinte, só precisaria busca-la por volta do 12h00min me deixou despreocupada e acessei minha conta no app novamente.

Confesso que fiquei completamente surpresa e feliz por haver uma mensagem nova na minha caixa de entrada, a esperança se reacendeu. Antes de ler a mensagem, visitei o perfil da dona da mensagem. Aquele perfil era perfeito, não havia fotos da mulher que se intitulava apenas como “Sol”, mas ela era muito inteligente, usava termos tão cultos que nem eram conhecidos na língua portuguesa do dia a dia, claro que como fui professora de português há muitos anos atrás esse fato me chamou atenção positivamente. Respondi a sua mensagem de maneira aleatória e já ia desligar o computador, mas Sol estava online e pra minha sorte respondeu a mensagem rapidamente. Era tudo o que precisava pra melhorar a minha noite… Iniciamos uma conversa animada e quando me dei conta já passava das 04h:00min e precisava descansar. Despedi-me com muito custo, mas com a promessa de que continuaríamos conversando nos próximos dias.

Iniciei minha conversa agradável com Sol em uma segunda-feira, marcamos de nos ver na sexta-feira, justamente no dia em que a Kat passaria o fim de semana com a Pietra, a família dela e Elyse em uma fazenda, assim teria até o domingo para aproveitar. Não que eu já estivesse planejando transar logo com a Sol, mas nunca se sabe…

–Tem certeza mesmo que é uma boa ideia encontrar com essa mulher que você não sabe nem como ela é? Filha, e se for uma pessoa má intencionada e te fizer mal? –minha mãe me questionava enquanto acabava de escovar meus cabelos. Ela não queria de jeito nenhum que fosse a esse encontro, achava que eu poderia me dar mal.

–Mãe, não precisa me tratar como se fosse criança. A Sol não tem foto de perfil, mas vou encontra-la em um restaurante bem conhecido da cidade e sei como ela estará vestida. Não há perigo.

Depois de tranquilizar minha mãe e afirmar que ligaria imediatamente caso algo desse errado fui até o encontro de Sol. O estacionamento ao redor do restaurante estava cheio, então isso resultou em uns dez minutos de atraso.

Por dentro estava nervosa, e se a Sol na verdade fosse um maníaco sexual procurando converter lésbicas? Por frações de segundos lembrei de quando fui encurralada pelo Thiago, mas tratei de dispersar essas recordações fatídicas.

Quando adentrei ao restaurante procurava desesperadamente uma moça vestida de maneira casual com uma calça jeans e uma blusa xadrez, era a forma como Sol disse que estaria vestida.

Só existia uma pessoa vestida dessa forma, e, assim que a mulher me viu, não escondi minha surpresa ao encará-la.

–Você é a Sol? –meu eto diante dessa constatação foi evidente.

Bom dia, meninas. Imagino que muitas leitoras estão descontentes com o rumo que a história está tomando, mas acreditem na autora, todas essas mudanças e acontecimentos eram necessários. No final tudo acabará bem e vocês vão gostar (pelo menos essa humilde autora espera). Algum palpite de quem é a Sol? Sempre gosto dos comentários de vocês. Grande beijo!



Notas:



O que achou deste história?

8 Respostas para 66. Uma nova pessoa em minha vida.

  1. Será a chefe, e elas engatarão um romance e quando a Ágatha descobrir ficará doida de ciúmes, e aí vai tomar o choque de realidade e tentar reconquistar a Giovana.

    • Será mesmo que a Gi já vai iniciar um romance de cara com outra pessoa? As fichas estão apontando bem alto para a chefe da Gi, mas vamos ver no próximo capítulo rs 🙂

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