— I —

Darlan fitava os jardins da casa, recostado a uma coluna estreita. Ele murmurava uma canção festiva, tamborilando os dedos na pilastra, como se estivesse a dedilhar um instrumento de corda. Passou um momento assim, até que se cansou do instrumento imaginário e retirou o punhal da bainha na cintura. Ele brincou com a arma, aumentando o tom da voz.

Tal atitude não era condizente com seu costumeiro semblante sério e postura rígida, todavia ele sentia-se anormalmente alegre naquela tarde.

— Pare com isso!

Ele silenciou ao ouvir o comando e voltou-se para a mulher que acabara de falar. O âmbar nos olhos dela o atingiu com a força da sua indignação, entretanto, Darlan não se retraiu, tampouco se mostrou incomodado com a ordem. Ele cruzou a porta larga, que separava o cômodo em que ela estava do corredor aberto que ele deveria estar patrulhando. Enfiou o punhal na bainha e sorriu, charmoso.

— Só estou de bom-humor, minha senhora. — Respondeu ele, atrevido.

Vanieli, que após lhe dar a ordem, havia baixado o olhar para o livro sobre a mesa, voltou a afastar a vista das páginas amareladas. Totalmente inexpressiva, ela encarou o rosto afilado e atraente do guarda.

— Não vejo razão para tal. — Criticou.

Ainda sem se mostrar incomodado, Darlan chegou mais perto e abriu um sorriso presunçoso que ninguém, além dela, já tinha visto.

— Seu noivo acaba de falecer, é razão mais que suficiente. — Declarou ele, pousando as pontas dos dedos na mesa, então as deslizou pela superfície de madeira até tocar os dedos dela.

A moça afastou-se, não porque o contato a incomodasse, longe disso. Vanieli ansiava pelos momentos em que podia desfrutar do calor daquelas mãos, assim como os beijos dele. Contudo, estavam em uma área comum da casa, onde outros guardas, servos e seus familiares passavam com freqüência.

Com efeito, seria uma dor de cabeça infernal se alguém descobrisse a relação dos dois. Na hipótese mais branda, Darlan seria chicoteado e jogado em uma das prisões da província. Quanto a ela, era melhor nem imaginar.

— É um fato que eu não queria me casar com o Comandante Mirord, mas não desejava a morte dele, ainda mais de uma forma tão trágica. — Vanieli esclareceu, baixando a vista para a mão dele. — Além disso, você bem sabe que é apenas uma questão de tempo até que meu pai encontre outro pretendente. Sou uma excelente moeda de troca.

O guarda inspirou fundo, contrariado. Definitivamente, ele desgostava quando Vanieli se referia a si mesma daquela forma, principalmente, porque sabia ser verdade. Afinal, Lorde Arino obteve excelentes vantagens ao casar suas outras filhas, não seria diferente com ela. As coisas em Cardasin sempre foram assim, principalmente, entre a nobreza.

Ele se afastou devagar, deixando uma ligeira careta deformar a face.

— Confesso que tenho esperanças de que os deuses também coloquem fim a vida desse futuro pretendente. E se isso não acontecer, eu mesmo me encarregarei dele. — Voltou a escorregar a mão para o punhal na cintura, causando um leve mal-estar na moça.

— Não volte a dizer algo assim. — Vanieli advertiu. — Alguém pode ouvir e acreditar que está falando seriamente.

— Mas estou falando sério. — Retrucou o guarda.

— Não, você não está!

Ela fechou o livro, agastada. Desde que ali sentou, não tinha conseguido ler sequer uma palavra, embora fixasse as páginas com apuro.

— Porque, se você estivesse, e alguém porventura ouvisse tal declaração, poderiam suspeitar que você teve algo a ver com a morte do Comandante Mirord. — Ela concluiu, espalmando a mão sobre a capa de couro do livro.

Darlan se empertigou, descrente.

— Deuses, o homem foi atacado por uma fera selvagem e passou dias definhando antes de morrer! Não tive nada a ver com isso! — Ele pousou a mão sobre a fivela do cinto, depois fez um gesto displicente. — Mas pensando bem, foi um grande azar do sujeito. Nossa! Nem mesmo aquela daijin, que o seguia por todos os lados, foi capaz de protegê-lo. Era de se esperar que um homem que é capaz de conquistar a lealdade de uma mulher dessas, soubesse se proteger melhor na floresta.

Vanieli enrugou a testa, escorregando dois dedos pela fronte.

— Você mesmo acaba de dizer, Darlan: “foi um animal selvagem”. Nada sei da vida de um soldado, contudo acredito que esse tipo de coisa não possa ser prevista, por mais precavido que alguém seja. Todavia, ninguém além dessa tal daijin viu essa fera. Pelo o que ouvi, ela estava tão ferida quanto Mirord. Talvez tenha morrido, também, e é provável que nunca saibamos o que realmente aconteceu. Entretanto, se você continuar fazendo declarações como a que acaba de fazer, alguém pode associar isso a mim.

Ela se colocou de pé, indo guardar o livro na estante às suas costas. Enfiou-o entre uma dezena de outros livros, deslizando os dedos sobre a madeira do móvel.

— Aliás, não é isso que já está acontecendo? — Se voltou para fitá-lo com ar cansado. — O Clã Azuti anda acusando o nosso clã de ser responsável pela morte do comandante.

— Como sabe disso? — Darlan indagou, claramente surpreso por ela ter tido acesso a essa informação. — Andou espionando seu pai de novo?

Desde a notícia da morte do noivo, Lorde Arino, líder do Clã Kamarie, proibiu a filha de sair de casa. Portanto, seu conhecimento sobre o que se passava além dos portões daquela morada impressionava o guarda.

— Da mesma forma que sei que o rei está furioso por seus planos terem sido arruinados. — Ela respondeu com ar presunçoso, então fez uma pausa dramática. — Ora, Darlan, quando digo a você para se conter e manter suas mãos longe de mim quando estivermos em ambientes comuns da casa, não é por capricho ou charme. Os servos vêem, ouvem e sabem tudo que se passa aqui. Não preciso ir além dos jardins para saber o que acontece nesta província e no reino, tampouco necessito ficar ouvindo as conversas do meu pai atrás das portas.

O rapaz se empertigou, balançando a cabeça positivamente. Tomaria mais cuidado no futuro, prometeu a si mesmo. Ele pretendia indagar sobre o que mais ela sabia, porém o som de passos no corredor alertaram para a chegada de Lorde Arino. Darlan posicionou-se junto à porta, simulando estar executando seu trabalho, um momento antes do nobre entrar de forma intempestiva.

O dia começara tranquilo para Vanieli, porém uma tempestade se aproximava no horizonte e os infortúnios que ela trazia, vinham nas passadas pesadas de seu pai. Assim que entrou no recinto, ele soltou:

— Aquele maldito bastardo!

A moça fingia estar à procura de um livro, quando o ouviu. Virou para fitar o homem, sem demonstrar surpresa pela expressão assassina na face dele.

— De quem fala, meu pai? — Perguntou serena.

— De quem mais poderia ser?! — Rosnou o lorde. — Aquele maldito Mirord morreu como um bom imbecil e me deixou com a iminência de outra guerra entre nossos clãs e a ira do rei.

Vanieli depositou um livro na mesa e sentou, estampando na face uma expressão consternada que enganaria a qualquer outro, menos ele.

— Me poupe do seu fingimento. — Berrou Lorde Arino. — Deixe isso para quando estivermos na presença do rei. Ele deseja nos ver após o funeral.

— Quer dizer que teremos mesmo de ir à província de Nigan? — Mostrou-se inquieta.

O pai cofiou o bigode, explicando:

— Mirord era seu noivo, é claro que teremos que ir até a terra natal dele e lhe prestar homenagens. Além de ser o esperado, é um pedido do Rei Mardus.

O que Lorde Arino não disse, é que esperava que a presença deles no funeral pudesse ajudar a apaziguar os ânimos do Clã Azuti e as insinuações de que o seu clã, o Kamarie, foi responsável pela morte do Comandante Mirord Azuti.

Tudo o que menos queria era outro conflito entre os clãs e esse também era um desejo do rei. Afinal, a última guerra continuava bem vívida na memória do povo, que ainda lamentava seus mortos.

Ele encarou a filha, ainda agastado. Se Mirord não tivesse falecido, ele e Vanieli estariam casados dali uma semana. O rei teria conquistado a paz que almejava, e ele, Arino, teria se livrado de uma mácula na sua família. Embora se mostrasse uma boa filha, Vanieli era uma grande decepção, ainda que não tivesse culpa disso.

Fez um gesto vago, que englobava a filha por completo, e ordenou:

— Esteja apresentável para a audiência com o rei e evite… — ele fez uma pausa, lançando um olhar desconfiado para Darlan, e concluiu: — você sabe!

O tom que usou não deixava dúvidas quanto a ameaça implícita. Todavia, Vanieli não podia controlar as ações do seu corpo em relação à questão levantada. Mesmo assim, ela fez um gesto afirmativo para o pai, fingindo não notar o olhar inquisitivo de Darlan, junto à porta.

— II —

Os ritos funerários duraram três dias, segundo as tradições do Clã Azuti. Vanieli e o pai só participaram dos eventos do terceiro dia. Depois disso, seguiram para a capital em companhia de Lorde Kanor, pai do falecido e líder do Clã Azuti.

O Rei Mardus os recebeu no salão principal do palácio, cercado por meia dúzia de ministros e outros líderes de clãs menores.

Vanieli só havia estado na presença dele no dia em que foi coroado. Até então, não tinha uma opinião formada sobre o soberano. Todavia, estava ciente de que o seu modo de pensar causava revolta em muita gente e, em seu curto reinado, havia sofrido vários atentados. Razão pela qual, naquele momento, existia uma grande quantidade de guardas no salão, além de um protetor que se mantinha a poucos passos do trono.

Sem esconder seu interesse, ela analisou os traços austeros do rei, antes de se arriscar a olhar para os outros homens presentes na audiência. Ele era mais jovem que seu antecessor, o que era acentuado pelo fato de que, ao contrário da maioria dos homens do reino de Cardasin, não usava barba. O porte físico denunciava que não era um homem de armas, porém uma espada repousava recostada ao trono.

Naquele momento, o regente ouvia com atenção as lamentações de Lorde Kanor sobre a infeliz morte do filho mais velho.

Como dissera para Darlan, Vanieli lamentava o fato, mas estava satisfeita por não ser obrigada a se casar com um homem que nunca viu e, pelo o que as más línguas diziam, mulherengo e com tendências a entrar em contendas embriagado.

No meio da narrativa de Lorde Kanor, ela passou o olhar por todo o salão. O fato de estar parada em uma das laterais do recinto lhe deu total liberdade para fazê-lo sem que, para isso, tivesse de contorcer-se chamando a atenção para si.

Perscrutou o ambiente, desde o trono até a porta de entrada, onde percebeu, com claro desconforto, uma daijin. A guerreira estava parada ao lado de um dos guardas que ladeava a porta, tão rigidamente ereta que mais parecia uma estátua. Vestia-se completamente de preto, exceto pela máscara branca que lhe recobria a face, e o capuz azul escuro que escondia seus cabelos. Na cintura, duas lâminas curtas e ligeiramente curvas brilhavam com aspecto mortal.

Vanieli nunca vira uma daijin antes, entretanto, a máscara branca com um símbolo circular na altura do queixo, era uma das formas de se identificar uma delas.

As guerreiras do Templo de Aman não eram benquistas naquele reino. Na verdade, todos os reinos do continente olhavam para elas com desconfiança e isso datava de centenas de anos, contudo, a rejeição era mais forte em Cardasin. Assim, Vanieli ouvira dizer.

A verdade era que ela não tinha qualquer experiência além das fronteiras do reino.

A principal razão para que os reinos do continente de Paludine desgostassem de daijins era o fato de que elas eram mulheres que renunciaram aos seus nomes, casamentos, famílias e clãs.

Eram uma afronta para um reino como Cardasin, onde os homens eram o pilar da sociedade. Ainda que houvessem mulheres em posições nobres e de liderança, porém com poderes limitados, nascer com o sexo feminino implicava que o seu único dever era gerar filhos.

Tal destino incomodava Vanieli que, às vezes, se sentia tentada a aceitar o convite de Darlan para fugirem juntos. O rapaz tinha pensamentos bastante liberais a respeito das mulheres e seus deveres. Com efeito, foi isso que a atraiu nele, além da boa aparência.

Entretanto, não se iludia com palavras agradáveis. Apesar de como pensava, Darlan demonstrava sentimentos de posse em relação a ela. No fim, Vanieli estaria, apenas, deixando de casar-se com um nobre, para se tornar “propriedade” de um homem do povo.

Sendo assim, vivia seus dias desfrutando o que a vida lhe ofertava naquele momento, enquanto esperava pelo próximo pretendente. Bem sabia que não demoraria para isso acontecer.

— Sua perda é uma grande lástima. — Disse o rei para Lorde Kanor. — Mirord foi um grande amigo para mim, independente de termos sido soberano e súdito.

A emoção tomou o semblante dele por um instante, mas logo desapareceu para dar lugar à rigidez que a coroa exigia.

— Entretanto, diante da nossa experiência passada e das perturbações à paz que conquistamos nos últimos dois anos, desistir de um matrimônio entre os seus clãs não é uma opção. Acabaremos no meio de outra contenda violenta com a perda irreparável de vidas em ambos os lados. — Fez um gesto que abarcava todos os líderes presentes. — Vocês perderam filhos, irmãos, pais e amigos da última vez. Estou certo de que não desejam que isso aconteça de novo.

Fez uma pausa à espera da confirmação deles, o que aconteceu por meio de suaves inclinares de cabeça e alguns sussurros.

— Este reino necessita de mudanças, senhores. Não sou omisso como os meus antecessores. Não permitirei mais disputas internas e sem sentido. Desunidos, somos um alvo fácil para qualquer um que deseje adquirir território. Não posso, nem vou, permitir que o nosso povo esteja dividido e despreparado se algo assim vier a acontecer.

— Meu rei, perdão pela intromissão, mas o senhor fala como se estivesse ciente de que algo dessa natureza esteja prestes a acontecer. — Disse Lorde Timerio, líder do Clã Mazur.

— Existem evidências disso, Majestade? — Perguntou Lorde Caniel, do Clã Tarize.

— Rumores, é tudo o que tenho. Ainda é cedo para fazer alarde. Serão informados sobre isso, assim que tiver notícias mais sólidas. — Esclareceu o rei. — Ainda assim, sendo verdade, ou não, é meu dever garantir a paz entre o meu povo. 

Lorde Kanor balançou a cabeça, entre compreensivo e confuso.

Havia verdade no que o rei dizia a respeito das disputas entre os clãs, principalmente, os clãs Azuti e Kamarie. Ele e Lorde Arino tinham suas diferenças, mas estavam bastante cientes de que se deixassem as rusgas crescerem, o temor do rei se concretizaria e haveria uma disputa desenfreada entre os dois grupos, repetindo o conflito que viveram dois anos antes.

Para resolver o impasse, na ocasião, o rei se voltou para uma solução comum a muitos reinos: um casamento. O filho mais velho de Lorde Kanor, Mirord, deveria desposar a filha caçula de Lorde Arino, unificando os dois maiores clãs do reino. Era uma união inédita, já que se tornou costume que as pessoas procurassem seus pares dentro de seus próprios clãs.

Embora a proposta tenha gerado uma forte comoção entre os dois líderes dos clãs envolvidos, a ideia pareceu saciar a sede de sangue do povo. Contudo, a sua rápida aceitação não se limitava somente a resolução do conflito. Se Mirord e Vanieli casassem, as portas para que outros casamentos entre clãs acontecessem estariam abertas.

— Compreendo seu ponto, Majestade, entretanto, não tenho mais filhos em idade de casamento. — Disse Kanor, retornando à discussão principal. — Meu outro filho, Dyor, ainda é apenas uma criança, mal completou 12 anos.

— Estou ciente disso, meu caro. — Informou o rei, acenando suavemente para o homem de pé à direita do trono. O servo inclinou-se um pouco e lhe entregou um pergaminho. — Contudo, você tem uma filha em idade de casamento, não tem?

O nobre trocou o peso entre as pernas, mostrando-se claramente constrangido. Ele pigarreou antes de responder:

— Perdão, meu rei, mas é de conhecimento geral que minha filha está “morta”. E mesmo que estivesse entre nós, Lorde Arino não tem herdeiros homens que poderiam desposá-la.

O rei depositou o manuscrito sobre o colo, deixando transparecer seu pesar. Fungou baixinho, passeando a vista pelo salão antes de tornar a pousá-lo sobre o documento. Ele voltou a pegá-lo e apertou entre os dedos delgados, fitando o lorde com alguma aspereza.

— Eu conheço a história, Lorde Kanor. Mirord me confidenciou as circunstâncias que tiraram sua filha do convívio familiar.

A conversa começava a enveredar por um caminho confuso, assim Vanieli pensava. Não entendia o motivo do rei evocar a figura de uma jovem morta, há mais de dez anos, durante o ataque de salteadores ao comboio em que ela seguia. Entretanto, não lhe escapou o desconforto do ex-futuro sogro, principalmente, quando o Rei Mardus falou:

— Todavia, este não é o momento para se agarrar a um orgulho tacanho. O que eu quis dizer quando falei que conhecia a história daquele infeliz assalto, Lorde Kanor, é que estou ciente de cada pormenor, incluindo o verdadeiro resultado dessa investida. — Ele se ajeitou no trono, levando o corpo para a frente. — Eu sei que sua filha continua viva. Sei que ela, agora, pertence às nobres guerreiras do Templo de Aman.

Um sutil, mas audível, burburinho se espalhou entre os presentes.

Os olhos de Vanieli, imediatamente buscaram a figura silenciosa parada à entrada do salão. Foi impossível, para ela, não se perguntar se era daquela mulher que falavam. Se era esse o caso, a guerreira nada demonstrou, já que sua postura continuava inalterada.

Ter uma parente que se tornou uma daijin era sinônimo de vergonha em Cardasin. Era tão ou mais vergonhoso do que ter um mago na família. Tornou-se comum as famílias dizerem que tais mulheres haviam morrido e esquecerem suas existências, completamente. Até mesmo seus nomes se tornavam um tabu e nunca mais voltavam a ser pronunciados no ambiente familiar. Era uma atitude compreensível, ante o fato de que essas mulheres abdicavam completamente de suas origens.

Lorde Kanor mostrou-se terrivelmente contrariado, diante da revelação do rei. Ele exibiu um tom vermelho intenso na face costumeiramente pálida e baixou o olhar para as botas do soberano, amaldiçoando o filho morto por sua indiscrição.

Mas o que estava esperando? Afinal, Mirord compactuou com os planos da irmã caçula e mostrou-se orgulhoso do que tinha feito, mesmo quando o pai, em um ataque de fúria, o chicoteou até que ele perdesse os sentidos.

Em verdade, depois disso, a relação dos dois tornou-se quase inexistente, ainda mais quando Mirord ingressou no exército real e mudou-se para a capital do reino. O rapaz raramente retornava para Nigan e, quando o fazia, demorava o mínimo possível. A última vez em que Lorde Kanor viu o filho com vida, fora cinco anos antes, quando ele retornava da viagem que fez ao Templo de Aman em companhia de uma daijin.

Lorde Kanor sabia quem ela era, embora Mirord não tivesse dito nada a respeito. Os dois passaram apenas uma noite em sua casa, mas certamente foi a noite mais longa e odiosa que o nobre vivenciou. E quando o dia raiou, Mirord e sua daijin partiram sem dizer adeus ou olharem para trás.

Naquele dia, Kanor soube que todos os laços com o filho haviam sido cortados. Mesmo assim, Mirord não se furtou à responsabilidade de casar-se com Vanieli em nome da paz no reino.

— Sei bem o que dizem de mulheres daijins, Lorde Kanor. — O rei deu pequenas batidinhas na perna com o pergaminho. — Todavia, não acha que há uma pitada de hipocrisia nisso?

Ele mostrou um sorriso irônico, enquanto passeava a vista sobre os nobres à frente.

— Essas mulheres ofendem nossa masculinidade e tradições ao escolherem a espada em vez da maternidade. Contudo, não é incomum que nobres deste reino e tantos outros, visitem o Templo de Aman a fim de conquistar a lealdade e serviços de uma delas. Mirord foi um deles.

O rei apontou para a guerreira na entrada do salão e fez um gesto para que ela se aproximasse.

A mulher mancou um pouco, enquanto cruzava o espaço que a separava do grupo. Nem por isso, pareceu menos imponente aos olhos dos presentes. Ela parou a poucos passos de Lorde Arino.

— Aisen, nobre filha do Templo de Aman. — Disse o rei com ar pensativo, como se falasse com alguém que não estava ali. — Sou imensamente grato por sua lealdade ao meu bom amigo Mirord.

Ele ficou de pé e foi até a mulher, explicando:

— As daijins seguem um código interessante, Lord Kanor. Uma de suas leis diz que elas podem deixar as Terras de Aman, ante situações distintas. A mais conhecida, como acabei de falar, é ter sua lealdade conquistada. Mas a situação que nos interessa, no momento, é aquela em que um parente pronuncia o nome que seus genitores lhe deram ao nascer.

O soberano se voltou para o nobre.

— Basta ir ao Templo de Aman e exigir uma audiência com a Grã-mestra. Se aquela, a quem se procura, atender ao chamado, poderá deixar o templo e retornar às suas origens, se desejar. Me pergunto se você faria isso, Lorde. Pronunciaria o nome da sua filha em nome da paz no nosso reino?

O lorde estremeceu ante a pergunta e lançou um olhar de asco para a guerreira diante do rei. Antes que se pronunciasse, Lorde Arino interferiu:

— Perdão, Majestade, mas se estou entendendo bem, o senhor deseja que minha filha se case com uma mulher, não apenas isso, mas uma daijin?!

— Exatamente. — O rei sorriu, confiante.

— Meu senhor, devo manifestar a minha contrariedade diante dessa decisão. Isso vai contra nossas leis e…

O Rei Mardus ergueu uma mão, interrompendo o argumento dele.

— Não há nada em nossas leis que diga que isso não pode acontecer, Lorde Arino. Acredite, antes de tomar essa decisão, eu as li completamente. E se o seu rei acredita que essa união serve ao propósito de trazer a paz ao nosso povo, tais questionamentos parecem desnecessários. Não acha?

Era raro que Lorde Arino ficasse sem palavras e Vanieli só não se satisfez com o fato, porque também estava preocupada com os planos do rei. Nunca se imaginou desposando uma mulher, tampouco lhe passou pela mente que essa pretendente pudesse ser uma pária. De repente, seu futuro parecia mais incerto e assustador do que projetou quando soube que deveria se casar com Mirord.

O silêncio de Lorde Arino agradou o rei, que voltou a perguntar para Kanor:

— O senhor ainda não me respondeu, Lorde. Em nome da serenidade do nosso reino, você iria até o Templo de Aman e chamaria por sua filha?

Kanor cerrou os punhos, enquanto respondia, em desafio:

— Sinto muito, meu rei, mas a minha filha está morta. E os nomes dos mortos não devem ser pronunciados para que seu descanso nas Terras Imortais não seja perturbado. — Não importava a punição que viesse a receber, ele nunca mais diria o nome do fruto da traição da sua segunda esposa.

Um suspiro audível escapou do soberano, que encarou a audiência com evidente pesar, antes de declarar:

— Foi o que pensei. Felizmente, Mirord tinha uma opinião diferente. Por esta razão, ele me chamou em seu leito de morte e me nomeou o executor do seu testamento.

As sobrancelhas espessas de Kanor de ergueram e ele voltou a se manifestar:

— Perdão, Majestade, mas de que testamento está falando?

O rei alternou o peso entre as pernas e mostrou o pergaminho.

— Deste. — Falou. — Mirord desejava que eu, como seu amigo e soberano, tornasse realidade sua última vontade. Por isso, estão aqui. Embora este documento só diga respeito a alguns de vocês, se faz necessário que todos os clãs tomem conhecimento dele. Vocês poderão ler o testamento na íntegra e confirmar a veracidade do selo do brasão de Mirord depois. Neste momento, basta que saibam que, seguindo nossas leis, ele deixou seus títulos, bens e deveres, para com este reino, para seu parente mais próximo que, neste caso, seria sua única filha.

— Meu rei, isso é um absurdo! Mirord não tinha filhos. — Kanor agitou-se.

Com um sorriso complacente, o soberano tocou o queixo da daijin em um gesto íntimo e retirou a máscara dela, fazendo com que o capuz escorregasse até os ombros desta. Revelou:

— Antes de falecer, Mirord adotou como filha sua irmã caçula, Lenór.

Houve novo burburinho entre os presentes e os olhos de Vanieli se prenderam no rosto da daijin. A mulher não era muito mais velha que ela, tampouco poderia ser citada como um exemplo de beleza, porém tinha feições agradáveis e sérias, onde algumas cicatrizes imperavam, chamando a atenção para a vida que escolheu através do fio da espada.

— Isso é um disparate! — Gritou Kanor e Lorde Arino recuperou sua voz para fazer coro com ele.

O rei, todavia, mostrou-se inflexível e ignorou os dois. Ele colocou a mão no ombro da daijin, exibindo um sorriso que passava uma clara mensagem aos dois nobres. Ele não se importava com seus gritos, tampouco voltaria atrás em seus planos.

— Os termos dessa união continuam os mesmos, Lordes. A única diferença é que os nubentes serão ambas mulheres. — Ele os calou. — E antes que recomecem com a gritaria, os recordo de que estão diante do seu rei.

Ele fez um gesto para que Vanieli se aproximasse. O que a moça fez com passos incertos.

— Gostaria que vocês tomassem um momento de reflexão sobre essa união, enquanto converso um pouco com essas adoráveis moças. — Disse para Kanor e Arino, já fazendo um gesto de dispensa para eles e o restante da audiência.

Ele fez o mesmo para os guardas nas portas e o protetor junto ao trono. Paciente, aguardou que se retirassem, antes de dar seguimento à conversa.

— Vou ser direto e muito claro com vocês duas. — Começou ele. — Vocês “devem” se casar.

Vanieli mostrou-se desconcertada, entretanto, a mulher ao seu lado manteve-se rigidamente silenciosa. Todavia, os olhos dela se apertaram ligeiramente quando o soberano incutiu a palavra “dever” na última frase que pronunciou.

O rei prosseguiu:

— Essa guerra entre seus clãs deve acabar de uma vez por todas, e os motivos são óbvios diante do que já expus aqui. Diferentemente dos homens lá fora, — apontou para a porta por onde os pais de ambas passaram — sei que são perfeitamente capazes de compreender a situação que vivemos e as desventuras que se aproximam, caso haja outra guerra.

Exalou forte, olhando diretamente para Vanieli.

— Mirord teria sido um bom marido para você, Damna Vanieli. Infelizmente, o destino não o quis. Nossa amizade foi longa e sincera e sinto sua perda mais do que posso demonstrar. Todavia, a coroa me pertence e devo agir de acordo com o peso das responsabilidades que ela carrega. Então, guardarei meus sentimentos para a solidão e quietude de meus aposentos.

Aquela ligeira demonstração de fragilidade, tornou a confundir Vanieli. Porém, o rei se recuperou rápido e se pôs a observar Lenór, como se ela fosse algum tipo de força da natureza. Embora seu semblante fosse calmo, quase estático, havia uma tempestade no olhar dela, que aumentou quando o rei perguntou:

— Sei que também foi pega de surpresa com esse testamento. Não posso forçá-la a aceitar essa proposta, contudo, apreciaria se pudesse considerá-la. O que me diz, Lenór?

Não escapou à Vanieli, que o soberano a chamou pelo nome direto, desprezando um tratamento respeitoso, como fizera com ela. Assistiu a moça endireitar os ombros e enrijecer a postura, porém seu silêncio continuou.

— Talvez, isso até possa melhorar a relação com seu pai. — Adicionou o rei, como se o argumento tivesse algum peso sobre as decisões dela, entretanto, o regente sabia que não tinha. Além disso, a reação de Lorde Kanor, momentos antes, deixava claro que não havia espaço para confraternização entre eles. — Não é o meu desejo, Lenór, é o do seu irmão. Isso é pelo seu povo.

— Meu rei. — Vanieli resolveu participar da conversa. — Perdão se pareço atrevida, mas esse tipo de casamento não é comum em Cardasin. Bem, sei que ocorre em outros reinos, todavia nunca ouvi nada a respeito aqui.

O rei ainda se demorou a fitar Lenór, antes de voltar a vista para a jovem herdeira do Clã Kamarie.

— Está correta, Damna Vanieli. Entretanto, o fato dessas uniões não serem oficializadas com um casamento, não significa que não existam. Com efeito, elas já foram populares em Cardasin, mas, infelizmente, em um momento conturbado da nossa história, adotamos uma ideia limitada sobre a formação dos pares.

Ele sorriu abertamente, como se achasse a ideia ridícula.

— Sei que é uma ideia que destoa das normas sociais com as quais cresceu. Compreendo seus receios e, por isso, vou propor um trato a vocês, o qual eu espero que não comentem com seus pais, por enquanto. Casem-se daqui a três semanas, durante o aniversário do meu sexto ano de governo. Tragam a paz de volta aos seus clãs e, daqui a dois anos, eu as receberei para uma audiência na qual poderão expressar seu desejo de desfazer o matrimônio, graças a impossibilidade óbvia de não poderem gerar herdeiros de suas respectivas linhagens. Essa desculpa já foi usada antes, ou vocês podem inventar outra. Tanto faz! Enfim, depois disso, terão a liberdade de se casarem com quem desejarem e manterão seus títulos e posses.

Ele fez um gesto vago e Vanieli olhou para Lenór notando, pela primeira vez, que a moça tinha os olhos mais tristes que já vira. Parecia esconder as misérias do mundo neles.

— Não quero me impor com vocês, ao contrário do que dei a entender para os Lordes Kanor e Arino. Casarem-se, ainda que seja desta forma, é um grande passo. Eu não sou um rei injusto. Encontrarei outra forma de pacificar o reino, se a resposta de vocês for negativa. Todavia, por agora, sentem e conversem sobre o assunto, no entanto, gostaria que considerassem o quão significativo seria esse matrimônio. Não falo apenas da paz, mas também, de abrir um precedente para outros casamentos assim. Sem falar no fato de que Lenór irá assumir os títulos de Mirord e, isso, porventura, irá dar margem para que outras mulheres sigam seus passos.

Era, de fato, uma ideia louca. A posição do rei em relação a certos assuntos era considerada revolucionária por alguns, e insultante para a maior parte da nobreza. Contudo, ele não fazia questão de esconder seus pensamentos e desejos. Pelo contrário, enfrentava seus opositores com palavras ferinas e hábeis, sem que, para isso, tivesse de se esconder atrás do ouro da coroa que ostentava na cabeça.

Naquele momento, Vanieli decidiu que estava mesmo diante de um homem diferente dos que conhecia e apreciou isso.

A aparente juventude do rei escondia a larga experiência de vida. Sabia-se que o então príncipe Mardus passou parte da juventude no continente além-mar, onde se dizia que os povos tinham uma visão distinta sobre tradições, respeito e liberdade. Era ainda, um grande admirador da Ordem, e declaradamente amigo da Grã-mestra Melina, a qual, recentemente, dera permissão para implantar Casas de Apoio Ordenadas no reino. Outra de suas decisões que causou muita confusão, já que a Ordem sempre enfrentou resistência no continente Paludiniano.

Pela primeira vez, Vanieli acreditou que poderia ter um destino diferente do da sua mãe e irmãs. Embora a ideia de se casar com uma mulher, uma daijin, lhe deixasse apreensiva e realmente necessitasse de um tempo para ponderar sobre o assunto, a possibilidade de, dali algum tempo, se tornar dona de seu próprio destino, a fez dizer em um rompante:

— Eu aceito.

O rei sorriu largo e se voltou para Lenór. A mulher fitava Vanieli com o cenho franzido e uma expressão que denunciava uma dúvida profunda, contudo, soou firme ao abandonar o silêncio:

— Farei o que for preciso para honrar o meu irmão, Majestade.

— § —



Notas:

Oiê!

Não dá para ficar longe de vocês por muito tempo, viu! Assim como não dá para ignorar todas as mulheres na minha cabeça (imaginárias, claro). Elas falam e querem contar suas histórias, então cá estou! rs… Por favor, não achem que sou doida. Bem, não tenho muita certeza sobre isso… Mas!

Hehe, brincadeiras à parte…

Gente, espero que desfrutem dessa aventura assim como curtiram “A Ordem: O círculo das armas”. Não esqueçam de me deixar um recadinho. Eu não mordo e é sempre bom saber o que estão pensando.  Comentários incentivam as autoras, sabiam? Se vocês têm tempo para ler, também podem arranjar um tempinho para dizer “Gostei” ou “Odiei”.

Enfim, há uma razão a mais para que vocês comentem. Setembro é o mês de aniversário do Lesword e o site estará sorteando livros entre as comentaristas de todas as histórias em andamento deste mês. Legal, né? Não deixem de participar!

Além disso, está rolando um convite gostoso para vocês, leitoras, sugerirem alguns temas para três contos curtos escritos pelas autoras recorrentes do site, entre elas, euzinha. Hehe… Nos desafiem!

Para dar uma sugestão, é necessário comentar no post “Vamos Comemorar?” que está fixado na home do site, ou podem ir pelo link direto:

https://www.lesword.com/vamos-comemorar/

No mais, espero vocês na semana que vem.

Um xêro grande e carinhoso!




O que achou deste história?

26 Respostas para 1.

  1. ola autora….começando agora acompanhar sua nova historia.. e sempre um prazer imenso ler suas historias. Eu tenho o hábito de sempre que to sem animo de ler algo, pegar uma historia sua e ler a parte que mais gosto…nem sei quantas vezes ja li Maktub…crimes de amor…é tiro certeiro…comecei a ler uma dessas historias meu animo em ler renova. beijos..continuo nos presenteando com sua escrita.

    • Oi, Donaria!

      É sempre uma alegria te encontrar em um dos meus textos. Não faz ideia do quanto me apraz ler esse comentário e saber que as minhas palavras te dão o ânimo para a leitura. Espero que seja sempre assim! 😉

      Espero que você goste de “O Castelo do Abismo” e que este se torne outro queridinho seu.

      Beijão!

  2. Ameiii. Descobri o site hoje e to amando a história! Super importante o trabalho de vocês. Parabéns!

    • Amanda, bem-vinda ao Lesword. E que honra ser a sua primeira leitura aqui! Espero que se divirta conosco e que este espaço também se torne querido para você.

      Beijos!

  3. A expectativa aqui é muito grande, que pelo início já dá pra ver que vai ter a mesma pegada de A ordem.

    Parabéns pelo trabalho e deixe sempre que essas mulheres ganhem vida.

    • Blackrose,

      Espero atingir suas espectativas. Seja muito bem-vinda ao Castelo do Abismo.

      Beijos!

    • Oiii, Ávila!

      Obrigada! Vou me esforçar para isso.

      Me deixe saber o que está achando! ?

  4. Gostei muito do inicio da historia. Acredito que a autora nos dará muitas alegrias com sua escrita criativa e empolgante.

    • Oi, Carla!

      Obrigada! Prometo que vou me esforçar para isso. Me deixe saber se estou conseguindo! rs.

      Beijo e obrigada pelo comentário. 😉

  5. Bom dia, Tattah!
    Tudo bem?
    Vim passear pelo site e vi o capítulo postado. Belo roteiro, e o perfil da personalidade desse rei já me tornou uma fã dele. Mirord também parece ter sido alguém de caráter nobre, pelo que fora apresentado, apesar de uma passagem ter indicando boatos desagradáveis.
    Será que esse casamento será entre uma daijin e uma maga que (também) se integrará à Ordem? E, será que haverá alguma interação com Flyn para que elas possam ter seus filhos, assim como planejado por Marie e Virnan?

    Parabéns! E que estas mulheres continuem querendo contar suas histórias!
    Beijos!

    • Viviane, seja muito bem-vinda!

      Fique à vontade para passear no site sempre que desejar, principalmente aqui, em o “Castelo do Abismo”.

      Não se enganou quanto ao Mirord, era mesmo um cara do bem. Acredite, ele amava muito a irmã caçula e esse amor fez toda a diferença na vida dela. 😉

      Quanto a sua pergunta… É uma teoria interessante. Gostei bastante. Vamos ver no que dá. rs.

      Um beijo e até o próximo capítulo.

    • Oi, Suzi!

      Tento sempre procurar um enredo diferente para oferecer a vocês. Fico feliz que tenha gostado e espero que continue assim até o fim. 😉

      Beijo grande!

  6. Aiiiii! Finalmente chegou o dia de ver “Castelo” aqui no site!
    Tá confesso… louca pra ver Vani aqui.. meu deusssss que olhos são esses?? se bem que…Lenór é um sonho também! Lindas demais… e a história? já te disse que sonhei com ela quando comecei a revisar, né?! Enfim, encantador@s.
    Valeu, Táttah! Parabéns.

    • Néfer,

      Você falou mesmo do sonho, mas achei que estava brincando. Hahaha… Sonhar com elas não é um privilégio só seu. Só que, entre nós duas, os teus sonhos devem ser bem mais tranquilos, já os meus não me deixam em paz até escrever. rs…

      Valeu comentário e por me ajudar com a revisão. Vanieli te mando um beijo.

      Eu te mando um xêro!

  7. Se eu gostei?! Eu amei!

    Já sei que vai ter bastante aventura nessa história. Imagino que em 2 anos o rei não vai ter audiência nenhuma para tratar da anulação desse casamento.

    Espero que nossas queridas amigas da Ordem apareçam para nós dar um oi.

    Gostei desse rei, acho que ele não é só um visionário, acredito que ele está do nosso lado da força! hahaha

    Volte logo e prepare capítulos extras com direito a desafios, que nós estaremos por aqui para vencê-los! 😉

    Mulheres falando na sua cabeça?! Cuidado com essas moças, elas podem te levar a usar uma tal camisa aí que sei que vc não quer vestir, viu! hahahaha

    Bjãoooooo

    • kkkk… Bem, não nego, Preguicella. Mardus tem mesmo um pé no arco-íris, mas não é apenas isso que incentiva seu desejo de mudar as leis de Cardasin.

      Não sei se conseguirei desafiar vocês tanto assim, entretanto, prometo tentar mais à frente da história.

      Beijos!

  8. Tattah,

    Não vou entrar nessa de comparar A Ordem, com O Castelo do Abismo.
    Tanto Vanieli qto Lenór são lindas e apaixonantes, mal posso esperar
    pra ver as reais identidades.
    Agora falando nas ilustrações, te ferrou, colocou mais de uma, agora
    vou querer em todos capítulos, k k k (como se eu tivesse querer, k k k)
    elas estão maravilhosas. Guria… q mulheres lindas tu criou.
    APAIXONEI, pior, pelas 2, sou mto volúvel, k k k quem sabe tenho
    alguma chance daqui a 2 anos??
    Tattah… como sempre arrasando mulher de mil talentos…
    ? ?

    • kkkkkkkkkk… Nossa, Nádia! Olha, bem que a minha intenção é de realmente postar uma ilustração a cada capítulo. Mas não posso garantir que será possível.

  9. Olá! Tudo bem?

    Mulheres imaginárias? Ok! Ok! Ok!… Faz de conta que… Bom, falando sério — é preciso às vezes, não é? — de cara devo dizer que a princípio — veja bem. a princípio — sua nova história começou mais ‘tchã’ que a ”A Ordem: O Círculo Das Armas” — que uma ‘puta’ história… O ‘puta’ aqui você entende, não é? —, então esperemos por mais textos bons iguais a esse.

    É isso!

    Post Scriptum:

    ”Você tem que criar a confusão sistematicamente; isso liberta a criatividade. Tudo o que é contraditório cria vida.”

    Salvador Dalí

    • Kasvattaja,

      Eu ri com o “puta”. Relaxa aí! rs… Agradeço muito por ele. Concordo, todas as essas mulheres, às vezes, são necessárias. Não fosse assim, nada de escrever. Espero que a impressão inicial se mantenha ao longo dos capítulos e, quem sabe, O Castelo do Abismo possa superar sua opinião em relação à “A Ordem”.

      Te espero nos próximos!

      Abraço!

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