*

 

— Mais três ou quatro sessões curativas na água e meu trabalho estará encerrado. Pelo menos, terei feito tudo ao meu alcance. O resto dependerá dela. — Declarou Melina.

As mãos dela irradiavam uma luminosidade suave, enquanto analisava Lenór. Percorriam o corpo da comandante devagar, sem realmente tocá-lo. Deslizaram pelo quadril e avançaram sobre a perna dela. Atenta a cada movimento, Vanieli comentou: 

— Esse é um ferimento de infância, que a faz mancar constantemente. — Observou a cicatriz, que se estendia pela perna da esposa, enquanto indagava: — Seria possível que o seu tratamento, também a ajudasse com isso?

Melina encerrou sua tarefa com um sorriso complacente.

— Me recordo desse ferimento. — Ela tocou a cicatriz, cuidadosa. — Eu mesma o tratei, quando Lenór partiu conosco para Amarilian. Contudo, o ferimento já era antigo naquela época. Fiz o meu melhor, todavia não foi o suficiente. A magia curativa é mais eficaz quando a enfermidade é recente.

Ela afastou as mãos do corpo da comandante, unindo-as sobre o colo.

— Sua esposa passou anos sem um tratamento adequado. E quando digo isso, não me refiro à magia. Um bom curandeiro poderia ter minimizado as sequelas desse ferimento, talvez, curado completamente.

A grã-mestra observou as mãos de Vanieli cerrarem-se, ante a força do sentimento que a invadiu.

— Quando penso que não consigo detestar meu sogro ainda mais… — interrompeu a frase e um instante se passou, enquanto tentava amainar a revolta.

— Um homem difícil e deveras desagradável. — Concordou Melina. — Como disse, enquanto esteve conosco, fiz o meu melhor para ajudar Lenór e ela passou a caminhar sem auxílio. Mas hoje, sei que grande parte dessa recuperação se deve a Virnan e o manibut que ela lhe ensinou longe dos meus olhos e de qualquer outro ordenado.

Sorriu devagar, passando os dedos sobre a tatuagem em um dos pulsos, símbolo que representava seu voto de irmandade com a antiga mestra de Lenór e outras amigas. Vanieli demorou um pouco para entender que ela se referia à guardiã da Ordem que se tornou a rainha de Flyn.

— Como ela é? — A Kamarie se deixou levar pela curiosidade.

— Do tipo que inspira sentimentos contraditórios nas pessoas. — Voltruf entrou na conversa.

Ela estava sentada na janela com ar entediado, desde que chegou ao aposento com Melina.

— De fato! — A grã-mestra riu baixinho, concordando. Então, respondeu a pergunta de forma carinhosa. — Para mim, é uma boa e amada amiga, além de uma irmã de círculo. Sobretudo, é uma das pessoas que mais gosto no mundo, já que é a esposa da minha sobrinha e responsável pela felicidade dela.

Seu olhar encontrou o de Voltruf rapidamente, lamentando ter se expressado daquela forma em sua presença. Afinal, não era segredo que ela amou e ainda amava Virnan. Um sentimento que sobreviveu à morte e o tempo. Contudo, ainda que Voltruf se esforçasse para garantir que seus assuntos com Virnan já estavam resolvidos, a situação entre elas sempre pareceria incômoda e complicada, visto que a florinae possuía um ligação mágica com a esposa dela.

Às vezes, Melina se perguntava se não tinha sido para se manter afastada do casal, que Voltruf se prontificou a viajar com ela para Amarilian.

— Bem, voltando ao assunto, não há nada que possa fazer pela perna de Lenór. — Lamentou.

— Compreendo. — Vanieli também lamentou. — Não custava perguntar e ter esperança. Não é mesmo? De qualquer forma, sou muito grata pelo que fez e ainda está fazendo por ela.

Melina ficou de pé, após um meneio de cabeça.

— É a missão da Ordem ajudar. Estou apenas cumprindo o meu dever.

Ela baixou a vista para Lenór. Recordava a menina de semblante triste, que seguia a guardiã Virnan para todos os lados, como se tivesse se tornado sua sombra. A guardiã estava sempre conversando em voz baixa com ela, plantando um sorriso tímido na face de uma criança que só conheceu o sofrimento. Por isso, Melina nunca imaginou que ela estava ensinando a menina, a arte que tornou sua família os guerreiros mais poderosos entre a casta Auriva de Flyn.

Decerto, não faria muita diferença se soubesse, visto que só veio a conhecer a origem florinae e história de vida da guardiã, anos depois.

— Meu tempo neste continente está se alongando mais que o previsto, Vanieli. Estou longe de casa há quase dois anos. Talmas e Nazar eram as minhas últimas paradas antes de voltar para Amarilian, mas tive de interromper a viagem quando recebi uma mensagem de Voltruf, pedindo que viesse ao Castelo do Abismo.

— Eu sinto muito.

— Não há motivo para tal. — Melina garantiu. — Deixei minha missão em mãos competentes. Os mestres que acompanhavam são perfeitamente capazes de lidar com os governantes desses reinos.

— Vá direto ao ponto, Melina. — Voltruf atalhou.

— Sempre apressada. — Reclamou a ordenada, dispensando um sorriso irônico para ela. Entretanto, seguiu a sugestão. — O que estou querendo dizer é que, após nossa visita ao fundo do abismo, acredito que devemos estender nossa estadia aqui para investigarmos melhor a presença dessas criaturas. Muito mais que curiosidade, isso se trata do nosso dever. É claro, se não for um incômodo para você. Sabemos bem que nossa presença aqui é motivo de grande descontentamento entre os lordes. Não queremos lhe causar mais problemas.

Vanieli tomou as mãos dela entre as suas. Eram surpreendentemente suaves, assim como a expressão que costumava imperar em seu rosto.

— Do meu ponto de vista, Grã-mestra, vocês são minhas amigas. Que os lordes esperneiem o quanto quiserem! Enquanto Lenór e eu formos as senhoras do Castelo do Abismo, vocês serão sempre bem-vindas aqui! — Garantiu.

Ela se afastou e fez um gesto para que Melina sentasse em uma das cadeiras junto à lareira.

— Na verdade, me sinto aliviada com a sua decisão de permanecer no Castelo. Se aquelas criaturas tornarem a sair do abismo, podemos vivenciar uma tragédia maior do que a anterior. Decerto, nossos soldados não estão aptos a lidar com elas e, pelo o que vocês já deixaram claro, poucos indivíduos possuem os dons necessários para isso.

— De fato. — Melina meneou a cabeça, sentando na cadeira indicada.

— Isso posto, gostaria de lhe fazer um pedido. — Vanieli assumiu seu lugar na cadeira diante dela.

Focalizou o fogo, exalando devagar antes de expor seu desejo.

— Muito antes que a minha magia despertasse, a Ordem me inspirava. Compreendo que seja difícil conceber isso, já que sou cardasina. Porém, é um fato. Quando esses dons surgiram… — fez uma pausa para conter a emoção — eu tive e ainda tenho muito medo do que posso fazer e de quem posso acabar machucando.

Suas mãos apertavam-se inconscientemente e os olhos da grã-mestra se prenderam nelas.

— Eu compreendo, filha. Você teve de ocultá-los.

— Sim. O destino das mulheres deste reino é regido pela vontade dos homens. Primeiro, os pais. Depois, os maridos. E nascer com magia aqui, não é um crime, mas é como se fosse. A senhora deve conhecer as histórias.

— Infelizmente. — Admitiu Melina, condoída.

Cardasin era ríspido com usuários de magia. Atrocidades aconteciam, embora não fossem frequentes. Na maioria das vezes, aqueles que despertavam dons mágicos eram obrigados a partirem para outros reinos. E grande parte dessas pessoas chegava à Ordem, onde encontravam acolhimento, ensinamento e um propósito. Não era à toa que os magos mais poderosos do mundo pertenciam à irmandade. Razão pela qual muitos reinos suspiravam em alívio, visto que os ordenados eram pacíficos.

Entretanto, devido seu histórico com guerras devastadoras contra o povo florinae, milhares de anos antes, os reinos de Paludine tradicionalmente encaravam a magia com temor e a Ordem como um inimigo. Ainda mais, depois da irmandade ter participado da guerra contra o Cavaleiro Vermelho, cinco anos antes.

Por isso, Melina havia encontrado muita resistência em suas visitas aos reinos daquele continente. Mesmo assim, alguns se mostraram dispostos a abrirem suas portas para a Ordem, após o Rei Mardus ter se declarado amigo desta e permitir a implantação de Casas de Apoio Ordenadas em Cardasin.

Ela não era tola. Estava bastante ciente de que parte da “boa vontade” desses reinos ao abrirem suas fronteiras para a Ordem, escondia a intenção de infiltrar espiões nela.

Todavia, se as intenções duvidosas deles trouxessem o bem para seus povos, Melina não se importaria em fingir-se de boba. Principalmente, porque a Ordem sabia muito bem como se defender dessas pessoas. Era para isso que os juramentos e treinamentos existiam a cada círculo alçado dentro da irmandade. Ninguém com desejos escusos era capaz de passar por eles.

— Então, eu escondi quem era de verdade. — Vanieli prosseguiu. — E se tivesse me casado com um homem, talvez já tivesse sido exposta.

Ela fitou Lenór com carinho.

— Lenór não me condenou quando soube. Na verdade, ela tem me ajudado a controlar parte dos meus impulsos mágicos ao me ensinar artes marciais. Também tem usado esse tal manibut para, segundo ela, liberar meus canais mágicos.

— Bastante astuto. — Melina sorriu, também fitando a mulher na cama.

— O manibut foi desenvolvido pela casta auriva do meu povo. — Voltruf contou. — É uma técnica que permite que não-mágicos lutem contra magos em pé de igualdade. Seus usuários são chamados manir.

— Ao aplicá-la nos pontos certos do corpo de um mago, pode-se bloquear seus canais mágicos, privando-o do uso da magia por algum tempo. — Melina completou.

— É uma experiência bastante dolorosa diga-se de passagem. — Voltruf fez uma careta.

Um sorrisinho divertido surgiu nos cantos da boca de Melina, mas ela nada disse sobre o comentário.

— Entretanto, como você já sabe, o manibut não é usado exclusivamente para o combate. Ele também pode ser aplicado como uma técnica curativa.

— Com efeito, tem me ajudado muito. — Vanieli concordou, mostrando um sorriso vacilante. — Porém, isso é apenas um paliativo. A senhora testemunhou o que se passou no abismo. Por isso, mesmo não sendo um membro da Ordem, gostaria de lhe pedir que considerasse ser minha mentora durante sua estada aqui. Entenderei se não for possível.

O som da chuva e o crepitar do fogo prenderam a atenção dela, enquanto aguardava a resposta da grã-mestra, tentando ocultar sua ansiedade. Melina suspirou longamente, unindo as mãos.

— Vanieli, como uma ordenada, estou atrelada aos juramentos da irmandade. Nada do que aprendi na Ordem pode ser repassado para alguém que não faz parte dela.

A Kamarie baixou a vista, sem conter a decepção. Ela já esperava por uma resposta negativa, contudo, não se furtou de ter esperanças.

— Seus dons não são adequados à Ordem.

A afirmação trouxe azedume ao paladar de Vanieli e ela forçou-se a dizer:

— Eu compreendo. Sinto muito tê-la incomodado com isso.

Ouviu o farfalhar das roupas de Melina quando esta se ergueu da cadeira e foi até ela. Uma mão delicada pousou em seu ombro e recebeu um aperto singelo. Ergueu a face para encarar os olhos azuis da grã-mestra.

— Não me entenda mal, criança. Não estou rejeitando o seu pedido. Na verdade, já havia conversado sobre isso com Volt.

Ela se afastou do seu campo de visão, permitindo que visualizasse o que Voltruf estava fazendo. A tormenta além da janela era forte e a água deveria estar invadindo o quarto, porém, isso não estava acontecendo. Ainda balançando as pernas, sentada sobre o parapeito da janela, a mulher manipulava uma pequena quantidade de água.

A florinae saltou para o interior do aposento e a água moveu-se com ela, serpenteando seu corpo como uma animal. Ela estendeu o braço e o líquido se enroscou nele até alcançar a mão, onde adquiriu as formas de um chicote para, em seguida, se tornar uma lança de gelo e, então, derreter e ser absorvido pelo corpo dela.

— Você foi agraciada com dons poderosos, que seriam muito bem-vindos na Ordem. — Melina explicou. — Entretanto, ninguém na Ilha Vitta conseguiria extrair o seu verdadeiro potencial. Nem mesmo eu. Mas, neste caso, é porque nossas magias são opostas.

— Como assim?

A grã-mestra fez uma chama surgir na palma da mão e Voltruf se aproximou. Ela também ergueu a mão com a palma voltada para o alto e a água voltou a se acumular ali. Quando o líquido escorreu e tocou a chama que Melina conjurou, esta se apagou.

— Água é o cerne da sua magia, Vanieli. Ela é mais que isso, também. O que você fez com aquela criatura na ponte, somente um mago espiritual é capaz de realizar. Voltruf será uma mentora mais adequada para você.

— Não foi ideia minha, — Voltruf deu de ombros — mas aceito a tarefa, enquanto estiver por aqui. Só não venha me chamar de “mestra” ou título semelhante. Não sou mestra de ninguém.

Vanieli afastou o cabelo do rosto, emocionada. O sorriso que se formou em seus lábios era quase  infantil.

— Eu agradeço muito. — Ficou de pé e inclinou o corpo para a frente em uma reverência suave.

— Duvido que continue pensando assim amanhã. Se você considera Lenór uma professora rígida, vai descobrir que, se comparada a mim, ela é muito benevolente.

 

**

 

Vanieli observava Aisen enxugar o corpo de Lenór, após a sessão de cura na água. Cansada, Melina havia se retirado para os seus aposentos, acompanhada por Rall e Gael. Por sua vez, Voltruf tinha ficado por ali, à espera de uma oportunidade para conversar com a nova pupila, sobre o seu treinamento em magia.

O assunto havia ficado de lado com a chegada de Rall e o neto.

A daijin fazia um trabalho cuidadoso e delicado ao deslizar a toalha pelo corpo da comandante, já acomodada na cama. Por sua vez, isso começou a irritar Vanieli. Principalmente, quando a mulher escorregou a toalha até as coxas de Lenór.

— Eu finalizo isso. — Disse Vanieli, pousando a mão sobre a toalha.

Aisen se afastou, percebendo o que se passava.

— Achei que já tínhamos esclarecido isso. — Disse, decepcionada.

— Não sei do que está falando. — Vanieli fingiu-se desentendida.

Um dar de ombros foi a resposta da daijin, antes dela se retirar do cômodo.

— Você precisa resolver isso, Vanieli.

Ela tomou um susto com a frase. Havia esquecido que Voltruf ainda se encontrava no quarto.

— Resolver o quê? — Indagou, enquanto terminava a tarefa a que se propôs e colocar o cobertor sobre Lenór, cuidadosamente.

— Seu coração. — Voltruf respondeu, esticando as pernas.

Ela estava sentada junto à lareira, na mesma cadeira que Melina tinha ocupado horas antes.

— Você nunca gostou muito de Adel e da sua relação com Lenór. Por que não admite que está com ciúmes?

— Porque não estou. De onde tirou isso?

A florinae cruzou as pernas com um sorriso discreto.

— Eu já fui como você. Só enxergava os meus objetivos. Tanto que esqueci de olhar à minha volta e fechei meus olhos para o que estava em meu coração. E quando percebi meu erro, o tempo havia passado e levado consigo a chance de viver um grande amor…

A moça a encarou brevemente, enquanto dobrava a toalha e depositava sobre a mesa ali perto.

— Fala como se a grã-mestra não te correspondesse. — Vanieli preferiu ignorar a parte da conversa que lhe dizia respeito.

Voltruf arqueou uma sobrancelha e tornou a sorrir.

— Melina e eu somos apenas amigas.

— Não é o que parece.

— E o que parece para você?

— Me parece que vocês se gostam. — Vanieli sentou na cadeira diante dela. — Ela é sempre cuidadosa com você, a observa, se mostra gentil…

— Até agora, está descrevendo Melina como ela é com todos com quem convive. — Fez um gesto de descaso. — Ser gentil e atenciosa faz parte da natureza dela, ainda mais por ser uma ordenada. Não há nada de especial nisso. Entretanto, se quer atribuir algo especial à nossa relação, então veja o interesse pelo meu bem-estar como um meio de preservar a sobrinha dela. Tenho um laço mágico com Marie d’Santuria. Minhas dores são sentidas por ela, entre outras coisas.

Era uma informação interessante e Vanieli conteve a curiosidade para se mostrar irônica.

— E você ainda me acusa de ter os olhos fechados. Está claro que você gosta dela. — Afirmou. — Qual é o problema? Melina não se interessa por mulheres?

Voltruf riu alto, ajeitando-se na cadeira.

— Pelo o que sei, Melina não tem problemas com isso. Mas você está tentando desviar do assunto e, devo alertá-la de que está sendo péssima nisso. — Ela acariciou o braço da cadeira, ainda risonha. — Anerin ouviu uma conversa interessante entre você e Rall, alguns dias atrás.

— Aquela pequena fofoqueira…

— Ela é só uma criança e eu sou, basicamente, a única pessoa com quem ela consegue conversar.

A moça lançou um olhar para a esposa, deixando um suspiro escapar entre os lábios rubros.

— Eu não amo Lenór dessa forma. — Afirmou.

— Contudo, não se priva de demonstrar seu desconforto quando Adel se aproxima dela.

A moça tentou negar, porém acabou ficando em silêncio.

— Você quer tanto ir além dos limites deste reino para ser livre, que sequer se deu conta de que já encontrou sua liberdade.

A afirmação trouxe um grande peso para Vanieli, que evocou as palavras de Darlan, dias antes. Todavia, ela continuou negando:

— Eu não amo Lenór assim.

Voltruf ficou de pé e esticou-se como um felino.

— Claro! E eu não estou morta há três mil anos.

Dois passos a deixaram ao lado da cadeira de Vanieli, que teve de inclinar a cabeça para encarar os olhos violetas dela.

— Anerin me falou sobre a sua conversa com Rall porque tinha dúvidas. Ela não entendia como você podia dizer que não amava Lenór, se ela existe. Ela é tão empenhada em proteger Lenór, porque nasceu do seu desejo de protegê-la. Do meu ponto de vista, só confirma o que acabei de lhe dizer sobre seus sentimentos. Você diz que não, mas eu acredito que, mesmo não sabendo, você já amava Lenór naquela época e esse sentimento gerou uma vida, ainda que de uma maneira incomum.

 

***

 

Voltruf encarava a própria mão, alheia ao som da chuva e o movimento de Melina a caminhar pelo quarto, fazendo considerações sobre o estado de Lenór.

— Você tem andado mais silenciosa e pensativa que o normal. — Observou a grã-mestra ao perceber que não lhe davam atenção.

Ela se aproximou e pousou a mão sobre a que Voltruf observava com tanto cuidado. O espírito tentou se afastar do seu contato, porém Melina a impediu, segurando-a com mais força.

— O que está acontecendo com você? — Perguntou ela. — É Vanieli? Se não quer orientá-la, não precisa.

— Não se trata disso. — Voltruf tentou, outra vez sem sucesso, se afastar. — Terei dificuldade em desempenhar o papel de mentora sendo Vanieli a aluna ou qualquer outro. Você bem sabe que nunca tive pupilos.

— Estou certa de que o seu humor tem algo a ver com isso. — Melina a provocou, jovial.

— Você implica tanto com isso, porém se diverte. — A outra se queixou, arrancando um sorriso dela.

Voltruf achava um gesto muito agradável de assistir. Melina estava sempre disposta a oferecer um sorriso para as pessoas, contudo, raramente sorria com a mesma liberdade e franqueza daquele momento. Na verdade, isso só ocorria com frequência, quando estava em companhia das companheiras de círculo.

Ela encerrou o riso, soltando a mão de Voltruf e indo sentar-se ao seu lado, na cama.  

— Sei que você gosta de remoer suas ideias e problemas, mas às vezes é bom compartilhá-los com outra pessoa.

— Às vezes, me questiono se todo esse zelo pelo meu bem-estar físico e emocional é por causa do meu voto com Marie ou se a sua índole ordenada é tão insanamente boa, que se tornou uma necessidade estar sempre cuidando de alguém.

Nova risada escapou da grã-mestra.

— Não deixa de ser verdade o que disse. — Ela admitiu. — Porém, gosto de pensar que você é mais que o espírito guardião da minha sobrinha e que somos amigas. Então, que tal me contar o que está se passando com você?

— Não sei exatamente. — Voltruf suspirou a resposta e ficou de pé.

Ela andou até a janela e admirou a chuva, antes de contar:

— Me sinto diferente, desde que retornamos do abismo.

— Creio que todos nos sentimos assim. — Melina comentou, descansando o queixo na mão. — O que me recorda que você ainda me deve algumas explicações.

Voltruf abriu a janela por alguns centímetros. O vento e o cheiro da chuva invadiram o cômodo, mas a água não ultrapassou o umbral. Melina aguardou, paciente, que se explicasse.

— Eu acho que já estive aqui, Melina. Não exatamente no abismo, mas no lugar que visitamos quando fomos procurar Lenór. Você percebeu, não é?

— Sim. Quanto mais descíamos, mais sólida se tornava a impressão de que estávamos cruzando uma barreira mágica.

— Acredito que o fundo do abismo que visitamos está aqui e não está, ao mesmo tempo. Penso que ele existe entre mundos.

— Você tem uma teoria para explicar isso? — Melina se ajeitou na cama, sentando mais ereta.

Por sua vez, Voltruf abriu a janela completamente e sentou no parapeito. A chuva caía torrencialmente e o vento era forte, mas a sua magia impedia a água de adentrar no cômodo.

— Tenho pensado tanto nisso, que se tornou impossível não formular algumas teorias.

Ela brincou com a água, unificando as gotas da chuva e formando bolhas flutuantes, que se tornaram três belos cristais de gelo. Vê-la fazendo isso, fez Melina recordar que ainda possuía o cristal que ela lhe dera no abismo.

— Como você sabe, nosso mundo, Domodo, divide a existência com outros dois. Inamia, que os humanos conhecem como Terras Imortais, e Enagia, o mundo do povo Enaen.

Com expressão sombria, Melina saltou da cama e foi até a mesinha no canto do cômodo, onde encheu dois cálices com vinho. Tomou um gole longo do seu, enquanto entregava o outro para o espírito. Voltruf estranhou o gesto, visto que a grã-mestra só costumava beber durante as refeições.

— Não me olhe assim. — Melina interpretou sua expressão com acerto. — Sempre que vocês, florinaes, começam a falar do passado deste mundo para explicar uma situação atual, é sinal de que tempos difíceis se aproximam. Então, acho melhor amortecer a minha mente como forma de preparação para o que está por vir.

— Sábia decisão.

O espírito sorriu, também sorvendo sua bebida. Ela passeou o olhar pelo cômodo até parar no arco jogado com displicência sobre uma cadeira. Era uma arma tucsiana poderosa e tão antiga quanto aquele mundo.

Existiam apenas cinco, e milênios antes, Voltruf fora a dona de uma delas. Por quase um século ela serviu à Ordem Castir como uma orgulhosa guardiã dos seus preceitos e dos três mundos. Então, um traidor se levantou contra eles e seu reino.

Ele assumiu a alcunha de Cavaleiro Vermelho e quase dizimou seu próprio povo na tentativa de reunificar os três mundos e reinar, absoluto, sobre eles. Para detê-lo foi preciso grandes sacrifícios, incluindo a morte de uma rainha e três castirs, entre eles, a própria Voltruf.

Seus espíritos não puderam ultrapassar o véu entre os mundos e permaneceram ali até que o Cavaleiro retornou. Dessa vez, ele quase conseguiu alcançar seu objetivo, não fosse por Melina e amigas. Agora, elas detinham o poder e a responsabilidade dos antigos castirs, mantendo o equilíbrio entre os mundos e protegendo-os dos demônios conhecidos como Sombras.

— Embora aquelas criaturas no abismo se pareçam com Sombras, você acredita que são apenas espíritos. — Disse Melina.

Voltruf confirmou com um inclinar de cabeça.

— Explique, por favor. — A ordenada pediu.

— Quando eu era uma castir e podia caminhar livremente entre os mundos, passei muito tempo em Inamia.

Ela não gostava de usar o termo Terras Imortais, popularizado entre os humanos. Todavia, compreendia a inocência deles sobre a história e verdades do mundo que habitavam. Para eles, as Terras Imortais eram o local de descanso das suas almas após a morte, e só. Não deixava de ser verdade, mas a partir de lá, era possível alcançar outros mundos, renascer ou retornar em um novo ciclo de vida naquele que deixaram para trás.

Quanto a Enagia, sequer imaginavam a existência dele, e os fabulosos Enaens não passavam de um mito.

— Lá, existia um lugar que os espíritos evitavam ir. Era conhecido como Abismo das Almas Perdidas.

— Abismo?

— Sim. Você sabe que os três mundos se sobrepõe. — Ela olhou para além da janela e o pouco que a noite e a chuva lhe permitiam ver. — Um deserto aqui, pode ser uma grande floresta ou um oceano nos outros mundos.

Melina soprou o ar e sorveu o vinho da taça completamente. Voltruf abandonou a janela para fazer a gentileza de abastecer seu cálice.

— Estou certa de que cruzamos o véu entre os mundos, quando alcançamos a névoa no fundo do abismo. — Contou.

Ela admirou os olhos azuis da grã-mestra, quando estes se ergueram para fitá-la.

— Se este é o caso, outras questões se levantam. — Melina observou. — Havia humanos entre nós e eles não poderiam ter cruzado o véu para o mundo dos espíritos sem estarem mortos. Da mesma forma, esses espíritos não poderiam ter atravessado para cá.

Votruf fez menção de se afastar, porém Melina segurou seu braço.

— Acha que nós falhamos ao impedir a reunificação dos mundos, há cinco anos?

Era um questionamento válido, que Voltruf já tinha se feito.

— Não. Acho que o elo entre este local e os outros mundos sempre existiu. Os relatos e lendas sobre criaturas e maldições aqui, datam de muito tempo. — Se desvencilhou da mão que a segurava e voltou a depositar a garrafa com o vinho sobre a mesa.

Retornou à janela, apenas para fechá-la. Então, puxou uma cadeira e sentou.

— Acho que, há cinco anos, quando aquele desgraçado quase conseguiu unir os mundos, esse elo se tornou mais forte. E quando a lua cheia está em seu ápice, o véu que separa os dois mundos enfraquece ainda mais. Por isso, o surgimento das criaturas se tornou mais frequente. É por esta razão, também, que os espíritos que caminham por estas terras podem ser visualizados pelos humanos.

Tomou um gole do vinho, que havia esquecido no parapeito da janela e concluiu:

— Essa teoria também explica a questão do tempo. Enquanto que, para nós, a descida e retorno para o castelo durou dois dias, para as pessoas que ficaram aqui se passou um mês. Graças ao véu entre os mundos, o tempo corre diferente em cada um deles. Às vezes mais rápido, às vezes mais devagar.

— Faz muito sentido. — Melina curvou os ombros. — E é assustador e preocupante, também. Pelos relatos do último ataque e o nome que esse abismo tem em Inamia, os monstros que vimos são devoradores de almas. Mas, até onde sei, Volt, espíritos comuns não fazem esse tipo de coisa. Somente Sombras corrompem e devoram almas.

— É neste ponto que as minhas ideias e impressões também se tornam confusas. — O espírito admitiu.

 

***

 

Vanieli remoeu a conversa com Voltruf por um longo tempo. E quanto mais pensava sobre as suas afirmações, mais perdida e confusa se sentia.

Cansada de tanto pensar, ela deu-se conta da hora e decidiu tomar um banho antes de deitar. Retornava ao quarto, já vestida e exalando o perfume dos florais de banho, quando avistou um homem diante de Lenór.

As lâminas na sua mãos brilhavam ao serem tocadas pela luz da lareira. Vanieli se precipitou para o interior do quarto e jogou-se sobre ele.

Os dois rolaram pelo chão do aposento e se puseram de pé ao mesmo tempo. Ele usava a mesma fantasia fantasmagórica dos assassinos na floresta. Abriu as mãos, deixando as estranhas garras envenenadas mais visíveis e a golpeou.

Vanieli inclinou-se para trás e as lâminas tocaram alguns fios dos seus cabelos, porém não arranharam a pele. Ela agachou-se, usando as pernas como alavanca para desestabilizá-lo, mas o atacante conseguiu permanecer de pé e continuou atacando-a.

— Guardas! — Ela gritou, mas sabia que ninguém viria em seu socorro, visto que a porta entreaberta revelava os corpos dos dois soldados que deveriam estar de vigia na entrada.

A Kamarie usou as almofadas para defender-se e outro inimigo entrou no quarto. Ele avançou em direção à cama, onde Lenór era o alvo perfeito, completamente imóvel e indefesa. Vanieli atirou uma almofada no adversário. Isso o distraiu por um instante, ela pegou a jarra de vinho sobre a mesa e acertou a cabeça dele, que perdeu o equilíbrio e caiu.

Ela alcançou a cama no exato instante em que o segundo intruso tentava fincar uma das suas garras envenenadas na comandante. Vanieli puxou o lençol com força, afastando a esposa do assassino. Lenór deslizou pela beirada da cama e Vanieli a sustentou para que não caísse. Foi quando percebeu o aparecimento de um terceiro intruso.

O assassino que ela derrubou com a jarra recuperou e se aproximou dela, enquanto o segundo subiu na cama. Vanieli trouxe Lenór para junto do corpo e, em meio ao desespero, a magia se desprendeu dela. Os dois assassinos foram atirados para longe.

O mais próximo atravessou o quarto voando até atingir a parede oposta e despencar no chão, inconsciente. Aquele que estava sobre a cama foi atirado em direção a porta e caiu sobre o terceiro invasor. Eles se recuperaram rápido e, ao perceberem o que se passou, optaram pela fuga.

Vanieli soltou Lenór no chão, com cuidado, pegou uma das espadas dela, que estavam em um suporte na parede, e os seguiu. Quando alcançou o corredor, Aisen e Dimal despontavam no alto da escadaria e iniciaram a perseguição aos dois intrusos. A confusão também tinha atraído a atenção de alguns nobres e Lorde Aidar uniu-se aos dois guerreiros, enquanto Kanor e Arino verificavam os soldados jogados no chão do corredor.

Estavam mortos, assim como o assassino que Vanieli atirou na parede. Os dois lordes retiraram a máscara do intruso morto e os três encararam um rosto moreno e totalmente desconhecido.

— Os desgraçados sumiram! — Lorde Aidar retornou, ofegante.

Nesse meio tempo, os criados e outros guardas do castelo se acumularam no corredor. Lorde Kanor berrou algo para eles, que Vanieli não conseguiu entender, pois estava preocupada demais em verificar se Lenór não sofrera arranhões.

Aidar fechou a porta e cruzou o quarto, observando a destruição em que se encontrava.

— A daijin e o palatin também sumiram de vista. Aqueles dois são muito rápidos. — Ele se agachou ao lado do defunto e fez menção de tocar as lâminas em suas mãos, porém Vanieli o alertou para o perigo.

— Me ajude a colocá-la na cama. — Ela pediu ao pai e Lorde Kanor fez menção de se aproximar para auxiliá-lo, mas interrompeu o movimento quando Vanieli apontou a espada para ele.

— Você não. — Ela disse entredentes, então coube a Lorde Aidar ajudar Arino.

 

***

 

A madrugada se aproximava sem que Adel e Dimal tivessem retornado. A cidade inteira estava em alerta. O capitão Elius ordenou o recolhimento dos corpos e após um breve diálogo com Vanieli, reorganizou a segurança do aposento e do castelo.

Segundo contou, alguém tinha aberto o portão norte dos jardins, permitindo a entrada dos assassinos no castelo, porém seu acesso à cidade ainda era um mistério. Desde o ataque das criaturas a guarda havia sido reforçada e Mestre Draifus bloqueou os túneis sob a cidade. Porém, como o engenheiro tinha dito, não era possível garantir que todas as passagens foram neutralizadas. Aquela invasão era prova disso.

Vanieli ordenou que guardas fossem dispostos nos corredores que levavam aos aposentos dos nobres. A ordem era para mantê-los sob vigilância constante dia e noite. Não haveria excessões, nem mesmo seu pai. Todavia, pediu a Elius que fosse discreto.

Ainda que os invasores estivessem disfarçados como os atacantes que as perseguiram na floresta e, também, foram responsáveis pelo desabamento dos túneis, o fato de terem sua entrada facilitada revelava a presença de traidores no castelo. E os lordes não estavam isentos de desconfiança, visto que seriam os principais beneficiados com a morte delas.

O disfarce demoníaco era perfeito. Desta forma, poderiam culpar os demônios que atacaram a cidade semanas antes e uma investigação mais profunda seria descartada. Era claro, que pareceria suspeito que somente as duas morressem assim, então providenciaram mais vítimas pela cidade.

Elius contou que três moradores e dois soldados, além daqueles que faziam a vigília do quarto delas, foram encontrados mortos.

Ela olhou pela janela. A chuva ainda caía, porém de forma serena.

Na cama, Lenór abriu os olhos e encarou o teto, enquanto sombras disformes que se projetavam nele. Virou a cabeça e, por alguns instantes, assistiu a esposa andar de um lado a outro do quarto segurando uma das suas espadas.

O fogo ardia intensamente na lareira e ela sentiu o suor escorrer entre os cabelos úmidos, constatando que estava debaixo de mantas pesadas.

— Você parece preocupada, Kamarie. — Comentou.

Estranhou a própria voz, que era naturalmente rouca, mas naquele momento, não passava de um sussurro estranho.

Vanieli estacou no meio do quarto e voltou-se para a cama. Seu rosto passou por várias transformações naquele instante, indo da fúria ao medo, do susto ao alívio e, por fim, o vazio. Ela se aproximou da cama devagar e sentou na beirada, encarando Lenór silenciosamente ao ponto de fazer esta se sentir incômoda.

— Está tudo bem? — Indagou a comandante.

A moça curvou-se devagar, encostando a testa na dela. Nenhuma palavra lhe escapou, tampouco houve lágrimas. Entretanto, Lenór sentiu a emoção que a tomava.

 

 

 

— Eu tive um sonho bem ruim. Sonhei que caí no abismo, mas não morri. E enquanto estava lá, sozinha e assustada,  você apareceu. Parecia um espírito e ficava repetindo que ia me buscar.

Ela fez uma pausa, sentindo Vanieli tremer e escorregar a face até o seu ombro.

— Não foi um sonho, não é?

— Não. — Vanieli respondeu, finalmente.

Foi a vez dela tremer, recordando tudo o que viveu no abismo.

— Não devia ter ido até lá. — Disse.

— Você iria por mim. — Vanieli afirmou.

Lenór fez esforço para erguer uma das mãos e pousar na cabeça dela. Sentia-se tão débil, contudo estava estranhamente feliz. Afundou os dedos nos cabelos fartos dela.

— Você cuida de mim, eu cuido de você. — Vanieli sussurrou a frase, que havia se tornado comum entre elas.

A alegria de vê-la consciente, não podia ser medida. E o seu maior desejo era poder abraçá-la com todas as suas forças, porém estava se contendo por medo de machucá-la.

— Assim deve ser.

— Eu tive medo de te perder, Lenór.

— Deveria ter se alegrado, ficar viúva lhe pouparia muito tempo e preocupação. — Lenór brincou, porém estava feliz de ouvir aquilo.

Vanieli se ergueu, encarando-a nos olhos e revelando que os seus estavam úmidos e vermelhos.

— Você parece muito ansiosa por se livrar de mim. — Queixou-se.

— Por que eu faria uma coisa dessas, quando é tão agradável acordar com seus gritos no meio da noite? Sem falar nos roncos!

— Eu não ronco! — Vanieli reclamou, todavia sorriu.

Era tão bom ouví-la brincar daquela forma.

— Estou feliz que acordou. — Confessou. — Por algum tempo, a possibilidade disso não acontecer esteve muito presente…

— Quanto tempo?

— Não interessa agora. — A mão de Vanieli pressionou o ombro dela.

Ligeiramente desconcertada, ela curvou-se e sentou um beijo na testa da esposa.

— Estou muito feliz por você ter voltado para nós.

A beijou, novamente. Desta vez, na bochecha.

— Vou chamar a grã-mestra. Ela ficará feliz por saber que seus esforços deram resultado.

Como Lenór se mostrou confusa, ela explicou de quem se tratava.

— Estou surpresa. — Disse a comandante. — Contudo, acho que ela pode descansar por esta noite. Realmente, não me sinto disposta a ver e conversar com outras pessoas agora, exceto, minha família…

Encarou Vanieli com ar enigmático e a moça enrijeceu a postura, recordando a sua febril confissão de amor.

— Imagino que Gael já esteja dormindo e Rall também.

Vanieli limpou a garganta, relaxando.

— Sim! Sei que deve estar ansiosa para vê-los…

— Eu posso esperar um pouco mais. — Lenór sorriu.

Vanieli sentiu um descompasso no peito ao ver o gesto. Por bem pouco, naquela noite, não a tinha perdido para as garras da morte. Fez um carinho no rosto dela, antes de voltar a lhe beijar a testa. Então, deitou-se ao seu lado e a abraçou, chorando em silêncio.

 

 



 

E aí, como estamos?!!

Hehe… Contentes com a volta da nossa comandante ao mundo dos vivos? Imagino que sim.

Sei que as datas das postagens estão um pouco inconstantes, mas tô fazendo o que posso, gente. Seja como for, volto a repetir que nunca deixo história sem final e se comecei a postar é porque irei terminar. Então, tenham um pouquinho de paciência comigo, tá?

Beijo grande e Feliz Páscoa!

 

PS: Terminei de escrever e já fui postando. Ignorem os possíveis erros.



Notas:



O que achou deste história?

10 Respostas para 26.

  1. Olá Tattah!
    Tudo bem?
    Muito bom capítulo! Lenór acordou, e Aneirin dando sua contribuição para que Vanieli compreenda seus sentimentos.
    😀✨💖✨

  2. Amei!!!!!
    Amei demais o capítulo, coitada delas, não tem um minuto de paz, povo doido pra matar a pudinzinho, Vanieli chegou na hora, quando a coisa fica ruim deixa a magia agir, assim nossa Vanieli arrebenta todos eles.

    Parabéns por nos alegrar com mais um capítulo

    Boa Páscoa

  3. Oie,

    tô aqui de novo, após reler esse cap. maravilhoso.
    Amei a troca de percepções entre Vanieli e Voltruf
    onde cada uma vê o q se passa com a outra e não se dão
    cta dos próprios sentimentos.
    Mas o fato de estar comentando D NOVO é pra elogiar
    a ilustração: q dom… Tanto Lenór qto Vanieli estão
    belíssimas, apaixonantes. Arrasou Táttah parabéns…
    Bjs,
    Nádia Lopes

  4. Espero que as coisas entre as duas comecem a se ajeitar e que tudo isso que aconteceu com lenor sirva para deixar ela ainda mais forte aproximar as duas mais ainda

  5. Fascinante!! Lénor acordou!! Obaaaa! E quase parte dessa pra outra… nossa, como essa garota sofre… Van tá demais, falta só admitir a Scania que carrega por Lénor! Rsrs

    Pois é, Tattah, não podia dormir sem ler o capítulo.
    Doida por mais! Manda ver.
    Ótimo!!

  6. Amo muito a história, todo dia passo no site pra saber se saiu o capítulo, saber que a qualquer hora sai um capítulo novo ajuda e muito a passar por esses tempos sombrios.

    Que final foi esse?! Tiro, porrada e bomba com direito a Vani salvar Lenór?!

    Adorei essa ideia de Voltruf e Melina juntas, adorei que Vanieli percebeu isso, mas não aceita que já ama Lenór. Amei a volta de Lenór! Amei o mimo de Páscoa em forma de ilustração, tá eu sei que vc disse que o próximo capítulo ia ter ilustração, mas tô considerando como presente. hahaha

    Bjão, Feliz Páscoa e se cuida!

  7. Agora a vanieli consegui me fazer shippar a volt com a melina, Além disso…FINALMENTE A LENÓR ACORDOU, O MEU CASAL TEM Q SAIR

  8. Tattah!!

    Uau, tô completamente apaixonada por este cap. Vanieli despertando, sim Lenór estava inconsciente, mas Vanieli estava dormindo de olhos abertos, espero q em breve as duas se alinhem no que sentem uma pela outra.
    Amei…

    Espero a continuação ansiosamente. 💕 😍

Deixe uma resposta

© 2015- 2021 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.