I

 

— Você nos salvou de uma viagem solitária, Damna! — O velho Rall declarou, fazendo um carinho no cavalo castanho.

Ele sorriu para a mulher que cavalgava ao seu lado, contudo, ela limitou-se a um inclinar de cabeça. Rall deu um tapinha na coxa, enquanto a outra mão trazia para mais perto do seu corpo, o garotinho montado na parte frontal da sela. O menino estava dormindo o sono dos inocentes, alheio ao calor intenso que anunciava nuvens de chuva no horizonte.

Quase uma hora antes, Rall e seu pequeno acompanhante encontraram aquela estranha no caminho. Seguiam a mesma direção e o velho ficou preocupado de que a moça pudesse pensar que estavam lhe seguindo com más intenções, então se aproximou e com uma explicação atrapalhada, acabou por perguntar se podiam partilhar o caminho por algum tempo.

A mulher não tinha dado uma resposta positiva, porém ele interpretou seu silêncio como um “sim” e emparelhou o cavalo ao dela, vez ou outra puxando assunto. Entretanto, a atitude dela permanecia distante.

— Eu não sou uma damna. — Ela falou, fazendo Rall voltar a olhá-la. — Já lhe disse meu nome, me chame por ele.

O homem sorriu largo, revelando dentes amarelados.

— Sinto muito, mas eu não consigo. — Ele se inclinou para evitar bater a cabeça em um galho baixo. — Você se porta como uma damna, fala como uma damna, monta como uma damna. Então, acho que você é uma damna, embora saiba que não é daqui. Sabe, esse seu tom de pele e esses olhos… Não existem olhos como os seus por aqui.

A mulher suspirou, irritada pelo tratamento. Mas a companhia não lhe desagradava completamente, mesmo achando o velho um pouco intrometido e curioso demais.

— Está muito longe de casa, Guardiã. Posso chamá-la assim, certo? É o que você é, afinal. — Ele apontou para as vestes dela. — Espero que entenda. De onde eu venho, as Ilhas Lester, chamar uma mulher pelo nome revela grande intimidade. Geralmente, é algo reservado para amantes ou casais oficiais. Você já esteve lá? Há sempre muitos ordenados indo e vindo nos nossos portos.

A guardiã o olhou de soslaio. Ergueu a face para fitar o céu claro ao ouvir o piado de um pássaro que planava um pouco acima de suas cabeças.

— Sim, há muito tempo. — Ela respondeu com semblante entediado.

— Já foi um bom lugar para se viver, mas são tantos piratas hoje em dia… Enfim, ouvi dizer que a grã-mestra da Ordem está em Paludine, tentando implantar Casas de Apoio Ordenadas. Dizem que o Rei de Laudus tem sido um pouco reticente em aceitar a presença da Ordem por lá, mas o de Cardasin foi diferente. O Rei Mardus anda mudando muitas leis por aqui.

Ele ergueu o olhar para a copa das árvores e o menino ressonou alto em seus braços.

— Não quero me mostrar mais curioso do que já fui, mas imagino que tenha vindo acompanhar a Grã-mestra. Porém, fiquei sabendo que depois de visitar Laudus, ela passou por Etirafer e seguiu para o deserto, em direção aos reinos do oeste.

A moça manteve-se inexpressiva e atenta ao caminho, deixando claro para ele que não falaria sobre o assunto e nem sobre os motivos para que estivesse indo na direção contrária a que a grã-mestra tomou.

Um sorriso divertido se espalhou no rosto idoso do homem. Ele coçou a cabeça, onde os fios ralos e grisalhos grudavam-se, graças ao suor. Então, percebendo que não arrancaria nenhuma informação dela, mudou de assunto:

— Imagino que você deve estar tendo problemas, Guardiã.

Um pouco à frente, na estrada, havia uma bifurcação e a guardiã chegou a torcer para que o velho Rall e o garotinho tomassem um caminho diferente do seu.

— O que quer dizer? — Ela perguntou.

— Em Amarilian, a Ordem é respeitada e admirada. Entretanto, as pessoas de Paludine veem vocês com desconfiança. Eles tiveram muitas experiências ruins com magos no passado. Nascer com magia por aqui é uma vergonha. Já ouvi histórias de crianças sendo assassinadas por seus próprios parentes, só por terem despertado magia.

O semblante dele tornou-se carregado e pesaroso, como se a idade avançada não fosse suficiente para carregar as tragédias que seus olhos viram.

— Nem todos têm um destino tão cruel. — A guardiã respondeu. — Muitos membros da Ordem vêm daqui. Sabia? A grã-mestra Melina acredita que essas pessoas merecem retornar para o seu lar para mostrarem que a Ordem e seus magos só querem ajudar. Talvez Paludine tenha se fechado para a magia há séculos, mas o mundo mudou e continuará mudando e as pessoas deste lado do mar terão de se adaptar a isso. Se quer minha opinião sincera, não irá demorar para que a grã-mestra alcance seus objetivos. Ela recebeu uma resposta positiva de Padrus, Andalus e Cardasin. E isso já é uma grande vitória.

Rall cofiou a barba com a mão livre e balançou a cabeça, pensativo.

— Sim, creio que está com a razão. Todavia, depois da guerra contra o cavaleiro, em que vocês participaram ativamente, as desconfianças sobre os objetivos da Ordem e seu poder só aumentaram do lado de cá do oceano. É compreensível, não acha? Já fazem cinco anos desde a guerra, um reino lendário que foi inimigo deste continente por séculos ressurgiu das cinzas e a atual rainha dele é um membro da Ordem.

Ele apertou as rédeas do cavalo, trazendo o menino para mais perto de si. Focalizou o rosto sério da guardiã com olhos semicerrados. Esperava ver a reação dela a tais observações, porém a mulher simplesmente deu de ombros.

— Sim… — Rall prosseguiu, como se estivesse falando consigo mesmo. — A sua grã-mestra irá conseguir o que quer, mas ainda irá encontrar muita resistência. De todo modo, eu não me referia a apenas isso quando puxei o assunto.

Ele trouxe  o capuz da túnica para a cabeça, a fim de proteger-se do sol e verificou o garoto aninhado ao seu corpo.

— Você é uma mulher andando sozinha por Cardasin. Desde que adentrou neste reino, imagino que não tenha dormido uma noite sequer em uma cama. Nenhuma estalagem que se preza aceitaria como hóspede uma mulher sem marido ou parente homem a acompanhando.

Eles estacaram diante da bifurcação e o garoto no colo de Rall murmurou coisas desconexas em meio ao sono.

— Há uma vila um pouco mais à frente. — Ele explicou. — Ficaremos um pouco por lá e, espero que não interprete isso de forma errada, no entanto pode vir conosco, se quiser. A maior parte dessa gente jamais viu um guardião antes e basta dizer que você é minha filha ou sobrinha.

— Por que faria isso por mim? — A mulher se mostrou surpresa com a proposta.

Rall tornou a cofiar a barba.

— Eu não sou daqui, Guardiã. Não tenho medo de vocês ordenados. Não acredito que a rainha florinae está usando vocês para espionar os reinos deste continente ou qualquer dessas teorias insanas que andam espalhando por aí. Vocês são boa gente. Com ou sem magia, nunca se negam a ajudar a quem precisa. Estou apenas tentando retribuir um pouco dessa bondade.

Havia muitas outras razões, mais do que o velho estava disposto a enumerar. Todavia, seu argumento pareceu razoável para a mulher, cuja a ideia de uma caneca de cerveja e um bom banho pareceram muito mais atraentes do que um colchão para se recostar.

 

  

II

  

— Eles não gostam de você, de nós. — Vanieli afirmou.

Lenór mastigou a comida devagar, antes de seguir o olhar da esposa para os soldados sentados na mesa ao lado da porta.

Estavam no salão comum de uma estalagem no centro da cidade de Verate, a dois dias de viagem do Castelo do Abismo. Chegaram ali uma semana antes, acompanhadas de um contingente pequeno, porém expressivo, cuja maior parte dos soldados fora designada para um novo posto a ser construído entre Verate e a Floresta de Valnor.

Enquanto os homens se inteiravam de suas novas designações naquele lugar e se acomodavam no pequeno alojamento militar da cidade, Lenór se reunia com o comandante do posto para atualizá-lo sobre as estratégias que o rei e seus conselheiros decidiram para dar fim às investidas de bandidos na região.

Aliás, essa foi a razão de terem adiantado sua ida para o Castelo do Abismo. Parte do material que seria utilizado na construção da ponte sobre o estreito, foi saqueado próximo a Floresta de Valnor. Não era a primeira vez que algo do tipo acontecia. Entretanto, outras situações estranhas também impediram alguns comboios anteriores de chegarem ao Castelo.

Daquela vez, em particular, Mardus providenciou tudo de forma discreta. Chegou ao ponto de mudar a rota do transporte, contudo, foi um esforço vão.

Ao contrário do esperado, o comandante da Guarda em Verate se mostrou bastante receptivo às duas mulheres e não pareceu incomodado por receber ordens de Lenór. Todavia, o mesmo não aconteceu em relação ao resto dos moradores da cidade. Diante da falta de acomodações no posto da Guarda, o casal e parte dos homens que iriam seguir com elas para o Castelo do Abismo, procuraram hospedagem em uma estalagem.

Enquanto cruzavam as ruas estreitas, Vanieli notou a forma com que o povo olhava para elas. As mulheres, em especial, ofereciam uma gama de sentimentos em meio a semblantes esquálidos e sombrios. Havia uma clara mistura de inveja, admiração e asco, naqueles rostos. Com os homens era diferente. As expressões iam da revolta ao nojo. Porém, também havia aqueles que, seguindo a tradição de seus respectivos clãs, demonstravam gestos de respeito às duas.

— Eles não precisam gostar, só obedecer. — Respondeu Lenór, um pouco antes de uma explosão de risadas se espalhar pela mesa dos soldados.

Vez ou outra, as vozes dos homens se elevavam misturadas a risos e frases depreciativas que, embora mascaradas, se dirigiam à elas. Em outro canto do salão, alguns dos soldados que serviram Mirord e foram próximos a ele, mantinham uma conversa sussurrada e partilhavam a refeição com evidente desagrado pelos novos e barulhentos companheiros.

Estes eram o tipo de soldado que Lenór apreciava, observadores e obedientes.

Para Vanieli, quinze dias era pouco tempo para se conhecer alguém, ainda mais uma mulher que se mostrava tão misteriosa quanto Lenór. De fato, seu contato estava sendo mais estreito naquela viagem, já que nos poucos dias que compartilharam sob o mesmo teto, viram-se somente na hora de dormir ou durante a primeira refeição do dia.

Mesmo assim, Vanieli começava a perceber pequenos gestos que decifravam as atitudes da esposa. Naquele exato momento, a herdeira Azuti fitava os homens com os lábios ligeiramente crispados, revelando que a situação também a irritava.

— Com certeza, você devia ser mais respeitada quando usava a máscara de daijin. — Comentou.

O maxilar de Lenór interrompeu seu trabalho por um momento breve, antes dela tomar, de um só gole, todo o vinho do cálice à sua frente e pedir mais ao estalajadeiro. Ali estava algo que ainda não tivera a oportunidade de esclarecer para a esposa e aquele, obviamente, não era o local mais indicado para falar sobre isso.

Lenór empurrou o prato para o lado, passando o olhar cansado sobre a moça de semblante pálido sentada no canto mais afastado da mesa, a serva pessoal das recém-casadas. Adel, era seu nome. Era uma mulher silenciosa e quieta, tanto que, às vezes, Vanieli acabava por se esquecer da presença dela.

A serva dedicava uma atenção exagerada ao seu prato, mas não se furtava de, vez ou outra, observar as patroas com velado interesse.

— Uma máscara não conquista respeito — Lenór falou devagar. — Atitudes fazem isso.

Um suspiro longo escapou de Vanieli. Os dedos dela tamborilaram na mesa engordurada, demonstrando sua irritação. Olhou os homens, discretamente, notando o ódio que direcionavam para elas.

As duas estavam em um canto mais reservado, embaixo da escadaria que levava ao andar superior, onde se localizavam os quartos. Lenór acompanhou o movimento, até que a esposa se cansou de remoer a revolta e disse em tom baixo, suficiente apenas para que ela escutasse:

— Atitudes como expulsar duas dezenas de homens da Guarda Real? Isso não me parece um bom jeito de conquistar respeito e espaço entre eles.

A comandante descansou o queixo no punho fechado, admirando o rosto dela. Vanieli não estava errada, porém também não estava completamente certa. Parte do ódio que os soldados naquele salão lhe dedicava, vinha de suas recentes demonstrações de poder.

Definitivamente, não era daquele modo que Lenór gostava de agir quando se encontrava no comando. No entanto, não estava mais em Barafor. Ali era Cardasin, e naquele reino alguns limites precisavam ser impostos desde cedo. Homens como aqueles, só aprendiam certas lições quando se viam diante de uma barreira que não podiam ultrapassar.

O episódio ao qual Vanieli se referiu, aconteceu um dia antes da partida delas da capital. Embora já estivesse desempenhando suas funções como comandante, Lenór ainda não tinha se apresentado oficialmente aos soldados que estariam sob seu comando direto no Castelo do Abismo.

 

 

Assim que ela parou à frente deles, dispostos em cinco fileiras mal alinhadas, um soldado deu um passo à frente e disse que gostaria de ser transferido para outro comando. Pensativa, ela inclinou a cabeça e disse que ele se reportasse a um tenente. Quando o homem se afastou, outro soldado lhe fez o mesmo pedido. Novamente, ela permitiu.

Na terceira vez em que isso ocorreu, Lenór quis saber a razão. O soldado questionado inspirou fundo e foi sincero:

— Eu não quero ser liderado por uma mulher.

A comandante inclinou a cabeça, mirando os demais soldados e indagou:

— Mais alguém não deseja servir sob o meu comando? Levantem as mãos.

Metade dos homens ergueu o braço e o restante pareceu estar em dúvida sobre o que fazer. Esses últimos eram os que realmente interessavam para Lenór. Não eram covardes, pelo contrário, eram os observadores, os tomadores de decisões após uma avaliação sensata de uma situação. Eram os soldados que ela queria ao seu lado, embora soubesse que o que estava prestes a fazer os tornaria seus inimigos.

Ela mostrou um sorriso rápido e debochado antes de falar alto o suficiente para que todos ouvissem:

— Que a sua vontade seja feita. — O breve momento de satisfação entre os soldados se desfez quando concluiu: — Vocês podem passar no posto de suprimentos para devolverem seu equipamento. Estão oficialmente dispensados da Guarda Real.

Um alvoroço se instaurou no local e mesmo os tenentes que a acompanhavam, tentaram argumentar em favor dos soldados. Paciente, Lenór fez sua voz se projetar acima das dos homens:

— Vocês são soldados de Cardasin, servem ao reino. No exército, não é possível escolher a quem querem obedecer. Meu uniforme diz: “Comandante”.

Ela apontou para todos em um gesto largo.

— O de vocês diz: “soldado”. Então, eu mando, vocês obedecem. Isso não irá mudar. E se não querem me obedecer, que saiam da Guarda Real, pois não haverá transferências para outro comando.

Cruzou as mãos nas costas, concluindo:

— Na balança do poder, senhores, o meu lado pesa mais. Podem me odiar o quanto quiserem.

Ela começou a se retirar, mas parou e voltou a falar:

— E já os deixo de sobreaviso. Se quando forem necessários, não obedecerem ou agirem de forma a prejudicar este reino com a intenção de me colocar em uma situação delicada, enfrentarão a máxima punição da Guarda. Pensem bem sobre isso, porque eu não tenho nenhum problema em puxar a alavanca do cadafalso para traidores do seu próprio povo.

 

 

A notícia do ocorrido se espalhou rapidamente pelos membros da Guarda Real e alcançaram os outros dois comandantes gerais do reino. Todavia, ainda que ambos não apreciassem dividir o comando geral da Guarda Real com Lenór, sua posição era da mais alta confiança do rei e exigia que existisse equilíbrio entre eles.

Não seria “saudável” para as parcas tropas reais se os seus comandantes entrassem em um embate. Além do mais, não havia argumento capaz de condenar a atitude de Lenór, ante as leis que regiam o exército. Afinal, era direito de um comandante dispensar um soldado a qualquer tempo, se este se desviasse da conduta exigida pela Guarda.

— Isso é diferente. — Lenór falou para Vanieli.

— Como?

— Medo, força, benevolência, abnegação… Existem muitas formas de se conquistar um espaço entre homens como esses. Diante da situação em que me encontrava, o medo era o caminho mais rápido para a obediência.

Vanieli inclinou-se um pouco para ela.

— Você fala como se fosse normal provocar a ira alheia.

— Não tanto, mas às vezes é divertido. — Lenór bebericou o vinho. — Você precisava ver a cara deles.

— Não vejo onde está a graça, mas o que eu sei da vida militar?

Deu uma batidinha na mesa, ligeiramente distraída.

— Sei bem o que lhe disse quando você me perguntou a respeito; estou preparada para todo esse ódio. Mas estar preparada, não significa que tenho de aceitar toda essa odiosa atmosfera que nos cerca.

— O que quer dizer?

— Não sei… — Vanieli pareceu indecisa por um momento. — Acho que imaginei que as coisas seriam diferentes para nós.

Lenór manteve-se em silêncio, aguardando que se explicasse melhor e Vanieli espalmou a mão na mesa, inclinando-se um pouco mais para a frente.

— Achei que seríamos mais livres. É isso. Sabe? Acho ridículo que você, sendo Comandante da Guarda, e eu como sua esposa, só tenhamos sido aceitas como hóspedes neste lugar porque estamos em companhia masculina. Quando é que você vai fazer algo a respeito? Quando vai assumir de vez seu papel e se impor para eles exigindo, não o medo, mas o respeito que merece?

Em vez da resposta solicitada, recebeu de Lenór um carinho na mão sobre a mesa. A comandante revelou um sorriso diferente dos irônicos com os quais Vanieli já estava se acostumando. Ela parecia estar satisfeita pelos seus questionamentos e a herdeira Kamarie teve a impressão de que aquele carinho não fora calculado como os que ela, constantemente, realizava quando estavam na presença de outras pessoas.

Lenór se curvou e tocou a testa dela com os lábios. Foi um gesto rápido e singelo, mas que serviu para trazer um pouco de silêncio ao salão. A comandante ficou de pé, lhe oferecendo a mão e Vanieli a aceitou, notando o desconcerto dos presentes.

Certamente, aqueles homens estavam habituados a verem beijos muito mais voluptuosos e, com efeito, coisas muito mais explícitas em tavernas e casas de prazeres. Todavia, o gesto de declarado carinho da comandante para com a esposa, deixou incompletas algumas piadas de mau gosto.

 

 

***

 

 

Quando a porta do quarto se fechou atrás delas, a raiva de Vanieli já tinha arrefecido. Lenór falou, como se pudesse ler os pensamentos que rondavam a mente dela:

— Atitudes. Mesmo pequenas, têm um grande efeito em certas pessoas. O que aqueles homens têm não é medo da Comandante Lenór Azuti, que pode expulsá-los da Guarda Real. Eles temem a nós, Vanieli. Mulheres que não estão sob o seu controle.

Era a primeira vez que Lenór a tratava pelo nome. Geralmente, usava “esposa” para se referir a ela. E Vanieli teve a impressão de que estivera esperando um momento adequado para fazê-lo, como se as poucas letras que formavam o seu nome, tivessem algum tipo de poder místico.

— Nós somos a diferença. Somos o novo; e tudo que é novo, diferente e vai de frente à “segurança” das tradições, é motivo de desconfiança, preconceito e temor. É claro que, nesse meio, existem aqueles que realmente preferem abraçar a ignorância em vez da aceitação. Paludine está cheio de homens como aqueles em qualquer reino que vá. A diferença é que, em Cardasin, não são apenas os homens que agem assim, as mulheres também nos olham como se fôssemos algum tipo de erro da natureza. É isso que o rei anseia mudar. Mas não adianta só modificar as leis, é necessário que as pessoas também passem a enxergar uniões como a nossa com normalidade, assim como a posição das mulheres frente ao exército e em outras funções.

Enquanto falava, ela livrou-se da couraça, botas e espada. Lavou mãos e rosto na bacia disposta sobre uma mesinha no canto do cômodo e sentou na beirada da cama.

— Pequenos gestos minam grandes oposições; é apenas uma questão de saber o momento certo de fazê-los. Não pense que estou sendo omissa diante do comportamento deles. É que alguém me ensinou, há muito tempo, que todo grande momento de impacto exige um pouco de observação e paciência. Nem por isso, acredite que eu não sou impulsiva. Eu tenho meus momentos, mas é tudo uma questão dos motivos certos para agir em um rompante.

Como fez na noite de núpcias, ela se deitou na cama e deu uma batidinha no colchão, convidando Vanieli a fazer o mesmo.

— E já que estamos falando de atitudes, em breve começarei a lhe ensinar a usar uma espada.

— Teme que se algo acontecer nesta viagem, terá de se preocupar com a minha segurança também e perderá o foco das suas ações. — Vanieli presumiu, embaraçada. — Entendo que, neste ponto, eu realmente sou um fardo para você.

Isso era algo que não saía da cabeça dela, desde que assumira seu papel naquela trama. Não queria apenas se mostrar como esposa de Lenór. Decerto, esperava ser mais atuante no plano, todavia ainda não sabia como exigir seu espaço, nem o que fazer para conquistá-lo.

Lenór voltou a sentar, demonstrando que estava muito mais cansada do que aparentava.

— Engana-se. — Afirmou.

Escorregou a mão pela testa e bocejou antes de continuar:

— Nós duas escolhemos isso. Aceitamos nos casar em nome de algo maior que nós mesmas… — Fez uma careta, antes de sorrir ironicamente. — Creio que estou usando de um grande floreio ao descrever meus motivos de forma tão nobre, o que, de fato, não são. Todavia, isso não vem ao caso. A questão é que agora estamos em um relacionamento e, independentemente dele ser falso ou não, você é minha companheira. Como tal, quero que seja autossuficiente. Nós somos iguais, Vanieli. Não sou o lado dominante desta relação, muito menos você deve ser a esposa humilde e indefesa à espera de que eu ou qualquer outro a salve em uma situação crítica ou que a decisão final seja minha. Você deve ser exatamente como a mulher que me expressou sua revolta há pouco. E, se quer mesmo ir além das fronteiras de Cardasin um dia, precisa aprender a ser essa mulher o tempo todo e a se defender. Se ser mulher aqui já é difícil, esteja certa de que é muito mais fora deste reino.

Satisfeita com a resposta e consideração, Vanieli se aproximou dela. Ainda era muito cedo para ter certeza de qualquer coisa, mas diante daquelas palavras, reavaliou sua opinião de que aqueles dois anos ao lado de Lenór seriam difíceis e solitários. Era provável que, além de estar ao lado de uma aliada, também estivesse em companhia de uma amiga. Pensando nisso, era a primeira vez que encarava outra mulher dessa forma.

Se curvou e sentou um beijo na testa de Lenór, assim como ela tinha feito momentos antes no salão.

— Como quiser, esposa. — Disse com um sorriso brincalhão.

 

***

 

 

Lenór não gostava de estar casada.

Mais precisamente, ela não gostava do fato de ter assumido um compromisso com alguém por quem não possuía sentimentos amorosos. O sentimento era igual para o fato de estar em Cardasin. A vida que escolhera através da espada, eventualmente, a levara de volta àquele continente, todavia nunca planejou retornar para seu reino de origem.

Para a sua infelicidade, Mirord pensava diferente. Ele foi muito insistente para que estivesse presente em seu casamento. Suas cartas eram sempre cheias de argumentos que ele considerava irrefutáveis e a persistência minou a resistência de Lenór, que ansiava rever o irmão após onze anos separados.

E havia Mardus, também. Por cinco anos, o então príncipe cuidou dela como se fossem parentes de sangue. Por vezes, ele a chamava de “prima” diante de seus amigos íntimos, e isso, para Lenór, era um grande afago no coração sofrido.

O destino lhe tirou Mirord antes de poder revê-lo, e não estava disposta a permitir que o mesmo acontecesse com Mardus. Então, disse “sim” aos planos dele, ansiando vingar a morte do irmão e proteger o amigo.

Apesar do jeito suave e despreocupado com o qual Mardus costumava agir e que, na concepção de Lenór, era muito irritante, o rei estava sofrendo tanto quanto ela pela perda de Mirord.

Não importava quantas vezes Lenór atirasse na face dele sua vida desregrada e as muitas mulheres e homens com os quais se deitava, o amigo sempre encontrava uma forma de lhe dizer, sorrindo, que todos aqueles corpos não eram capazes de apagar o sentimento que tinha por Mirord.

Fato era que Lenór nunca soube se esse sentimento era real, tampouco se Mirord o correspondia. Ela sempre esteve inclinada a acreditar que os desejos românticos só pertenciam a Mardus. De qualquer forma, o laço entre os dois homens era muito poderoso, fosse ele fraternal ou não.

E isso era razão mais que suficiente para plantar, no rosto de traços suaves e alegres do rei, um ar abatido intercalado por expressões de puro ódio quando o assunto da morte de Mirord surgia em suas conversas. Obviamente, Mardus era equilibrado demais para perder o controle diante de outros, mas não conseguiu fazer o mesmo ante Lenór.

Após a conversa que tiveram nos aposentos dele, logo depois da audiência em que propôs o seu casamento, Mardus desabou nos braços dela. O rei chorou a perda do amigo, como se ainda fosse uma criança, e Lenór o manteve dentro de seus braços até que o pranto dele acabasse.

— Hmmm… — Vanieli ressonou ao seu lado.

Lenór afastou a incômoda lembrança do pranto do amigo e soltou um suspiro longo, atenta ao som da chuva que caía na rua. Ela parou de contemplar a madeira velha do teto do quarto, minúsculo e sufocante, cuja luminosidade de uma vela esquecida acesa o atingia.

Vanieli se mexeu em meio ao sono e acabou por se enroscar nela de uma forma estranha. A esposa era muito espaçosa na cama, além de ter o sono agitado e atormentado. Após quinze dias de casadas, Lenór ainda não tinha conseguido dormir uma noite inteira ao lado dela, que costumava despertar no meio da madrugada em meio a gritos.

Quando isso acontecia, a comandante fingia estar dormindo.

Não é que Lenór não quisesse constranger a esposa ao se mostrar desperta, ela simplesmente não desejava invadir a intimidade dela. E tampouco lhe interessava saber sobre seus pesadelos quando ela mesma tinha muitos com os quais lidar. Mas, o verdadeiro motivo para se manter distante era que Lenór ainda não sabia como se portar em relação à Vanieli.

A comandante queria achar a moça um pouco insana por ter aceitado se meter naquela trama, porém essa ideia caía por terra quando Vanieli cismava de se expressar como fizera na noite em que Lenór e o rei revelaram seus verdadeiros planos. Sempre que a via abandonar a aparência de mulher dócil, a comandante se perguntava onde a esposa queria tanto ir para aceitar se submeter ao ódio, desconfiança e desprezo do seu próprio clã ao se casar com uma mulher, indo contra a sua própria natureza.

Se desvencilhou do braço que descansava sobre a sua barriga e deslizou para fora da cama.

Ela foi até a janela e admirou a chuva que caía suave. Passou algum tempo assim, antes que novo ressonar de Vanieli, lhe chamasse a atenção.

Lenór era uma mulher pragmática e, com efeito, costumava ser muito direta naquilo que desejava, fosse bom ou ruim. Embora se mostrasse inabalável, a realidade era diferente. Mostrar-se carinhosa e dedicada a alguém que mal conhecia, além de compartilhar com ela segredos que influenciariam no futuro do reino que abandonou e pelo qual não sentia nenhum afeto, estava sendo esgotador.

Viver em constante estado de alerta, se preocupar com a sua própria segurança e a da esposa, além de se mostrar firme ante atitudes machistas e preconceituosas, chegava a ser ainda pior do que estar diante de um campo de batalha.

Quando indagou a Vanieli se ela estava preparada para enfrentar isso, também estava se fazendo a mesma pergunta. Embora a decisão estivesse tomada e ela não tivesse intenções de voltar atrás, as dúvidas rondavam sua mente, principalmente, depois de presenciar o pranto de Mardus.

E, também, havia outras coisas.

Ela tinha construído uma vida em Andalus, com pessoas que desejava cuidar e proteger a qualquer custo.

Baixou a vista para o anel em sua mão esquerda, virou a palma para o alto e passou o polegar sobre o aro de prata. Naquele ponto exato, o anel estava partido. Ela mordeu o lábio, deixando-se vagar, outra vez, por suas memórias. Eram lembranças de um passado não tão distante, mas que sempre estariam presentes.

A vela, sobre a mesa no canto, oferecia luminosidade suficiente para que visse seu reflexo na janela. Lenór passou os dedos sobre uma das cicatrizes na face, deixando uma expressão de tristeza a tomar por alguns segundos, então enfiou a mão no bolso da túnica que repousava sobre uma cadeira. Retirou dele três cartas que recebera naquela tarde.

A primeira vinha do rei, informando que os amigos que ela convocou para ajudar na segurança dele, chegaram à capital no dia seguinte à sua partida para o Castelo do Abismo. Isso trouxe um alento para Lenór.

Ela ficou verdadeiramente preocupada com as ameaças à vida de Mardus, então foi em busca daqueles dois. Calhou de, meses antes, eles terem se esbarrado por acaso no reino de Padrus. Os gêmeos Dimal e Dalise já tinham servido à Guarda Real de Barafor, porém decidiram deixar o serviço após a Grande Guerra contra o Cavaleiro Vermelho, no misterioso reino de Flyn, na qual perderam muitos amigos e seus cônjuges.

Quando reencontraram Lenór, disseram que estavam tentando recomeçar a vida em um lugar diferente. Entretanto, tudo o que sabiam fazer era lutar. Então, não foi difícil para ela convencê-los a irem para Cardasin e se tornarem os guardas pessoais do rei.

Com efeito, as peles alvas e salpicadas por sardas, além dos cabelos de um loiro quase branco e olhos azuis, denunciariam a origem estrangeira por onde passassem. Serem discretos seria impossível, ainda mais por Dalise ser uma mulher. Todavia, isso também oferecia um escudo a mais para o rei, visto que os seus inimigos pensariam duas vezes antes de agirem. Afinal, palatins eram especialmente treinados para protegerem a realeza de Barafor, embora também desempenhassem um importante papel à frente do exército, quando necessário.

A fama desses guerreiros percorria o mundo, dado a grande dificuldade para tornar-se um deles. Isso feito, cada indivíduo recebia um treinamento especialmente desenvolvido para aflorar e fortalecer suas habilidades natas. Um bom exemplo disso era a própria Lenór.

Devido seu histórico familiar, Lenór se tornou uma boa observadora do ser humano, habilidade bastante explorada durante o seu treinamento. Seu acurado poder de observação lhe permitia reconhecer as verdades e mentiras das pessoas com certa facilidade. Não era um método infalível, entretanto era bastante assertivo. Isso também fazia de Lenór uma habilidosa guerreira. Poucos movimentos em um combate eram suficientes para que ela compreendesse o modo do adversário lutar e, assim, obtivesse vantagem na contenda.

De fato, era muito difícil enganar os sentidos de um palatin, principalmente, aqueles que eram usuários de magia, como Dalise.

Mardus estaria sob os cuidados de pessoas em quem ela confiava e cuja conduta sempre fora impecável.

A segunda mensagem que Lenór recebeu era um relatório detalhado que ela havia solicitado, dias antes, sobre determinadas atividades dos clãs. Obviamente, a comandante não usou os meios tradicionais. Não queria a Guarda Real envolvida, já que todos os seus passos eram observados. Além de ter ido procurar por Dimal e Dalise, ali estava a outra razão para sua passagem por Padrus.

Em nome do Rei Mardus, ela teve um encontro bastante proveitoso com certos oficiais do alto escalão de Padrus. Embora a conversa tivesse sido cercada de desconfianças, graças ao seu gênero, os padrinos se mostraram bastante receptivos ao seu pedido. Afinal, havia algum tempo que certas atividades nas fronteiras entre os dois reinos vinham causando incômodo em Padrus e gerando instabilidades diplomáticas.

A terceira carta que a comandante recebeu vinha de um vilarejo próximo à floresta para a qual se dirigiam. Lenór acariciou o papel, pensativa. O estreitou entre os dedos, enquanto voltava a observar os telhados molhados da cidade.

 

 

 

 

Voltou a guardar a mensagem no bolso da túnica. Estava um pouco irritada com seu conteúdo, contudo, naquela altura, não tinha o que fazer. Fitou a cama, desejosa de dormir um pouco, mas duvidava que iria conseguir fazê-lo, de fato. De todo modo, retornou para ela, notando que Vanieli estava desperta.

Ao sentar no leito, a esposa lhe indagou, com voz ainda débil pelo sono:

— Algum problema?

— Não. — Lenór apressou-se a dizer. — Volte a dormir. Eu só tinha um pouco de sede.

A  Kamarie a observou por um instante mais demorado, então virou para o outro lado, comentando:

— Sabia que você costuma apertar os olhos um pouco quando mente?

A observação gerou um sorriso na comandante. A esposa que o rei lhe arranjou era mesmo uma moça peculiar. Ela voltou a recostar a cabeça no travesseiro, retrucando:

— Quinze dias de casadas e já acha que me conhece.

Vanieli brincou com a ponta do lençol, respondendo:

— Ainda não, mas temos dois anos pela frente e isso vai acabar sendo inevitável.

Era um fato que Lenór não podia e nem iria negar e essa era outra razão para não gostar de estar casada. Ela era naturalmente desconfiada e se forçar a confiar em alguém que lhe foi imposto estava sendo muito difícil. Mesmo assim, estava se empenhando.

— Sente alguma dor? — A voz de Vanieli tornou a cortar o silêncio que tomou conta do quarto.

— Por que pergunta isso?

Vanieli tornou a se virar na cama, desta vez para encará-la, novamente.

— Você manca com bastante frequência. Minha mãe contou que, quando criança, você tinha dificuldades de locomoção. Então, estava me perguntando se você ainda sofre por isso.

Um suspiro forte escapou de Lenór e Vanieli achou que isso era indicativo de que ela não gostou da sua observação. Todavia, a comandante voltou a sentar na cama. Ela puxou a barra da calça, mostrando uma cicatriz profunda na perna e Vanieli imaginou que a palavra “dor” era pequena demais para descrever o que Lenór devia ter sentido quando o ferimento ocorreu.

— Eu quebrei a perna quando criança e o ferimento não curou direito. Por isso, manco às vezes. — Voltou a se deitar, enquanto Vanieli dizia:

— Sinto muito, não fazia ideia.

— Foi há muito tempo… — Lenór minimizou, a fim de não dar margem à curiosidade da moça.

— Então, ainda dói? — Vanieli quis saber, enfiando as mãos unidas entre o travesseiro e o rosto.

— Às vezes, quando faz muito frio, passo muito tempo de pé ou me esforço demais. Contudo, não precisa se preocupar com isso. — Atirou um gesto no vazio e complementou: — Convivo com isso há tanto tempo que a dor se tornou uma amiga.

Deu uma batidinha no colchão e recomendou:

— Volte a dormir. Aproveite a calmaria que o som da chuva traz.

— Isso soou poético demais para uma guerreira. — Vanieli brincou, antes de se voltar para o outro lado.

Por sua vez, Lenór teve vontade de rir do comentário, mas acabou permanecendo quieta e em silêncio. Havia muito que Vanieli ignorava e era melhor que fosse assim.

— Acha que um dia vai confiar em mim? — Vanieli quis saber, como se tivesse lido seus pensamentos.

Lenór fitou as costas dela, respondendo com sinceridade:

— Se quer a minha confiança, você terá que conquistá-la. Entretanto, garanto que enquanto estivermos juntas, eu cuidarei de você e a protegerei.

— É uma promessa?

— Não. É apenas uma verdade.

Depois dessa declaração, a conversa cessou e ambas caíram no sono. Contudo, não demorou muito para que fossem despertadas pelo cheiro de fumaça, gritos e passos. Lenór saltou da cama, encarando as chamas que começavam a consumir a porta do quarto.

A voz de alguém na rua se elevou e atravessou o som da chuva e a janela fechada:

— Fogo! Fogo! A estalagem está pegando fogo! Ajuda!

 

 


 

Recadinho da Lenór e da Vanieli: Elas querem saber se vocês estão curtindo a história. 🙄 

Hehe… Um abraço, um xêro, e até a semana que vem!

 



Notas:



O que achou deste história?

18 Respostas para 5.

  1. Muito bom capítulo e rindo muito da Virnan, pelo 1 ano não cumprido a frente do seu reino, lá se vão 5 anos, espero tbm que durante esses tempo ela já tenha feito os herdeiros.

    • kkkkkkkkkk…

      Boa! Te garanto que ela ainda tá sentada naquele trono de cara amarrada. kkkk…
      Mas tá levando bem essa vida de soberana.

      Beijos!

  2. Eu estou amando a história, não poderia ser diferente já que também amei O Círculo das Armas, por causa disso eu gostaria de saber se vai ter uma participaçãozinha dos personagens da história anterior.

    Deu para notar uma coisa interessante: Lenór deve ter aprendido a guardar segredos com a Virnan, que aliás, para quem não gosta de ser rainha já está a muito tempo no trono ??

    • Letícia,

      Como você já deve ter lido o capítulo seguinte, sabe que a resposta para a sua pergunta é SIM, ainda que rapidinho. Hehe…

      Obrigada pelo comentário!

      Beijos!

  3. Eeeee Virnan. Seria só um ano como rainha, dizia ela kkkkk Parece que o povo florinae gostou das mudanças que ela está fazendo. Espero que Lenor e Vanieli também consigam as mudanças que almejam.

    • Kkkk… Pois é, Flávia! Para quem dizia que nem 1 ano queria passar no trono, lá se vão 5. Kkk… Maa posso te dizer que ela ainda se queixa disso. Hehe…

      Xêro!

    • Valeu, Carla. Ainda temos muitos mistérios pela frente, mas aa respostas estão chegando. ?

  4. Amandoooooooooooooooooo!

    Caraca, esse povo preconceituoso já tentou matar as duas. Isso tá parecendo um país da América do sul, viu! hahaha

    Bjãooo

    • Kkkkk… Nem tanto, Preguicella. Kkk… Mas se tentaram, é porque elas incomodam, né? ?

  5. Pois, respondendo as amadas, S I M, estou enfeitiçada
    pela história.
    Maravilhosa ilustração, elas são realmente lindas.

    Bjs,

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