Capítulo 11

Clara virou-se em minha direção, encostou seu corpo no meu e depositou um suave beijo em meus lábios:

– Ela te importunou muito?

– Que nada, foi uma conversa interessante – fiz mistério.

– Conversa interessante?

Balancei a cabeça afirmando e passei meu nariz em seu pescoço:

– Humm, mesmo suada, continua cheirosa.

– Deixa de exagero, Du – respondeu derretendo-se com o carinho.

– Não sou exagerada, linda, sou realista.

Clara não respondeu mais nada, tomou posse de minha boca e não queria mais soltar, e eu? Estava adorando. Somente com um roçar de lábios ela me excitava, imagina um beijo “sufocantemente” delicioso como aquele que eu estava ganhando? Era uma maravilha. Ficamos assim durante alguns minutos até termos que parar um pouco para respirar direito, mas nossos corpos não se desgrudaram. Cheguei bem perto de seu ouvido:

– Por que você perguntou para Dani se ela estava tentando etar sua “namorada”?

– Porque ela sempre faz isso.

– Isso ela já havia me dito.

Olhei para ela e pelo sorriso que me presenteou, entendeu o que quis dizer:

– Achei que a gente estava namorando.

– Nós não conversamos a respeito.

Percebi que uma sombra de tristeza e Clara baixou o olhar:

– Desculpa se me precipitei – ela disse dando um passo para trás tentando se afastar um pouco de mim.

– Hei – apertei mais o abraço – se eu não tivesse gostado da ideia, poderia ter lhe corrigido assim que ela saiu, não acha? Só não sabia que estávamos namorando – ela tentou falar alguma coisa, mas não deixei – eu estou adorando tudo o que está acontecendo conosco durante esses sete dias e me sentiria honrada ter uma namorada como você – beijei-a levemente – assim tão linda – outro beijo – tão inteligente, atenciosa – mais outro – tão carinhosa – mais um – tão gostosa – outro – tão fogosa – e outro – tão boa de cama.

Não consegui resistir e nem queria. O beijo que aconteceu foi de uma forma envolvente, carinhosa, apaixonante e foi evoluindo para um sedutor, sufocante, ardente. Minha calcinha que já estava molhada, dessa vez encharcou, chega senti o friozinho na barriga. Troquei de posição com a Clara, já que eu estava encostada na parede, e comecei minha exploração em seu corpo.

Por sorte estávamos em um canto escondido, escuro, dava para ousar um pouco nas carícias, nos toques. Num momento que minha racionalidade tinha ido para o espaço dando lugar para o desejo.

Coloquei uma das minhas mãos por baixo da saia da Clara, ela abriu os olhos e vi consentimento escrito neles acompanhado de um belo sorriso. Puxei sua calcinha para o lado e penetrei-a com um dos meus dedos, comecei a me movimentar dentro dela e num sussurro mais do que excitante:

– Mais… um…

Sorri e obedeci arrancando um gostoso gemido dela, aumentei o ritmo:

– Olha para mim.

Clara abriu os olhos e não demorou a gozar. Ela fazia uma carinha mais linda do que já tinha nessas horas, eu adorava olhá-la nesses momentos. Tive que segurá-la para não cair:

– Adoro essa carinha que você faz, sabia?

Clara ainda estava com a respiração entrecortada, o corpo trêmulo. Ela me abraçou pelo pescoço e me beijou longamente até recuperar suas forças:

– Você é louca.

– E você adora essas loucuras – respondi sorrindo.

– Não só as loucuras, mas quem pensa nelas.

Mais uma vez não resisti e ficamos ali namorando até sermos interrompidas por Bruna um tanto quanto já alterada pela bebida:

– Vocês vão ficar aí a noite toda, é?

– Já volto, tá? – Clara disse depositando um leve beijo em meus lábios sendo arrastada pela Bruna para a pista de dança.

Consenti com a cabeça e fiquei ali no meu cantinho admirando, agora, a minha namorada dançar. E como ela dança bem e sensualmente, viu?

– Quer um babador, amiga? – Rafa me perguntou.

Eu sorri voltando minha atenção para a Clara, mas escutando minha amiga falar:

– Faz tempo que não te vejo assim, Duda.

– Assim como? –-me virei para Rafa.

– Com esse olhar de apaixonada.

– Não estou apaixonada.

– Você está querendo enganar quem? Porque eu te conheço o suficiente para perceber o quanto que você está gostando da Clara.

– Gostar é uma coisa, estar apaixonada é outra.

– Duda, só vou lhe dar um exemplo: quanto tempo você não vem aqui? Quem lhe convenceu a vir?

– Gosto da companhia dela.

– Não só da companhia, mas do carinho, da atenção, dos beijos, do sexo, quer ficar perto o tempo todo, entre várias outras coisas, não é verdade?

– É sim, mas isso não quer dizer que eu esteja apaixonada.

– Duda, para com isso! Você nunca foi de grude, nunca ficou com a mesma pessoa por tanto tempo depois da Pati. Já está ficando com a Clara há uma semana.

Cocei minha cabeça um pouco acima da nuca:

– Estamos namorando.

– E ainda diz que não está apaixonada. Há quanto tempo você não namora?

– Desde quando terminei com a Pati – respondi contrariada.

– Sua primeira e única namorada até conhecer a Clara.

– É…

– Bem-vinda ao mundo dos apaixonados, amiga – Rafa disse sorrindo e me dando um abraço.

– Faz tanto tempo que não me sinto assim, Rafa… Acho que não sei mais lidar com isso.

– Sabe tão bem que Clara se apaixonou por você.

– Como você sabe?

– A Bruna me disse. Mas, antes que você me pergunte, Clara não falou com ela, mas como elas são irmãs e se conhecem tão bem quanto nós duas, ela já percebeu, comentou comigo e perguntou sobre essa menina que conseguiu um espaço no tão fechado e disputado coração da Clara.

– Como assim?

– Bom, pelo que Bruna me disse, Clara tem muitos admiradores, mas não dá chance para ninguém. Acho que tem uns três anos, só fica com algumas pessoas, mas nunca por muito tempo e você conseguiu namorar com ela depois da mesma perder a confiança nas mulheres depois de uma traição – parou por uns instantes e devido ao meu silêncio, continuou – te conheço o suficiente para saber que você não irá magoá-la.

– É a única coisa que não quero.

– Eu sei disso e deixei bem claro para a Bruna porque sei que as duas são confidentes e a qualquer momento cairá no ouvido da Clara.

– Obrigada, amiga.

– Está feliz? – perguntou carinhosamente.

– Você tem alguma dúvida? Estou me formando, estou empregada em uma grande empresa com meu projeto em andamento para sair do papel, minha relação com minha mãe está indo de vento em polpa e agora estou namorando uma mulher maravilhosa dessa.

– Já estava na hora, não é? Não aguentava mais te ver pulando de galho em galho.

– Besta! – disse abraçando minha amiga.

Conversamos mais algumas coisas, Rafa queria saber mais sobre a Clara, sobre o que mais gostava dela, o que não gostava, o que me encantou nela, enfim, tive que responder a um verdadeiro questionário:

– Rafa, ainda nos conhecemos há pouco tempo para te falar o que não gosto nela porque ainda não encontrei defeitos, aliás, teve uma coisa que ela fez que eu não gostei: na segunda-feira ela foi embora e não deixou o número do telefone – sorri.

– E porque você não me disse? Eu falava com a Bruna.

– Claro que eu não ia fazer isso. Quem tinha que me dar o número era a Clara e não eu ficar pedindo a terceiros. Mas, ela não aguentou ficar tanto tempo longe e me ligou na quinta-feira.

– Você toma banho com mel, não é?

– Por quê? – perguntei sorrindo, pois já sabia onde ela queria chegar.

– É só ir para a cama com você uma vez que ficam todas assim, correndo atrás.

– Não posso fazer nada se ninguém resiste ao meu charme – sorri

– Vê se agora se controla, né?

– Lógico, agora sou uma mulher séria – segurei o riso.

– Você não tem jeito, Duda. Sabe que é isso o que mais gosto em você?

– Meu lado cafajeste?

– Não, idiota! Seu lado criança – deu um leve tapa em meu braço sorrindo.

– Isso não vou deixar de ser nunca.

– Você não é louca o suficiente para fazer isso – sorriu e completou – bom, agora vou voltar para a pista porque tenho que tomar conta do que é meu. Já tem um monte de piriguete dando em cima da Bruna.

– Vai lá amiga, depois a gente continua nosso papo.

Rafa se foi. Realmente tinha várias mulheres dando em cima tanto da Bruna, quanto da Clara, mas vi também que as duas estavam saindo-se muito bem da situação. Continuei admirando a minha namorada dançando. Aquela mulher não cansa nunca e tenho certeza que mesmo depois dessa maratona na boate, nós teríamos outra em casa. Sorri lembrando o que estava acontecendo nessas duas últimas semanas:

– Do que está rindo Duda?

– Nada não Digo, só estou feliz mesmo.

– E essa felicidade toda tem nome?

– Clara.

– Humm, se ela for tão bonita quanto o nome…

– Não sabia que você curtia os dois lados Diego. Lucas, abra seu olho. Daqui a pouco ele te troca por uma mulher, já pensou?

-Tá vendo aí? Estou fazendo um elogio a essa sua Clara e você me trata assim.

– Hei, porque os gays do sexo masculino são tão sentimentais?

– Esse é um dos meus lados femininos, amiga.

– Esqueci de passar nessa fila antes de nascer.

– Em compensação… – disse isso olhando para meu corpo.

– Lucas, cuidado. Agora Diego está dando em cima de mim.

Nós três caímos na gargalhada e quando abri meus olhos, Clara estava vindo em nossa direção:

– Fiquei curiosa e resolvi vim saber do que vocês riem tanto.

– Meu amigo está virando homem, linda! – Clara fez uma cara de quem não entendeu e expliquei – Ele estava dando em cima de você e depois de mim descaradamente e o namorado está junto.

– Duda, para com isso – Diego fingiu seriedade.

– Ops, desculpem-me. Diego, Lucas, essa é Clara – olhei para ela, segurei em sua cintura e completei – minha namorada. Clara, esses são meus amigos do meu antigo emprego.

– Amiga, ela realmente é linda! – disse Diego.

– Hei, vai começar? Lucas, dá um jeito nesse seu namorado que está virando para o outro lado, vai. Ah, e a propósito, Diego, com essa daqui você não vai conseguir nada.

– Mas, não estou exagerando amiga, aliás, você nunca aparece acompanhada por nenhuma mulher que não seja menos do que linda, não é?

– Tomo banho com mel e tenho muito bom gosto – disse rindo.

Rimos, conversamos um pouco e meus amigos disseram que iam voltar para a pista. Clara ficou comigo com a desculpa de que estava cansada.

– Vamos sentar um pouco?

– Claro.

Fomos em direção a uma mesa, mas antes, peguei mais um drinque para Clara e uma Coca-Cola para mim:

– Adorei ser apresentada como sua namorada para seus amigos.

Sorri dando-lhe um beijo suave, carinhoso, gostoso. Perdi a noção do tempo, só sei que ficamos ali namorando por vários minutos e para mim pareceu segundos.

– Du? – Clara me chamou afastando-se de mim o suficiente para olhar em meus olhos.

– Hum.

– Você está me escondendo alguma coisa?

– Que eu saiba, não. Por quê?

– É que desde que nos conhecemos, você não fala muito de sua vida e quando o faz, é muito superficialmente. Já percebi que tem um problema familiar e não gosta muito quando o assunto vem à tona.

– É impressão sua, linda. Não tenho nada a lhe esconder. Muito pelo contrário, quero que você saiba de tudo o que acontece comigo, mas isso não pode ser conversado assim, tudo de vez, não acha? Estamos nos conhecendo, confio em ti, quero te contar tudo sobre minha vida, mas aos poucos, entende? Não quero lhe assustar assim, tão rápido. Preciso me aproveitar bastante de você ainda. – Disse a última frase rindo descaradamente para ela e continuei – certo que tenho problemas com meu pai, com o tempo pode ter certeza que saberá – fiz uma pausa – e olha só quem está reclamando, também não sei quase nada a seu respeito, conversamos muito, mas pouquíssimo sobre nossas vidas pessoais.

– É, isso é verdade, mas vamos começar a falar um pouco mais sobre isso, tá? Tenho várias curiosidades a seu respeito – depositou um suave beijo em meus lábios.

– Estou às ordens, mas tem que ser agora? – mais uma vez, sorri maliciosamente.

– Não, claro que não e nem eu quero que seja agora. Nesse momento tenho outros planos para você.

– Você e seus planos para mim – sorri com a lembrança do nosso primeiro beijo e percebi que Clara também lembrou – o que pretende dessa vez?

– Primeiro temos que sair daqui e depois é segredo.

– Oba, hoje serei sequestrada – disse roubando-lhe um beijo deliciosamente ardente e sufocante.

Quando nos separamos para respirar, fomos pagar as comandas e nos despedimos do pessoal. Clara queria ir dirigindo, mas eu não deixei, afinal de contas, ela tinha bebido e eu não sabia o quanto que ela aguentava. Ela foi dizendo o caminho que eu tinha que ir e mais uma vez me provocando. Essa mulher adorava fazer isso comigo, isso era fato.

Chegamos no Caminho das Árvores, um dos bairros mais luxuosos de Salvador, Clara me orientou a encostar em frente a um portão que dava acesso a garagem de um dos poucos prédios que tem na região. Foi o que fiz e logo em seguida, o mesmo foi aberto para que nós pudéssemos entrar. Parei em uma das vagas indicadas pela minha namorada e desliguei o motor do carro.



Notas:



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