Capítulo 20

Seguimos nossa rotina diária durante a semana com muito trabalho, muita correria com o andamento do projeto da ONG Cultural, recebemos vários elogios de outras empresas que acabaram tendo conhecimento dos nossos planos. As notícias voam no meio cultural, muitos almoços e jantares, fechamento de contratos, aperfeiçoamento do projeto. Mas, no fim da noite, sempre estávamos juntas, sempre dormíamos juntas, não importava em qual apartamento, o que interessava era que passássemos a noite sentindo o corpo da outra ali mesmo sem o sexo que as vezes o cansaço não deixava.

Na sexta-feira o jantar só tinha nós duas. Enfim conseguimos ter um tempo para fazer isso. Decidimos ficar na casa da Clara mesmo, nos curtindo, nos namorando. Estávamos no chão bebendo vinho, a minha namorada estava de costas para mim entre minhas pernas encostada em meus seios e eu estava com meus braços enlaçando sua cintura fazendo um pequeno carinho em sua barriga por baixo da blusa:

-Du…

-Hum…

-O que vamos fazer nas festas de fim de ano?

-Bom, natal é festa de família, já disse que a minha não é nem um pouco unida, mas pretendo passar na casa da minha mãe porque minha avó estará por lá e tem também meu padrasto que não está muito bem de saúde. Quero dar uma força para ele, passar um tempinho lá. Já o Réveillon eu ainda não sei, recebi algumas propostas de alguns amigos, mas não decidi ainda, essa parte estava esperando por você, não quero passar longe da minha namorada – beijei-lhe a cabeça – e você?

-O natal estarei na casa do meu pai, ele faz questão que todos os anos sejam assim, queria que você fosse – disse a última frase num fio de voz.

-O convite é irrecusável, adorei sua família e já disse isso a você a seu pai também, mas só poderei ir no dia 25 mesmo para almoçar porque vou dormir dia 24 na casa da minha mãe, pode ser?

-Claro, quero mesmo que você tente uma maior aproximação com sua família.

-Queria muito que você fosse comigo, mas acho que minha mãe ainda não está bem o suficiente com essa situação para chegar ao ponto de conhecer minha namorada.

-Não tem problema Du, deve ser complicado para ela mesmo. Nem sei se minha mãe não tivesse sumido, qual seria a reação dela.

-É verdade, mas não quero falar de assuntos tristes –  apertei mais o abraço –  e o réveillon, o que faremos?

-Eu, a Bruna e o Carlinhos estamos querendo reunir nossos amigos na casa que meu pai tem em Stella Maris.

-E o que falta para fazerem isso? Acho uma ótima ideia.

-Não falta quase nada, só algumas pessoas confirmarem presença. Serão só nossos amigos mais íntimos mesmo, acho que nem chega a 25 pessoas juntando os convidados dos três – fez uma pausa –  claro que você vai, não é?

-Isso você nem precisa perguntar, linda! Ahh! Não esqueça que minha formatura é no próximo sábado.

-Nunca esqueceria isso – sorriu.

No sábado pela manhã fomos caminhar um pouco na praia, ficamos um tempo no mar e seguimos para casa. Fomos ao cinema a tarde e assistimos a peça “Vixe Maria, Deus e o Diabo na Bahia” a noite junto com Rafa, Bruna, Dani e Paula.

Depois de muita discussão, decidimos terminar a noite no Babalotim – localizado no bairro do Rio Vermelho sendo intensa sua vida noturna, é conhecido pelo clima boêmio, pelo acarajé de Dinha, e pela colônia de pescadores. É famoso por ser um boteco gay que no final de semana, a calçada com mesas de madeira fica lotada. Clipes modernos são projetados em tecidos na parte externa e interna do bar. O segundo andar é mais tranquilo. Ficamos na parte superior.

A noite foi extremamente agradável e chamávamos atenção – involuntariamente – de todos que passavam por nós pela nossa alegria, nossas risadas, o clima muito descontraído. Sorri ao constatar isso e Clara se aproximou do meu ouvido para perguntar do que eu estava rindo, não respondi, beijei-a de um jeito apaixonadamente calmo e sussurrei em seu ouvido:

-É por isso que estou sorrindo.

Clara me presenteou com mais um de seus belos sorrisos e quando íamos começar mais outro beijo:

-Hei, dá para você fazerem isso mais tarde em casa?

Não demos ouvido ao que Rafa perguntou. Beijei a minha namorada da forma que eu queria e que o clima entre a gente proporcionava: um beijo tranquilo, apaixonado, maravilhoso. Quando nos separamos, aí sim respondi a minha amiga:

-Claro Rafa, mais tarde será de uma forma que ninguém pode ver, por enquanto só esse mesmo.

-E quem disse que eu quero ver esse ou outro qualquer?

-Velho, porque você fala tanto, hein? Ô Bruna, dá um jeito na sua namorada, por favor. Não aguento mais, são quase doze anos aturando isso – pisquei para a Bruna.

-Não seja por isso, cunhada.

Rafa até que tentou falar alguma coisa, mas a Bruna não deixou calando-a com um ardente beijo. A  noite seguiu com muitas provocações da minha namorada, brigas com a Rafa e cumplicidade com a Dani. Ainda não tinha conseguido entender essa amizade repentina que criamos desde a primeira vez que nos vimos, mas adorava conversar com ela, a companhia dela, eu poderia até arriscar que tinha a impressão que eu a conhecia a mais tempo do que a Rafaela, mas tirando conclusões das nossas conversas, essa era uma coisa impossível de acontecer, principalmente porque ela era nove anos mais velha do que eu. Decidi pensar nisso depois.

Quando eu e Clara voltamos para casa já era bem tarde, aliás, madrugada. Como fomos de moto e ela já estava um pouco alterada pela bebida, tive mais certeza ainda que a noite ainda não tinha terminado porque ela passou todo o caminho se aproveitando da posição no veículo e acariciava minha barriga, meus seios, minhas pernas, meu sexo.

Acelerei a moto, queria era chegar logo em casa para saciar a vontade da minha namorada e minha também, é claro.

Assim que estacionei, esperei a Clara descer para que eu fizesse o mesmo, mas não esperei chegarmos ao apartamento dela. Puxei-a pela cintura, ela enlaçou meu pescoço e o beijo que começou ardente evoluiu para excitante, se isso era possível.

Empurrei-a de encontro a parede, ela bateu as costas, mas nada que pudesse parar o que estávamos fazendo. Eu explorava todo o seu corpo e já chegava ao ponto de fazer isso por baixo de sua roupa. Apertava seus seios de forma possessiva e ela gemia ainda mais contra meus lábios, me apertava mais contra ela. Minha namorada queria um contato maior, mas quando eu estava prestes a saciar seu desejo, ouvimos o barulho de um motor de carro que provavelmente estava chegando. Puxei-a para trás do seu carro que estava próximo e tentamos nos acalmar. Tarefa impossível, a Clara passou uma de suas pernas pela minha cintura, sinal verde para mim, levantei o seu vestido, puxei sua calcinha de lado e penetrei meus dedos em seu sexo que a essa altura estava encharcado.

A Clara estava com as mãos por baixo da minha blusa arranhando levemente minhas costas, me puxando ainda mais para si, gemia e rebolava deliciosamente como só ela sabia fazer para me enlouquecer e tirar toda a minha razão. Minha boca que estava em seu pescoço, passou para seus seios e suguei de forma violenta. Clara arqueou o corpo no mesmo momento em que seu grito de prazer foi abafado em meu ombro, ela passou a outra perna em minha cintura também apoiando suas costas no carro e rebolava ainda mais em meus dedos. Seu corpo dava sinais que seu orgasmo estava próximo, aumentei o ritmo e a força das estocadas, levantei a cabeça:

-Olha pra mim, amor.

Imediatamente ela abriu os olhos e tocou seus lábios com os meus. O gemido continuou abafado, seu gozo chegou violentamente gostoso, do jeito que nós adorávamos. Continuei com meus dedos dentro dela até a Clara retomar o fôlego e as forças, quando retirei ouvi um gemido baixinho e excitante. Precisava sair daqui o quanto antes, caso contrário eu a agarraria novamente no estacionamento.

Fomos em direção ao elevador, mas tive mais uma ideia louca o suficiente para querer fazer. Puxei a Clara para as escadas. A princípio ela não entendeu, mas a fiz entender quando a empurrei contra a parede e beijei-a de uma forma que desde o início era excitante. Ela já tinha afastado as pernas e esperava por meus dedos, mas não era isso o que eu queria.

A escada tinha sensor para acender as luzes, ficamos num lugar que não éramos captadas e estava tudo escuro, mas nossos olhos se adaptaram a escuridão, conseguíamos ver nossas expressões e isso me estimulou a virar minha namorada de costas para mim, encaixar minha perna direita entre as delas, gemer em seu ouvido.

Beijei, mordi, lambi sua nuca deixando a Clara louca por um contato maior, desci minhas mãos pela lateral do seu corpo, cheguei em suas pernas e subi o seu vestido até sua cintura. Num gesto brusco e rápido retirei sua calcinha e não sei onde a joguei. Eu estava vestida, mas mesmo assim encostei meu corpo nela me esfregando e continuando as minhas carícias torturantes:

-O que… você vai fazer… comigo? – Clara quase nem consegue falar.

-Tem certeza que você não sabe? – sussurrei em seu ouvido arrancando mais um delicioso gemido.

-Não… fala o que você vai fazer… comigo… quero ouvir você falar.

Abri mais suas pernas, penetrei seu sexo com meu polegar, mas tirei-o logo em seguida:

-Vou comer essa sua bundinha gostosa – mordi seu pescoço – e vou te fazer gozar assim – penetrei-a com o polegar – de uma forma que nunca fizeram contigo – chupei seu pescoço – mas, vai ser rápido – penetrei seu sexo com o dedo médio e ouvi um alto gemido – e sei que vai adorar – forcei as estocadas e ela rebolava deliciosamente em minhas mãos – do jeito que sempre gosta – tirei o dedo médio do seu sexo e estimulei seu clitóris.

Não demorou muito e fui mais uma vez presenteada com mais um delicioso orgasmo da minha namorada. Tirei meus dedos de dentro dela, desci o vestido e vi-la-ei para capturar sua boca para um ardente beijo.

Mais uma vez dormimos tarde, exaustas e plenamente satisfeitas. Ficamos em casa no domingo assistindo filmes. Adoro pegar vários DVDs e assistir tudo em um só dia, comemos muita besteira, namoramos muito também, é claro. Lembrei que na terça-feira completaríamos um mês de namoro e eu não tinha ideia do que fazer e nem comprar para dar de presente para a Clara. Na realidade, o que quer que fosse, eu queria fazer surpresa porque todo esse tempo não comentei nada sobre nosso aniversário, ela provavelmente estava achando que eu não lembraria.

Agora mais essa árdua tarefa: pensar no que fazer e no que comprar e eu só tinha a segunda-feira para isso. E com esse pensamento sou interrompida pela minha namorada no escritório do Vc3 dizendo que nós não almoçaríamos juntas naquele dia porque ela teria que resolver algumas pendências e não sabia a hora que voltava, mas se não voltasse ainda naquele dia, a noite estaria em meu apartamento. Concordei e tentei me concentrar no que estava fazendo, consegui e só me dei conta que a hora já havia passado, porque a Bruna entrou lá na sala querendo saber da minha namorada e logo depois que expliquei, ela disse que já estava muito tarde, já era hora de estar em casa.

Pronto, eu estava ferrada! Não consegui decidir o que comprar, a Clara a essa altura já devia está chegando no meu apartamento e eu não podia ir ver se encontrava alguma coisa em alguma loja, apesar que odeio essa ideia de sair para bater perna em shopping, mas parecia que essa era minha única alternativa. Deixaria isso para o dia seguinte, perderia meu almoço para decidir.



Notas:



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