Capítulo 57

-Vamos ficar aqui a madrugada inteira? – sorriu lindamente.
-En… entra! – dei passagem para ela após alguns minutos em estado de transe.
A ajudei a colocar as malas para dentro, fechei a porta e assim que virei fui presenteada com um sorriso que eu tanto sentia falta:
-Também senti sua falta – fiz cara de interrogação – vi seu SMS quando saí do avião.
Não consegui dizer nada, sorri e fui de encontro a ela, nosso beijo foi violento, saudoso e muito desejado. Puxava sua cintura para mim – do jeito que ela tanto gostava –, ela deixava seus dedos se perderem em meus cabelos, a empurrei com meu corpo para o quarto, tirei toda a sua roupa com muita dificuldade por conta da saudade que não me deixava ser racional. Depois que consegui despi-la, joguei-a na cama fazendo com que ela batesse as costas no colchão, abri meu roupão, tirei-o e fui para cima dela com uma vontade maior do que nunca. Precisava gozar e fazer aquela mulher gozar junto comigo, eu precisava disso. Queria que ela esquecesse todas as nossas brigas – pelo menos naquele momento – e se entregasse totalmente a mim, depois a gente conversava sobre nosso futuro.
Encaixei minha perna direita entre as suas e iniciamos nossa dança sensual, ela agarrava-se a mim puxando ainda mais as minhas costas, arranhando, apertando. Aquilo estava me enlouquecendo mesmo sendo uma posição tão simples, mas só em ser com a minha Clara eu estava muito excitada. Apoiei meu corpo em meus cotovelos e afastei um pouco nossos corpos para poder ver nossa dança, olhei para o rosto dela e ela exibia um sorriso lindo, meu corpo começou a estremecer, o dela também. Ela enfiou as unhas em minhas costas e mordeu meu ombro, gemi de dor e prazer, pois aquele foi o momento que chagamos a um dos melhores orgasmos que compartilhamos.
Larguei o peso do meu corpo sobre o dela, nossas respirações estavam aceleradas, nossos corpos molhados de suor, nossas pernas molhadas de gozo. A Clara passava as unhas por toda a extensão das minhas costas até chegar a minha bunda provocando muitos arrepios. Meu nariz estava enterrado em seu pescoço, eu estava matando a saudade do seu perfume natural que tanto gosto.
-Senti sua falta – falei mais para mim do que para ela, mas ela escutou.
-Me promete uma coisa?
-O que você quiser, contanto que você não vá embora.
-Deixa de ser tão cabeça dura e vamos voltar a conversar sobre o que nos atormenta? Promete que nunca vamos deixar de conversar sobre a gente, sobre nossos problemas e vamos tentar entender o ponto de vista da outra?
Suspirei, demorei um pouco a responder, ela segurou meu rosto com as duas mãos e me fez olhá-la.
-Estou esperando a resposta – disse suavemente.
-Desculpa, tenho muito que mudar ainda para merecer você ao meu lado.
-A única coisa que quero que você tente mudar, eu acabei de falar. Quero pelo menos que você diga que está disposta a tentar.
-Por você estou disposta a tudo.
Ela sorriu lindamente, não conseguia mais segurar a lágrima que estava querendo escorrer pelo canto de um dos meus olhos, ela enxugou com um beijo.
-Preciso de um banho, amor. Estou exausta da viagem.
-Claro, amor.
Levantei e ajudei-a a fazer o mesmo. Enquanto ela tomava o banho, separei sua toalha e peguei mais um roupão já que suas roupas estavam ainda nas malas e eu não ia deixar que ela desarrumasse antes de dormir. Aproveitei para preparar um lanche e fiquei esperando-a na cozinha.
-Sempre pensando em tudo – sorriu, sentou em meu colo de lado e me beijou – mas, sinto lhe decePCionar, estou sem fome.
-Ah linda! Para com isso, você deve ter se enchido daquelas porcarias de avião, né? Vamos, coma pelo menos esse sanduíche, amanhã faço alguma coisa melhor.
-Chata como sempre.
-Preocupada com você, é diferente – sorri.
Depois que ela comeu, limpei a sujeira que fiz e puxei-a para o quarto.
-Vem, você precisa descansar.
Assim que deitamos, a Clara encaixou todo o corpo no meu, seu nariz em meu pescoço e dormiu profundamente. Eu fiquei ali velando seu sono com medo de dormir e perceber que aquilo foi um sonho. Fiz carinho em suas costas, seu cabelo. As vezes ela suspirava, apertava o abraço com o braço que estava por cima da minha barriga. Só dormi quando o dia estava clareando, não consegui evitar.
Acordei por volta das 10h, eu estava de bruços abraçada ao meu travesseiro e a minha mulher estava abraçada a mim com a cabeça apoiada em minhas costas, sorri, virei evitando fazer movimentos bruscos para não acordá-la, ela virou de costas para mim, eu aproveitei para levantar. Tomei meu banho e sai para comprar algumas coisas para ela comer quando acordasse porque tinha coisas que eu não gostava e ela sim, por isso que eu não havia comprado já que eu não tinha noção que era voltaria para mim.
Voltei para casa e a Clara ainda dormia, realmente ela deveria estar cansada por conta da viagem. Quando eu cheguei dormi cerca de 12h ininterruptas e a minha morena estava dormindo ha 8h mais ou menos, deixaria ela quieta. Organizei as coisas que comprei para ela e fui para o quarto que deixei para ser a sala de estudos. Li e editei as minhas pesquisas que fiz nesse período que já estava em Portugal e quando terminei meu estômago reclamou, olhei para o relógio, já passava das 14h. Fui para o restaurante do seu José, mas deixei um bilhete para a Clara no caso dela acordar antes que eu chegasse. No restaurante meus dois amigos perceberam a minha alegria e perguntaram do que se tratava.
-Meu amor voltou para mim – respondi com um enorme sorriso.
Percebi que a Aninha não gostou da notícia e se fechou para mim, respondia as minhas perguntas com monossílabos, resolvi não perguntar o motivo porque eu já desconfiava já que ela tinha ido ao meu apartamento na noite anterior. Era melhor me fazer de desentendida.
-E cadê ele? – perguntou dona Marta.
-Ela está dormindo, chegou essa madrugada e o fuso horário a derrubou.
Respondi tranquilamente mesmo com receio da reação dos dois, mas para minha surpresa, eles abriram um enorme sorriso.
-Queremos conhecer a mulher que deixou seu sorriso ainda mais bonito.
-Pode deixar meus amigos, assim que ela estiver mais disposta, apresento-a a vocês – sorri.
Pedi para preparar o almoço dela para viagem, fiquei conversando com os dois por mais alguns minutos e fui embora. No caminho vi um cartaz informativo sobre um show que teria na cidade, era do Vander Lee.
Quando cheguei em casa, a Clara ainda dormia, tomei um banho e deitei junto a ela abraçando-a por trás em forma de concha, enterrei meu nariz em seu pescoço e acabei dormindo também.
Acordei e estava sozinha na cama, escutei o barulho do chuveiro. Virei em direção a porta e vi a minha mulher se enxugando ainda dentro do box, abriu, vestiu o roupão da noite anterior e ficou enxugando o cabelo, penteou e olhou em minha direção, sorriu, retribui o sorriso e ela veio em minha direção. Deitou-se em cima de mim, nos beijamos preguiçosamente:
-Bom dia, dorminhoca!
-Boa noite, né amor? E eu não sou dorminhoca, acordei de manhã, fiz várias coisas aqui em casa, almocei no restaurante dos meus novos amigos que quero lhe apresentar, trouxe seu almoço que está na geladeira e resolvi deitar aqui para aproveitar esse corpinho que tanto gosto, acabei dormindo também.
-Já está de novos amigos? Êta carisma, hein? – sorriu.
-Sou irresistível – sorri de volta.
-Convencida.
-Realista
Troquei nossas posições na cama, fitei seus olhos, depois seus lábios. Beijei-a calmamente. Explorei sua boca, mordia seu lábio inferior. Passei a exploração para seu pescoço, beijava, mordia, lambia, sugava, desci para seu colo, seios… Perdi a noção do tempo em um, depois noutro. A Clara se contorcia sob meu corpo.
-Amor…
Não dei ouvidos a ela, continuei com o que estava fazendo, voltei a dar atenção ao pescoço, senti seus pêlos se arrepiarem, mordi a ponta da sua orelha:
-Du… Estou louca de tesão por você – gemeu quando minha mão desceu até seu sexo encharcado, toquei com a pontinha do dedo, ela fechou as pernas prendendo minha mão – mas, eu estou com fome – continuei sem dar ouvidos a ela, penetrei-a com dois dos meus dedos, ela mordeu meu ombro abafando um gemido, comecei com o movimento de vai e vem bem lentamente e depois aumentei o ritmo até que ela me presenteasse com o seu liquido quente, arranhando minhas costas e meu pescoço, mordendo ainda mais meu ombro:
-Um dia você arranca um pedaço.
Percebi que ela ia falar alguma coisa, mas não dei chance roubando-lhe mais um beijo. Logo em seguida desci diretamente até seu sexo – que continuava encharcado – mergulhando minha língua nele, explorei toda a sua extensão até ser presenteada mais uma vez com o sabor da minha mulher. Bebi todo o seu líquido, escalei seu corpo novamente beijando toda a sua extensão e parando mais uma vez em sua boca.
-Du, estou louca de fome, minha última refeição foi aquele seu sanduíche quando cheguei.
Olhei para ela, sorri.
-Desculpa, amor. A saudade que é muito grande.
Depositei um suave beijo em seus lábios, levantei e a ajudei a fazer o mesmo. Esquentei sua comida no microondas e mais uma vez ela sentou em meu colo:
-Nossa lua de mel vai ser aqui em Portugal mesmo?
Sorri.
-Eu não vejo problemas, amor. Lisboa é linda. Mas, se você quiser, podemos escolher outro lugar.
-Não, vamos ficar aqui mesmo, no nosso aniversário do próximo ano comemoramos em outro lugar.
Conversamos muito enquanto ela comia. Acertamos algumas coisas que nos incomodava na outra, atualizamos notícias dos nossos amigos, nossas famílias, a ONG que estava fazendo um enorme sucesso.
-Clara, como você conseguiu meu endereço?
-Humm, coisa complicada… – sorriu – vi que você havia mandado uns cartões e fotos para a Rafa, aproveitei um momento de distração dela e anotei seu endereço, depois fiz um teste e ela não me contou de forma alguma, ela disse que você a fez prometer que não contaria a ninguém.
-Mas, naquela época você ainda estava chateada comigo.
-Mais ou menos, amor. Eu tinha certeza que vinha para cá. Essa passagem que comprei foi antes do incidente do meu aniversário, só não te contei a data porque estava tentando antecipar um pouco e sabia que você não ia gostar, mas bem que veio a calhar, né? Sua carta, os emails que trocamos, principalmente aquele que você se chama de imbecil, ali sim percebi seu total arrependimento e a música do Nando acabou me derretendo.
Ficamos trocando carinho, nos beijando, nos curtindo, tentando matar a saudade.
-Amor, quando eu estava voltando do restaurante dos meus amigos, vi um anúncio de um show que vai ter hoje à noite e não é muito longe daqui. É do Vander Lee, vamos?
-Claro Du. Vai ser que horas?
Olhei para meu relógio de pulso e me assustei:
-Nossa, daqui há menos de duas horas.
-Então vamos logo nos arrumar.
Conseguimos sair de casa em menos de 1h, assim que descemos, percebi que precisávamos de um carro.
-Juro que amanhã eu compro um carro – a Clara não gostava de ônibus e nem de taxi.
-E eu uma moto – sorri.
Tivemos que pegar um taxi mesmo e quando chegamos, faltavam ainda uns 20 minutos para o início do show. Ficamos perambulando pela região e entramos logo depois. O Vander Lee deu um show de verdade: cantou de “Bom dia” à “No balanço do balaio”, passando por “Iluminado”, “Pensei que fosse o céu”, “Meu Jardim”, “Românticos”, entre várias outras músicas dele que são perfeitas. Uma das que mais me emocionou foi “Tanto, tanto”:
“Eu olho o mundo da janela/ eu vejo o filme além da tela/ os dias passam como por encanto/ eu passo como quem não passa/ sou meio triste e acho graça/ tem tanta gente triste que disfarça/ caminho ao seu lado sem falar/ mas, canto uma canção pra te alegrar/ só peço que não tente compreender/ tanto, tanto/ dou tudo pelo seu carinho/ mas, gosto de ficar sozinho/ olhando da janela do meu quarto/ mas, quando você chega tarde/ eu quase morro de saudade/ já louco pra fazer suas vontades/ caminho ao seu lado sem falar/ mas, canto uma canção pra te alegrar/ só peço que não tente compreender/ tanto, tanto/ nenhum de nós conhece o mundo/ o bem, o mal, o céu profundo/ no fundo tudo é muito diferente”.


No momento dessa música, abracei a Clara por trás, segurando em sua cintura, apoiei minha cabeça em seu ombro e cantei bem baixinho em seu ouvido. Assim que terminou, ela virou-se para mim e beijou o cantinho da minha boca. Sorri. Ela beijou o outro canto sorrindo de maneira safada. Fez que ia me beijar e virou o rosto sussurrando em meu ouvido:
-Já passou da hora de duas recém casadas estarem em casa.
E a noite foi longamente aproveitada.



Notas:



O que achou deste história?

Deixe uma resposta

© 2015- 2017 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.