Par ou Ímpar

Par ou Impar

Par ou Impar

Por: Carolina Bivard

par ou imparTomou o elevador distraidamente e apertou o botão de seu andar. Passava das duas horas da madrugada e Thaís já havia pensado o que falar para a sua companheira, que deveria estar surtada com seu atraso. O que ela poderia fazer? Se Alana fosse mais compreensível, não precisaria lançar mão de subterfúgios para poder sair com as amigas. Alana era uma boa mulher, mas vez ou outra a sufocava com essa história de ter que falar seus passos. Amava a esposa, mas queria ter momentos para si. A seu ver, isto não era nada de mais.

Três horas antes

Alana andava de um lado a outro da sala a passos largos, inconformada em repetir mais uma vez, uma cena que já as rondava há tempos. Estava em seu limite de paciência. Parou estanque e resolveu sentar-se, pois sua respiração estava pesada. Era uma mulher dedicada ao trabalho e ao lar e amava sua companheira, disso não tinha dúvidas. Mas as escapulidas dela e depois a série de desculpas que inventava, estavam começando a desgastá-la.

Quando Thaís começou a sair com as amigas, ela perguntara qual o problema em levá-la e Thaís disse que aquelas eram as suas amigas e que quando saíam, era apenas para jogarem conversa fora. Não tinha porque levá-la e talvez a presença dela, travasse as brincadeiras descontraídas que ocorriam no grupo. Alana não entendia essa lógica, pois assim que assumiu um relacionamento mais sério com Thaís, ela nunca se furtou de apresentar as suas amigas para a morena e fazia questão de sua presença junto a ela. Não que vez ou outra não saísse sozinha com alguma amiga, mas sempre avisara para que a esposa não se preocupasse e nunca passou a madrugada fora.

O celular tocou e Alana olhou no visor quem a chamava.

— Oi, Larissa.

— E aí? Thaís chegou?

— Ainda não e já passei da fase de preocupação.

— Deve ter acontecido alguma coisa…

— Não a desculpe, Larissa. Depois de quatro anos casada e dois que ela, pelo menos duas vezes no mês dá as suas escapadas, não “cola” mais. Sei perfeitamente quando algo acontece que a faz atrasar de verdade. Ela sempre liga nestas situações, ao contrário de quando chega com cheiro de bebida, dizendo que o pneu furou ou o carro não pegou, tendo que chamar o seguro.

— Se você ficar acordada esperando, vão brigar novamente.

Alana parou momentaneamente de falar pensando no que a amiga havia dito.

— Tem razão. Você tem alguma coisa para fazer agora?

— Não, por quê?

— Porque não quero ficar agoniada esperando e pensando mil situações. Preciso tomar uma cerveja para relaxar e conversar com alguém. “Tava” pensando em passar aí.

— Beleza, mas vai ter que comprar a cerveja. “Tô” sem nada em casa.

Alana riu da amiga, pois ela morava sozinha e raramente comprava muita coisa para abastecer a geladeira.

— Eu passo numa “delicatessen”, compro a cerveja e algumas bobagens para a gente comer. Ainda não jantei e sinceramente, não estou com fome para tanto.

— Você fez jantar, amiga?

Alana suspirou dando uma pausa na fala e respondendo logo em seguida. Sua voz era de desânimo.

— Fiz.

— Hum… Vem para cá então.

………….

Thaís entrou em casa e a luz da sala estava apagada. Estranhou, pois esperava que a esposa a estivesse esperando, sentada no sofá para repreendê-la. Ligou a luz da luminária de canto e rastreou o ambiente com o olhar. Pensou que Alana poderia ter desistido, com esse jogo de espera e discussão, que sempre seguia após uma saída dela. Talvez até, a repreensão na manhã seguinte, viesse um pouco mais acirrada, mas deixaria para pensar nisso de manhã cedo, quando acordassem para sair rumo ao trabalho. Afinal, não haveria muito tempo para discussões, pois senão, atrasariam. Provavelmente desta forma, seria melhor, já que passariam o restante do dia separadas e os ânimos estariam esfriados.

Foi até a cozinha e tinha panelas em cima do fogão. Destapou, cheirou e soltou um gemido de satisfação. Estava morta de fome, pois os petiscos do bar, não lhe satisfaziam a fome. Aqueceu a comida e jantou. Estava cansada e deixou o prato na pia. “Se incumbiria” dele na manhã seguinte.

Chegou ao quarto pé-ante-pé, para não acordar a esposa e não ligou a luz. Encaminhou-se ao banheiro, tomou um banho rápido e ao sair foi tatear na gaveta um camisão para colocar e ir direto para a cama, mas seus olhos se acostumavam à escuridão do quarto e quando se voltou para a cama, encontrou-a perfeitamente arrumada e sem o peso do corpo de sua esposa.

— O que… Que “merda” a Alana anda fazendo? Onde se meteu?

…………..

— Cara, a Thaís vai ficar preocupada… não vai ligar?

— Ela me liga por acaso?

— Não é porque ela faz que tenha que pagar na mesma moeda. “Isso”, não é você.

— E o que sou eu? Uma mulher que se dedica, ama e desculpa sempre? Cara, tô cansada, Larissa! Eu amo a Alana, mas tá no meu limite. Não adianta falar como me sinto… ela diminui. Acha que é bobagem! Já não estou mais me entendendo com ela e para falar a verdade, nessa parte nunca nos entendemos.

— Cara, ela sempre falou a você, que sair com as amigas era uma coisa de que não abriria mão.

— E eu sempre falei que ela poderia sair, mas não da forma como ela faz. Ela me deixa até de madrugada e vai para a noitada que eu sei. Outro dia ela deixou o “face” aberto, pois sabe que eu não fuço as coisas dela, mas eu estava limpando o escritório lá de casa e a mensagem estava em caixa alta dizendo “E aí gata?! Ontem foi muito bom. Quero te conhecer melhor”! Por acaso tá escrito, “otária” na minha testa? Foi a gota, viu?! Ela se esquivou quando perguntei para ela. Não é falta de conversa.

— Não tiro a sua razão, mas vocês se gostam e talvez outra conversa…

Larissa contemporizava, mas estava com raiva. Não queria expressar para a amiga, pois sabia o quanto ela gostava da esposa.

— Mas não hoje. – falou Alana. — Se voltar para casa hoje, do jeito que estou com raiva e machucada, a gente termina. Ela não tem o tempo dela? Eu tenho que ter o meu desta vez, se não, vai “dar ruim”! Vou mandar um whatsapp dizendo que vou dormir na casa de uma amiga, só para ela não se preocupar se aconteceu algo comigo, mas não volto hoje.

Alana mandou a mensagem seca para Thaís. “Estou na casa de uma amiga e vou dormir por aqui. Não se preocupe.” Não voltou para casa e Thaís se viu preocupada se algo havia acontecido com a esposa. Especulou se porventura seria uma vingança por sua escapulida, mas quando pensou que a esposa nunca reagira desta forma, começou a se preocupar. “Será que Alana estaria tendo um caso com alguém e as suas saídas com as amigas estavam deixando-a mais a vontade? Não. Alana me ama e nunca soube de minhas pequenas aventuras”. Pensou.

Na verdade, eram distrações que aconteciam por acaso e por deslize de Thais. Não que procurasse, mas ao longo da noite, muitas vezes depois que bebia, ficava mais solta e acabava caindo nas tentações de uma ou outra garota, que conhecia na hora. Arrependia-se depois, pois Alana não merecia, mas não fazia intencionalmente. Não gostava de nenhuma destas garotas, apenas acontecia e Thaís se deixava levar na hora. Amava sua esposa. Não dormiu bem no resto da noite, pois não sabia o que pensar e como proceder.

Na manhã seguinte, Thaís levantou sentindo-se cansada de tanta especulação. Resolveu que não adiantava pensar enquanto não se encontrasse com Alana. Tomou um banho para despertar o corpo e foi trabalhar, mas sua imaginação continuava borbulhando em um turbilhão.

Alana também foi trabalhar com roupas emprestadas da amiga e tentou desvencilhar dos pensamentos a respeito do que aconteceu e do que aconteceria mais tarde em casa. Quando retornou ao lar, surpreendeu-se com a postura de sua esposa. Ela estava sentada a esperando e seu semblante denotava contrariedade e seriedade.

— Oi!

Falou Alana pousando sua bolsa na poltrona.

— O que aconteceu com você, Alana?

O clima estava tenso e Alana não compreendia o motivo.

— Comigo nada. Por quê?

— Você não voltou para casa ontem e ainda pergunta por quê?

— Ei! Não fiz nada demais. Você sai com as suas amigas e eu tenho que entender, porque não entende que eu posso ter meus momentos também?

— Ah! Então é isso?! Vingança por eu sair com minhas amigas e você não aceitar.

— Não é nada disso! Aliás, nem saberia que você tinha saído com suas amigas, se não tivesse falado agora. O fato é que, você não se preocupa nem em falar. Se não estivéssemos discutindo, nem isso seria caso de você me comunicar onde esteve. Se não tivesse mandado um whatsapp para você, até poderíamos discutir o assunto, mas eu lhe avisei. Já você…

— Mandou de madrugada!

— E você não manda nada, mas chega em casa de madrugada. Não vê diferença?

— Está querendo me punir? É isso? Você não disse que amiga era e…

— …E eu conheço suas amigas?! Pelo menos a maioria, aliás, talvez nem você. Só pela mensagem que li no face, dá para perceber que a cada dia você faz mais amizades…

— Já falamos sobre isso! Ela era amiga da Renata…

………………………

Meses depois

— Cara, até hoje não acredito que em uma briga, nós nos separamos.

Thaís conversava com a amiga de longa data.

— Você foi reativa, Thaís. Você sempre saiu e quando ela sai, você bate de frente?!

— Não é bem assim, Val. Ela só fez para me afrontar, de vingança.

— Cara, você não “tava” na cabeça dela. Você falava que a amava, mas “tava” sempre inventando desculpa quando saía…

— Ei, você é minha amiga ou amiga dela?

— Sua. Não “conhecia ela” direito para saber como ela é, mas se tivesse casada, não entenderia porque minha mulher sairia sem mim. Bom, eu sou assim. Vocês tinham outra relação e sei lá…

— Pois eu queria sair com vocês sem amarras e ela poderia podar isso! Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa.

— Então ela foi pelo “outra coisa é outra coisa”. Qual o problema? Bom, de qualquer forma, já foi. Você tá solta. Vamos “dar” uma saída hoje? Vai rolar uma festa na boate “Ellas”. Tá afim de ir?

— Vamos lá. Não tenho nada para fazer no fim de semana mesmo.

……………

Em outro lugar

— Vai ser muito bom, Al!

— Tá. Tá. Eu vou. Quem sabe não encho a cara e consigo beijar alguma boca? Não “tô” aguentando mais remoer estes dois meses. Chega!

……………

Alana chegou à boate e começou a pensar que estava desatualizada. A música tinha um ritmo mais “hard” como ela costumava falar. Quanto tempo mesmo não fazia uma noitada?

………………

Thaís viu uma morena dançando na pista e sua imaginação divagou pelo corpo da outra. Já havia bebido uma dose de caipvodka e resolveu pegar uma dose de tequila para calibrar. Ia chegar “na morena”. Foi ao bar, pediu a dose e virou o shot. Voltou-se para a pista e…

…………….

— Que boca gostosa! Vem cá.

A morena apertou a outra morena contra a parede e devorava sua boca e pescoço sem pudores, sendo correspondida na mesma medida. Quando ouviu a outra perguntando se queria sair dali para um lugar mais tranquilo, não hesitou em aceitar.

……….

Thaís estava estática, quase paralisada. Sua amiga se aproximou e a tocou no braço.

— Que houve, amiga?

— Eu não tô acreditando no que estou vendo!

Val olhou para onde sua amiga mirava e viu duas morenas dando uns “amassos”. Não entendeu a princípio.

— O que é que tem?

— O que tem? O QUE TEM? Aquela é a Alana com aquela outra morena! “Filha da puta”!

Val olhou novamente e reconheceu a “ex” da amiga. Tinha vontade de rir e sacanear, mas sabia o quanto ela andava mexida. Só não a entendia plenamente, porém não conseguiu segurar e deu uma espetada na amiga.

— Ei, ela tá solteira como você. Você não queria pegar a morena também? Vamos combinar que ninguém é de ninguém, né?

……………..

Algumas semanas depois

— Gostosa! Vai Thaís! Mexe gostoso. Ah! Vou gozar, gostosaaa!

Pernas negras se entrelaçavam languidamente a outras brancas em uma pintura harmônica. Algumas horas depois uma mulher saía do apartamento de Thaís com um enorme sorriso no rosto.

— Valeu! A noite foi maravilhosa.

— Disponha!

Falou Thaís também sorrindo. A mulher retornou brevemente o olhar e fez uma pausa, como pensando se falaria ou não, mas decidiu por falar.

— Não entendo porque você e Alana se separaram. Vocês duas são maravilhosas…

— Hum? Não entendi. Você conhece Alana?

— Sim. Todo mundo conhecia vocês, bem… pelo menos no grupo do chopp. Há duas semanas ficamos juntas. Foi uma noite fantástica também… Bom, já vou indo. Beijinhos…

A mulher virou-se e saiu sem mais, deixando-a atônita.

……….

Tempos depois

— Festa em boate de dia e com direito a churrasco?! Essa não perderia!

Disse Alana para Larissa. A morena andava empolgada com as novas descobertas e sua mudança de atitude perante a vida.

— Como vocês descobrem essas coisas?

— Pra que serve rede social, amiga?

Chegaram com os convites e assim que entraram deram de cara com Thaís e um grupo em volta.

— Fica fria…

Sussurrou Larissa.

— Sempre fico. Se perdesse o controle, já tinha sido presa por matar metade desta boate. Não me afeta mais. Tenho vivido coisas que, sinceramente, não fazem parte de mim, mas foram boas experiências. Hoje sei quem e o que devo peneirar para mim. Em todos esses meses, vi cabeças diversas. Não julgo, pois cada qual com seus sabores. Só que hoje, sei o que levar para minha vida. Cada um com seu cada um, não é mesmo?! Eu também tenho o meu “cada um” que quero levar comigo.

— Então passa. Vamos para o outro lado da boate, pois não quero escutar a ladainha do “cada um” que você for ver com sua ex, tá legal?

Alana passou, não sem antes olhar para a ex-esposa, mas estava sorrindo, pois havia menos de um segundo, que escutara a amiga retalhando. Thaís se retesou e interpretou o sorriso como escárnio e desprezo. Em sua cabeça, a ex estava jogando com ela e não aguentava mais. Ela a amava. Como Alana poderia ser tão vil?

— Eu vou embora, Val! Ela me despreza! Está me sacaneando!

— Cara, tá maluca! Ninguém vê isso a não ser você. Para, garota!

— Eu sei. Eu a conheço!

— Será que conhece mesmo? A Alana não tá fazendo nada a não ser viver. O que deve passar na cabeça dela, que você anda fazendo então? Você tá sempre com uma garota nova estampando na cara dela.

— Para, Val! Você é minha amiga, porque me joga na cara essas coisas?

— Porque você está vendo coisas e quem atura seu mau humor sou eu. Sua ex nem fica perto da gente, quando a gente a encontra em algum lugar. Ela sempre se afasta, ou seja, não quer “passar na tua cara” nada! Você que se incomoda.

Thaís se amuou, mas permaneceu no churrasco da boate. Desta vez, não estava interagindo e vigiava os passos da esposa. Em dado momento, viu uma mulher se aproximando de Alana. Não aguentou e levantou-se com um único objetivo: acabaria com a festa da mulher ou com a festa da ex-esposa. Iria depender da interpretação de cada uma.

…………..

— Tá na festa sozinha, gata?

Dedos fortes prenderam um dos braços da mulher, antes que esta se adiantasse em alcançar o braço pendido da ex-esposa.

— Não! Ela tem quem a acompanhe!

Thaís exclamou resoluta, em terminar com a cena, que possivelmente se descortinaria a sua frente. A agonia era grande perante a expectativa da resposta de quem ela mais amou na vida.

— O quê?

Alana falou atônita.

— Eu quero falar com você!

Disse Thaís imperativa.

— Ah! E é assim que chega?

A mulher que chegara junto a Alana, olhava divertida.

— Meninas, divirtam-se! Tô fora de DR alheia hoje!

Saiu sorrindo diante da cena. Estava a fim de se divertir e não iria se estressar com bate-boca de quem nem conhecia.

— Legal, agora estragou minha tarde!

Exclamou Alana indignada.

— Que bom, pois agora poderemos conversar como adultas.

Thaís falou arrogante.

— Adultas? Minha querida, de adulta aqui só existe uma. Eu!

— Ah, é?! E por que você insiste em me provocar nessa picuinha, sempre que estamos no mesmo espaço?

— Provocar? Eu por acaso estou lhe provocando com que?

— Ah! Não sabe? E esse monte de meninas que você tá saindo e ainda esfrega na minha cara? Essa semana a Pat me falou na “lata”, que não sabia por que estávamos separadas, pois tinha ficado com você também e te achou “super” legal!

Thaís falou irônica.

— Tinha ficado comigo “também”! Tô entendendo… Isso foi antes ou depois de vocês terem transado?

Alana falou em tom cínico deixando Thaís desconcertada. Baixou a cabeça. Depois que terminaram ela saíra com pelo menos duas garotas por semana, numa busca desenfreada, a fim de preencher o vácuo que se instalara em sua vida. Alana já se voltava para ir embora dali, quando Thais segurou seu braço delicadamente. A morena se voltou e mirou os olhos suplicantes e permeados de tristeza. Alana conhecia sua ex-esposa. Thaís era uma mulher de temperamento forte, mas nunca conseguira esconder certos sentimentos. Sabia que a outra morena estava mexida.

— Por favor! Eu preciso falar com você. Estou perdida. “Te” amo muito e fui uma completa imbecil.

Thaís não aguentava mais a distância que as separava e apesar de ser teimosa, sabia que tinha vacilado. Alana meneou a cabeça concordando em conversarem.

……………….

Meses depois

— Thaís, eu vou sair com a Larissa e as meninas. Quer vir comigo?

— Vai chegar tarde? É que marquei com a Renata e a Val para irmos a um barzinho, mas chego por volta das onze horas da noite.

— Vão a qual barzinho?

— No “Demoiselle”. Quer chamar Larissa e as meninas para nos encontrarem lá?

— Vou falar com elas, Thaís, mas a Larissa está fazendo a despedida de solteira dela e não sei se já tem um lugar. Não devo chegar cedo, pois sabe como são essas despedidas.

— Tá legal. Já aprontei a janta, pois a gente sempre chega com fome dessas saídas.

Alana sorriu do outro lado da linha. Quando conversaram, Thaís havia prometido uma vida em comunhão e companheirismo de verdade. Estava se esmerando em partilhar. Alana, por sua vez, colocou as suas frustrações de quando eram casadas e acordaram de dividir as necessidades de cada uma e tentar compreender as limitações, desde que não impusessem nada ou magoassem a outra. Sabia que a sua esposa, muitas vezes não gostava que saísse sozinha com as amigas e tudo por puro ciúme, mas se ela queria esta liberdade, não poderia cerceá-la das suas amizades. Thais passou a avisá-la e convidá-la para as suas saídas.

Alana conheceu verdadeiramente as amigas de Thaís e, na verdade, viu que a maioria tinha opiniões parecidas com as suas. Etou-se com a recepção das amigas de sua esposa. Eram pessoas legais e concluiu, que o que Thaís fazia, era por uma característica dela e não por influência das pessoas.

………………

Em outro momento

— Amor, a Renata vai fazer a despedida de solteira dela na boate “Aurora”. Talvez chegue só de manhazinha…

— Tá legal. Então aproveito para dormir na casa da Larissa. Ela e Geisa já estão me chamando há tempos para fazermos um “queijos e vinhos” e não quero vir dirigindo depois de beber…

— Ei, “pera”! Não terminei de falar. A Renata te convidou. Quer ir comigo?

Alana sorriu do outro lado da linha, sem deixar que a esposa percebesse. Sabia que algumas coisas não mudariam tão rápido, só não mais, deixava de “incentivar” essas mudanças.

Fim

 



Notas:



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