MARCELA

Dá para ter uma ideia do que senti vendo a minha namorada na cama com aquela louca da Natalia. Quase enlouqueci. Tive vontade de morrer, mas isso durou apenas alguns segundos, pois logo me dei conta de que Joana nunca me faria uma coisa dessas.

Aqueles olhos negros me diziam o quanto me amavam sempre que cruzavam com os meus e nunca me trairiam daquela forma.

Havia me separado da Aninha no meio do caminho para sua casa. Estávamos muito empolgadas com o casamento das nossas amigas. Confesso, me perguntava se Joana e eu, algum dia nos amaríamos tanto quanto elas. Esperava, sinceramente, que sim.

Entrei em casa, ansiosa para mostrar a ela meu novo corte de cabelo. Havia me deixado levar pela Aninha e escolhi um corte pouco acima dos ombros.

— Está na hora de mudar, Marcela. Vida nova, amor novo, cabelos novos — pontuou e acatei seus conselhos.

Até que ficou bonito e esperava que Joana também achasse o mesmo. Quando entrei no quarto, a encontrei adormecida e nua sobre a cama. Um lençol lhe cobria dos seios até as coxas. Natália, também nua, se enroscava nela, repousando a cabeça em seu seio. Ela fingiu estar dormindo quando me viu, depois foi abrindo os olhos vagarosamente e fingiu surpresa ao me ver.

Meu coração quase parou de tristeza, mas algo me dizia que aquilo estava errado. Joana não era disso. O pouco tempo em que estávamos juntas havia me dado uma boa ideia de seu caráter e recordei de todas as vezes em que Natália havia surgido à nossa frente em busca dela e da forma fria Joana lhe dedicava o olhar.

Não, ela jamais me trairia daquela maneira.

Natália esboçou um sorriso cínico e deu um beijinho no pescoço de Joana com olhar triunfante. Isso foi a última gota de água para mim, pois se as vendo daquele jeito meu sangue já fervia de ódio, depois daquele gesto devia ter evaporado.

Avancei até a cama com passas rápidos e duros, a peguei pelos cabelos arrastando-a de cima de Joana. Ela era mais alta e mais forte fisicamente, mas o ódio me dominava. A atirei no chão e sentei sobre seu corpo nu. A esmurrava, arranhava, xingava. Ela tentava, em vão, se defender. Bati e bati muito nela até me dar conta de que se continuasse a mataria.

Ela estava num estado lastimável quando saí de cima dela e olhei para Joana, com toda aquela gritaria ela sequer se mexera. Isso não era nada comum, pois ela tinha o sono leve.

— O que você fez? — questionei tentando acordar Joana.

Chorando, Natália ainda tentou negar que havia feito algo, mas voltei a estapeá-la e ela confessou o que havia feito.

Foi um alívio quando Joana acordou. Eu estava desesperada, não sabia mais o que fazer para ela acordar. Chorei como uma criança abraçada a ela por muito tempo, incapaz de colocar em palavras todo o medo que havia sentido de perde-la.

Quando me acalmei, ela me soltou e foi vestir-se. Apanhou as roupas de Natália do chão e as entregou a ela sem sequer olha-la. Vinte minutos depois, estávamos sentadas na sala, Natália havia se recolhido para o sofá de cabeça baixa e Joana manteve-se de pé ao meu lado. Ela havia, contra a minha vontade, feito um curativo no ferimento daquela cretina e lhe dado uma toalha com gelo que a filha da bruxa de Blair pressionava contra o olho.

— Estou esperando sua explicação, Natália — Joana cruzou os braços, seu olhar era severo.

A bruxa começou a chorar de novo e que vontade tive de voltar a bater naquela carinha de sonsa.

— Quero saber por que fez tudo isso e o que você pôs no meu suco — Joana exigiu.

Natália fungou e ergueu o olhar.

— Eu te amo de verdade, Jô.

— Bela forma de demonstrar — Joana foi mordaz.

— Me arrependi muito de ter ido embora, de negar o nosso relacionamento, por ter te insultado, por tudo que fiz e disse. Tentei mentir para mim mesma que tudo o que havia acontecido entre nós havia sido apenas uma loucura. Uma loucura boa, mesmo assim uma loucura.

Ela afastou os cabelos que caíam sobre os olhos amendoados e sorriu tristemente.

— Que idiota, não é mesmo? Tentei mentir para o meu coração tantas vezes e de tantas formas diferentes, mas ele sempre retornava para você, para a moleca que roubou meu coração e bagunçou meu mundo. Foi assim por um ano inteiro até que finalmente percebi que loucura havia feito ao negar meus sentimentos, ao negar minha natureza, ao negar você.

Riu nervosamente, balançando a cabeça negativamente.

— Por isso voltei disposta a te reconquistar e viver esse amor contigo. Mas quando cheguei, descobri que você estava namorando essa daí — olhou para mim fazendo uma careta.

— O nome dela é Marcela — Joana informou com voz fria.

— Marcela — Natália repetiu como se meu nome amargasse em sua boca. — Você sabe como sou, nunca desisto do que quero e era você que eu queria, por isso, tentei por várias vezes falar contigo às sós, mas a sua namoradinha aí é um grude e nunca te larga!

— Não largo mesmo! Se depender de mim, não largo nunca mais!

Nos olhou desconsolada, enquanto me agarrava à cintura de Joana, possessiva.

— Quando a vi no salão com a Ana, não pensei duas vezes, precisava tentar mais uma vez. Mas você me rejeitou de novo, então pensei em apelar.

— Apelar?

— Sim. Nunca fui de fazer essas coisas, mas fiquei desesperada com a sua rejeição. Então, coloquei uma droga no teu copo quando você se distraiu. Era só para você ficar animadinha e acabar facilitando um pouco as coisas entre nós.

— Sua safada, vou acabar contigo! — avancei em direção a ela que se encolheu toda no sofá. Joana teve que fazer muita força para me segurar até que me acalmasse.

Quando relaxei, me soltou de seu abraço, mas a surpreendi. Ao ser liberada, me aproximei o suficiente de Natália para acerta-lhe um belo tapa no rosto. Depois, com um sorrisinho cínico fui sentar-me no outro sofá.

Joana me olhou com ar de reprovação, mas tinha quase certeza que ela estava se divertindo com isso. Natália esfregava a face que lhe batera quase violentamente.

— Continue — Joana ordenou.

Uma lágrima escorregou por seu rosto e quase tive pena dela naquele momento, mas queria tirar toda aquela história a limpo tanto quanto Joana.

— Como eu dizia, acho que exagerei na dose e você apagou. Senti um medo danado de ter te matado, sei lá. Mas vi que você estava apenas dormindo, então pensei que se não faríamos nada, poderia pelo menos fazer a sua namoradinha pensar que tínhamos feito.

Fiz questão de me levantar do sofá, mas ao olhar de reprovação que Joana me lançou parei e voltei a me sentar.

— O que aconteceu depois você já sabe…

— Quando pensei que não poderia me decepcionar mais contigo, você mostra o contrário — senti tanta tristeza na voz de Joana que meu coração ficou apertado.

Ela baixou a cabeça.

— Não se preocupe, não vou mais empatar a vida de vocês. O que aconteceu hoje foi o suficiente para ver que não existe mais lugar para mim em seu coração. Vou embora desta cidade e não pretendo mais voltar.

— Já vai tarde! — falei.

Natália começou a se levantar, mas parou de repente e voltou a sentar-se.

— Antes de ir, tenho algo para contar a vocês.

— Não demore — alfinetei.

Joana me olhou com reprovação, mas nada disse.

— Há alguns dias o prefeito me procurou.

Meu estômago se contraiu.

— Pediu para conversarmos, disse que queria que o ajudasse a separar vocês.

Seu olhar vagou pela sala antes de continuar com voz arrastada.

— Jô, você sabe que nunca fui de fazer esse tipo de coisa. Sempre fiz jogo limpo, mas estava desesperada. Não conseguia falar com você. O fato é que ele me convenceu. Seria uma via de mão dupla; eu faria isso, mas para ficar com você e ele teria a filha dele de volta.

— Explique direito — exigi.

— Ele queria que fizesse exatamente o que fiz, que desse um jeito de você flagrar a Joana e eu juntas. Não vou mentir, a ideia me agradou, mas eu queria que você — seu olhar estava fixo em Joana — voltasse para mim por amor, por isso disse não para ele.

— Se você disse não, então o que foi que aconteceu aqui? — Joana saiu de seu silêncio.

— Disse que gostei da ideia, não disse? Eu tentei fazer você voltar pra mim da forma certa. Pedi perdão, pedi outra chance e você não me deu. Então, fiz o que fiz. Na hora só pensava que se estivessem separadas, seria mais fácil para você perceber que ainda me amava.

 Seus belos olhos ficaram marejados e pousaram em mim.

— Mas, depois do que vi, percebi que talvez tenha me amado um dia, mas nunca me olhou da forma que olha para você…

Engoli em seco, emudecida. Ela enxugou as lagrimas com as costas das mãos e tentou sorrir.

— Jô, me desculpe por tudo que fiz, mas eu tinha que tentar.

Joana sentou ao seu lado, passou a mão em sua face e deu—lhe um beijo na bochecha.

— Natty, você pode não acreditar, mas foi uma das melhores coisas que me aconteceram na vida. Sofri muito por tua causa, sim. Mas hoje te agradeço, pois toda a dor e sofrimento que me causou, de certa forma, me trouxeram Marcela.

Natália tentou sorrir. Eu estava com um ódio danado daquela cretina, mas não conseguia deixar de sentir pena dela.

— Jô, espero um dia encontrar alguém que me olhe assim como você olha para a sua morena arengueira — Joana sorriu, até eu ri disso.

Ela levantou-se e caminhou até a porta, mas antes de sair voltou-se.

— Tem mais uma coisa.

Deixei um suspiro irritado escapar, a criatura gostava de dar informações à prestação.

— Ele falou que se isso não desse certo, tomaria outras providências. Tive medo do jeito que falou, Marcela. Ele me avistou pouco depois que você entrou no salão. Estava na cara que havia seguido você. Veio até mim e foi logo dizendo o que queria que fizesse. Respondi, mais uma vez, que não e ele falou isso.

Sussurrou um “adeus” antes de fechar a porta e torci para que fosse realmente a última vez que a veria.

JOANA

Fiquei muito tempo olhando para a porta em silêncio. Marcela me abraçava, escondendo seu rosto entre meus cabelos. Pelo menos, aquela confusão havia servido para Natália perceber que o que sentia por ela havia muito tempo deixou de ser amor ou rancor. Felizmente, ela entendeu que em meu coração só havia espaço para Marcela.

Alguma coisa de boa eu tinha de tirar disso tudo e era a confiança e amor que Marcela sentia por mim. Outra, no lugar dela, talvez nem olhasse mais para minha cara. Sinceramente, até eu mesma tinha dúvidas se entenderia toda aquela cena como ela fez, mas era fato que amava Marcela loucamente e se fosse o caso não a entregaria de mão beijada para outra sem lutar.

— Amor — chamei.

Ela apertou ainda mais o abraço e respondeu em um sussurro.

— Eu sei. Meu pai não vai desistir assim tão fácil.

Era incrível a sintonia que tínhamos. Eu pensava e ela transformava meus pensamentos em palavras. Algumas vezes isso era irritante, mas na maior parte do tempo me encantava.

Ela tinha razão, depois dos últimos acontecimentos estava claro que o prefeito, Sr. Felipe Farias, não iria nos deixar viver nosso amor em paz.

— É… Depois vemos como iremos resolver isso. Vamos esquecê-lo um pouco, sim?

A puxei carinhosamente em direção ao sofá, deitamos e nos enroscamos curtindo o calor do corpo amado. Nem interessava que lá fora estava um sol de rachar e a temperatura castigava. Tudo que queríamos era nos sentir, ter certeza de que éramos uma e nada, ninguém, nem mesmo uma força da natureza seria capaz de nos separar.

Assim chegou a noite. Ficamos a tarde toda naquele sofá. Palavras não foram ditas, não havia necessidade de falar, pois sabíamos o que queríamos e ninguém seria capaz de destruir o que sentíamos.

— Mas, o que vocês fizeram a tarde toda que ainda não estão prontas? — Edu entrou no apartamento sem bater na porta ou apertar a campainha, como de hábito. JP vinha logo atrás dele seguido por Aninha.

— Você já ouviu falar em campainha? — perguntei com ar fingido de zanga.

— Querida irmãzinha, ainda estou tentando flagrar vocês no bem bom. Até lá, desconheço essa tal de campainha! — ironizou.

Ele não tinha mesmo jeito. Com todo aquele falatório, Marcela nem se mexera. Afastei alguns fios de cabelo de seu rosto e a chamei.

— Amor.

— Não, linda. Não estou mais com clima para sair e comemorar — ela respondeu sem sequer abrir os olhos.

Edu arqueou as sobrancelhas e olhou-me interrogativamente.

— Depois explicamos — sentei e me espreguicei.

Marcela seguiu meu exemplo e Aninha se aproximou com um jeito de poucos amigos, ergueu o dedo, colocou a mão na cintura e antevi o sermão antes dele acontecer.

— Não tenho a mínima ideia do que aconteceu e não quero saber agora, mas vocês prometeram a Cris e Hellena que estariam lá para apoiá-las nesse momento tão importante e eu não passei metade da tarde tentando convencer Marcela a mudar o visual para que passasse a noite enfiada neste apartamento. Levantem essas bundas desse sofá agora e vão se arrumar ou arrasto vocês pelos cabelos. É sério!

— Vixe, a ruivinha se enfezou! — João Paulo soltou com um sorriso e foi acompanhado por Edu.

Balancei a cabeça concordando.

— Aninha tem razão, Marcela. Não podemos furar com as meninas.

Ela coçou os olhos como uma criança e tentou sorrir.

— Por elas — falei, a mão sobre sua coxa com uma leve pressão.

— Por elas — concordou e ergueu-se me arrastando junto consigo para o quarto.

Me enfiei em baixo do chuveiro ainda sentindo o efeito da droga que Natália usou.

— Maluca! — falei para o chuveiro que abafou a palavra.

Marcela já havia tomado banho e se trocava no quarto. Aproveitei aquele momento sozinha para soltar um pouco da raiva e medo que sentia. Esmurrei a parede, xinguei, chorei.

Tive sorte àquela tarde. Sorte por Marcela, apesar do pouco tempo de namoro, confiar em mim e no sentimento que nos unia; sorte de não ter morrido com o que quer que Natália colocou em meu suco.

Me perguntei quanto tempo levaria até que o pai de Marcela conseguisse nos separar ou me matar. Não me iludia, sabia perfeitamente o que ele quis dizer quando disse que eu pagaria por estar com Marcela. Vi a raiva, o ódio em seu olhar e temi por minha vida, mas quis acreditar que ele jamais seria capaz disso. No entanto, depois do que Natália nos contou, concluí que estava tão cego de ódio que seria capaz de fazer qualquer coisa para nos separar.

— Mas o que foi que aconteceu aqui? — Aninha perguntou entrando no quarto.

Marcela me ajudava com o zíper do vestido. Pelo espelho vi o rosto confuso da nossa amiga e o olhar triste de Marcela. Quase deixei o baixo astral me dominar outra vez, mas me obriguei a sorrir na tentativa de afastar o mal-estar que a bagunça em que nosso quarto se encontrava me trazia.

— Dá próxima vez que fizerem sexo selvagem, forrem as paredes e móveis com plástico bolha — Ana brincou e se apossou do estojo de maquiagem me ajudando com a sombra para os olhos.

Marcela não achou graça no comentário e o meu sorriso no espelho pareceu forçado e sem graça. Isso não passou despercebido a Ana.

— Ok, o que foi que aconteceu?

— Um furacão chamado Natália — respondi chateada.

— Você quis dizer um pesadelo chamado Natália — Marcela me corrigiu.

Dei de ombros, cansada demais para discutir a respeito.

— Uma outra hora te contamos, Aninha. Estamos atrasadas e pelo que me lembro, não somos as noivas.

***

Uma gargalhada infantil superou a música alta e o burburinho. Segundos depois, um serzinho de bochechas rechonchudas e grandes olhos azuis correu em direção a nossa mesa e se atirou nos braços de Aninha que apertou a menina carinhosamente e depois lhe fez cócegas.

Com tanta alegria à nossa volta, foi quase impossível Marcela e eu não nos rendermos a ela. Aninha colocou Isabela, sobrinha de Hellena e sua prima também, no colo e se juntou à meia dúzia de casais que dançavam ao som de The Time of My Life.

Marcela se empolgou e me arrastou para a pista de dança. Encantada, descobri o quanto era gostoso dançar com ela, sentir seu corpo movimentando-se sensualmente junto ao meu e ri do brilho provocante em seu olhar.

— Se soubesse que era tão bom dançar contigo, teria feito isso antes — comentou.

— Da última vez em que dancei em uma festa, você me chamou de desavergonhada — recordei.

Ela revirou os olhos.

— Parece que faz tanto tempo.

— Verdade — concordei.

— Fui uma cretina idiota com você.

— Verdade — concordei outra vez e ela me beliscou. — Ai!

Fez um bico.

— Você mereceu.

— Apenas concordei com você, anjo — argumentei em minha defesa.

— Você quer outro beliscão? — perguntou em tom de ameaça.

Ri gostosamente e lhe dei um selinho rápido.

— Quero — respondi faceira. — Mas só um beliscãozinho e carinhoso, pois já percebi que a senhorita tem uma mãozinha bem pesada.

— Vá avisando as suas ex-namoradas que é bem pesada mesmo — sorriu com olhar malvado.

A puxei para mais perto escondendo meu rosto em seus cabelos, enquanto observava Cris beijar Hellena carinhosamente ao fim da música.

Aninha colocou Isabela no chão e a menina espoleta se enfiou entre as tias separando-as e exigindo colo. Cris a colocou nos braços e lhe sapecou uma série de beijinhos antes de entrega-la a Hellena.

— Estão lindas — Aninha comentou juntando-se a nós, percebendo que eu as observava atentamente. Ambas usavam vestidos longos na cor marfim com modelos diferentes. Os cabelos de Hellena estavam presos em um coque elegante, uma mecha de fios cacheados lhe caía rebelde sobre a testa dando-lhe um ar sapeca e ao mesmo tempo sedutor. Já Cris, tinha os cabelos soltos derramando-se em seus ombros.

Concordei inclinando a cabeça e sem afastar o olhar das noivas. Conseguia imaginá-las dali alguns anos em uma cena semelhante com outra criança em seus braços, desta vez, filha das duas.

Éramos muito jovens para isso, mas não conseguia abandonar a ideia de que queria Marcela para sempre ao meu lado e desejei, secretamente, que aquele também fosse o nosso futuro.



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