Passaram duas semanas, Ana tentava evitar tudo e todos, não atendia Gisele que insistia em ligar e mandar mensagens, até Isadora tentou falar com ela e ela pedia para a secretaria dizer que não estava ou estava em reunião, tentou falar com Drica mas ela não atendeu e nunca mais esteve on line no MSN.

Era final de tarde, Ana estava esgotada, não dormia direito e estava se alimentando muito mal, Bia avisou que estava de saída e Ana resolveu ficar mais um pouco.

Uma hora mais tarde ela decidiu ir para casa, e quando abriu a porta deu de cara com Isadora esperando por ela no corredor.

— Bonito hein, fugindo de mim ha duas semanas, eu deveria deixar você de lado, mas eu não consigo, o que aconteceu Ana Paula?

— Isa, me desculpa.

Ana disse isso e já foi logo se aninhando no abraço da amiga, não resistiu e chorou no colo de Isadora.

— Chora, porque chorar lava a alma, mas o que aconteceu Ana? Você brigou com Adriana?

— Você tem um tempo?

— Todo o tempo do mundo.

Ana sorriu e as duas desceram, foram no shopping e se sentaram na praça de alimentação, Ana relatou todo o ocorrido para Isadora que escutava atenta a todos os detalhes.

— Isa eu perdi a chance que eu tive de estar com uma pessoa maravilhosa por causa de Gisele.

— Não amiga, eu sinto muito mas foi por sua causa. Você ainda ama Gisele, e não teve tempo para se desprender desse amor para viver um romance com Adriana.

— Foi tudo muito rápido e muito intenso.

— Sim, e a Gisele como sempre te manipulou direitinho, e você caiu igual a um patinho.

— Eu sei.

— E agora? Drica não te atendeu mais não é.

— Não.

— Você tem duas opções correr atrás da sua felicidade ou ficar ai sentada esperando aquele encosto aparecer para te segurar de novo.

— Amiga ela não me atendeu mais, já mandei vários e-mails, ela não responde, o que você quer que eu faça?

— Vai atrás dela.

— E se ela não me receber?

— Ela está magoada, se você não mostrar que quer reconquistá-la ela nunca vai saber.

— Eu não tenho coragem.

— Então não fica se lamentando, vida que segue.

As amigas ainda ficaram por ali algum tempo até irem para casa. Ana ficou pensando no que Isadora falou, e até ensaiou procurar por Drica, mas acabou desistindo.

*********************

Adriana já estava trabalhando normalmente, o corte cicatrizado, mas o coração ainda estava em retalhos, não saia mais com as amigas, apenas trabalhava para ocupar a mente, evitou falar com Isadora para não ouvir a amiga falar sobre Ana Paula, e sua vontade era de mudar completamente sua vida.

Adriana estava olhando alguns e-mails e viu um da faculdade que cursara, abriu por curiosidade e era o informativo sobre um curso de pós- graduação em controladoria a ser cursado na Universidade de Harvard nos Estados Unidos, e a faculdade fizera um convenio para mandar ex-alunos para esse curso, na mesma hora Drica pegou o telefone e ligou para a faculdade, conversou com a coordenadora do curso de Ciências Contábeis, elas se conheciam, Drica teve aulas com a Professora Eunice.

— Boa noite Eunice, tudo bem? É Adriana Ferreira, eu estudei na sua turma de Tributária em 2010.

— Hum, sim eu me lembro de você, você não gostava muito de tributos não é mesmo?

— É verdade, mas eu estou ligando pois eu recebi um e-mail da faculdade com um informativo sobre uma especialização em Harvard, como funciona isso?

— Sim, que bom que você se interessou, é bem a sua área mesmo, eu lembro que você gostava muito das aulas de controladoria, eu vou te explicar, e eu acho que você deveria passar aqui no campus para pegar o formulário, as vagas não são muitas, e o prazo para a inscrição também será bem curto.

A professora explicou para Drica sobre o curso e ela marcou de passar no campus no dia seguinte. Aquele curso parecia ser a melhor saída para ela naquele momento, Drica tinha algumas economias guardadas e conseguiria ficar tranquila para fazer a especialização e se manter em outro país.

No dia seguinte antes de ir para o escritório ela passou no campus, e pegou os formulários para preencher, entregou os documentos necessários, e a partir daquele momento, iria estudar, pois prestaria um exame de qualificação que indicaria os melhores colocados para ir a Harvard.

Deixou o local animada, pois sempre fora muito inteligente e conhecia muito bem os assuntos que seriam abordados no exame de qualificação e estava muito confiante no resultado. Preferiu não comentar sobre isso com as sócias, pois se não conseguisse a vaga permaneceria tudo da mesma forma e teria um bom tempo para ajustar tudo caso passe para o curso.

************

Adriana foi passar o fim de semana na casa de Paula e Alessandra, em Copacabana, estava se sentindo sozinha e triste e as amigas a convidaram para ficar com elas, foi direto do escritório na sexta-feira.

Pararam em um quiosque na praia para conversar e tomar uma cerveja, Adriana não queria ir para a balada.

— Drica, vamos para uma baladinha hoje, aqui mesmo em Copa.

— Ai Ale, eu não quero ir para boate, pretendo dormir cedo hoje para pegar uma praia amanhã.

— É a primeira branquela que eu conheço que gosta de praia desse jeito.

— E qual o problema?

— O problema é que você quer madrugar na praia, e eu não gosto de acordar cedo.

— Então você fica dormindo e eu vou pegar um lugar bom para ficar, depois você me encontra.

— Essa é uma boa ideia.

— Ai, parem vocês duas, quem quiser ir cedo para a areia amanhã vai, e ponto final.

Elas acabaram rindo da confusão gerada por acordar cedo.

— Adriana, você sabe o que eu encontrei lá em casa essa semana? – Alessandra sorveu um gole de cerveja—

— O que?

— O cartão daquela arquiteta gostosa que deu em cima de você.

— Que história é essa de gostosa Alessandra? – Paula dizia colocando a mão na cintura—

— Calma meu amor, ela é da Drica.

— Que minha, eu hein! O que você anda bebendo Ale? Tem alguma coisa nessa cerveja. – Adriana pegava o copo de Alessandra para olhar —

— Mas convenhamos Drica, ela é muito bonita sim.

— Paulinha eu nem reparei, eu fiquei com tanta vergonha que nem percebi nada nela.

— Pois devia, ela te deu mole a noite inteira, seria uma ótima oportunidade de esquecer aquela mosca morta.

— Alessandra!

— O que foi?

De repente uma mulher se aproxima da mesa onde as meninas estavam sentadas e Paula repara que é a arquiteta da outra noite.

— Falando na corda.

— O que? – Adriana não entendeu a colocação de Paula –

— Com licença, boa noite.

Adriana olhou e conheceu a mulher do cartão, ficou sem voz, ela estava ali ao seu lado, e ela pôde reparar melhor no corpo malhado da mulher de pele morena, dentro de um jeans apertado e a blusa tomara que caia delineando os seios, deixava à mostra uma marquinha de biquini, nos pés uma sapatilha preta, os cabelos pretos ondulados estavam soltos sobre os ombros, uma visão espetacular.

As meninas cumprimentaram a morena e Adriana ainda permanecia sem palavras, não sabia se era de susto ou de tamanha beleza ao seu lado.

— Perdeu a língua? – a morena dizia provocante –

— Boa… Boa noite. – Drica gaguejava –

— Eu peço desculpas pela minha indiscrição, mas eu não me contive quando a vi aqui novamente. Muito prazer, Mariana Santos. – a morena estendeu a mão para Adriana –

Ela levantou meio sem jeito e retribuiu o gesto.

— Prazer, Adriana Ferreira.

Ela ainda ficou observando os traços fortes da morena sem falar nada, e percebendo o clima de indecisão no ar, Paula e Alessandra se apresentaram.

— Oi Mariana, eu sou Paula e essa é minha esposa, Alessandra.

— Muito prazer.

Adriana permanecia sem ação, e Paula acabou se metendo na situação.

— Mariana quer se juntar a nós? Estamos apenas conversando e tomando uma cerveja.

— Eu não quero incomodar.

— Incomodo nenhum, sente-se conosco.

Adriana estava tão nervosa que ao sentar derrubou a tulipa com cerveja sobre a mesa.

— Minha nossa, como eu sou desastrada! Eu molhei vocês?

— Não Drica, estamos secas.

O garçom veio limpar a mesa e trocou o papel para as meninas ficarem mais a vontade.

— Mariana, você é arquiteta não é?

— Sim, sou, meu escritório é aqui na Vieira Souto, eu adoro parar aqui para tomar um chope depois do expediente, geralmente venho com alguns amigos.

— Você mora por aqui? – Paula perguntava—

— Moro no Leblon. E você Adriana? Está tão quieta.

— Eu sou quieta. – Adriana estava completamente sem graça –

— Você mora por aqui?

— Não, eu moro em Niterói, elas que moram na Nossa Senhora de Copacabana.

— Eu morei em Niterói na minha adolescência, morava no Ingá.

— Conheço, meu apartamento é em Icaraí.

— Eu nem tive oportunidade de conversar com você naquela ocasião.

— Que ocasião?

— Na primeira vez que eu te encontrei aqui.

— Tínhamos uma festa para ir. – Adriana mentiu para não dizer que saíra fugindo da morena na outra noite—

—  Entendi.

— Você está esperando alguém? – Adriana tentava mudar de assunto –

A essa altura, Paula e Alessandra eram meras expectadoras da conversa das duas.

— Não, eu estava apenas com a intenção de comprar uma água de coco para pegar o carro e ir embora, mas quando a vi aqui eu resolvi vir me apresentar, não poderia perder a oportunidade de te conhecer.

Adriana engoliu um grande gole de cerveja, e olhava para Paula como se pedisse socorro para a amiga. Só que ela não se manifestou deixando Adriana desesperada.

— Imagina, que isso, não sou tão interessante assim.

— Eu não diria isso. – Mariana olhava com desejo para Adriana –

— Está quente hoje não é? – Adriana bebia o restante da cerveja do copo –

— Vocês trabalham juntas? – Mariana perguntava –

— Sim, temos uma contabilidade no Centro da cidade.

— Hum, bom saber, eu estou mesmo precisando de uma ajuda contábil, o meu contador é um banana, eu acho que ele está fazendo meus tributos todos errados.

Alessandra puxou um cartão da bolsa, anotou algo a caneta e entregou para a arquiteta.

— Liga para marcarmos uma consultoria, eu vejo isso para você.

— Vou ligar sim, pode deixar. – Mariana sorriu ao perceber que Alessandra anotou o celular de Adriana—

— Mais uma rodada? Mariana quer beber mais alguma coisa?

— Não, eu vou deixar vocês a vontade, afinal eu invadi o espaço de vocês, eu vou pegar o carro para ir para casa.

— Não se preocupe, você não atrapalhou em nada, se quiser pode ficar mais um pouco. – Ai—

Adriana deu um chute na canela de Alessandra por baixo da mesa.

— O que foi amor?

— Acho que foi um mosquito. – ela olhava para Adriana fazendo uma careta por conta do chute –

— Não, meninas, obrigada pelo convite, quem sabe um outro dia.

— Tudo bem então, foi um prazer te conhecer Mariana.

— O prazer foi meu. – ela olhava para Adriana—

— Tchau Mariana.

— Até logo Adriana.

A arquiteta foi cumprimentar Adriana segurou sua mão e ao beijá-la, deixou sua boca encostar no canto dos lábios da contadora para provoca-la. Adriana ficou encarando o seu olhar sedutor sem saber como agir, estava sendo envolvida pela sedução de Mariana.

 A morena soltou Drica e deu um tchauzinho para as meninas, saindo em direção dos carros estacionados na orla da praia, Adriana ficou acompanhando cada passo, o seu rebolado a deixou hipnotizada, a visão era espetacular, provocante, Mariana ainda olhou para trás e constatou que Adriana ainda a acompanhava, o que a deixou feliz pois percebeu que mexeu com a contadora.

— Adriana, planeta terra chamando Adriana.

— Oi, o que foi?

— Senta menina, vai ficar ai parada até que horas?

— Agora você reparou que ela é gostosa não é? –Ai!  — Paula deu um beliscão na esposa –

— Vocês resolveram me bater hoje, hein, eu vou dar queixa na policia.

— Ela é muito bonita mesmo.

— Adeus mosca morta! Eu vou te dar o cartão dela para você guardar.

— Alessandra!

— O que foi?

E assim, Adriana descobria que o mundo a sua volta era muito mais do que Ana Paula.

******************

Passado duas semanas Adriana fez as provas, e como sempre se saiu muito bem, estava certa que havia passado, só faltava receber o resultado marcado para uma semana, na data agendada, ela foi até o campus verificar o resultado, qual não foi a sua surpresa, o seu nome estava na lista de aprovados e foi encaminhada para uma entrevista com um preletor do curso, a entrevista foi feita em vídeo conferencia. Recebeu um telegrama em casa com a resposta positiva informando que fora selecionada para fazer o curso, voltou ao campus e a coordenadora entregou-lhe mais alguns formulários, agora todos de Harvard, para serem enviados à Universidade para fazer a matricula e algumas orientações.

Já recebeu a data para o inicio do curso e instruções para optar, dormir no alojamento da faculdade ou alugar um apartamento em Boston, próximo à universidade.

Agora Adriana teria outro problema, avisar às amigas que sairia da sociedade para ir estudar fora. Essa era a única parte que lhe cortava o coração, deixar as amigas para trás.

Chegando ao escritório, ela sentou-se à sua mesa e olhou ao redor, percebeu que sentiria muita falta dali, era o seu refúgio, o seu porto seguro.

Decidiu revelar de uma vez antes que começasse a chorar antes mesmo de começar a falar.

— Meninas, eu preciso falar com vocês.

— Pode falar.

— Eu não sei bem como começar.

— Você está grávida? A mosca morta voltou para você? Aquele encosto deixou vocês em paz? Eu não acredito que você perdoou aquela biscate.

— Alessandra!

— O que foi? O que eu fiz?

Alessandra como sempre, com suas tiradas.

— Não é nada disso! Eu passei para uma especialização em Harvard, fui selecionada para fazer minha pós nos Estados Unidos.

— Ahhhhhhhhhh, Eu não acredito! Parabéns!

As meninas correram para abraça-la dando os parabéns, e felicitando pelo feito, todos sabem como é difícil conseguir uma vaga em uma universidade no exterior.

— Meus parabéns! Você é foda mesmo hein garota!

— Vocês não estão zangadas comigo?

— Por quê? Você vai fazer especialização em Harvard, a melhor universidade do mundo, eu quero mais é que você vá logo.

— Porra, você quer mesmo é se livrar de mim, hein Paula.

— Não meu amor, não foi nesse sentido que eu falei.

— Eu sei, eu estava brincando, é que eu fiquei com medo, pois vou ter que deixar a sociedade.

— Nem pensar. Você não vai sair da sociedade. Você bebeu?

— Como assim? Eu vou ficar um ano longe Ale.

— E daí? Quando você voltar o seu espaço estará aqui te esperando.

— Eu assino embaixo.

— Vocês são demais mesmo.

Nessa hora Drica não aguentou e acabou chorando, por estar com as melhores amigas do mundo.

— Mas como vocês vão fazer sozinhas? Irão precisar de alguém, para ficar no meu lugar.

— Nós contratamos algum técnico, não se preocupe, quando você vai?

— No inicio de fevereiro, daqui a quatro meses.

— Então teremos tempo para contratar alguém e você passar o serviço.

— É tem sim.

— Nós precisamos comemorar, esse fim de semana nós vamos sair.

Adriana já torceu a cara, não estava muito afim de badalação, ao mesmo tempo em que estava feliz pela carreira, estava triste por deixar parte da sua vida para trás para fugir de Ana Paula.

— Eu grávida, só você mesmo Alessandra.

As três riram e voltaram aos seus afazeres.

*******************

No final de semana, Paula e Alessandra acamparam no apartamento de Adriana, com a intenção de leva-la para algum lugar, já que a morena não queria saber de badalação desde que rompera relações com Ana Paula.

— Nós vamos para onde hoje?

— Vocês eu não sei, eu vou ficar em casa namorando o controle remoto.

— O seu controle tem a opção de vibrar?

— Alessandra!

— O que foi?

Paula as vezes se perguntava como conseguia conviver com Ale, elas riam sempre das frases sem noção que ela falava.

— Olha só, nós viemos para cá exatamente para não deixar você fazer isso de novo.

— Gente, eu não estou com clima para isso.

— E quando você vai estar? Nós viemos para cá para comemorar o seu Q.I. Já que falta em Alessandra sobra em você.

— Ei, eu estou aqui ainda.

Adriana ria da cara da amiga.

— Eu não sei.

— Vamos levantar essa bunda daí, tomar um banho e trocar de roupas para badalarmos.

— Eu não quero. Eu estou feliz pelo curso, mas eu não quero sair.

— Ale, pega nas pernas, que eu pego nos braços.

— O que vocês estão fazendo?

— Terapia de choque.

As duas amigas levaram Drica pendurada até o chuveiro e entraram com roupa e tudo, fazendo a maior bagunça, para obrigar Drica a sair do lugar.

— Vocês que vão pagar a faxineira semana que vem.

— Não tem problema, eu pago com o maior prazer.

Depois de tudo, Drica resolveu sair com as amigas, elas resolveram ir para uma boate em Itaipu, bairro onde Ana Paula mora. Não era GLS, mas o ambiente é muito bom e animado.

*****

Enquanto isso, na casa de Ana, sua irmã tentava animá-la a chamando para sair.

— Vamos Ana, nós vamos aqui pertinho, não custa nada.

— Ai Camila, eu não estou com vontade.

— Liga para Isa, fala para ela vir também.

— Camila, eu estou muito desanimada, eu não quero sair.

— Irmã, já tem mais de um mês que você não faz nada, só trabalha, você precisa se animar, Eu nunca gostei da Gisele mesmo, eu acho que você merece coisa melhor.

— Camila é por causa dessa coisa melhor que eu estou assim, eu conheci uma pessoa maravilhosa, e eu deixei escorrer pelos meus dedos.

— Entendi, agora eu saquei. Gisele é passado.

— Nem tanto, eu ainda a amo, mas eu estava conseguindo me interessar por outra pessoa e eu vacilei.

— Nada está perdido, vem comigo, nós vamos ao Bar do Meio, tem um show lá hoje, eu só não sei quem é, se você não gostar você vem embora, é pertinho.

— Ai, como você é chata garota.

— Sou sim, e só saio daqui com você, senão ficaremos as duas chorando enquanto assistimos “Cartas para Julieta” pela décima vez.

— Não, nem pensar, eu não aguento mais esse filme, você venceu, eu vou com vocês.

Camila deu um sorriso maroto e saiu do quarto de Ana.

— Eu te chamo as dez ta.

Ana ensaiou ligar para Drica, mas desistiu, ligou para Isadora e ela prontamente aceitou o convite para a noitada, as dez estavam todas na casa de Ana Paula.

Chegaram cedo, entraram logo, pois em dia de show o bom era conseguir uma mesa perto do palco.

Descobriram ao chegar ao local que seria um show da Preta Gil, Ana Paula logo se animou, ela é fã da cantora filha do Gilberto Gil.

Estavam instaladas em uma das laterais da pista, já bebiam e conversavam animadas, a boate já estava relativamente movimentada, e Ana estava sentada na mesa bebendo uma caipirinha. A noite prometia.

O show começou por volta de uma hora da manhã e como sempre a Preta Gil arrasa quarteirões.

De repente levou um susto, pensou ter visto Adriana passando pelas pessoas em direção ao banheiro. Ela levantou no mesmo momento e foi atrás daquela visão.

Chegando ao local Ana entrou e não localizou a morena, achou que já estava tendo alucinações, apoiou-se na pia do banheiro e olhou no espelho, seus olhos azuis estavam sem brilho, ela estava cansada de buscar a felicidade e não encontra-la.

Uma porta se abriu e os olhos castanhos da morena cruzaram com os de Ana no espelho, ela não sonhara, Drica estava ali, bem perto dela, ao seu alcance, ao alcance do seu coração.

Drica gelou ao ver Ana Paula no banheiro, que coincidência do destino, levar as duas para o mesmo lugar, tendo tantas boates em Niterói, ela parou no tempo, e os olhares se sustentavam, até que Ana virou e encontrou Drica linda, com uma saia justinha acima dos joelhos, uma blusa preta com um decote nos seios e sandália alta, Ana sentia o corpo pulsando por tamanha beleza.

Lá fora a Preta Gil começava a cantar uma das canções preferidas de Ana Paula e que acabou encaixando perfeitamente o momento das duas mulheres.

Meu Corpo Quer Você

Preta Gil

Meu corpo quer você

Cada vez quero mais

E se você não vem

Meu mundo se desfaz

Meu corpo quer você

Cada vez quero mais

E se você não vem

Meu mundo se desfaz

É o cheiro, seu perfume

O seu jeito, seus costumes

Que já me enfeitiçou

Apaixonada estou

O seu modo, seus mistérios,

O seu beijo , como eu quero

E já me conquistou

Apaixonada estou.

Meu corpo quer você

Cada vez quero mais

E se você não vem

Meu mundo se desfaz

Meu corpo quer você

Cada vez quero mais

E se você não vem

É o meu estilo, a minha cara

Eu te espero, não nego nada

Eu não consigo viver longe de você

Meu corpo quer você

Cada vez quero mais

E se você não vem

Meu mundo se desfaz

Meu corpo quer você

Cada vez quero mais

E se você não vem

Meu mundo se desfaz.

Em comum acordo, e sem dar nenhuma palavra o íman que regia a atração entre as duas exerceu sua força, Ana estendeu suas mãos e Drica caminhou em sua direção depositou um beijo nos lábios macios de Ana Paula que retribuiu com toda sua força. Alheias aos olhares das mulheres que estavam no banheiro, aquele beijo selou o reencontro das apaixonadas.

Ao se afastarem, ainda com os corpos colados, a terrível constatação que aquele beijo não deveria ter acontecido caiu em ambas, a proximidade não é boa, pois elas sabiam onde as levaria.

— Ana, isso não pode acontecer.- sussurrou em seu ouvido-

— Mas e se nós quisermos que aconteça?

— Não é certo.

— Eu não estou com ela. –encostou sua testa na de Adriana–

— É só questão de tempo, ela ainda te procura.

— Como você sabe?

— Porque eu faria o mesmo se eu estivesse no lugar dela. – Adriana encarava Ana–

— Mas com você seria diferente.

— Eu preciso ir.

Drica deixou Ana no banheiro e esta foi atrás, viu a morena sumir no meio da multidão que já lotava o lugar, e voltou para a mesa onde estavam as amigas.

— Onde você estava? – Isadora perguntava —

— Adriana está aqui.

— Onde?

— Acabei de beijá-la no banheiro, Isa.

Do outro lado Drica chegou pálida perto das amigas.

— Você demorou hein!

— Eu beijei Ana Paula.

— Onde?

— No banheiro. Ela está aqui.

— Porra, que mundo minúsculo! – Alessandra sempre soltava alguma-

— Você quer ir embora?

— Ah não Paula, nós viemos aqui para nos divertir, o show começou agora.

— Eu sei Ale, mas nós viemos para Drica esquecer uma pessoa que está aqui, lembra.

— Gente, vocês podem ficar, eu vou embora de taxi.

— Não, nem pensar. Se você vai, nós vamos também.

— Espera um pouco, se a Ana está aqui, a Nathalia também está, me deixa ir falar com ela e depois nós vamos.

— Alessandra deixa a Nathalia ai, o que você quer com ela?

— Eu preciso falar com ela, espera um pouco.

Alessandra saiu e deixou as duas paradas esperando que ela voltasse, Adriana olhava atenta a sua volta e de repente sentiu um toque em seu braço, ao olhar para trás, viu Ana Paula em pé ao seu lado.

— Eu preciso falar com você.

Ana falou ao ouvido de Drica por conta do som alto da boate, Paula assistia a tudo atenta, pronta para intervir se assim fosse necessário. Adriana arrepiou-se inteira com o simples fato de estar próxima de Ana.

Ela olhava para o semblante de Ana Paula e assentiu com a cabeça, olhou para Paula e mesmo sem palavras elas se entendiam pelo olhar, Paula fez com a cabeça um sinal indicando a saída, e Drica entendeu que era o aval da amiga para ir conversar com Ana Paula.

Ela segurou na mão da loira que foi a guiando para fora da boate, foram para o carro de Ana Paula. Que saiu do local com a morena.

O trajeto foi marcado pelo silencio, até que Drica não se conteve e questionou a advogada.

— O que você precisa falar comigo?

— Eu não sei ao certo, eu só queria sair dali com você.

— Ana, isso está errado, nós não podemos continuar assim, você não me ama, você ama outra mulher.

— Drica, eu confesso meu amor por ela, mas eu adoro você e me odiei por te fazer sofrer naquela noite, eu senti sua falta, de conversar com você, de estar com você, do simples fato de te ver on line no MSN.

— Ana, não faz isso.

Quando Drica se deu conta elas estavam em frente ao seu prédio, Ana estacionou e ficou encarando o volante.

— Ana, sobe, vamos conversar com mais privacidade.

— Tudo bem.

No apartamento…

— Você quer beber alguma coisa? Eu tenho vinho, refrigerante, cerveja. – dizia olhando para a geladeira–

— Você vai fazer uma festa?

As duas riram.

— Não, Alessandra e Paula estão hospedadas aqui esse fim de semana.

— Entendi. Eu aceito uma taça de vinho.

— Ótima pedida.

A relação entre as duas sempre foi muito boa, a amizade delas acabou prevalecendo sobre todas as coisas naquele momento.

Drica serviu o vinho e sentou-se no sofá ao lado de Ana, que sorvera metade da taça em um único gole.

— Nossa, você está com sede hein! Isso não é suco não.

— Eu sei, é que estar perto de você me deixa nervosa, eu preciso relaxar.

— Eu te deixo nervosa?

— Muito.

As duas se encaravam, a troca de olhares parecia um fogo cruzado.

— Drica, você foi a pessoa que me mostrou que eu posso ser mais do que Gisele, você me trouxe de volta à vida, e mesmo que seja só para ter a sua amizade, eu preciso de você perto de mim.

— Ana, esse é o problema, eu preciso ter você comigo, mas ter só sua amizade é uma tortura, não poder te beijar, não compartilhar minha vida com você, ter você ao meu alcance e ao mesmo tempo tão distante.

— Eu não quero te magoar, nunca quis.

Drica fez um carinho no rosto de Ana.

— Eu sei.

Ana aconchegou sua face na mão macia que lhe afagava, fechou os olhos e viajou no embalo doce de Adriana.

Ao abrir os olhos encarou o olhar castanho da morena que lhe fitava com tanta ternura que sua única e imediata reação foi de puxá-la para si e tomar seus lábios de assalto.

Drica sentou de frente no colo de Ana encaixada em sua cintura e sentia as mãos da loira percorrerem suas costas, lhe causando um torpor, ela segurava Ana pelos cabelos enquanto deliciava-se com aquele beijo.

Ana começou a tirar as roupas de Drica e vice e versa, quando estavam apenas com algumas peças, Drica suplicou pelo seu amor.

— Ana, eu sou sua, toma posse do que é seu.

Ouvir aquele pedido de Drica deixou Ana completamente excitada, e em um movimento ágil e decidido, a loira levantou com Drica no colo, causando até um susto na morena, e caminhou com ela até o quarto fechando a porta atrás de si, encostou Drica na parede e deixou que ela ficasse de pé. Ela tirou as peças que estavam atrapalhando e pôs-se a explorar o corpo de Drica, que estava completamente entregue, naquele momento não existia nada nem ninguém no mundo, eram só duas mulheres, amigas, amantes.

Ana afastou a perna de Drica para dar mais ângulo, e começou a explorar o seu sexo molhado, completamente excitada Drica gemia e arranhava as costas da outra, o beijo não era interrompido, com uma urgência incontrolável, Ana entrou com dois dedos no sexo de Adriana, que gemeu alto e forte, se deliciando com os movimentos de vai e vem provocados por Ana Paula.

— Ah! Ahhh!

Drica gozou e quase caiu sem forças, Ana a amparou e bem devagar foi tirando os dedos de dentro da morena que sentia ainda os espasmos provocados pela amada.

Estarem juntas era a felicidade em tempo real, como se nada fosse capaz de derrubá-las, era seguro, era gostoso, era perfeito.

Drica retomou o beijo e levou Ana em direção à cama, deitou a morena de costas e começou a brincar com seus mamilos durinhos, rosados, entumecidos de tanta excitação. Ana se retorcia, esquivava o corpo para trás, sentia o melhor prazer de todos.

Ainda beijando os seios de Ana, Drica desceu uma das mãos e alcançou o sexo da advogada que já estava encharcado com seu doce mel, e com movimentos circulares, pressionava o seu clitóris, deixando a outra enlouquecida de prazer, descia pelos grandes lábios para lubrificar o dedo com aquele mel que escorria e voltava ao ponto inicial, Ana já suplicava pelo golpe de misericórdia.

— Drica entra em mim, me come meu amor. Eu te quero dentro de mim.

Drica atendeu ao pedido da amada, e entrou com dois dedos em Ana que gemeu forte, com o polegar continuava massageando o seu clitóris acompanhando os movimentos do vai e vem em seu sexo, o que deixou Ana Paula alucinada até gozar intensamente nas mãos de Drica, que continuou com os movimentos deixando Ana Paula sem defesa, fazendo a loira sentir orgasmos múltiplos naquela noite.

Depois de muito amor, muitas carícias e muitos beijos, as duas finalmente adormeceram abraçadas, como se o mundo se resumisse àquele momento, àquele local.



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