Na manhã seguinte, Drica abriu os olhos e ainda sentia o peso do braço de Ana a envolvendo, deu um sorriso maroto e virou-se delicadamente, acabou acordando a loira que estava aninhada nas suas costas.

— Bom dia.

— Bom dia meu amor. – Ana abria os olhos devagar —

— Dormiu bem?

— Como ha muito tempo não conseguia.

— Você me arrasou essa noite hein!

— Eu não fiz nada demais. Isso foi só uma amostra grátis.

— Nossa, quando vier o frasco inteiro eu estou perdida, hein!

— Você quer falar o que? Para quem nunca teve uma mulher antes, está me saindo muito melhor que a Gisele.

Drica sabia que não fugiria a essa comparação, seria inevitável para Ana Paula, mas ouvir da boca da loira, mesmo sendo um elogio, lhe doeu a alma, Ana ao perceber o que tinha feito, tratou logo de tentar se redimir, mas ela sabia que a cada vez que pronunciava o nome da outra, perdia um pedacinho de Drica.

— Desculpe Drica, eu não tive a intenção de fazer comparações, eu…

— Shiiii. – Adriana silenciou Ana pousando a ponta dos dedos em seus lábios– Não precisa se desculpar, eu sei que é impossível não fazer comparações, eu só vou te pedir para não exteriorizar, porque é meio desconfortável ouvir o nome dela.

— Eu não vou mais fazer isso.

Drica deu um selinho em Ana.

— Agora só um selinho, porque o bafo deve estar medonho.

— Eu quero que o bafo exploda.

Ana puxou Drica pela cintura e deu um beijo que acendeu o fogo da morena.

— Não está satisfeita com a noite que tivemos não?- Adriana dizia enquanto beijava o pescoço da loira–

— Muito, por isso eu quero mais.

Ana já estava nua debaixo dos lençóis, puxou Adriana que vestia apenas uma calcinha e beijou sua boca, retirou o lençol e pôs-se a beijar o corpo da outra, Adriana já se contorcia e gemia baixinho, Ana passeava o corpo de Adriana com as mãos, até chegar em sua calcinha e morder a peça retirando a mesma com os dentes, Adriana já se entregara ao desejo olhando aquela cena tão sexy, Ana se posicionou entre suas pernas e sua língua visitou o sexo de Adriana, tomando todo o líquido que dele saía, Adriana já não respondia pelos seus movimentos, seu quadril de movimentava junto com o bailado da boca de Ana, sem penetrar nenhum dedo, Ana fez Adriana explodir em um orgasmo maravilhoso estremecendo seu corpo inteiro.

Se recuperando do prazer, Adriana permanecia de olhos fechados, enquanto Ana escalava seu corpo com beijos e caricias, até chegar em sua boca.

— Sente o seu gosto.

Beijou Adriana com voracidade transferindo seu próprio mel para a morena provar, tomada pela excitação do momento, Adriana abraçou Ana Paula e se propôs a realizar a loira da mesma maneira que ela fez.

— Eu quero sentir o seu gosto agora, me dá o seu mel.

— Eu dou tudo o que você me pedir.

Adriana deixou Ana deitada e inverteu as posições, ficando de cabeça para os pés de Ana e vice e versa, Ana tomou novamente seu sexo e as duas gozaram enlouquecidamente em um meia nove espetacular.

Depois de fazer amor pela manhã para começar o dia bem e um bom banho revigorante, as duas resolveram sair do quarto para tomar café.

— Drica, eu não estou achando todas as minhas roupas.

— Eu acho que parte delas está na sala.

— Ah é verdade, ficaram lá ontem a noite.

— Pega essa camiseta, eu acho que serve em você.

Adriana entregou uma camiseta e um short para Ana Paula que vestiu e serviu como se fosse dela.

— Perfeito.

Quando chegaram à cozinha Paula já estava de pé fazendo o café.

— Bom dia, senhoras. Eu achei que seria a copeira da vez.

— Bom dia, Ale ainda está dormindo?

— Com certeza! Aquela ali só acorda meio dia hoje, nós chegamos quase de manhã. Alessandra me levou para a mesa onde você estava, e nós ficamos com Isadora e Nathalia.

— Eu nem ouvi vocês chegarem.

— Eu posso imaginar, pelo caminho de roupas que eu vi no chão quando chegamos, deu para perceber que a noite de vocês foi bem agitada. – Paula indicava as peças jogadas pelo sofá e caídas pelo corredor–

Adriana ruborizou, enquanto Ana deu um sorriso maroto para Paula. Adriana saiu catando as peças de roupas que ainda estavam espalhadas pelo sofá e no chão da sala e levou para o quarto enquanto Paula e Ana riam da situação.

Conversavam enquanto comiam para recuperar as energias gastas durante a noite.

— Nossa, eu sai e deixei as meninas lá, elas devem estar meio chateadas.

— Que nada, Alessandra e Nathalia beberam todas, ficaram cantando abraçadas o show inteiro, a cena era hilária.

— Imagino.

— Eu avisei que você tinha saído com a Drica, sua irmã que estava preocupada.

— Depois eu ligo para ela, ela deve estar dormindo também.

— Drica, eu juro que nunca imaginei você saindo com uma mulher, você sempre foi tão certinha, tão politicamente correta.

— Eu confesso que se você me perguntasse ha um ano atrás eu ia te dizer que você estava ficando maluca. Mas hoje, eu admito que eu não posso mais viver sem. – piscou para Paula–

As três amigas riram.

— Paula volta para cama, vai descansar um pouco, já que Ale ainda vai hibernar por um tempo.

— Ai amiga, eu não consigo mais ficar na cama, eu acho que vou dar uma caminhada na praia, aproveitar que o dia está lindo hoje.

— Então vai lá, eu não estou com a menor disposição para isso agora.

— Eu vou mesmo, vai ficar com ela Ana?

— Eu vou ficar, eu também não estou com vontade de andar não.

— Eu sei qual é à disposição de vocês.

Adriana logo ruborizou, ela é muito envergonhada, e sempre ficava sem graça com as brincadeiras das meninas.

— Vai logo sua chata.

Paula saiu e deixou as duas rindo para trás, elas foram para o sofá e deitaram juntas, ligaram a televisão, mas não prestavam atenção em nada, apenas se curtiam, carinhos e beijos ditavam aquele momento, sem maldades ou segundas intenções, era a simples vontade de estar com a pessoa certa.

— Ana, eu estou adorando esse momento com você, estar contigo, mas eu não posso me envolver agora.

— Drica, eu estou livre, eu não me encontrei mais com a Gisele.

— É só questão de tempo, ela parou de te ligar?

— Não.

— Então daqui a pouco ela vai aparecer e eu não sei qual será a sua reação, eu não quero arriscar Ana, eu não posso sofrer de novo, eu não vou aguentar.

— Não fala assim, eu não vou fazer você sofrer de novo.

— É mais forte que você, eu vou sofrer de novo, e não há nada que você possa fazer, eu não consigo entender essa relação entre vocês, ela sempre foi assim?

— Não, no inicio era tudo normal, começamos uma relação de amizade, até que ela me convenceu a passar uma noite com ela para matar a sua curiosidade sobre dormir com uma mulher.

Adriana a olhava escutando o relato.

— Até que ela foi me conquistando, dizia que o casamento dela não estava muito bom, sempre foi muito carinhosa, atenciosa, o Bruno sempre está viajando, então estávamos sempre juntas, como um namoro normal, apesar de ter o marido dela envolvido.

— Mas isso que eu não entendo, como você está com ela ha três anos e até hoje esse casamento continua?

— Ela dizia que era de fachada, era só para manter as aparências, e dizia que ele tinha várias mulheres fora do casamento, então eles não tinham mais nenhuma relação entre marido e mulher.

— E por que ela não encerra esse casamento?

— Ela diz que ele é muito dependente dela para certas coisas, eles já tem 14 anos de casamento, ela não sabia a reação que ele teria, tinha medo do que ele pode fazer se ela se separasse.

— Isso não é desculpa Ana.

— Eu sei, mas eu não estava com a intenção de me apaixonar, mas ela foi me conquistando de uma maneira que eu não resisti, quando eu vi estava louca por ela, foi quando eu comecei a pressioná-la para ela largar o casamento e vir morar comigo, isso tem um ano. Foi aí que o inferno começou.

— Porque ela não quer vir como você pensou que aconteceria.

— Isso. Como eu comecei a questionar o nosso relacionamento, ela começou a me tratar como propriedade, com medo de eu me aproximar de outra pessoa, mas ela não quer se separar, então ela usa o meu amor com esses joguinhos porque sabe que eu acabo voltando para ela.

— Você precisa se valorizar mais Ana, ela não é mulher para você, quando queremos algo temos que buscar, senão nunca vamos saber se daria certo ou não.

— Ela não me deixa.

— Você tem que deixa-la.  – Adriana apontava o indicador para Ana, enfatizando a frase —

— Se você me ajudar seria mais fácil.—Ana acariciava Adriana.

— Eu preciso te falar uma coisa. – Adriana baixou o olhar —

— Claro. Pode falar. –tirou uma mexa do rosto da morena–

— Eu vou embora para os Estados Unidos.

— Como assim? – Ana falou assustada levantou um pouco para olhar para Adriana–

— Eu vou embora em fevereiro, eu fui selecionada para fazer um MBA de controladoria em Harvard. Eu vou ficar um ano lá.

Ana olhava para Drica, incrédula, a sensação de que o chão abrira debaixo dos seus pés foi tremenda.

— Drica você vai me deixar?

— Ana, quando eu fiz essa prova, eu estava com o coração tão despedaçado, que eu queria mais era sumir daqui, e a forma que eu encontrei de me afastar de tudo isso foi ir para um lugar distante, e mudar um pouco a minha vida.

— Adriana, eu me culpo todo dia por ter feito você sofrer, e pior ainda é saber que você vai se afastar por minha causa.

— Ana, nós não temos o que fazer agora, essa semana eu vou enviar os documentos que faltam para a matrícula e a formalização do alojamento que eu vou ficar, e em fevereiro eu estarei de partida.

— Eu entendo.

— Eu acho que é melhor deixarmos como está, eu não posso te prender, daqui a quatro meses eu vou embora, e eu vou ficar um ano fora, seria injusto com você.

— Injusto é ficar sem você por um ano.

— Eu mais do que ninguém sinto muito por isso, Ana. Eu sei que eu posso voltar e te encontrar com ela novamente.

As duas ficaram em silencio, Ana sabia que mesmo não querendo, Drica falara a verdade, ela também tinha medo de acabar voltando para Gisele, ainda mais com Drica fora do Brasil.

— Enquanto você ainda estiver aqui, nós podemos aproveitar.

— Ana, eu prefiro não termos mais nenhum envolvimento, já que eu vou ter que ir embora, é melhor não criarmos vinculo, pois senão será muito pior quando eu for.

— Adriana, você realmente vai me dispensar?

— Eu não estou te dispensando, é que quanto mais nós ficarmos juntas, pior será para eu ir embora, nós vamos sofrer muito mais.

— Por que você tem que ir embora?

— Eu preciso me recompor, e aqui eu não estou conseguindo.

— Eu te ajudo.

— Você me ajuda?

— Com certeza.

Mais um beijo, e elas quase esqueceram que tinham hóspedes. Paula entra na sala interrompendo o momento das duas.

— Com licença, eu posso entrar ou tem gente sem roupas por ai?

— Palhaça, pode entrar.

Ela sentou-se no outro sofá e as duas levantaram, sentando-se também.

— Meninas desculpem interromper, mas o dia está lindo lá fora. Alessandra ainda não levantou?

— Não. Está dormindo que nem uma pedra, nós duas poderíamos ter feito sexo selvagem pela casa inteira que ela não escutaria.

— Eu vou lá.

— Ih, agora a guerra vai começar.

— Por quê?

— Você já vai ver.

Bastaram dois minutos para escutarem da sala a voz de Alessandra brigando com Paula por tê-la acordado tão cedo, da sala Ana e Drica apenas escutavam e se esbaldavam de tanto rir. Até que surge uma Alessandra de pijama de ursinho, com os cabelos desarrumados e uma pantufa do Frajola nos pés.

— Bom dia.

— Só se for para vocês, o que deu nela? Que historia é essa, de dia lindo?  Me acordar a essa hora da madrugada.

— Alessandra, você “chegou” em casa de madrugada, são dez e meia da manhã.

— E daí? Eu ainda dormiria por mais umas quatro horas.

— Alessandra, nós temos que aproveitar a vida, deixa para descansar quando morrer. – Paula dizia —

— Então me mata! – Ale abria os braços indicando o peito–

Ninguém estava aguentando de tanto rir, Paula estendeu uma caneca com café para Ale, que aceitou, e acabou rindo também, deu um beijo na esposa e sentou para se alimentar.

— Agora sim, está bem melhor. Vamos começar de novo, bom dia Ale.

— Eu acho que eu já vi essa cena antes. Bom dia Drica.

— É você já viu sim.

Ambas faziam alusão à cena na sacada do apartamento de Paula que houve uma situação parecida entre as duas amigas, com o mau humor de Alessandra por conta da ressaca na ocasião.

— E ai, a noite foi boa hein! Não deu nem tempo de chegar ao quarto, tinha roupa pela casa inteira.

— Alessandra, você não tem jeito mesmo hein!

— O que foi? O que eu falei agora?

— Mudando de assunto…

— Já quer desviar a conversa, não é Drica?

— Claro! Eu tenho uma proposta, nós podemos ir para Itacoatiara pegar uma praia, o sol está lindo lá fora, almoçamos aquele risoto de camarão do Seu Antonio, e depois descansar para encarar mais uma semana de trabalho.

–Não existe melhor sugestão para o dia de hoje! – Paula dizia toda animada-

— Eu vou tomar um banho para acordar e nós vamos, não tem mais jeito de voltar a dormir mesmo.

— Eu preciso passar em casa, eu não tenho roupas, e nem biquíni.

— Nós passamos na sua casa e vamos para a praia em seguida.

— Fechado então.

— Nossa! Esse suco está com gosto de ferrugem, o que vocês colocaram aqui?

Alessandra falava olhando para a jarra que estava em cima da mesa.

— Não colocamos nada Ale, o suco foi a Paulinha que fez, eu bebi e não senti gosto de nada diferente. – Dizia Adriana.-

— Ai, eu acho que tem alguma coisa no copo.

— O que tem no copo?

— Eu não sei, eu vou ver.

Alessandra levantou e foi para a cozinha, as meninas foram atrás para ver o que ela fizera.

Quando ela jogou o suco na pia percebeu que o copo estava cheio de parafusos e polcas velhas, que o pai de Adriana havia guardado e a morena não sabia da existência deles no armário.

— O que é isso ai Ale? Você perdeu alguns parafusos?

Adriana zombava da amiga enquanto Paula se acabava de rir.

— Como isso veio parar aqui?

— Ale, onde você pegou esse copo?

— No armário.

— Meu pai deve ter colocado isso ai, ele tem mania de guardar essas coisinhas pequenas dentro de copo, na casa da minha mãe eu tenho que ficar olhando tudo antes de usar.

— Alessandra, eu não acredito que você não viu isso ai.

Todas riam de se acabar e Alessandra chateada por ter sido tão desligada.

— Eu não vi nada, eu vim tão irritada porque a Paula me acordou que eu nem prestei atenção no que estava dentro do copo.

— Ai Ale, eu não aguento você, eu me divirto.

— Eu sou a boba da corte?

— Minha bobinha.

Paula fazia um carinho na bochecha da esposa, e ela não aguentou e acabou rindo junto com as amigas, ela foi a piada da semana no escritório.

— Galera, depois dessa, só nos resta sair para relaxar na praia, vamos?

— Agora.

Foi o que fizeram, passaram na casa de Ana Paula para a loira se trocar, e depois irem para a praia, chegando lá, Ana fez questão que as amigas entrassem, elas ficaram esperando na varanda da casa, sentadas em uma cadeira de balanço disposta ao lado da porta, Drica sentou-se sozinha na rede.

Ana subiu e encontrou sua irmã no quarto.

— Camila.

— Poxa Ana, você saiu sem me falar nada hein, por onde você andou? Eu fiquei preocupada.

— Desculpa minha irmã, eu tive que resolver um problema.

— Eu sei, imagino o problema.

Camila fazia com as mãos a silhueta do corpo de uma mulher, como se fosse um violão. Ana acabou rindo da insinuação da irmã. E foi ao encontro dela para abraça-la.

— Você sabe o meu ponto fraco não é? Ela está lá embaixo. – sussurrou no ouvido de Camila-

— Sério? Eu vou até lá conhecer minha cunhada.

— Vai com calma Camila, sem piadinhas, nós não estamos namorando.

— Irmã, eu preciso conhecer a mulher que finalmente te libertou daquela mala da Gisele.

— Ai Mila, não fala assim.

— Ih, eu já vi tudo, você ainda é apaixonada por ela. A propósito, ela já deixou dez recados para você ligar para ela, isso só hoje.

Ana não respondeu, e nem precisava, todos sabiam que ela ainda amava Gisele.

— Eu vou lá embaixo.

Ana viu Camila descer as escadas e sorriu, sabia que a irmã iria adorar Adriana, quem não gostava dela? Meiga, carinhosa, amiga, linda, perfeita. E agora Gisele reapareceu, Ana deixara o celular desligado e a outra insistia em procurar-lhe, ela sabia que ao encontrar Gisele ela acabaria cedendo aos caprichos da loira.

Resolveu ignorar o recado e pegar suas coisas para irem para a praia.

Quando desceu encontrou Camila sentada na rede ao lado de Drica, como se fossem melhores amigas, rindo e conversando.

— Eu estou vendo que você já foi apresentada à minha irmã.

— Sim, com certeza, e inclusive elas me convidaram para ir pegar uma praia com vocês.

— E você vai.

— É claro! Vou só me trocar, me esperem.

Camila levantou e foi pegar suas coisas, Ana sentou ao lado de Drica na rede e se acomodou envolvendo o braço na cintura de Adriana, que ao sentir o toque da loira sentiu o corpo arrepiar.

Ana estava adorando os momentos que estava passando com Drica, ela sentia-se mais leve, solta, não precisava se preocupar com nada. Adriana era solteira e desimpedida, não era um amor bandido que tinha que ser escondido.

Camila juntou-se ao grupo e as meninas partiram para a praia, passaram uma tarde perfeita na praia de Itacoatiara, e o almoço delicioso no restaurante em Piratininga coroou o dia, Adriana e Ana Paula não se continham de tanta alegria, estavam realmente felizes por estar compartilhando aqueles momentos, Adriana por um instante se arrependeu de ter feito a inscrição para o curso nos Estados Unidos.

No fim do dia, Drica deixou a loira em casa com Camila para voltar para casa. As meninas estavam cansadas permaneceram dentro do carro, Camila se despediu das novas amigas e entrou em casa, estrategicamente para deixar a irmã se despedir de Drica.

As duas estavam em pé próximas ao portão de entrada da casa de Ana, sem perceber que um carro parado na esquina as vigiava na penumbra de uma sombra provocada por uma árvore posicionada embaixo de um poste.

— Bom, acho que nosso fim de semana termina aqui.

— Infelizmente, pois eu passei os melhores momentos que eu já tive.

— Não fala assim, Ana eu não sei se nós podemos continuar com isso, eu vou embora para outro país.

— Por que você tem que ir?

— Hoje eu já não sei mais.

— Então fica.

— É uma oportunidade única Ana, foram poucas vagas, e eu consegui passar na prova, eu não quero mais ir, mas eu também não posso desperdiçar essa oportunidade.

— Então eu vou procurar uma especialização lá pra fazer também.

Adriana riu.

— Ana, eu estou apaixonada por você, mas você não. Você ama outra pessoa.

— Mas não é difícil se apaixonar por você.

— Não?

— Não.

Sentindo a aproximação de Ana, Drica tratou de se afastar.

— Eu preciso ir.

Ana não conseguia dizer que estava apaixonada, pois ela não sentia o mesmo que Adriana, e a morena sabia disso, além da atração física o único sentimento forte de Ana para Adriana era a amizade que surgiu entre as duas.

Ana não deixou Drica sair, segurou seu braço e envolveu sua cintura puxando a morena para junto de seu corpo e beijou com paixão, Drica se derreteu nos braços da advogada, envolveu o seu pescoço e acariciou sua nuca por entre os cabelos loiros.

O beijo parecia que não teria fim, e na verdade essa era a vontade de ambas, não largar a outra, permanecer ali daquele jeito o resto da vida. Quando finalmente as bocas se distanciaram, ainda permaneceu a troca de olhares, onde palavras não precisaram ser ditas para entenderem que ali terminava o que nunca havia começado.

— Eu realmente preciso ir.

— Tchau Drica.

— Adeus Ana.

Adriana entrou no carro, sabendo que tentaria de todas as formas não encontrar com Ana novamente, pois não aguentaria sofrer uma separação.

Ana ficou em pé no portão sentindo um vazio enorme, pois sabia que perdera Adriana por conta da sua fraqueza, ao se entregar ao beijo de Gisele na porta do restaurante. Assistiu o carro virar a esquina e quando estava entrando ouviu pneus de carro cantando em uma arrancada, o carro parou em frente a sua casa e dele saiu uma Gisele alterada, soltando fogo pelo olhar. Ana estava com o portão aberto viu Gisele vindo em sua direção.

— Gisele, o que você está fazendo aqui?

— Eu vim ver você se pendurar no pescoço daquela mulher. – Ana apontava para o carro de Adriana que saia do condomínio–

— Você estava me vigiando?

— Eu estava esperando você chegar, você não me atende, não retorna minhas ligações. Eu queria falar com você. Mas pelo visto você já está muito bem né. Nem esperou o meu lugar esfriar.

— Gisele não vem com essa, porque o meu lugar nem precisa esfriar, você não larga o seu marido.

— Eu contei para o Bruno sobre nós.

— Sobre nós? – Ana olhava incrédula–  Quer dizer eu e você?

— Sim, eu contei para ele, que eu saio com você, que nós já transamos ha algum tempo.

— E ele?

— Ele ficou meio chateado, disse que eu poderia ter contado que eu tinha uma fantasia, que ele não se importaria em me deixar realizar.

— Espera ai, você me tratou como uma fantasia, Gisele você não falou que me ama, ele acha que foi só um caso passageiro.

— Ana, eu falei que nós tínhamos uma relação.

— E então, vocês vão se separar?

— Ainda não meu amor, eu ainda preciso ajeitar algumas coisas, mas nós já não temos mais nada, eu não estou dormindo com ele mais.

— Eu não acredito, você está me enrolando de novo. Gisele, eu não vou mais cair na sua lábia.

— Claro que não vai, já está de caso com aquela ridícula!

— Não fala dela, você não tem moral para isso. – Ana colocava o dedo apontado para Gisele —

— Ana Paula olha como você esta falando comigo, você não me ama mais.  – Gisele segurou a mão de Ana e a puxou com força — Eu te amo, e eu estou fazendo o que você me pediu mas eu preciso de tempo para resolver as coisas.

— Você resolveu fazer isso tarde demais. – Ana puxou a mão se soltando de Gisele —

— Não, o momento é agora, se você me quiser eu estou aqui, de peito aberto, agora é questão de tempo para nós ficarmos juntas, só nós duas.

Gisele começou a chorar, e Ana como sempre, acabou caindo na conversa da loira, ela ainda a amava, por mais que ela a fizesse sofrer, ela sempre achava que seria diferente, e com a iminente partida de Drica para os Estados Unidos ela sentiu um vazio no peito e a proximidade de Gisele mexeu com ela.

Camila assistia a tudo da sacada do quarto, incrédula com o que via, sabia que a irmã estava sendo manipulada novamente pela namorada, e viu sua esperança de ver a felicidade de Ana Paula escorrendo pelos dedos da advogada.

Gisele chegou perto de Ana e ela sentiu o corpo tremer de saudade da outra, ela não queria, pois ainda estava com o corpo impregnado das lembranças de Drica, Gisele a segurou e a beijou. Ana cedeu aos encantos da amada e retribuiu o beijo.

— Entra Gi. Vamos conversar.

— Não meu amor, eu não posso, eu vou para casa, pois eu deixei o Bruno muito mal, amanhã eu tenho médico de manhã, e tenho que acordar cedo.

— Tudo bem, quando eu te vejo de novo?

— Agora ficará mais fácil. Eu te ligo amanhã.

— Tudo bem.

— Voltamos às boas? Está de bem comigo?

— Eu estou, mas tenta resolver logo isso.

— Tudo bem, meu amor. Eu já vou.

— Tchau.

Gisele a beijou e entrou no carro, quando estava saindo voltou e provocou Ana Paula.

— Ah, só mais uma coisa, eu não quero você se encontrando mais com essa mulher.

— Gisele, você não pode me exigir isso.

— Eu posso sim, eu não quero você falando com ela nem encontrando com ela.

Para não arrumar problemas Ana resolveu consentir, mas ela não deixaria de falar com Drica.

— Tudo bem, vai lá Gisele.

Quando ela fechou o portão e entrava em casa, avistou Camila na sacada do quarto, balançando a cabeça negativamente. Ela entrou no quarto e Ana percebeu que fizera algo completamente errado, no mesmo momento beijara Drica e em seguida Gisele na porta de casa.

Quando ela entrou foi ao encontro da irmã.

— Camila.

— Oi.

— Mila, ha quanto tempo você estava ali na sacada?

— O suficiente para ver você jogando sua vida fora de novo.

— Mila, não faz isso, você não sabe como é difícil para mim.

— Ana eu imagino como deve ser difícil dispensar uma pessoa incrível como a Drica e ficar com essa insuportável da Gisele.

— Camila eu vim conversar, mas você não está me ajudando.

— Ana Paula, quem não está se ajudando é você. Mas como a vida é sua, eu não tenho o direito de falar nada.

— Camila, Adriana vai embora para Harvard, ela vai estudar um ano fora, eu não posso fazer nada.

— Ana, que não fosse pela Adriana, mas por você, essa mulher suga suas energias, ela só te maltrata, e te sabota, ela não deixa você viver, você acha que eu gosto disso?

— Não é assim.

— Você que não enxerga isso, você quer acreditar que ela vai mudar, mas ela não vai mudar, você quer que ela seja só sua, mas ela não vai ser só sua.

— O que você sabe sobre isso?

— Eu sei de tudo Ana, quando vocês brigam, você fala alto, ela fala alto, você acha que eu nunca ia escutar? Eu sei que ela é casada e fica te enrolando, quer saber, se essa é a vida que você escolheu tudo bem, mas não vem reclamar depois.

Ana saiu do quarto de Camila em silencio, sabia que a irmã tinha razão, mas o coração dela sempre a levava para o lado de Gisele.

Ana tomou um banho e deitou para descansar, quando pegou o celular para definir o horário para despertar, viu que havia uma mensagem de Adriana.

“– Boa noite, eu espero que você fique bem. Vou sentir muito a sua falta.”

Ana sentiu um aperto no peito. Retornou a mensagem.

“ – Não se afaste por favor, eu quero sua amizade pelo menos.”

O celular tocou novamente, era a resposta de Adriana.

“ – Eu não sei se eu consigo ser sua amiga e não te tocar.”

“—Tenta pelo menos. Eu preciso de você por perto.”

Não obteve resposta até adormecer.

*************

Do outro lado, Drica não soube o que responder, ela já estava deitada, as amigas estavam na sala assistindo televisão, iriam todas juntas para o trabalho na segunda-feira, ela preferiu não enviar outro torpedo, estava feliz pelo modo como o fim de semana havia terminado, e sabia que ela ia querer outros momentos como esse.

Ainda sentia a presença de Ana Paula, o perfume que ficara na roupa de cama, e Drica adormeceu inebriada pela lembrança da noite que passaram juntas.



Notas:



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