A semana passou e a correria do dia a dia não permitiu que Ana Paula fizesse a ligação para Drica, esta também estava totalmente envolvida com o trabalho para a empresa de Isadora, chegava tão cansada que só visitava a academia e voltava para casa.

Elas conversaram mais uma vez no MSN mas não marcaram o encontro.

Na semana seguinte, Paula e Alessandra estavam comemorando três anos de casamento, e resolveram sair para um barzinho na Lapa, chamaram os amigos mais chegados e Ale convidou Nathalia e Isadora, Paula estendeu o convite a Ana Paula com a intenção de promover o encontro da loira com Drica.

Já no bar, as meninas recebiam os amigos que já chegavam, e Drica não parava de fitar a porta verificando todos que entravam esperando ser Ana Paula.

***********

Em Niterói, a advogada estava às voltas com Gisele, ela estava pronta para sair, mas Gisele estava fazendo um escândalo no telefone, porque não queria que a loira saísse sem ela.

— Ana Paula, você não vai a lugar nenhum sozinha.

— Gisele, você está disponível para ir comigo?

— Não, eu já te falei que eu estou esperando o Bruno chegar de viagem.

— Então não me acompanha porque eu não sou novela, é aniversario de casamento de duas amigas e eu vou, fica com o Bruno e eu fico com a cerveja.

Desligou o telefone e pegou as chaves do carro, marcou com Isadora no centro do Rio para irem juntas para a Lapa.

— Oi Isa.

— Oi amiga, que bom que você veio, eu achei que aquela nojenta ia atrapalhar sua noite.

— Não fala assim.

— Desculpa, eu sei que você gosta dela.

— Gosto, infelizmente não dá pra mandar no coração, pior que ela tentou estragar mesmo, mas como ela esta esperando o marido em casa, eu larguei ela falando sozinha no celular, tem umas 30 chamadas perdidas do caminho de casa até aqui.

— Amiga, você vai direto para o céu.

Ana encerrou o assunto pois não queria falar de Gisele, estava magoada com a namorada pelo que ela fazia, mas ao mesmo tempo estava ansiosa para encontrar Drica no bar.

— Isa, a Adriana vai estar lá?

— Vai sim. Você já conversou com ela depois do furo que você deu?

— Já sim, semana passada nós conversamos mais de uma hora no telefone.

— Nossa! Isso tudo! Vocês estavam namorando?

— Não amiga, — Ana ria– apenas conversando, até rolou um flerte, mas nada absurdo.

— Não acredito, existe uma luz no fim do túnel. – Isa levantava as mãos para o céu–

— Do que você está falando?

— Eu estou falando de você se encantar por outra pessoa, e nesse caso é a Drica.

— Nossa! Você já está nessa intimidade toda com ela?

— Por quê? Está com ciúmes?

— Não inventa Isa! –deu um tapinha em sua perna –

As amigas foram conversando até o bar, estacionaram e encontraram Nathalia que chegava de taxi. Ao entrarem no estabelecimento, o olhar de Ana Paula cruzou imediatamente com o de Adriana que estava indócil aguardando sua chegada, até tentou disfarçar quando finalmente viu a loira adentrando pelo salão.

Mas foi impossível tirar os olhos de Aninha, ela usava um vestido solto com estampa floral, um pouco acima dos joelhos. Tomara que caia, os cabelos presos em um rabo de cavalo deixando sua nuca à mostra, nos pés uma sandália rasteira, maquiagem leve e alguns acessórios de ouro davam o toque final em sua produção.

Paula logo percebeu o olhar de sua amiga e ficou feliz por ver Ana chegando.

Chegaram à mesa e as amigas foram se cumprimentar, Isadora percebeu logo o nervosismo de Aninha quando foi falar com Drica, a morena estava linda, os cabelos soltos perfumados, uma blusa decotada, justa no corpo delineando as curvas bem cuidadas de Drica, a calça branca destacava-se na penumbra do bar, o salto alto que sempre acompanhava Adriana não poderia faltar. As duas estavam hipnotizadas pela presença da outra.

As duas cumprimentaram-se, e ao beijar o rosto da outra, os lábios passaram bem perto, quase encostaram, e como um íman elas se atraiam, sentiam o perfume que a outra usava e ambas viveram uma eternidade naquele segundo em que se encontraram

As amigas fizeram de tudo para que as duas sentassem juntas, Ana Paula ficou na cabeceira da mesa ao lado de Drica ficou de costas para a entrada, e as duas passaram a interagir com as meninas para tirar o desconforto que sentiam.

A noite começava bem, todas rindo e divertindo-se muito, Drica tentou não beber muito, afinal não era sexta-feira, mas não conseguiu cumprir sua meta. Ana ficou na coca cola, estava dirigindo e não queria ser pega na lei seca.

— Que bom que você veio. –disse Drica sem saber por onde começava-

— Eu não tive audiência hoje, sai mais cedo do escritório, fui ao banco, resolvi algumas coisas e depois fui para casa me arrumar para vir te encontrar.

— Vir me encontrar? Achei que você tinha vindo pelas meninas, o aniversário é delas.

— Também, mas minha vontade maior era te ver novamente. – sorriu para a morena–

Elas conversavam bem próximas por causa da banda que tocava ao fundo e das pessoas que falavam em volta, essa proximidade fez com que Drica sentisse um arrepio quando Ana falou ao seu ouvido sobre seu desejo de vê-la novamente.

— E sua namorada? – falou enquanto bebia um gole de chope —

Ana levou um balde de água fria quando ouviu falar de Gisele.

— Ficou com o marido em casa, e hoje não é dia para ela sair comigo, eu não quero complicar mais as coisas.

— Porque você estaria comigo, não é?

Ao fundo a banda começava a tocar uma música da Pitty que Adriana adorava e por acaso se encaixava muito bem com a situação das duas. Ana ouviu a letra por um momento e respondeu à pergunta de Adriana.

Na Sua Estante

Pitty

Te vejo errando e isso não é pecado,

Exceto quando faz outra pessoa sangrar

Te vejo sonhando e isso dá medo

Perdido num mundo que não dá pra entrar

Você está saindo da minha vida

E parece que vai demorar

Se não souber voltar ao menos mande notícias

“Cê” acha que eu sou louca

Mas tudo vai se encaixar

Tô aproveitando cada segundo

Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

Você tá sempre indo e vindo, tudo bem

Dessa vez eu já vesti minha armadura

E mesmo que nada funcione

Eu estarei de pé, de queixo erguido

Depois você me vê vermelha e acha graça

Mas eu não ficaria bem na sua estante

Tô aproveitando cada segundo

Antes que isso aqui vire uma tragédia

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres e outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

E não adianta nem me procurar

Em outros timbres, outros risos

Eu estava aqui o tempo todo

Só você não viu

Só por hoje não quero mais te ver

Só por hoje não vou tomar minha dose de você

Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se

Curam (não)

E essa abstinência uma hora vai passar

— Sim, olha Adriana, eu não quero te magoar, e eu não vim aqui para te seduzir ou nada desse tipo, eu só quero conversar com você, te conhecer, eu adorei você, percebi que é uma pessoa maravilhosa.

Ana segurou a mão de Adriana, esta sentiu o calor em sua mão e se arrepiou ao toque da advogada.

— Entendo, não pensei isso –Adriana mentiu sobre seus sentimentos– , eu vejo em você alguém muito especial também, e eu sinto o mesmo, acho que devemos deixar as coisas acontecerem, sem forçar barra. – estava frustrada –

Adriana retirou a mão do contato para não se deixar levar pelo desejo.

— Eu acho ótimo. E a propósito, você está linda!

— Eu achei o mesmo de você.

As duas conversavam animadas, e as amigas perceberam o clima envolvente entre elas e não interferiam na conversa, a não ser Alessandra que como sempre, sem noção, chamava Drica para escutar uma piada ou outra, a menina ria e logo voltava sua atenção para Ana Paula.

Alessandra chamou Adriana para tirar fotos com ela e Paula, a morena foi ao seu encontro e ao invés de pedir para alguém segurar a câmera, ela quis bater a foto, aquele tipo que a própria pessoa segura a câmera, as três faziam pose e nada da fotografia sair.

— Alessandra aperta esse botão. – Adriana falava entre os dentes para não desfazer o sorriso –

–Amiga eu estou apertando.—Alessandra também falava sem desfazer o sorriso —

Até que o canhão do zoom fechou, e Adriana percebeu que a amiga estava apertando o botão de Off do aparelho.

— Alessandra você desligou a máquina e não bateu a foto.

— Ai meu Deus!

Todas na mesa começaram a rir. Até que Ana Paula se ofereceu para ser a fotógrafa da vez.

— É melhor deixar que eu tire a foto. – Estendeu a mão para pegar o eletrônico–

Alessandra entregou a câmera e contrariada fez bico enquanto Adriana beijava sua bochecha, foi uma fotografia hilária.

A noite seguia perfeita, Drica levantou-se para ir ao banheiro, efeito da cerveja que já estava começando a deixar Drica mais alta. Ela combinou de dormir no apartamento de Paula, já que as duas dormiriam em um motel para comemorar a data. Pegaria um taxi para chegar ao destino.

Ana Paula estava bem, sentia-se feliz no meio das amigas e principalmente ao lado de Adriana.

A advogada conversava animada, esperando Drica voltar para a mesa quando quase engasgou com o gelo do copo de coca cola, ela não acreditou ao ver Gisele parada na entrada do bar.

— Puta que pariu! Como ela descobriu que eu estou aqui?

— O que foi Ana? – perguntava Isadora-

— Olha pra porta. –Ana indicou a direção com a cabeça–

Isadora olhou e viu a figura esguia de Gisele procurando a loira dentro do bar.

— Nossa Senhora das mulheres chicletes! Você falou pra ela que o bar era esse?

— Claro que não! Eu vou lá, eu preciso levar Gisele embora daqui.

— Adriana ainda não voltou do banheiro.

— Pede desculpas a ela por mim, eu não quero que ela veja Gisele e nem o contrário, não quero trazer problemas para ela. Pega a chave do meu carro, vocês voltariam comigo, pede a Nathalia para dirigir.

Não deu tempo de Ana levantar-se, Drica voltou do banheiro com outro chope na mão e uma latinha de coca cola para a amiga.

— Aqui Ana, trouxe para você.

Ana estava branca, Adriana não percebeu o que acontecia pois sua percepção já estava alterada pela bebida alcoólica.

— Adriana, eu vou dispensar essa coca cola, eu preciso ir embora.

— Mas já? – olhou-a desapontada–  Agora que o papo está ficando bom.

— Sim, eu preciso mesmo ir. Minha irmã me ligou pedindo que eu vá para casa, ela está com um problema. – Ana mentia com o coração na mão– Eu te ligo amanhã.

— Tudo bem. Mas liga mesmo.

Adriana esperava pelo menos um beijo de despedida, mas isso não aconteceu o que a deixou chateada.

— Tchau.

— Tchau.

Ana despediu-se das outras amigas e saiu correndo para a porta evitou beijar a morena para não despertar a atenção de Gisele. Adriana acompanhou os passos da loira e Isadora percebendo isso, tratou de desviar a atenção da morena para si, afim de não deixar Drica perceber o encontro de Ana Paula com Gisele.

— Drica, você vai para sua casa? –Disse tocando o braço de Adriana —

— Não Isa, eu não estou em condições de dirigir. – Drica deu um sorriso meio torto apontando para a tulipa de chope-

Isadora deu um sorriso, e olhou para a porta do bar, Ana não estava mais por ali, o que a deixou mais aliviada.

— Vai comigo então, nós deixamos você em casa, você mora em Icarai não é?

— Sim, eu moro na Moreira Cesar.

— Então, vamos conosco, Nathalia vai dirigir.

— Eu vou mesmo, eu ia dormir no apartamento das meninas, mas é melhor eu ir para casa.

— Então está bem, quando nós formos eu te aviso.

***********

Ao encontrar Gisele, Ana nem cumprimentou a namorada, saiu direto pela porta.

Do lado de fora do bar, Ana não sabia se sentia raiva ou frustração, na verdade era um misto dos dois sentimentos, o que Gisele estava fazendo ali àquela hora?

— Gisele o que você está fazendo aqui?

— Eu vim te buscar.

— Eu não pedi para você vir me buscar, eu estou de carro.

— Mas eu quis vir.

— E como você descobriu que eu estava aqui? Eu não disse onde era o bar.

— Eu simplesmente sinto os seus passos meu amor.

Gisele ia chegando para abraçar Ana que se esquivou.

— O que foi?

— O que foi? – Ana gesticulava irritada– Gisele para de me monitorar, me deixa viver a minha vida, volta para casa e vai cuidar do seu marido, por que você não me deixa em paz?

— Porque eu te amo!

— Isso não é amor Gisele, é doença. Você não disse que ia esperar o Bruno? Cadê ele?

— Ele está em casa, chegou cansado e foi dormir, eu aproveitei e sai para te ver.

— Ai isso está muito errado.

— Você não gostou de me ver?

Ana não sabia o que responder, estava confusa, Gisele marcava em cima, não dava tempo para a namorada esquecê-la, e Ana sempre acabava cedendo aos carinhos e caprichos da outra.

— Você sabe que eu adoro te ver, mas quando não tem ninguém entre nós. Hoje eu tinha um compromisso, e você está abusando de interferir na minha vida, não dá para você ficar me proibindo de ir aos lugares ou chegando onde eu estou para me tirar de lá.

— Acalme-se meu amor, vamos para algum lugar mais tranquilo, eu quero te namorar hoje.

— Desculpe-me, mas não vai dar, eu tenho cliente cedo amanhã, já que você veio até aqui, me leva para minha casa. – disse isso enfatizando as duas ultimas palavras–

— Nossa Aninha, eu só vim para ficar um tempo com você.

— Perfeito, vai ficar esse tempo no transito me deixando em casa, agora vamos, que a minha noite já acabou mesmo.

— E o seu carro?

— Isadora vai levar pra mim.

Gisele entrou no carro a contra gosto e rumou para Niterói a fim de deixar Ana em casa, é lógico que no caminho ela foi conversando e conquistando Aninha, que acabou cedendo e as duas foram parar em um motel no meio do caminho.

Mais uma vez a manipulação de Gisele funcionava com a loira que em alguns momentos via-se refém desse relacionamento que ela não conseguia se libertar.

**************

No bar, no final da noite, Drica já estava bem alterada, depois que Ana Paula deixou o local, ela só prestou atenção nas tulipas de chope, pensando no rosto angelical da loira que a deixou para trás naquela noite.

— Drica, nós vamos agora, você vai para Niterói mesmo ou quer ficar aqui no Rio?

— Eu vou com vocês.

A morena levantou-se com certa dificuldade, despediu-se das amigas para ir com Isa.

— Meninas, eu vou com Isadora, ela vai para Niteroi e é melhor eu ir também, vocês estão comemorando aniversario de casamento e eu vou estar na sua casa, não vai ficar legal isso.

— Não amiga, não teria problema algum, você sabe que nós vamos para um motel nos divertir e você poderia ficar no apê numa boa.

— Paulinha, eu te amo, mas eu estou bêbada demais, é melhor ir para minha casa, se eu passar mal, eu não faço lambança no seu banheiro. – Adriana dizia isso, com o indicador cutucando Paula–

Paula riu da amiga e abraçada com ela constatou a afirmação que ela fizera, Drica estava tonta.

— Tudo bem então, Isa, por favor, cuida bem da minha amiga por que ela não está muito bem.

— Eu já percebi isso Paula, pode deixar que eu vou entregar o pacote são e salvo, é só ela lembrar o endereço.

Todas riram, inclusive Drica, que fez uma careta para Isadora. As meninas foram para o carro e Drica mesmo trocando um pouco as pernas, continuava em cima do salto, não admitia tirar o acessório.

— Drica, tira a sandália, não está machucando o seu pé?

— Não, não está machucando não.

— Então tá, esse é o carro, vamos para casa.

— Maravilha, eu estou louca para chegar em casa, eu bebi demais.

— Eu vi, depois que Ana Paula foi embora eu achei que você beberia o bar inteiro.

Isadora deu um cutucão em Nathalia, que se assustou com a atitude da namorada, mas logo entendeu o que acabara de fazer.

— Eu fiz isso?

— Não Drica, Nathalia estava brincando.

— Pior que eu fiz isso mesmo, o que está acontecendo comigo? – era mais uma conversa consigo mesma do que uma resposta a Isadora–

— Viu o que você fez? – Isadora sussurrava para Nathalia.

— Eu? –sussurrava também–

— Isa, você conhece a Ana ha quanto tempo?

— Ih Drica, muitos anos, eu nem sei direito.

— Você que a conhece bem, qual é a ligação dela com essa mulher que ela não consegue largar?

— Eu não sei Drica, juro que eu também queria muito saber, mas é quase um vício, ela não consegue se desligar.

— Hum, eu realmente não consigo entender como alguém pode tratar uma pessoa como ela desse jeito, se eu estivesse no lugar dessa mulher, eu já teria tomado uma atitude.

–Eu imagino, é difícil falar quando estamos de fora, mas eu também já teria feito algo, mas ela é manipuladora e Ana Paula sempre entra nos joguinhos dela.

— Entendo.

— Drica, eu posso te fazer uma pergunta?

— Nathalia!

 –Calma meu amor.

Drica já estava meio sonolenta, e quase cochilando por conta do cansaço e do excesso de álcool.

— Drica.

— Oi.

— Eu posso te fazer uma pergunta?

— Sim.

— Você está saindo com alguém?

— Não.

— Não tem ninguém que esteja balançando o seu coração? — Nathalia levou outro beliscão–

— Eu acho que Ana Paula deveria procurar a felicidade dela, ela não está feliz.

— Eu também acho Drica. – Nathalia ia chamando Adriana para a conversa-

— Se a outra não resolve, ela tinha que tomar uma atitude, deixar ela com o marido e procurar outra pessoa.

— Alguém como você?

— Seria perfeito…

Nathalia olhava para Isadora confirmando as suas suspeitas, Isa não acreditava no poder de persuasão da namorada e menos ainda que Drica pudesse estar apaixonada por Ana Paula.

Drica acabou cochilando no meio do caminho, e só acordou quando chegavam em Icaraí.

— Drica, qual é o seu prédio?

— Nós já chegamos?

— Sim, eu acho que você dormiu um pouco.

— É na próxima esquina.

— Pertinho de mim, eu moro na Pereira da Silva, em frente ao Fragatas.

— Foi o lá que eu fiquei esperando por ela semana passada.

— Quem?

— Ana Paula.

— Está entregue. – Isadora falou para dissipar a conversa.-

— Obrigada meninas, me desculpem pela bebedeira, eu não estou no meu normal, eu juro que eu não sou assim.

— Sem problemas. Descansa.

— Obrigada. Tchau.

Adriana entrou no prédio e as namoradas rumaram para casa, Isadora passou a sentir medo da relação das duas ao perceber que Drica estava apaixonada por Ana, que presa ao amor de Gisele, não estava enxergando o sentimento que a morena nutria por ela.

— Nathalia, eu fiquei preocupada agora.

— Por que meu amor?

— Drica está apaixonada por Ana, e ela não enxerga ninguém além de Gisele.

— Isa, pensa comigo, Drica pode mudar isso, eu percebi Ana Paula hoje também, ela está balançada por Adriana.

— Sim, mas você viu como ela ficou quando viu Gisele no bar?

Nathalia pensou por um tempo.

— Eu acho que nossa amiga vai acabar machucando Adriana.

— Isa, isso só o tempo irá nos dizer.

Adriana chegou em casa, tomou um banho, colocou ração para Pitty e caiu na cama, nem percebeu a cachorrinha se aninhando ao seu lado depois de ter se alimentado.

O dia seria longo para a contabilista.

********

Ana chegou em casa de madrugada, Gisele a deixou depois de passarem algumas horas se amando em um motel em Niteroi.

— Viu como foi bom eu ter vindo?

— Gisele por que você está fazendo isso comigo?

— Isso o que?

— Isso, você não fala com o Bruno, não se resolve, fica me iludindo, eu quero viver, ser feliz, se isso não for possível com você, então me fala que eu vou seguir minha vida.

— Não fala assim Aninha, eu te amo, eu quero ficar com você.

— Então conversa com o Bruno, e se separa de uma vez.

— Eu vou conversar com ele amanhã, ele está de folga, amanhã eu te ligo.

— Tudo bem. Tchau.

— Tchau.

Ana entrou em casa com o mesmo gosto de abandono que sempre sentia quando Gisele ia embora, sabia que a namorada estava indo ao encontro de outros braços enquanto ela esperava todos os dias por um milagre que nunca acontecia.

Pensou em Adriana, na noite agradável que passaram juntas, na delicadeza da morena que parecia ser tão carinhosa e atenciosa, diferente de Gisele que só aparece quando quer e finge não estar acontecendo nada.

No dia seguinte, Isadora foi levar o carro para Ana em Itaipu, encontrou com a advogada bem cedo antes de ir trabalhar.

— Amiga, está entregue. Pode olhar, que não tem nenhum arranhão.

— Como se eu fosse ligar pra isso.

— E ai, o que a sua sombra queria? Ela apareceu só pra te aporrinhar não foi?

— Ai Isa, nem me fala. Até que no final deu para aproveitar a noite, nós acabamos em um motel aqui perto mesmo, mas eu ainda não sei como ela me achou.

— Ai Ana, você cedeu de novo?

— Isa, não adianta, eu amo a Gisele.

— E Adriana entra onde?

— Ai amiga, não me complica.

— Você que está se complicando Ana Paula, está envolvendo a menina que não tem nada haver com isso tudo, e daqui a pouco não vai ter nenhuma das duas.

— Ai Isa, não fala assim.

— Mas é verdade, fica nesse chove e não molha, quando você menos esperar, Gisele te dá um pé na bunda e Adriana vai ter cansado de esperar. Ai amiga eu quero ver o que você vai fazer.

— Eu não vou fazer nada Isadora, e deixa eu ir que eu tenho audiência hoje.

— Não foge não hein Ana Paula, depois não diga que eu não avisei. Tchau.

— Sei, tchau amiga.

Ana deixou Isadora no centro para que ela pegasse as barcas e ir trabalhar, e voltou para Itaipu iria direto para o escritório, e ficou pensando no que Isadora falou, será que Gisele seria capaz de deixa-la, e Adriana, com certeza cansaria de esperar uma atitude da loira quanto a essa relação tão conturbada e buscaria sua felicidade, mas como terminar? Como se desprender desse amor que a consome? Ela não sabia o que fazer e nem como agir. Esperava que um milagre pudesse acontecer e agir por ela.



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