Ana conversava com Marta sobre seus pais.

— Então Ana, como foi a semana que seus pais passaram aqui com vocês?

–O de sempre, mamãe trouxe inúmeros perfumes, algumas roupas, e muitas fotos. – deu de ombros –

— Ela sempre traz esses presentes?

— Sim, deve ser o jeito dela de tentar compensar a distancia.

— É uma possibilidade, mesmo que subconsciente. Talvez ela não faça isso de proposito, pode ser por instinto.

–O único instinto dela é correr atrás do meu pai. – dizia aborrecida—

— Vocês não conversaram?

— Muito pouco, eu passei a maior parte do tempo no apartamento de Lívia.

— Mas Ana, a pouca oportunidade que você tem de ficar com seus pais você foge. Desse jeito não haverá nunca um entendimento entre vocês.

— É que eu prefiro nem ter contato, já que eles vão nos deixar novamente.

— Então é uma forma de se proteger do sofrimento de ter seus pais por uma semana e depois ficar sem eles por meses, você não quer se acostumar com uma presença que é remota.

— Pode ser.

— Seu relacionamento está bem? Você disse que dormiu no apartamento de Lívia, você já conseguiu se relacionar com ela no quarto da dona do apartamento?

— Não, e isso deixou Lívia muito irritada, nós estamos brigadas, eu acho que meu namoro está prestes a terminar. – dizia com tristeza—

— E isso está te incomodando?

— Sim, eu não queria magoar a Lívia, ela é uma ótima pessoa, mas depois que eu descobri que eu amo a Adriana, nosso relacionamento esfriou completamente.

–É natural essa reação que você teve, estar com alguém pensando em outra pessoa não é bom para ninguém, você não se entrega, e não consegue manter o relacionamento sadio.

— É verdade, você tinha razão quando me disse que eu tinha que terminar com ela, não está dando certo, não vai ser nada fácil, mas eu vou conversar com ela.

— Eu acredito que você se sinta melhor depois de tirar esse peso das costas, você precisa dar um passo de cada vez Ana, já está evoluindo bastante com essas descobertas, mas ainda precisamos trabalhar melhor essa sua relação com os seus pais.

Ana ficou pensativa, realmente estava se sentindo mais confiante com relação aos seus sentimentos, já descobrira seu amor por Adriana e agora a atitude de terminar o namoro com Lívia já que estava indo por água abaixo, em outros tempos ela tentaria arrastar o relacionamento até chegar o ponto que chegou com Gisele, e não foi a melhor opção na época.

******************

Mariana precisava voltar para o Brasil e Adriana estava com ela no aeroporto de Nova Iorque esperando o embarque da arquiteta.

— Mari, obrigada por tudo, você é um amor, eu já estou sentindo saudades.

— Eu também estou sentindo saudades e nem fui embora ainda. – ria nervosa –

— Obrigada por estar aqui quando eu precisei de alguém.

— Eu não poderia estar em outro lugar. –fez um carinho no seu rosto –

As duas se abraçaram e deram um selinho discreto para não chamar a atenção de muita gente, o voo de Mariana foi chamado e a arquiteta pegou sua bagagem de mão para embarcar, Adriana a observava caminhando devagar e olhando para trás, com pesar as duas de despediram a distância, uma lágrima rolou em seu rosto, a presença de Mariana fez com que ela se sentisse viva novamente, foi uma revitalização de sua alma.

Agora Adriana se preparava para voltar para Harvard, pensava como seria voltar para a Universidade, sentia um frio na barriga só de pensar. Se despediu de Amanda no aeroporto, agradecendo a hospitalidade, dali seu destino era a Universidade.

Chegando de volta em Harvard, Adriana percebeu que tudo voltou ao normal, já não se via mais tantos policiais, os jornalistas já não estavam mais no portão e o fluxo de alunos parecia normal, sem maiores problemas, passar por aquele portão tão conhecido por ela dessa vez trouxe lembranças indesejadas.

O trauma ainda estava ali, ela esqueceu por duas semanas as sensações de estar presa e impotente nas mãos de um louco, mas os pesadelos ainda a acordavam durante a noite, e Mariana estava lá para confortá-la, a partir de agora ela estava sozinha de novo. Um tremor percorreu seu corpo quando viu a biblioteca, os corredores que ela percorreu sob a ameaça de uma arma, aquelas lembranças ainda estavam muito vivas em sua memória.

Chegou ao prédio do alojamento e respirou fundo, estava voltando para suas coisas, para sua rotina e sua vida. Ela teria muito trabalho para colocar em dia e se preparava para a maratona que enfrentaria para ficar em dia com toda a matéria.

Abriu a porta do quarto e percebeu que estava tudo no seu lugar, Renata não mexeu em nada. Ela sorriu ao constatar que nada havia mudado. Sua parte do quarto estava arrumada e a de Renata totalmente bagunçada.

Adriana deixou suas coisas e foi procurar seu orientador para avisar que estava de volta. O senhor grisalho a abraçou forte quando a encontrou e conversou com ela durante horas, passou a bibliografia para a pesquisa de Adriana e atualizou a matéria com a morena, ela perdeu provas, mas ele passou um trabalho para que ela fizesse substituindo a avaliação tradicional.

De volta no quarto, Renata chegava ao telefone e não percebeu que Adriana já estava de volta. A morena estava no banheiro e escutou parte da conversa.

— Não Felipe, eu não quero que você termine o seu namoro por minha causa.

Renata estava falando com o irmão de Adriana.

— Eu não sei o que dizer Felipe – uma pausa – eu sei, para mim foi uma noite maravilhosa, mas e depois? Minha vida é em São Paulo, eu comecei a faculdade esse ano, eu vou ficar aqui por quatro anos, você não pode se apaixonar por mim. – esfregava as têmporas —
Adriana saía do banheiro e Renata ficou pálida, perdeu a cor dos lábios completamente.

Felipe perguntava por que ela tinha ficado muda, ela só olhava para Adriana.

— Oi Re, termina sua ligação. – sussurrava –

— Felipe eu preciso desligar. – uma pausa – Tchau.

— Drica, eu não sabia que você vinha hoje. – estava completamente sem graça—

–Eu cheguei depois do almoço, você está bem?

— Sim eu estou, e você?

— Tudo bem. Você estava falando com meu irmão não estava?

— Sim eu estava. – olhou para o chão – Drica desculpa, foi uma coisa que não deu para controlar, eu sei que foi errado, mas eu não consegui resistir, foi mais forte do que minha razão. – falava sem parar –

— Ei menina, calma ai, você está se desculpando por que?

Renata não entendeu nada.

— Eu sou irmã dele, a namorada dele que vai ficar furiosa com você. – ria—

— Eu sei, é que eu pensei que você ia ficar chateada comigo.

— Não, Renata, eu não tenho o direito de julgar ninguém, você não tem compromisso com ninguém, ele que deveria ter pensado antes de cair na tentação.

— Jura que você não está zangada? – olhava assustada –

— Juro. Fica tranquila.

Renata se jogou no colo de Adriana e a beijou no rosto repetidas vezes.

— Ei espera ai mocinha, eu tenho namorada. – Adriana ria –

— Eu te adoro Drica, você é a melhor amiga do mundo, eu estou tão feliz que você voltou, esse quarto estava tão vazio sem você. – ainda estava pendurada no pescoço de Drica –

— Obrigada menina, mas já pode se soltar do meu pescoço?

Renata largou o pescoço da amiga e ria.

— Agora me conta como isso aconteceu? – Drica pediu –

— Ai amiga uma longa história. – revirou os olhos –

— Nós temos todo o tempo do mundo.
Renata contou o que havia acontecido entre os dois naquela noite antes da volta de Felipe para o Brasil, a garota contava como ficou encantada com o irmão da amiga.
— Ai Drica, ele é lindo, muito parecido com você diga-se de passagem.

— Meu irmão é um fofo mesmo, mas ele tem namorada, e agiu mal com ela.

— Eu sei, eu também tenho culpa, eu provoquei o Felipe.

— Como você o provocou?

— Ai menina, eu sei ser sensual quando eu quero. – riu sem graça –

— Ai Renata, só você mesmo. Mas fui eu que aconselhei para ele terminar com Luana, ou pelo menos contar o que aconteceu. Eu não acho justo a garota ficar sem saber que ele teve um deslize e a partir daí ponderar se ela o perdoa ou não. – deu de ombros –

— Eu não contaria, o que os olhos não veem o coração não sente.

— Sente sim, porque ele mudou depois do que aconteceu, o peso que ele carrega um dia vai despencar e ai sim, será muito tarde para recomeçar.

— Olhando por esse lado, não tinha pensado nele. – Renata ficou pensativa –

— Bom, eu não sei o que vai acontecer e não vou me meter, vocês são adultos que se entendam.

— Ai Drica, eu estou tão feliz que você está de volta. – Renata foi até a amiga e a abraçou –

— Eu também estou feliz em voltar. – retribuía o carinho – Como estão as movimentações aqui no campus? Ainda se fala do que aconteceu?

— Não muito, Emily não voltou ainda, nem sei se vai voltar, quando ela aparecer por aqui deve trazer tudo de volta, mas por enquanto esfriou.

— Que bom, eu não quero andar por ai sendo vigiada ou observada por ninguém.

O celular de Adriana toca na mesinha, a morena foi atender e era seu irmão.

— Oi Felipe.

— Oi Drica, você pode falar?

— Claro, eu estou no quarto.

— Você já voltou para Harvard? – estava triste –

— Sim, o que aconteceu? Você está estranho. – olhou para Renata –

— Eu contei para Luana o que aconteceu ai em Boston com Renata, ela terminou comigo.

— Ah eu entendo, mas dá um tempo para ela assimilar a notícia Lipe, foi um baque grande, mas se ela realmente te amar, vocês podem conversar e acertar os ponteiros.

Renata observava a conversa dos dois e percebeu que Felipe estava contando sobre a namorada.

— Eu não sei, ela ficou muito magoada comigo, com razão né. – tinha voz de choro — Eu pisei na bola feio.

— Eu sei. Mas o que está feito não dá para voltar atrás, agora você tem que seguir em frente. Torce para ela te perdoar.

— Eu estou tão triste de tê-la feito sofrer, isso não era para ter acontecido.

— Eu imagino, mas já que aconteceu não adianta chorar sobre o leite derramado não é? Bola pra frente.

— Renata está ai?

— Renata? – Adriana olhou para a garota que fez um sinal negativo com a cabeça –

— Ela ainda não chegou da aula.

— Tudo bem então, depois eu falo com ela.

— Felipe, você se apaixonou? – Adriana perguntou surpresa –

O garoto ficou mudo, Renata olhava ansiosa pela resposta do outro lado do aparelho, Adriana sentiu que o irmão estava completamente derretido pela moça despojada que estuda Direito em Harvard e faz atletismo.

— Adriana não me faz pergunta difícil. – ele ficou irritado –

— Não é difícil, é simples, ou você está ou não.

— Olha só, eu preciso desligar, depois nós conversamos. Tchau.

— Tchau.

Olhou para Renata e a garota estava observando sua reação.

— Ele desconversou.

Visivelmente desapontada a menina pegou suas coisas e foi para o banheiro, Adriana logo percebeu que o que aconteceu entre os dois foi mais que uma noite de prazer, virou paixão.

*************

Mariana desembarcava no Rio, seu irmão a esperava no saguão do Aeroporto do Galeão.

— Oi Mari. – abraçou a irmã e a levantou do chão –

— Marcos, que saudade! – apertou o rapaz –

— Eu fiquei tão feliz que encontraram sua amiga. – pegou as malas da irmã –

— Ela agora é minha namorada. – dizia com um sorriso muito bobo no rosto –

— Que bom! Você acertou quando resolveu ir pra lá.

— É, dessa vez eu acertei mesmo, ela é linda, meiga, carinhosa e forte. Você viu a reportagem? Ela que conseguiu se livrar do cativeiro. – dizia com todo orgulho –

— Eu vi sim, você parou bem dessa vez maninha, sem contar que ela é um avião — levou um tapa no braço – Ai.

— Tira o olho da minha namorada hein! – apontava o dedo para o irmão –

— Desculpa, eu só queria te zoar mesmo. – ria –

Mariana ficou olhando de cara feia, mas depois acabou rindo do irmão, os dois foram para o apartamento em Ipanema conversando, Mariana não conseguia parar de falar sobre Adriana. Lembrou de mandar uma mensagem para a namorada avisando que chegou bem. Adriana respondeu de volta desejando uma boa chegada e dizia que já estava com saudades. Muito cansada da longa viagem, Mariana tomou um banho fez um lanche e adormeceu rapidamente no aconchego do seu quarto.

********************
Ana estava tomando banho, Lívia chegou em sua casa e entrou direto para o quarto da loira, ela encontrou a porta aberta e entrou colocando sua bolsa sobre a poltrona. Percebeu que Ana estava no chuveiro e resolveu esperar pela namorada. Ela estava triste, as duas estavam brigando demais, muitos problemas, Ana parecia distante, não a procurava como antes, ela percebia que algo mudou na advogada e ela perdia espaço em sua vida.

Ligou a televisão e deitou na cama de Ana Paula, ao procurar o controle remoto ela passou a mão por baixo do travesseiro da namorada e sentiu algo diferente. Levantou o travesseiro e encontrou a foto de Adriana, o sangue ferveu em suas veias, foi a gota d’água para a professora.

Quando Ana saiu do banheiro encontrou a namorada com o semblante fechado e lágrimas nos olhos, ela não entendeu nada e fez cara de interrogação.

— Oi Lívia, você está bem? – perguntou intrigada –

— Não Ana, eu não estou nada bem, — uma lágrima teimosa caiu sobre seu rosto – O que é isso aqui? – levantou a foto de Adriana –

Ana Paula gelou dos pés a cabeça, ela esqueceu de guardar a foto de volta no closet, Lívia encontrou seu troféu, seu elo com a morena. O que fazer agora? O que dizer para Lívia?

— É uma foto.

— Eu sei que é uma foto, não seja sonsa Ana Paula. – levantou da cama – É uma foto de Adriana, por que ela estava embaixo do seu travesseiro?

— Eu estava arrumando algumas coisas antigas e encontrei a foto eu separei para mudar de caixa e pelo que eu vejo ela caiu ai embaixo e eu não vi. – tentava disfarçar –

— Ah foi isso?

— Sim.

— Quer saber de uma coisa Ana Paula, eu não aguento mais suas desculpas, sua ausência, a distância entre nós, eu pensei que conseguiria te reconquistar, mas eu não consegui. – balançava a cabeça –

— Lívia, não fica assim. – Ana se aproximava –

— Não Ana Paula, fica ai. – chorava – Eu devia saber que isso não ia dar certo. Você não me ama hoje e nunca me amou, eu me iludi.

— Lívia eu te amei sim, do meu jeito, mas amei. – ficou emocionada – Nós estamos passando por uma fase ruim, isso vai mudar.

— Não Ana, não vai, você lembra o dia que você acordou de ressaca e eu estava chateada?

— Lembro. –Ana não entendia onde essa conversa iria chegar –

— Pois bem, você me chamou de Drica quando eu te dei boa noite.

Ana Paula deixou o queixo cair, caramba foi por isso que Lívia estava tão estranha naquele dia. Não sabia o que fazer e nem o que dizer, até porque não adiantaria nada.

— Depois ficou toda derretida e desesperada porque ela estava desaparecida lá em Boston, e hoje eu acho essa foto debaixo do seu travesseiro.

— Lívia me perdoa. Foi um deslize. Mas eu não posso mais seguir com isso, Eu sinto muito. Acho melhor terminar tudo.

— Ana, deslize fui eu aceitar voltar pra você. Eu sabia onde eu estava me metendo e eu quis arriscar assim mesmo, bem feito pra mim. – abriu os braços e bateu nas pernas –

— Lívia me perdoa, eu nunca quis te magoar.

— Ana você ama essa menina. Só você que não enxerga isso. – balançava a cabeça –

— Lívia não é assim. – tentava não magoar a namorada –

— É assim Ana, você teve sua oportunidade e agora está ai pelos cantos, triste, desanimada, você acha que eu não percebi? Depois desse sumiço você mudou completamente. Eu não sou a mulher da sua vida, e nunca vou ser.

— Lívia eu não queria que fosse assim. – lágrimas escorreram de seus olhos –

O olhar negro da professora estava triste e decepcionado, travava uma batalha com os olhos azuis que a essa altura estavam escuros e banhados em lágrimas sentidas por perceber que magoara Lívia. Ana gosta da professora, mas realmente não a ama. Descobrir seu amor por Adriana fez a relação esfriar completamente.

— Infelizmente é assim. Eu não aguento mais viver com essa insegurança, de quando você vai me deixar novamente, eu não tenho mais idade para especulações Ana, eu quero alguém que se doe inteira pra mim, que me ame e se doe.

— Eu sinto muito Lívia, eu te amei muito, mas hoje realmente não é mais a mesma coisa, me desculpe, eu tentei te dar o meu melhor, infelizmente eu não consegui te dar o que você merece.

Lívia já cansada de nadar contra a correnteza pegou sua bolsa e caminhou até a porta do quarto, olhou de volta para Ana Paula e suspirou tristemente, lágrimas caíam de seus olhos.

— Eu vou deixar suas coisas que estão lá em casa com o Ramon, passa lá e pega com o seu amigo. – disse sarcástica –

Ana pensou em dizer alguma coisa, mas Lívia deixou o quarto, partindo para sempre da vida de Ana Paula, a loira ficou parada analisando a situação, ficou triste por fazer a namorada sofrer, ex-namorada a partir de agora, mais uma vez ela pensou que Isadora tinha razão, ela já deveria ter tomado essa atitude antes.

Caminhou até a cama e a foto de Adriana estava caída com o sorriso pacato da morena na sua direção, a saudade era tão grande que ela não podia mensurar, não recebeu resposta do e-mail que enviou no aniversário da contadora, pensou que Adriana também estava muito magoada ainda.

Perdeu as duas mulheres que já amou na vida, Lívia e Adriana, sentiu-se sozinha como ha muito tempo não sentia. Chorou calada e sozinha abraçada ao travesseiro.
*****************

Paula estava em casa no domingo sozinha, esperava Alessandra e Viviane que estavam no mercado. O interfone tocou e o porteiro anunciava a chegada de Isadora. A contadora liberou a entrada da mulata e abriu a porta para que ela entrasse.

— Oi Paula, tudo bem? – deram beijos de comadre –

— Tudo bem Isa, entra.

A mulata entrou e deixou sua bolsa no sofá. Ela estava de biquíni com uma canga amarrada na cintura, óculos de sol na cabeça e de chinelo nos pés.

— Vivi já está pronta?

— Menina, Viviane foi com Alessandra no mercado e até agora não voltaram, essas duas estão aprontando alguma. – olhava para o relógio – Senta ai, fica a vontade.

— Obrigada Paula.

As duas sentaram no sofá e começaram a conversar, quando Viviane e Alessandra chegaram, as duas estavam lado a lado conversando sobre trabalho, coincidência ou não, Paula falava alguma coisa e bateu a mão na coxa de Isadora na hora que Alessandra chegou.

O olhar de Alessandra congelou com a cena, aquela mulata exuberante seminua sentada no seu sofá ao lado de sua mulher foi demais para o seu entendimento. De onde estava ela lançou um olhar mortal para Paula que não mexeu nenhuma palha para se levantar, ela estava sentada de lado com a perna dobrada embaixo da outra e apoiada no encosto do sofá.

Viviane fechou a porta e passou por Alessandra que continuava parada em pé na entrada da sala.

— Ai Alessandra, vai ficar empacada ai até que horas? – Viviane reclamava –

A ruiva viu a namorada na sala e sorriu largo.

— Oi meu amor, já chegou ha muito tempo? – colocava as bolsas na cozinha –

— Tem vinte minutos. – recebeu um beijo da namorada –

Alessandra já ficou imaginando tudo o que dava para fazer em vinte minutos, com a facilidade da pouca roupa que a sua rival estava usando tudo seria mais prático.

— Eu perdi a hora no mercado, Alessandra não sabe o que quer! Fica andando de um lado pro outro. – Viviane gesticulava –

As duas mulheres riam, Paula sabia bem que Alessandra sempre faz isso quando as duas vão ao mercado. A mais velha continuava parada olhando para a namorada.

— Alessandra, você não vai entrar não? Vai ficar aí parada? – Paula reclamava —

Ela foi na cozinha e deixou as bolsas, voltou para a sala e sentou no braço do sofá e beijou a namorada, como se fosse para marcar o território, Isadora percebeu o desconforto da contadora e riu por dentro, sentiu o gostinho delicioso da vingança, perceber Alessandra se corroendo de ciúmes lhe deu uma boa sensação de revanche.

Paula também percebeu o desconforto da namorada e riu da situação, pensava se já não era tempo de parar de dar esse castigo para a outra, mas ainda sentia insegurança para voltar a morar com ela.

Viviane voltou do quarto e chamou logo Isadora para aproveitar o dia de sol que fazia em pleno outono.

— Eu estou pronta, essa cidade é mesmo incrível, em pleno outono um dia lindo desse, se fosse São Paulo estaria chovendo, eu acho que nunca mais volto para Sampa. – disse rindo –

— Eu acho muito boa essa ideia. – Isadora levantou e beijou a namorada — Eu não quero mesmo que você vá.

— Meninas, vocês não querem nos acompanhar? – Viviane perguntou animada –

— Não Vivi, podem ir e se divertir, eu hoje quero ficar em casa. –disse Paula segurando a mão de Alessandra –

— Então nós vamos. – Viviane deu tchau – Beijos e se comportem. – ria –

— Tchau Vivi. Até mais Isa. – Paula se despediu –

— Tchau. – Isadora acenou –

Alessandra só mexeu a cabeça, e quando todas saíram, Paula levantou e foi para a cozinha.

— Comprou tudo que eu pedi Ale? – olhava as bolsas —

— Comprei sim, eu trouxe até quatro “Marianas” para você, eu sei que você gosta. –dizia chegando na cozinha –

— Mariana? – Paula fez um olhar de interrogação – Que história é essa de “Mariana” Alessandra?

— Você não sabe o que é a “Mariana”? Logo você que adora comer. – mexia na bolsa atrás do pacote –

— Eu adoro comer Mariana? Não fala isso perto de Drica não que ela vai querer me matar. – ria –

— Deixa de ser palhaça, achei! – Alessandra tirava o pacotinho da sacola – Aqui, vai me dizer que você não adora esse bolinho recheado?

— Alessandra, criatura, presta mais atenção nas coisas, o nome do bolinho é “Ana Maria”, não tem nenhuma Mariana ai.

— Ah é? – Alessandra pegou o pacote e ficou olhando o nome – É verdade eu confundi. É tudo nome de mulher. – fazia gestos com as mãos—

— Ai Ale, só você mesmo, minha maluquinha. – abraçou a namorada e a beijou –
*****************
Adriana estava deitada no quarto, Renata saiu com alguns amigos e ela não quis ir, as vezes levantava e ia até a janela olhar para o pátio, o temor de estar sendo vigiada novamente a estava dominando, ela não poderia continuar com essa paranoia, precisava se acalmar.

Decidiu que iria procurar o departamento médico da Universidade e tentar uma vaga com os psicólogos que atendiam os alunos problemáticos.

Ouviu o barulho do celular, quando leu, era uma mensagem de Mariana.

— “Oi minha linda, você está bem? Eu estou morrendo de saudades, eu vou entregar os presentes das meninas hoje na casa de Paula. Quer mandar algum recado?”

Adriana prontamente respondeu.

— “Eu estou bem, eu também estou sentindo muitas saudades, eu não vejo a hora de voltar para o Rio. Manda um beijo para todas elas. Beijos pra você”.

Adriana sorriu, estava vivendo nas nuvens com o relacionamento com Mariana, ela é meiga, carinhosa, atenciosa, se mostrou uma ótima companhia e o principal, ela tem sentimentos por Adriana e demonstra isso com suas atitudes. Adriana queria estabilidade, não queria indecisões, ela não é indecisa, não espera que sua namorada também seja, isso que a afastou de Ana Paula. Ainda pensava na loira, mas já não era com tanta frequência, Mariana começava a ganhar espaço em sua vida.

A morena desejava que isso se concretizasse não iria esperar por uma atitude de Ana Paula a vida inteira, tudo bem que se fosse o caso ela até poderia esperar.



Notas:



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