Adriana estava na universidade, cuidava dos documentos para encerrar sua estadia no alojamento e fazia o requerimento para receber o diploma do mestrado. Renata estava em aulas, quando voltou ao quarto, Ana Paula estava parada em frente à sua porta encostada no portal de braços cruzados.

— Ana, o que você quer agora? – dizia incomodada—

— Nós não terminamos nossa conversa. – disse sorrindo –

— Terminamos sim, eu te falei que eu não posso fazer isso. Eu tenho uma pessoa que não merece que eu a traia.

— Então termina com ela, você não vai ser feliz com outra mulher. – dizia com propriedade –

— O que você sabe sobre mim? – encarou a loira —

— Eu sei que você me ama, sou eu quem você quer. – chegava mais perto da morena –

— Escuta aqui, eu já superei isso, você teve sua chance e não aproveitou. –empurrava Ana para trás –

— Mas eu não, eu fui uma idiota Drica, deixa eu te provar que eu mudei, eu sou outra mulher e agora eu sei exatamente o que eu quero, e o que eu quero é você. — sussurrava bem perto da morena –

Adriana estava se perdendo naquela sedução, seus olhos não saíam do olhar da advogada, ela fitava os lábios da outra e sua vontade era pular no pescoço da loira e dizer que sim, que ela a ama, que ela quer fazer amor e se entregar, mas ela não podia fazer isso.

A morena virou de costas para Ana e abriu a porta do quarto.

— Ana Paula vai embora, eu não posso ficar com você, eu não quero ficar com você. – mentia —

— Você pode sim e deve, eu não vou desistir de você dessa vez Adriana. Eu sou a mulher que você precisa para ser feliz.

— Nossa, esse lance de não ter mais dúvidas também fez sumir sua humildade não é?—dizia sarcástica –

As duas estavam dentro do quarto de Adriana, a morena já estava fazendo as malas para voltar ao Brasil, embarcaria em dois dias com as amigas.

— Isso se chama confiança.

— Ana é melhor você ir, eu tenho que terminar de arrumar as minhas coisas. – Adriana andava pelo quarto e ligou o rádio –

— Eu não vou embora até você admitir que me ama.

Adriana bufou cansada, fechou os olhos.

— Eu já admiti isso pra você ontem, Ana Paula, mas eu também falei que isso não pode acontecer mais. Eu tenho uma namorada que me ama, e que nunca teve dúvidas quanto a isso, ela que estava aqui quando eu precisei, onde você estava quando eu precisei de você? – outra vez era uma inquisição contra a advogada –

— Adriana eu já pedi perdão. – dizia cansada —

— Eu sei, eu sei, mas é difícil para mim, fingir que nada aconteceu. – fechou os olhos – Será que todas as vezes que nos encontrarmos será assim?

— Assim como?

— Brigando. – olhou para a advogada —

— Eu não quero brigar com você. Eu quero te amar. – Ana chegava bem perto –

— Então me ame longe. – tentava se afastar—

— Eu não posso, você me tira do sério.

Segurou a morena e a puxou para um beijo, Adriana tentou se esquivar mas como sempre seu coração lhe traiu, deixou o beijo evoluir, e Ana como sempre sedutora, conseguiu envolver Drica, as bocas coladas ditavam o ritmo da saudade dos corpos que não se tocavam a tanto tempo.

A música invadiu o ambiente.https://www.youtube.com/embed/peBBswUTIr8?feature=oembed&wmode=transparent
Don’t (Shania Twain)

Don’t! Don’t you wish we’d tried?
Do you feel what I feel inside?
You know our love is stronger than pride
No! Don’t let your anger grow
Just tell me what you need me to know
Please talk to me — don’t close the door

Cause’ I wanna hear you,
Wanna be near you

Chorus:
Don’t fight! Don’t argue!
Give me the chance to say that I’m sorry
Just let me love you
Don’t turn me away — Don’t tell me to go

Don’t! Don’t give up on trust
Don’t give up on me — on us
If we could just hold on long enough

We can do it!
We’ll get through it!

Don’t fight! Don’t argue!
Just give me the chance to say that I’m sorry
Just let me love you
Don’t turn me away — Don’t tell me to go

Don’t pretend that it’s okay
Things won’t get better that way
Don’t do something you might regret someday
Don’t!

Don’t give up on me

We can do it!
We’ll get through it!

Don’t fight! Don’t argue!
Just give me the chance to say that I’m sorry
Just let me love you
Don’t turn me away — Don’t tell me to go

Oh! Don’t!

Don’t fight! Don’t argue! (Don’t give up on me)
give me the chance to say that I’m sorry (say that I’m sorry)
Just let me love you (Don’t give up on me)
Don’t turn me away — Don’t tell me to go

Oh don’t!

Don’t fight! Don’t argue!
Just give me the chance to say that I’m sorry (say that I’m sorry)
Just let me love you (Don’t give up on me)
Don’t turn me away — Don’t tell me to go!
Não

Não! Você não gostaria que tivéssemos tentado?
Você sente o que eu sinto por dentro?
Você sabe que nosso amor é mais forte que o orgulho
Não! Não deixe a raiva crescer
Apenas me diga o que você precisa que eu saiba
Por favor, converse comigo – não feche a porta

Porque eu quero te ouvir,
Quero estar perto de você

Refrão:
Não lute! Não discuta!
Dá-me a oportunidade de dizer que estou arrependida
Apenas me deixe te amar
Não me despreze – Não me diga para ir

Não! Não desista da confiança
Não desista de mim – de nós
Se pudéssemos persistir por mais tempo

Nós podemos fazê-lo!
Nós superaremos isso!

Não lute! Não discuta!
Apenas me dê a chance de dizer que estou arrependida
Apenas me deixe te amar
Não me despreze – Não me diga para ir

Não finja que está tudo bem
As coisas não vão melhorar desse jeito
Não faça algo que você possa se arrepender um dia
Não!

Não desista de mim

Nós podemos fazê-lo!
Nós superaremos isso!

Não lute! Não discuta!
Apenas me dê a chance de dizer que estou arrependida
Apenas me deixe te amar
Não me despreze – Não me diga para ir

Oh! Não!

Não lute! Não discuta! (Não desista de mim)
Me dê a chance de dizer que sinto muito (dizer que sinto muito)
Apenas me deixe te amar (Não desista de mim)
Não me despreze – Não me diga para ir

Oh não!

Não lute! Não discuta!
Só me dê a chance de dizer que sinto muito (dizer que sinto muito)
Apenas me deixe te amar (Não desista de mim)
Não me despreze – Não me diga para ir
As mãos passeavam pelos corpos em erupção, o calor das duas emanava pelos poros, Ana carregava Adriana até a cama, deitou a morena e ficou sobre ela, beijava o seu pescoço, Adriana estava fora de si, a excitação tomava conta do seu corpo, era o efeito que Ana Paula provocava.

Ana abriu a calça da morena, alcançou o sexo da contadora sobre a calcinha, Drica gemeu. Abria a camisa dela e beijava seu colo, Adriana esticava o pescoço para trás enquanto Ana alcançava seu seio que já ficava à mostra. Adriana delirava.

Quando Adriana retirava a blusa da loira, ouviram barulho na porta, rapidamente tentaram se recompor, era Renata que voltava para o quarto depois de terminar suas aulas.

As duas estavam ofegantes, Adriana tentava fechar suas calças, Renata entrou e viu a cena, percebeu que alguma coisa estava acontecendo ali naquele quarto.

— Oi, está tudo bem? – perguntou intrigada –

— Sim, está tudo bem. – Adriana desviava o olhar – Ela já estava de saída. – olhou para Ana –

Ana Paula sorriu na direção de Adriana, estava ciente que ainda fazia a morena se arrepiar e desejar seus toques, ajeitava a blusa que estava torta, pegou a bolsa que estava caída no chão e caminhou lentamente até a porta. Olhou para trás na direção de Adriana que estava parada sem ação. Passou o dedo no canto da boca sedutoramente.

— Nos encontraremos por ai Drica. – bateu a mão –

Adriana estava assustada, como aquela mulher que tanto lhe fez sofrer ainda causava tantas sensações em seu corpo e sua alma? Como ela ainda se deixava perder naqueles braços e abraços, nos beijos molhados e sedutores da loira que tanto tirou o seu sono.

— Drica, você realmente está bem? – Renata perguntava –

— Sim, eu estou. – foi evasiva –

— O que estava acontecendo aqui?

— Nada demais, estávamos acertando as contas.

— Essa é a mulher que você disse que é apaixonada? A advogada?

— É, ela mesma. – Drica desviava o olhar –

— Você ainda é caidinha por ela. – balançou a cabeça –

— Renata, isso não me ajuda em nada. – Drica disse desanimada –

— Mas é não é?

— Sou, eu não consigo esquecer esse amor, parece um íman, uma tatuagem que não me larga. – sentou na cama –

— Isso é difícil de controlar Drica, o coração faz coisas que a gente não espera. – pegava suas roupas para tomar banho –

— É, eu sei. Mas eu não posso mais entregar os pontos, eu namoro com a Mari, é ela que eu quero amar.

— Mas não é você quem decide isso amiga. – saiu deixando Adriana pensativa –

Ouviu batidas na porta do quarto, quando abriu encontrou as três amigas eufóricas.

— Oi amiga! – Alessandra entrava rindo –

— Oi gente. – Drica estava sem graça –

— Nossa, quantas lembranças eu tenho desses corredores. – Viviane dizia nostálgica –

— Foi um bom ano não foi Vivi? – Drica já estava mais tranquila –

— Oh se foi! – Viviane revirou os olhos –

Paula e Alessandra riam.

— Cadê sua amiga nova? – Ale perguntava –

— Está tomando banho. – apontou para o banheiro –

— Vamos passear em Boston? — Ale dizia animada –

— Passear? Ninguém me disse que nós íamos passear. – Adriana reclamou – Eu tenho que terminar de arrumar minhas malas. – apontava para suas coisas –

— Ah você não achou que nós viríamos até aqui e não faríamos um turismo. – Alessandra colocou as mãos na cintura –

Renata saia do banheiro com uma toalha enrolada nos cabelos.

— Oi gente.

— Oi Re. – Alessandra sorria aberto –

— Oi Renata. – Paula e Viviane responderam juntas –

— Eu ouvi vocês falando em passear, se forem eu quero ir também, eu não aguento mais ficar aqui dentro desse quarto. – secava os cabelos –

— Viu, Adriana você tem que sair mais. – Viviane dizia – Quando eu morava aqui com ela, não fazia nada, eu que ficava arrumando festinha para gente se divertir um pouco.

— Gente dá para parar? Eu vim aqui para estudar, e não para fazer bagunça. Está muito frio para sair. – Adriana sempre reclamava muito do frio de Boston —

— Se divertir não faz mal a ninguém – Alessandra repreendia – Coloca um sobretudo e vamos.

— Vamos logo. – Paula pedia – Até eu estou cansando desse papo.

— Vamos dona Adriana. Levanta essa bunda daí. – chamava Viviane –

— Ok, vocês venceram. Vamos. – pegou a bolsa e saíram todas –

As amigas caminhavam por Boston, já tinham passado pela arquitetura de Harvard, visitaram o Peabody Museum de Harvard, e estavam caminhando pelos corredores do suntuoso Observatório Skywalk localizado no alto do Prudential Tower, um dos maiores arranha-céus do mundo. A visão é espetacular, Boston inteira aos seus pés. As luzes da cidade começavam a ser acesas e o espetáculo se formava abaixo de seus olhos.

O frio já era muito intenso, já se podia contemplar o inverno rigoroso dos Estados Unidos chegando para deixar tudo nublado, assim como estava a mente de Adriana com essa aparição repentina de Ana Paula dizendo que a ama.

Alessandra corria de um lado para o outro com Viviane e Renata, pareciam três crianças brincando com um brinquedinho novo.

Paula e Adriana caminhavam atrás mais afastadas, a contadora percebeu que a morena estava distraída, seus pensamentos estavam longe.

— E ai, como foi a conversa? – Paula referia-se ao encontro com Ana Paula –

— Ai Paula, eu não sei. – Drica olhava para o horizonte –

— O que ela falou?

— Paula, agora ela resolveu descobrir que me ama, você acredita nisso? – olhou para a amiga –

— Ela comentou comigo no aniversário de Isadora.

— Ela comentou o que? – olhou espantada –

— Que ela mudou, que descobriu que te ama, mas que não sabia dos seus sentimentos.

— Por que você não me falou Paula? – estava irritada –

— Poxa amiga você queria que eu fizesse o que? Ela que tem que conversar com você, ela que tinha que tomar a iniciativa Drica, eu não podia interferir. – deu de ombros –

Adriana pensava no que Paula dizia, as duas eram as mais sensatas do grupo, mesmo sendo as mais novas, tirando Viviane e Renata que se uniram ha pouco tempo.

— Ela veio no meu quarto antes de vocês chegarem hoje Paula. – olhava para o chão se sentindo envergonhada —

— Vocês conversaram novamente? – perguntava sabendo que alguma coisa acontecera –

— Ela ainda mexe muito comigo, como pode isso? Eu não quero, mas é só ela chegar que eu perco o chão.

— Ela é muito importante para você Drica, você ainda a ama que eu sei.

— Ela me beijou Paula. – falava baixo – Nós quase transamos, se não fosse Renata chegar… – interrompeu o pensamento –

— E Mariana?

— Pois é, Paula, isso que está me mortificando, Mariana é linda, atenciosa, segura de si, ela que estava aqui quando eu voltei daquele sequestro, por que eu não consigo esquecer Ana Paula?

— A gente não manda no coração, minha amiga. Esse terreno ai, ninguém, pisa. – abraçou a amiga – Já pensou que você pode ter aceitado esse relacionamento com Mariana por gratidão?

— Eu nunca tinha pensado nisso amiga.

— Então pense.

— Como ela tem esse poder de me deixar tão insegura quanto aos meus sentimentos? Eu estava tão certa de mim, meu namoro com Mariana, eu não posso me deixar cair nessas dúvidas.

— É o efeito do amor Drica. Você a ama, por mais que goste muito da Mari, é de Ana Paula que você ama. Cabe a você escolher se vai seguir o caminho do coração ou da razão.

As duas caminharam de encontro das crianças grandes que elas estavam cuidando. Adriana estava ainda pensativa, não queria sentir essa insegurança, pois toda vez que encontrasse Ana Paula ela iria cair na tentação que era aquela boca molhada e suculenta que tirava o seu sono.
****************
Adriana e Renata estavam descansando no quarto, as meninas já tinham voltado para o hotel. As duas amigas postavam as fotos tiradas no passeio do dia, conversavam animadas e riam das lembranças daquele dia tão divertido, Alessandra sempre soltava uma pérola, as meninas morriam de rir quando Paula contou dos bolinhos que Alessandra trocou o nome.

As amigas estavam sentadas na cama de Adriana com os notebooks no colo, ouviram batidas na porta, Adriana e Renata se olharam estranhando a hora, já era mais de dez horas da noite.

Adriana levantou e caminhou até a porta com certo receio, olhou no olho mágico e se surpreendeu ao ver Felipe parado em sua porta, ela olhou para Renata sorrindo e abriu a porta para o irmão entrar.

Renata quando viu o rapaz abraçando Adriana ficou vermelha na mesma hora, não sabia se era felicidade ou susto. O rapaz abraçou a irmã forte e a levantou do chão, Adriana não estava entendendo aquela visita repentina.

— Felipe, o que você está fazendo aqui? – perguntou assustada –

— Eu não consegui vir para sua apresentação, mas vim assim mesmo, eu não estava aguentando de saudades. – olhou para Renata – Oi Renata.

— Oi. – foi só o que conseguiu falar –

Adriana olhou para os dois e viu que tinha envolvimento naquele olhar, entendeu de quem ele estava com saudades.

— Mas como você conseguiu entrar aqui essa hora?

— Eu falei que sou seu irmão, você sabia que você tem prioridades diferentes aqui? – perguntou triunfante –

— Se eu soubesse disso antes. – deu de ombros –

— Você está hospedado onde?

— No mesmo hotel que eu fiquei quando vim te procurar, é aqui perto.

— Entendi. Bom, eu estava pensando em dar uma volta.

— Mas são mais de dez horas Adriana! – ele falava assustado –

— Eu sei, é que eu quero comer alguma coisa diferente. – dava uma desculpa qualquer –

— Nós lanchamos quando voltamos do observatório. – Renata retrucou – Você vai mesmo sair nesse frio?

— Vou. – fazia caretas para a amiga – Fica ai com Felipe que eu já volto. – piscou –

Só então que a garota entendeu a intenção da amiga, era que os dois ficassem sozinhos para conversar.

— Mas você vai sozinha Drica? Eu acabei de chegar! – dizia contrariado –

— Vou, fica ai com Renata, mais tarde eu volto.

Adriana colocou novamente o sobretudo e pegou a bolsa, ganhou as ruas de Harvard, estavam vazias, o frio espantava os estudantes, algumas pessoas caminhavam de volta para os alojamentos.

Felipe estava parado sem saber o que fazer, Renata também estava apenas o observando.

— Felipe, senta. – ofereceu ao rapaz –

Ele permaneceu em pé olhando para a garota.

— Renata eu precisava conversar com você. – parecia aflito –

— E precisava vir até aqui?

— Tem coisas que precisam ser ditas pessoalmente.

O silencio se fez no local.

— Felipe, eu não sei como isso pode dar certo. – olhou para o chão –

— Nós podemos pensar nisso depois?

Ele caminhou até a garota e a segurou pela cintura, os olhares se cruzaram e ele finalmente a beijou, Renata soltava fogos dentro do peito, o rapaz que a conquistou estava ali em sua frente se declarando.

Os dois acabaram sobre a cama de Renata torcendo para Adriana demorar a voltar para o quarto.

***********

A morena ligou para as amigas e foi encontra-las no hotel delas, explicou a situação e elas ficaram conversando no quarto de Paula.

Viviane e Alessandra adormeceram na cama de casal enquanto Paula e Adriana conversavam sentadas na mesinha no canto do quarto.

— Essas duas não são fáceis. – Adriana olhava para as amigas –

— Eu que sei. – Paula revirava os olhos – Quer dizer que Felipe está caidinho por Renata?

— Pois é menina, você acha mesmo que ele veio até aqui para me ver? Sabendo que eu chegaria daqui a dois dias? – balançou a cabeça –

— Não faz sentido mesmo. Mas você acha que sai alguma coisa dali?

— Menina, da primeira vez já saiu, na noite antes dele viajar eles dormiram juntos. – contava baixinho –

— Sério? Por isso ele e Luana terminaram? – Paula estava chocada –

— Sim. Ele contou para ela. Ela não aguentou a pressão.

— Caramba, mas que vacilo! – Paula se lamentava – Eles faziam um casal tão bonitinho!

— Pois é, agora ele tá arrastando dez caminhões para Renata. Eu resolvi deixar os dois lá para conversarem.

— Por que você não mandou ela para o hotel dele? Era melhor para você.

— Eu sei, mas na hora eu só pensei em sair dali, e vim parar aqui.

— Sem problemas. Fica ai o tempo que você quiser.

— Daqui a pouco eu vou embora, você está exausta.

— E vai para onde?

— Eu não sei, vou andar por ai.

— Sozinha?

— É.

— Não tem medo?

— Não, depois de tudo o que aconteceu eu acho que não tenho mais medo de nada.

— Você é muito valente minha amiga. – uma pausa – E você já pensou no que vai fazer sobre Ana Paula?

O nome de Ana Paula ecoava na mente da morena, ela balançou a cabeça negativamente para Paula, olhava para a amiga esperando por um conselho que não veio.

— Não. Na verdade eu não tenho que fazer nada. – brincava com um pedaço de papel encontrado sobre a mesa – Eu sou namorada de Mariana, Ana Paula é passado. – dizia convicta –

— Não é não, é ai que você se engana, Ana está mais que presente ai dentro desse coraçãozinho, ela que é o teu futuro.

— Ai Paula, que isso! Não fala assim, eu não pretendo magoar Mariana.

— Eu sei, mas até quando Mariana vai suportar receber as migalhas da outra?

— Paula eu nunca fiz nada para magoar a Mari, e não pretendo fazer.

— Você aceitou o beijo de Ana Paula, até quando você vai esperar que alguém chegue para interromper antes que você durma com ela novamente?

— Ai Paula, não fala assim, eu não fiz por querer. – estava chateada –

— Eu sei Drica, mas até quando isso vai durar? – insistia –

— Isso o que Paula? — já estava impaciente –

— Amar uma pessoa e dormir com outra. Esse tempo acabou Adriana, você não precisa se sujeitar a isso, é até injusto com a Mari.

— Mas ela sabe disso e quer arriscar Paula, ela quer me ajudar a esquecer. – olhava para um ponto fixo no quarto –

— A questão é se você quer esquecer. – levantou a sobrancelha para a amiga –

— E não levanta essa sobrancelha pra mim não Paulinha. – balançou a mão –

Paula riu do comentário da amiga, ela sempre tinha essa mania quando estava falando sobre algo sério que questionava. Paula tentava segurar o cansaço, mas estava bocejando várias vezes. Drica resolveu ir embora, sabia que poderia pegar os dois em seu quarto ainda no meio do ato, mas não queria mais atrapalhar o descanso da amiga.
— Paulinha eu vou embora, tira Viviane da sua cama e vai namorar um pouco. – olhava para a cama –

— Ih amiga, dali eu não tiro nada hoje. Sabe o que eu vou fazer? Eu vou para a cama de Vivi e vou deixar essas duas ai acordarem no maior susto amanhã.
As duas riram, Adriana já imaginava a cena quando as duas acordarem no dia seguinte.

— Ai Paula, você é uma figura.

— Fica ai Drica, dorme comigo na cama de Viviane, você vai encontrar o que não quer ver quando chegar ao quarto. – insinuava que Felipe e Renata estavam se amando –

— Ah eu vou colocar todo mundo para correr. Eu já dei a mão agora vão querer levar o braço também? – caminhava até a porta –

— Ah meu bem, a última coisa que eles vão querer é o seu braço. – ria –

— Ai Paula, você está saidinha hein! Alessandra não está dando conta do recado não? – deu um tapinha no braço da amiga –

— Está sim amiga. – ria – Pior que mesmo com quase quarenta anos ela chega junto bonitinho.

— Ai, eu não preciso saber dos detalhes.- ria – Deixa eu ir embora. – sorria – Amanhã a gente se fala.

— Tem certeza que não quer ficar? – abraçava a morena –

— Sim, eu vou andar um pouco, eu preciso pensar. – olhava acanhada para a amiga –

— Então vai lá. Cuidado.

— Pode deixar. Tchau.

As amigas se despediram e Adriana ganhou as ruas frias de Boston novamente, entrou em um taxi e falou um endereço para o motorista, ela ia pensativa no banco de trás, não sabia o que fazer, Ana Paula voltou à sua vida para confundir os seus sentimentos que estavam começando a se acomodar.

Depois de rodar por alguns minutos o taxista chegou ao destino que Adriana indicou, ela olhou para a fachada do hotel e pensava se descia ou não, o motorista esperava sua decisão enquanto ela ponderava se seria prudente essa visita. No fundo ela sabia aonde isso ia levar.

Resolveu descer do taxi, no pior de tudo pegaria outro para voltar. Pagou a corrida e desceu na entrada do lugar, o vento gelado a deixava tremendo, um carregador de bagagem veio até ela e a convidou para entrar.

— Boa noite senhora, por que a senhora não entra? Está muito frio.

— Obrigada. – Adriana caminhou até o saguão –

— Posso ajudar? – ele perguntava solicito –

— Eu vim ver uma amiga, ela está hospedada aqui.

— Me acompanhe por favor. – levou-a até a recepção –

Adriana conversou com uma das recepcionistas e esta indicou o elevador depois de anunciar sua chegada para a hóspede. Drica caminhou lentamente e alcançou o elevador, um rapaz simpático apertou o andar indicado.

Adriana desceu no andar, e caminhava para o número oitocentos e cinco, o corredor de decoração clássica decorado todo em tons de salmão bem claro com espelhos em algumas paredes davam o tom da insegurança que corria pelas veias da morena.

Chegou na porta do quarto em questão e começou a se arrepender de ter ido procurar aquele refúgio, ameaçou bater na porta, foi reticente, quando estava desistindo para ir embora a porta do quarto se abriu e aqueles olhos azuis brilhavam ao encontrar Drica ali, parada em sua porta.

O sorriso estampava sua satisfação em seu rosto, Adriana estava ali parada em frente à sua porta, ao seu alcance, se entregando àquela paixão que tanto queima dentro de suas almas, Ana Paula e Adriana, travavam uma batalha interna naquela troca de olhares intensa e passional.



Notas:



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