Adriana chegava ao hospital acompanhada por Felipe, fez o cadastro para fazer o teste de compatibilidade e aguardava ansiosa pelo médico que está cuidando da saúde de seu pai.

Ela entrou para tirar sangue e depois foi liberada para visitar seu pai que está internado em um hospital particular próximo do Centro de Niterói. Chegou à porta do quarto que ele estava internado e abriu ansiosa por reencontrar o seu pai.

A primeira imagem que viu foi Catarina sentada em uma poltrona falando ao celular, sentiu um frio subir pela barriga, não esperava que a mãe estivesse ali, Felipe disse que ela tinha um compromisso. O olhar gelado de Catarina sobre a filha foi percebido de longe. A mulher ainda continuou ao celular. Levantou apenas para beijar Felipe, mas ignorou Adriana.

Adriana caminhou lentamente até a cama onde o seu pai estava, ele parecia cochilar, estava abatido, mais magro, não tinha mais cabelos, a quimioterapia estava mostrando os seus sinais.

Seus olhos encheram de lágrimas, não sabia se fora pela rejeição da mãe ou pelo estado do pai, talvez pelos dois motivos. Segurou a mão do homem mais velho que acordou com aquela sensação. Ao ver a filha abriu um grande sorriso.

— Adriana! – falava ainda sonolento –

— Oi papai. Como você está? – fazia carinho em sua cabeça –

— Agora que você está aqui eu estou muito melhor. – sorria –

— O senhor está seguindo tudo que os médicos estão orientando não é Tigrão?

— Eu senti tanto a sua falta minha filha, me perdoa por ter sido tão cego e idiota. – seus olhos marejaram –

— Claro papai, como não? Eu te amo, eu senti tantas saudades. –começou a chorar –

Nesse momento Catarina terminou a ligação e foi até Felipe.

— Oi meu bebê, você está bem? Quando chegou de viagem? Você nem me telefonou.

— Para de me chamar de bebê mãe, eu cheguei ontem.

— O que ela está fazendo aqui? – olhava para Adriana –

— Eu vim ver o meu pai. Ou nem isso você vai me permitir? – dizia sarcástica—

— Mamãe para com essa palhaçada, é a sua filha.

— Eu já disse que não é mais. Eu não sou mãe de sapatão. – disse ríspida –

Adriana pensou em responder mas Catarina saiu do quarto deixando a todos para trás. Antero segurou a mão da filha passando apoio. As lágrimas vinham mais intensas nos olhos da morena, Felipe foi até os dois e cumprimentou o pai e tentava dar conforto para a irmã.

— Adriana, minha filha, você está mesmo namorando uma mulher? – perguntava suavemente –

— Sim papai, eu não tenho nada a esconder, eu estou namorando uma arquiteta linda.

— Eu quero conhecer essa pessoa que está te fazendo tão feliz, suas escolhas não mudam quem você é e não mudaram você pelo que eu vejo. Continua a mesma mulher linda que eu criei.

— Obrigada papai, eu acabei de doar o sangue para fazer o teste de compatibilidade, vai dar tudo certo.

— Vai sim minha filha, tudo vai ficar bem, agora que você voltou estará melhor ainda.

Adriana beijou a testa do pai e se despediu, tinha que ir para o escritório, as meninas estavam a esperando. Felipe também se despediu, tinha que voltar ao trabalho. Quando saíram do quarto Catarina estava no corredor esperando Adriana deixar o hospital.

Ela falou com Felipe e mais uma vez ignorou a presença de Drica, os dois não sabiam explicar essa atitude da mais velha, isso magoava o coração da contadora toda vez que acontecia.

— Fica assim não mana, isso vai passar. – passou o braço sobre seus ombros –

— Eu não sei quando Felipe, nem o fato de eu quase morrer a fez mudar de ideia, o que mais poderia?—seu olhar era de dar pena –

Deixou o hospital e seguiu para o Centro do Rio. Chegou ao escritório e as meninas já estavam trabalhando.

— Bom dia.

— Bom dia, gata garota. – Alessandra sempre tinha algum bordão na manga –

— Olha quem está de volta! Quando teremos os diplomas de Harvard para pendurar naquela parede? – Paula a elogiava –

— Em breve. –Drica ria— Eu volto lá em março para pegar o diploma.

Deu um beijo em todas e foi beber um copo de água. O calor em dezembro estava intenso.

— Eu tinha esquecido como o calor é tão gostoso! Eu preciso ir à praia. – olhava pela janela –

— Vamos no fim de semana. – Viviane se animou—

— Drica, você tem que ver essa daí, virou a maior rata de praia.

— Ah, mas esse lugar é um paraíso de areias brancas e águas cristalinas, — abria os braços –como não me apaixonar? – enviava um e-mail para um cliente –

— Então mocinha, vamos trabalhar? — Paula provocava Adriana – Acabou o mole de dormir e estudar.

— Meu bem a única coisa que não foi é mole, até um sequestrador eu tive que enfrentar. – gesticulava com o indicador apontado para cima —

— Eu sei, eu estava brincando.

— Mas vamos lá, eu estou com milhares de ideias na cabeça para colocar em prática.

— Eu sabia! — Alessandra reclamava – Agora vai colocar a gente para trabalhar.

— Claro! Eu não fiquei esse tempo todo fazendo curso de pinguim em Boston para chegar aqui e não colocar nada em prática – ria –

— Então vamos organizar nossa vida e faremos uma reunião mais tarde para definir o que você pretende fazer.

— Maravilha.

Adriana se arrumava em uma mesa que a estagiária trabalhava, a garota estava de férias. Na hora do almoço Paula deu um jeito de ficar sozinha com Adriana para saber o que aconteceu entre ela e Mariana.

— Drica, você conversou com Mariana? – sentava na frente da mesa da morena – Você não me ligou.

Adriana parou o que estava escrevendo. – Sim Paula. Eu conversei com ela assim que nós chegamos ao apartamento. – olhou para a amiga – Foi horrível.

— Você contou tudo?

— Contei, Paula, ela merecia saber da minha boca, eu não sou assim, você sabe disso. Mas foi terrível a sensação de magoar a Mari. – brincava com a caneta –

— Eu imagino amiga. Mas e ela? Como ela reagiu? – encostou o cotovelo na mesa –

— Como qualquer pessoa reagiria, ela não fez nenhum escândalo, mas me deixou no apartamento, ela estava completamente magoada, foi embora e eu fiquei mal sabe.

— Nossa Drica, mas vocês conversaram depois? Porque você não me pareceu mal quando chegou hoje.

— Conversamos, ela voltou à noite, e Paula, ela me perdoou, você pode acreditar nisso? – abriu um sorriso –

— Sério? – sorriu também – Nossa, quem diria! Mariana surpreendendo novamente! – balançava a cabeça –

— Pois é, Paulinha me diz que eu estou fazendo a coisa certa. – tinha dúvidas no olhar –

— Drica, você quer ficar com Mariana?

— Eu quero, eu sinto que ela pode me libertar desse amor que fica rondando meu peito, a lembrança de Ana que insiste em povoar minha mente, se Mariana não conseguir eu não sei mais quem poderia.

— Só a Ana, Drica, ela pode te dar essa redenção, se você está mesmo disposta a esquecer esse amor, tudo bem, você está seguindo o caminho certo, caso contrário, vocês vão chegar daqui a alguns anos e vão perceber que foi lindo mas foi tudo em vão.

— Ai Paula, que coisa mais triste. – mexia em uma caneta —

— Mas é a mais pura verdade minha amiga, saiba que eu estou aqui para o que você precisar. – segurou a mão da morena –

— Obrigada Paulinha. Não sou ninguém sem você. – beijou a mão da amiga –

Alessandra e Viviane voltaram da padaria com o sorvete que foram comprar, e as amigas se juntaram para a reunião que definiria o futuro do escritório.
*******************
Ana conversava com Marta em mais uma sessão, tinha voltado de viagem há três dias, e o escritório estava fechado por conta do recesso de fim de ano.
— Ai Marta, você não tem ideia da emoção que eu senti quando eu a vi, parada na minha porta no meio da noite, ali eu tive certeza que ela ainda me ama.

— E o que aconteceu? – fazia anotações –

— Ah você não vai querer detalhes não é? — ficou vermelha –

— Não menina, eu só quero saber o que for relevante. – retirou os óculos do rosto –

— Ok, nós fizemos amor, foi maravilhoso, mas ai ela se vestiu e foi embora.

— Então vocês não se acertaram? – cruzava as pernas –

— Não Marta, nós fizemos amor no banheiro do avião também, foi a maior adrenalina. – sorria ao lembrar – Eu não podia perder essa oportunidade.

Marta ria da advogada. – E mesmo assim vocês continuam separadas?

— Sim, — murchou — ela não me quer mais, eu fiz muita besteira como você sabe e agora a Drica está com medo de mim, ela não quer se entregar ao que sente. Tem medo que eu faça como fiz das outras vezes, ela acha que eu vou fugir.

— E não vai? – seu tom era rígido –

— Não Marta. Não dessa vez. Eu faria tudo diferente. – baixou os olhos –

— Você foi encontra-la com certeza isso já a balançou, o que você pretende fazer agora, Ana?

— Eu perguntei se poderia ter alguma esperança, mas ela negou, disse para não esperar nada dela. Eu não sei o que fazer.

— Você vai desistir?

— Não, mas vou dar um tempo, eu vi no seu olhar o quanto ela estava transtornada por ter traído a namorada, eu não quero causar mais sofrimentos a ela.

— Entendo, quem ama deixa livre, não prende para si, deixa voar.

— Nossa, filosofando Marta? – riu –

— Um pouco, mas eu penso que a melhor maneira de prender alguém é deixa-lo livre.

— Acho que eu entendi o que você quer dizer.

— Ana se for para vocês ficarem juntas o universo vai conspirar para unir vocês duas, aprenda que não é como nós queremos, o tempo de Deus é totalmente diferente do nosso.

— Eu estou aprendendo isso Marta da pior maneira possível, mas eu estou aprendendo. Sabe o que seu estava pensando?

— Em que? – colocava os óculos nos rosto novamente –
— Eu perdi muito tempo da minha vida envolvida com relacionamentos ruins, com a Gisele foi o pior, mas eu esqueci de todo o resto. Vivi a vida de outra pessoa e esqueci da minha.

–Eu vejo isso também, você se projetou na sua parceira como se a vida dela fosse sua, e mesmo com medo de agir como a tua mãe, você acabou vivendo como ela. Abdicou de tudo mesmo que inconsciente.

— É, hoje eu vejo isso. E Adriana foi à luta, passou dois anos fora, estudou e voltou de lá com uma pós e um mestrado, e eu continuo como uma mera advogada que não evoluiu.

— E você pretende mudar esse panorama? – olhava a paciente –

— Sim, eu pretendo mudar tudo na minha vida, eu soube que abriram alguns concursos e eu vou tentar algum para ver se eu passo, procurei uma pós também duas faculdades me interessaram, até janeiro eu escolho uma.

— Nossa, que bom Ana! Isso é um progresso muito positivo, você está começando a tomar a sua vida em suas mãos, decidindo o que quer e indo atrás desse sonho. Você precisa agir Ana, perder o medo de se magoar, ninguém disse que o caminho seria fácil.

— Sim, eu sei, eu estou procurando melhorar Marta, eu acho que estou conseguindo chegar a algum lugar.

— Está sim, Ana. E eu ainda vou ver o seu sucesso como profissional e sua felicidade com o seu amor.

— Tomara Marta, não vejo a hora de me sentir completa.

— Estamos no caminho certo. – sorria para Ana –

Ainda conversaram mais um pouco e Marta deu a sessão por encerrada. Ana Paula voltava para casa pensativa, o que será que aconteceu com Adriana e a namorada? A morena não ligou para ela, Drica disse que contaria para a namorada o que aconteceu, será que ela a perdoou? No fundo ela queria que não. Esperava que a índia não aceitasse as desculpas de Adriana para ter a morena em seus braços novamente.

— Que isso Ana Paula? Desejando o mal aos outros. – falava sozinha no carro –

Sabia que não poderia esperar nada, Adriana não lhe prometera esperanças, mas ela ainda as tinha, tentaria seguir em frente se assim fosse preciso.

Chegou em casa e aproveitando o tempo vago pegou seus velhos livros da faculdade para estudar, viu na internet que teria um concurso público para promotor de justiça e se interessou, quem sabe daqui a alguns anos poderia se tornar juíza? Era um sonho à parte, por que não?

Assim que saiu o edital para o concurso Ana se inscreveu e munida das matérias que cairiam começou a se embrenhar nos estudos, começou um cursinho para ajudar e estava realmente decidida a dar uma reviravolta em sua vida.
**************************

Uma semana se passou e Adriana chegava ao hospital para visitar o pai, ele estava com Felipe.

— Oi Tigrão. – cumprimentou o pai com um beijo na testa –

— Oi minha filha, como você está? – sorria –

— Eu estou bem, Felipe está tudo bem? – percebeu o irmão com o semblante preocupado –

— Sim, está. – foi sucinto em sua resposta –

Adriana ficou preocupada, conhece o irmão muito bem para saber que ele escondia algo.

— Cadê a mamãe? – Adriana perguntava –

— Foi em casa tomar um banho e pegar algumas coisas. – Felipe respondeu –

— Minha filha, quando eu vou conhecer a sua namorada? – pedia com carinho –

— Ah pai, eu não sei, para trazer a Mari aqui eu preciso saber que mamãe não está, eu não quero que ela faça nenhuma grosseria com ela.

— Eu sei minha querida. – brincava com os dedos da filha – Eu te ligo quando tiver uma brecha. – piscou –

Adriana riu com o pai, olhou Felipe novamente e foi até a janela onde o irmão estava parado olhando para fora do quarto.

— O que houve? – sussurrava –

— O seu exame, não foi compatível. – respondeu na mesma altura –

— Mas como?

— Drica, nós precisamos conversar. – seu olhar era tenso –

— Que tal um café? – Adriana perguntou alto –

— Eu estou precisando mesmo. – Felipe coçou os olhos –

— Papai nós vamos pegar um café, o senhor consegue ficar sem fazer arte? – Drica perguntava –

— Claro minha filha. Podem ir. Eu não vou a lugar nenhum. – ria –

Drica deu um tchauzinho para ele e saíram do quarto, no corredor Adriana parou o irmão segurando o braço dele.

— Agora me conta o que está acontecendo? – olhava ansiosa nos olhos do irmão –

— Drica, o Claudinho que é namorado da irmã de Luana é o cara do laboratório daqui.

— Hum. Lembro dele. E o que isso tem haver com o papai?

— Ele me contou extraoficialmente – fazia sinal com os dedos indicando aspas – que achou a análise do seu sangue improvável, pensou que tinha sido contaminada, mas refazendo os testes os resultados foram os mesmos. O seu tipo sanguíneo é O negativo e o meu e o deles é A positivo, isso é incompatível, você nunca poderia ter o sangue diferente do nosso.

— Felipe o que isso significa?

— Bom, ele conversou comigo e eu autorizei a fazer um exame de DNA. – olhava para a irmã –

— E o que houve? – tremia –

— Adriana, papai não é seu pai.

Adriana sentiu mais uma vez o chão se abrir embaixo de seus pés, como isso poderia estar acontecendo? Antero não é seu pai biológico, uma série de cenas se repetiam em sua cabeça, quem ensinou a andar de bicicleta, o primeiro namorado que apresentou ao pai, a primeira balada que ele foi buscá-la na porta da boate, como aquele homem não é o seu pai? Ele é sim!

A morena ficou mais branca do que já é, seus olhos estavam presos em um ponto fixo na parede, a boca aberta denunciava a perplexidade da noticia que acabara de receber.

— Felipe, mas como pode isso? – ainda estava perplexa –

— Eu não sei Drica, mas tem coisa errada ai.

— Claro que está errado, ele é meu pai! Como não? Esse teste tem alguma chance de estar errado? – gesticulava nervosa —

— Não Drica, sem chances de estar errado.

Lágrimas corriam pelo seu rosto, ela não sabia o que pensar, a vida inteira pensou que aquele homem deitado naquela cama de hospital era o seu pai, e de repente descobre que sua vida inteira é uma mentira, isso explicava parte da frieza de sua mãe.

— Felipe eu não sei mais quem eu sou. Quem é meu pai? – estava desesperada –

— Eu não sei mana. – abraçou a irmã – Mas nós vamos dar um jeito de descobrir.

— Não podemos contar isso para o papai, não agora. – ela não conseguia chama-lo de outra maneira –

— Claro que não, nós vamos primeiro conversar com mamãe e colocar essa história a limpo. – fazia carinho em sua cabeça –

— Felipe ela vai surtar quando souber que nós descobrimos.

— Mas ela vai ter que nos explicar direitinho o que aconteceu, eu não vou deixar isso passar em branco.

— Eu preciso de ar, eu vou lá para fora.

— Eu não posso deixar papai sozinho.

— Volta lá Felipe, depois eu subo de novo, eu preciso pensar.

Adriana saiu do hospital e ganhou a calçada, estava se sentindo sufocada, desorientada. Sua vida inteira pensou que era diferente do irmão por conta da intolerância da mãe, mas não imaginava que esse poderia ser o motivo para isso.

Era como se tivesse vivido a vida de outra pessoa, quem é o seu pai? Quem é essa pessoa que contribuiu para que ela viesse ao mundo? Imaginou que fora um caso que a mãe tivera no passado. Deve ter sido traumático para deixar a mãe da garota com tanta raiva da filha.

Adriana olhava para a rua perdida em seus pensamentos, pegou o carro no estacionamento e saiu dirigindo. No som do carro Renato Russo começou uma lamentação.https://www.youtube.com/embed/2qXElDoc5y4?feature=oembed&wmode=transparent

A VIA LÁCTEA (LEGIAO URBANA)

Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Mas não me diga isso
Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre
A tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima
Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor
Mas não me diga isso
É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?
Eu nem sei porque
Me sinto assim
Vem de repente um anjo
Triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado
Por pensar em mim
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser
Quem eu sou
Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim
Não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim
— Puta que pariu, até Renato Russo resolveu me jogar pra baixo.
Quando se deu conta estava parada na praia de Camboinhas, região oceânica de Niterói, estacionou o carro e caminhou até a areia, estava arrumada para trabalhar mas não tinha condições, estava sem cabeça.

Mesmo de jeans ela retirou as sandálias e caminhou pela areia branca e fina da praia, o mar era o seu refúgio, sua fortaleza, comprou uma água de coco no único quiosque que estava aberto próximo onde ela estava e sentou na areia sem se importar com sua roupa. O telefone ficou no carro.

Sua vida passava como um filme pensava em cada detalhe, cada cena e acontecimento que viveu dentro daquela casa, tentava identificar qualquer sinal que aquele homem que ela venerava não era o seu pai, como aceitar isso depois de tantos anos vivendo e convivendo juntos? Não conseguia ver nada, não conseguia identificar nenhum sinal, apenas a indiferença de sua mãe. O que fazer? Estava perdida em meio a seus pensamentos, não se deu conta do tempo que permaneceu ali. Era um pesadelo que ela queria esquecer.



Notas:



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