Adriana passou o dia inteiro vagando por Niteroi, sem destino e sem atender as ligações das amigas e do irmão. À noite quando chegou em casa tinha uma verdadeira legião esperando por ela, Ramon deixou Mariana subir, ela estava com a chave reserva da morena, Paula e Alessandra chegaram com Viviane direto do escritório, Felipe ligou para as meninas perguntando se Drica tinha ido trabalhar e elas falaram que não, ele explicou o que aconteceu e todos ficaram preocupados.

Drica estacionou o carro sem saber que tinha uma comitiva lhe aguardando, ela estava cansada, suja de areia, entrou no elevador, estava descalça, tinha as sandálias nas mãos. O olhar distante denunciava seu estado de espírito, não estava com humor para reuniões, não queria falar com ninguém.

Abriu a porta e ouviu várias vozes dentro do apartamento, entrando na sala, viu Viviane e Paula sentadas no sofá comendo pizza. Alessandra e Mariana estavam na cozinha.

— O que está acontecendo aqui? – colocava as chaves sobre o aparador –

— Drica! – Viviane exclamou – Onde você estava mulher?

— Por ai. – foi vaga –

Mariana e Alessandra saíram da cozinha e a índia foi até a morena a abraçando.

— Drica, eu fiquei tão preocupada com você, eu tentei te ligar inúmeras vezes. – beijou a morena –

— O celular ficou no carro. – falava desanimada –

— O que houve com você meu amor? – segurou seu queixo e levantou sua cabeça –

— Eu precisava pensar. – saiu dos braços de Mariana –

Passou por Paula que estava na porta da cozinha e foi em direção ao quarto deixando todo mundo na sala, as amigas se olharam e ficaram preocupadas. Deixou a bolsa sobre a cama e suspirou alto. As meninas não sabiam o que fazer, Adriana estava visivelmente triste. Paula se apresentou para falar com a amiga. Alessandra se encarregou de avisar a Felipe que Adriana estava em casa.

Paula entrou no quarto e Drica estava em pé no armário pegando algumas roupas. Paula se aproximou da amiga e esperou em silencio, até se pronunciar, já que Adriana não abriu a boca.

— Drica, você não quer conversar? – sua voz era doce, tocou o ombro da amiga –

— Na verdade não Paula. – continuava mexendo no armário –

— Tudo bem, eu vou embora com Alessandra, se precisar de alguma coisa me liga. – foi até a amiga e a beijou na cabeça – Qualquer hora.

Nesse momento, Adriana não aguentou a pressão e se derramou em lágrimas, um choro doído, alto, soluçava e Paula a amparou em seus braços, ela segurou Drica que sem forças começou a se ajoelhar no chão do quarto, o barulho de Adriana chorando fez as meninas correrem para o quarto e paradas na porta sentiam o coração apertado pelo sofrimento da morena.

Mariana sentiu pena da namorada, Paula estava ajoelhada no chão abraçada à amiga e olhava com tristeza para as meninas enquanto Adriana ainda deixava a emoção extravasar. Paula tentava acalmar aquele coração, embalava a amiga em seu colo, fazia carinho em seus cabelos e não sabia o que fazer.

Adriana era o desespero em pessoa, andou sem destino o dia inteiro, não lembrou nem de comer, mais uma decepção para sua vida que já estava tão sofrida. Queria que tudo fosse diferente, queria um pouco de paz.

Mariana caminhou até as duas e abaixou também, fazia carinho no cabelo da namorada, Adriana não soltava o pescoço de Paula, estava travada, não tinha reação a não ser chorar, Felipe contou para Paula que conversou com a irmã de manhã contando sobre a paternidade da menina, Antero não é o seu pai.

Ninguém imaginava que a reação de Adriana seria tão intensa. Mas quem poderia pensar em sofrer tantos traumas em tão pouco tempo?

Paula tentava olhar para Drica, segurou sua cabeça entre as mãos e olhava para aqueles olhos castanhos tão tristes, sem brilho, desde o sequestro Drica estava diferente, não tinha mais aquela vontade de viver, seu olhar ficou triste e sem vida.

— Drica, olha pra mim. – Paula pedia –

Adriana olhava, mas não enxergava nada, apenas lágrimas.

— Adriana olha pra mim, você precisa se acalmar. – pedia com mais calma –

— Paula. – soluçava – Eu não sei quem eu sou. – falava embolado pelo choro –

— Você é a Adriana de sempre. Não mudou nada.

— Drica, levanta, vem comigo, vamos tomar um banho, você precisa comer alguma coisa e descansar. – Mariana tentava levantar a namorada –

— É amiga, levanta daí. As coisas vão se acertar, de repente isso foi tudo um mal entendido. – Viviane tentava amenizar o sofrimento da amiga –

–Vem Drica. – Paula levantava –

Adriana segurou a mão da amiga e com dificuldade levantou do chão, sentou na cama e Mariana ajoelhou na sua frente.

— Meu amor, não fica assim, esfria a cabeça, se acalma para depois pensar no que fazer, — limpou o rosto da namorada com uma camisa que estava na cama — primeiro você precisa colocar a cabeça no lugar antes que você tome decisões equivocadas.

Adriana não dizia nada, apenas observava o rosto de Mariana, aquelas feições arredondadas, a pele morena, o olhar que acalentava sua alma, sim, Mariana sempre conseguia trazer paz para os seus dias mais escuros. A índia abraçou sua namorada e a apertou forte.

Adriana pegou suas roupas e seguiu para o banheiro com Mariana, as meninas ficaram na sala esperando a morena terminar o banho.

Mariana entrou com a namorada no banheiro, ajudou a se livrar das roupas, como se quisesse retirar todo aquele peso que Drica carregava nas costas. A blusa foi a primeira a ser retirada, a calça foi parar no chão e Mariana delicadamente recolheu e jogou no cesto de roupas sujas, o soutien foi aberto com calma, dedos leves retiravam as alças deixando aquele colo de seios firmes à mostra.

Mariana beijou o ombro da contadora, estava atrás de Adriana, a morena retirou sua calcinha e já completamente nua virou de frente para a namorada, Mariana beijou sua boca, mas não tinha segundas intensões, era puro carinho, Adriana estava fragilizada, Mariana conduziu a morena até o box e abriu o chuveiro, Adriana sentiu a água fria batendo sobre seus ombros e sua cabeça como se fosse um peso de uma tonelada, sentia que carregava o mundo nas costas naquele momento.

As lágrimas se misturavam com a água fria que caía sobre seu rosto, Mariana retirou sua roupa e entrou no chuveiro com a namorada, não foi para fazer amor, apenas para fazer com que Drica se sinta amada, ela colocou o sabonete líquido nas mãos e passava pelo corpo de Adriana, limpando sua pele enquanto Drica lavava os cabelos.

Mariana deslizava suas mãos pelas costas de Adriana, descia pelos braços, chegou em suas costas e deixou a água escorrer levando aquela espuma que acabara de fazer.

Virou Drica para si e repetiu o gesto, com o sabonete nas mãos ela percorreu o pescoço da contadora, descendo pelos seios grandes chegou na barriga e alcançou sua virilha, mas Mariana não continuou em sua investida, retirou sua mão e repetiu o banho para retirar as espumas.

A arquiteta pegou a mão de Adriana e despejou sabonete para a contadora se lavar, Adriana obedeceu silenciosa e terminou o seu banho, antes de fechar o chuveiro a morena envolveu o pescoço da namorada e a trouxe para si, colando seu corpo no de Mariana.

A índia a beijou demonstrando todo o seu carinho. Adriana apenas se deixava embalar.

As peles se encontrando trouxeram o desejo nas meninas, Adriana não resistiu e alcançou o sexo de sua namorada, Mariana gemeu baixinho. Apertou a cintura de Drica dando autorização para a namorada continuar a investida.

— Drica, eu não estava com essa intenção.

— Eu sei, mas eu estou precisando de você. – Adriana estava carente, precisava se sentir amada —

Adriana penetrou o sexo de Mariana e começou sua investida com movimentos de vai e vem cadenciados, tudo era muito devagar, Mariana arranhava as costas da morena, a arquiteta descia beijando o pescoço da namorada e alcançou seus seios molhados pela água que ainda caía do chuveiro.

Adriana deixou a cabeça pender para o lado, sentia desejo, o tesão invadiu seu corpo, Mariana tinha a língua habilidosa, deixou a morena louca com os desenhos feitos em seus mamilos pela namorada. Mariana não se conteve e também penetrou o sexo da contadora e com o polegar estimulava seu clitóris, Adriana estava chegando à beira da loucura.

As duas aumentaram o ritmo das estocadas e Mariana encostou Adriana na parede, sentir o azulejo gelado nas costas acelerou o desejo da morena, que gozou forte, era uma libertação, sentia que precisava extravasar toda aquela tensão que estava vivendo.

Ao ver sua amada chegar ao orgasmo, Mariana não resistiu e gozou logo em seguida ficando ofegante abraçada a Adriana.

As duas se olharam e se beijaram, o amor estava ali, definitivamente Mariana se entregava ao amor de Drica, que ainda se via perdida no mundo particular de um amor não vivido, mas tentava ardentemente se encontrar com a arquiteta que tanto lhe trazia paz.

Quando saíram do banheiro Adriana estava mais calma, Mariana também tinha os cabelos molhados e as meninas ficaram imaginando se foi somente por ajudar no banho ou se houvera algo mais, Alessandra tinha certeza que as duas tinham transado, mas preferiu não comentar, pelo menos naquele momento.

Adriana sentou no sofá ao lado de Viviane e esta lhe ofereceu um pedaço de pizza. A morena pegou sem muita vontade, não estava sentindo fome, mas as amigas a obrigaram a comer.

— Drica, você quer conversar? – Paula perguntou —

— Eu não sei o que fazer.—balançava a cabeça –

— O que aconteceu minha linda? – Mariana perguntava –

— Felipe me disse que um amigo dele, cunhado de Luana, trabalha no laboratório do hospital, e ele que fez a análise do meu sangue para saber sobre a compatibilidade da medula.

— Mas isso acusa alguma coisa? –Alessandra reclamava –

— Sim, ele disse que o garoto achou o resultado estranho e comentou com Felipe, ele autorizou um exame de DNA e o resultado diz que eu não sou filha legítima do meu pai. – segurava um copo nas mãos—

— Nossa, mas isso está virando enredo de novela mexicana. – Alessandra batia nas pernas—

— Ale! – Paula repreendia –

— Mas o que deu indícios que o exame estava estranho?

— Ele tinha os resultados dos outros exames, e meus pais e Felipe têm o mesmo tipo sanguíneo, o meu é diferente. E isso não pode acontecer.

— Entendi. Se os seus pais têm o mesmo tipo sanguíneo, automaticamente todos os filhos deveriam ser iguais.

— Isso mesmo.

— E agora Dri? – Viviane entregava um guardanapo para a amiga –

— Eu não sei, eu não consigo raciocinar direito, eu passei o dia inteiro pensando nisso tudo e não cheguei a lugar nenhum. Eu nunca notei nada de diferente, além da “super atenção” que minha mãe nunca me deu. – dizia sarcástica –

— Não tem mesmo o risco desse exame estar errado? – Mariana segurou sua mão –

— Não. Eu não sou filha dele, esses anos todos, eu vivi de mentiras, o que eu vou fazer agora? – mais uma lágrima caiu em seu rosto –

— Calma, você terá que conversar com sua mãe e ver o que ela vai te dizer. – Paula ponderava –

— Vai ser divertido isso. – Drica dizia desanimada –

— Não vai ter outra opção amiga. – Viviane completou –

Depois de conversarem, as três amigas rumaram para Copacabana, Mariana resolveu passar a noite com a namorada para ela não dormir sozinha.

— Eu vou ficar com você hoje tudo bem?—abraçou a cintura da contadora –

— Sim, eu estou cansada Mari, demais, parece que eu estou sem forças, eu queria um tempo de paz, mas parece que tiraram essa palavra da minha vida nesses últimos anos.

— Você precisa ter fé, tudo vai dar certo, você vai ver.

— Depois dessa revelação eu não vejo como alguma coisa ainda pode dar certo para mim. – desviou o olhar da namorada —

— Você vai ter que encarar uma conversa firme com sua mãe, sabe disso não é? – fazia um carinho na namorada –

— Eu sei, por isso que eu estou ansiosa, eu quero tirar isso a limpo, mas sei que não vai ser uma conversa fácil. — olhava a namorada –

— Eu estarei ao seu lado. Agora vem dormir que você precisa descansar. – puxou Drica para a cama –

Mariana deitou com Drica encaixada em seus braços de costas para ela. A morena estava exausta e adormeceu rapidamente sob os carinhos da arquiteta.
**********************
Alguns dias depois, Ana Paula estava em casa, tinha acabado de imprimir a inscrição para um concurso de inspetora da polícia civil e estava se preparando para fazer a inscrição para o concurso da promotoria do Estado.

Mais cedo foi em um curso e se matriculou para pegar algumas aulas para esses dois concursos, estava realmente disposta a mudar de vida. Já tinha conversado com Claudia e as duas procuravam outra estagiária para ajudar no escritório.

Estava cansada, mas se sentia mais feliz, agora pensava que sua vida teria sentido, estava buscando outros horizontes e se movimentando. Já tinha passado uma semana desde que voltou de Boston com Adriana e a morena não a procurou, ela imaginou que a namorada a perdoou pelo deslize, ou então Adriana ainda não teve tempo de contar.

Estava decidindo se ligava para Adriana ou se deixava para lá, não queria impor sua presença caso a morena estiver bem em seu novo relacionamento. Mas não queria mais ficar sem saber o que aconteceu.

Por fim, depois que fez sua outra inscrição ela tomou coragem e ligou para Adriana. Não sabia se a morena atenderia, mas estava ansiosa a cada toque.

Adriana estava no escritório, as meninas já haviam saído e a morena estava adiantando um trabalho para o dia seguinte, ela estava sozinha, quando viu o nome no visor, pensou em não atender, mas ouvir a voz de Ana Paula era como música para seus ouvidos, e acabou atendendo a loira.

— Alo.

— Oi Drica, sou eu, você pode conversar ou está ocupada? – mordia o lábio inferior –

— Oi Ana. – sentiu um calafrio quando ouviu o som daquela voz – Pode falar.

— Você está bem? – mexia na caneta –

— Sim obrigada e você? – se ajeitava na cadeira –

— Tudo bem, tirando o fato de estar longe de você. – dizia com sinceridade –

— Ana nós já conversamos sobre isso. Eu tenho namorada agora. – seu peito apertou –

— Você contou o que aconteceu entre nós?

— Sim, eu contei. – esfregou os olhos – E ela me perdoou, nós estamos bem, agora.

— Entendo. – ficou desanimada – Algum dia nós teremos a oportunidade de sermos felizes juntas?

— Eu não sei Ana, o que tiver de ser será.

Um silencio se fez entre as mulheres.

— Eu sinto sua falta. – Ana disse –

— Não faça isso, por favor. – Adriana se derretia por dentro e apoiava a cabeça na mão com o cotovelo na mesa–

— Mas é verdade, principalmente da sua amizade, de conversar com você, eu queria poder fazer isso novamente.

— Ana eu acho que isso não vai dar certo, Mariana vai ficar com ciúmes, eu não quero dar motivos.

— Eu entendo. Eu te amo Adriana. – seus olhos marejaram –

— Eu preciso desligar. Fica bem. – desligou o telefone –

— Eu também te amo Ana. – disse sozinha depois de desligar o aparelho –

Ana chorou sozinha depois que desligou com Adriana, ela ficou pensativa, ali resolveu que iria estudar pesado para passar em um dos concursos, se sua vida amorosa não ia bem, a profissional daria uma guinada.

Adriana também ficou abalada, não conseguiu mais prestar atenção no que estava fazendo. Resolveu fechar o escritório e ir para casa.

Drica não estava aguentando ficar em casa sozinha, Mariana já havia ligado para a morena e ela resolveu descer para andar um pouco no calçadão da praia de Icaraí, fazia uma noite linda, lua cheia e muito calor.

Adriana pegou Pitty e foi caminhar na beira da praia, ao final sentou na areia para tomar uma água de coco, era o calmante natural da vida dela, era o que ela mais sentia falta em Boston, poder pisar na areia da praia para pensar.

Ainda tinha o problema com sua mãe para resolver, ela estava sem coragem de confrontar Catarina, estava com medo do que iria ouvir.

Por acaso, Isadora estava caminhando na praia também, aproveitando a noite de muito calor do verão carioca, e avistou Adriana sentada na areia, deixou Luciana e foi até a morena.

— Oi Drica. – chegou devagar –

Adriana olhou para cima e viu Isadora. Abriu um sorriso sincero e a cumprimentou.

— Oi Isa, tudo bem? – levantou para falar com a amiga – Aproveitando o calor também? – riu –

— Pois é, estava muito quente em casa. Luciana estava indócil e me convenceu a descer.

— Entendi. – o olhar de Adriana era triste e Isadora percebeu –

— Você esta bem Drica? – tocou o ombro da morena –

— Sim.

— Não me convenceu.

— Ai Isa, é muita coisa que está acontecendo ao mesmo tempo.

— Você está com pressa?

— Não.

— Quer conversar? Eu não estou com pressa para voltar para casa mesmo.

— Senta ai então. – abriu mais a canga e deu espaço para a mulata.

Isadora sentou ao lado da contadora que segurava Pitty pela coleira, a cachorrinha estava deitada ao seu lado na canga também.

— Então, Viviane me contou sobre o lance do seu pai Drica, me desculpe a invasão, mas ela está preocupada com você e acabou me falando.

— Eu imagino, não tem problemas Isa. Vivi é língua solta mesmo. – riu –

— E como você reagiu? Já conversou com sua mãe?

— Cara, eu não falei com ela ainda, eu estou evitando esse contato por agora. Eu ainda não assimilei essa informação. Papai está internado, quer dizer, seja lá quem ele é. – entristeceu —

— Entendi. – olhava para o mar –

— Sabe Isa, tem tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, que as vezes parece que eu vou explodir. Eu tenho vontade de largar tudo e ir para um lugar que ninguém me conhece, só não volto pra Harvard porque lá é curso para pinguim. – as duas riam –

— Eu imagino Drica. Mas tudo vai se resolver. Posso perguntar uma coisa?

— Pode. – brincava com a coleira da cachorrinha –

— Você e Ana, ela me contou o que houve em Boston. – tentava não ser inconveniente –

— Eu imaginei que ela contaria. – olhou para a amiga, estava envergonhada — Não existe eu e Ana Isa, existe eu e Mari, por mais que eu ainda sinta algo por ela, porque eu ainda sinto, ela minou todas as minhas forças. Ela não quis ficar comigo quando eu estava livre. Agora eu não estou mais.

— Entendo, eu disse isso para ela muitas vezes. Quando ela se desse conta do que era tão óbvio para todo mundo seria tarde demais.

— Sabe Isa, ela me magoou muito, e eu perdi a confiança nela. Eu fiz de tudo para que ela me amasse, e tudo o que ela fez foi me descartar, agora ela vem e me fala que estava errada? Que sempre me amou. Como eu posso acreditar nisso?

— Adriana, eu vi o sofrimento dela quando soubemos que você estava desaparecida, eu te garanto, isso é amor, ela te ama, só que ela demorou para perceber. E depois que descobriu não tomou nenhuma atitude, eu disse para ela ir te encontrar lá em Boston quando você foi encontrada.

— Ela demorou meses para ir. – fazia carinho na cachorrinha —

— Eu sei, mas pelo menos dessa vez ela saiu da inércia. – cruzou as pernas como borboleta –

— É pelo menos isso.

— Não existe a chance de vocês se acertarem? – olhou para a morena –

Adriana pensou um pouco e respondeu o olhar de Isadora.

— Agora não Isa, eu estou tentando me refazer e Ana Paula não faz parte desses planos, não sei o que vai acontecer no futuro, mas hoje não quero mais sofrer.

— Entendi. Uma pena, vocês sempre formaram um casal lindo. – riu –

— Eu também achava isso. – sorriu –

— Tudo vai se resolver querida. – fez um carinho em seu ombro –

— E sua namorada? Aquela lá está te dando muito trabalho? – mudava de assunto –

— Ah, Viviane não me dá trabalho nenhum, nós estamos muito bem. – sorria –

— Ela é um amor não é?

— É sim, uma fofa. Eu fiquei com medo de nunca mais me entregar depois do que aconteceu com Nathalia, mas quando encontrei com Vivi, tudo mudou.

— Falando em Nathalia, teve notícias dela?

— Está morando em Montreal, as vezes me manda e-mails, mas fora isso não tive mais contato.

— Entendi. Isa, o papo está ótimo, mas eu vou para casa.

— Tudo bem Drica – levantava – qualquer coisa que você precisar pode me ligar a qualquer hora.

Se abraçaram — Obrigada Isa. Até mais.

— Tchau.

Adriana recolheu sua canga e saiu em direção ao seu apartamento com sua cadelinha.

Pensava procurar sua mãe no dia seguinte para conversar, estava tentando se preparar psicologicamente, já estava considerando procurar um terapeuta no Brasil para continuar o tratamento que começou em Harvard. Ainda tinha pesadelos e agora suas noites ficaram piores com essa revelação.

O que poderia esperar dessa conversa? Qual explicação sua mãe teria? Quem é seu verdadeiro pai? Só Catarina poderia dizer.



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