Véspera de Natal, Ana Paula estava se trocando para descer e participar da festa que acontecia em sua casa, ela estava desanimada, conhecia as festas organizadas pela sua mãe. Os amigos de seu pai bebem uísque até cair, e as amigas de sua mãe só falam de futilidades. Esse ano não teria ninguém para se distrair, sempre tinha alguma namorada para se ocupar.

Terminava de se maquiar e ouviu a porta abrir, saiu do banheiro e viu sua mãe entrando no quarto, se perguntou o que ela poderia querer àquela hora da noite. Regina é loira como Ana Paula, suas feições são parecidas, ela é muito bonita ainda, mesmo com seus cinquenta e dois anos.

— Ana minha filha, você tem um minuto?

— Sim, entra ai. – continuou olhando o espelho —

— Minha filha, eu queria conversar com você, mas eu não sei por onde começar.

— Do começo mamãe. – passava rímel –

— Ana, eu queria me desculpar.

Ana Paula parou de usar a maquiagem e olhou na direção de sua mãe que estava parada em sua porta, pensou aonde ela queria chegar.

— Desculpas por que? – apoiou as mãos na pia –

— Por ser quem eu sou. Eu percebi ao longo dos anos que eu perdi a minha garotinha que era tão grudada comigo quando vivíamos juntos. Eu sei que você se ressente por eu ter escolhido acompanhar o seu pai pelo mundo afora, mas eu juro que eu queria muito que vocês estivessem junto de nós, mas eu via vocês tão tristes longe daqui que o que eu fiz foi deixar que vocês escolhessem a felicidade de vocês, mesmo que pra isso eu tivesse que abrir mão da minha.

— Mamãe eu não estou te entendendo. Você não abriu mão da sua felicidade, você foi atrás dela, e isso não incluiu Camila e eu. —dizia com ressentimento –

— Não é verdade minha filha, eu sempre tive que fazer muita força para deixar vocês duas aqui e viajar atrás do seu pai, ou você acha que eu amo viver de aeroporto em aeroporto em viagens de negócios e sendo só a mulher do diplomata?

— Por que a senhora nunca disse isso?

— Por que você se afastou de mim, Ana, você não deixou eu me aproximar mais.

Ana começou a derramar algumas lágrimas, estava escutando sua mãe e tinha os seus medos e fantasmas ali em sua frente para se desfazer deles e derrubar as barreiras que ela mesma montara.

— Eu errei ao deixar você fazer isso, eu deveria ter interferido, mas eu acabei deixando você se afastar, achei que era a fase da adolescência e isso iria mudar, mas só ficou pior, e hoje eu vejo o quanto você se fechou pra mim e pro seu pai, eu quero mudar isso. Está na hora de reconquistar você.

— Como mamãe? Semana que vem vocês vão embora de novo, e eu e Camila continuamos aqui sozinhas.

— O seu pai não vai mais viajar, ele está se transferindo para o Rio de Janeiro para encerrar a carreira de diplomata aqui no Brasil. Nós vamos voltar para casa. Vamos voltar para vocês.

— Você não está brincando? – olhava desconfiada —

— Claro que não minha filha, me perdoa pela minha omissão, mas eu só quero o seu bem, e eu pensei que estava fazendo a coisa certa em deixar vocês escolherem onde queriam morar, eu não poderia deixar seu pai desacompanhado, mas eu deveria ter tentado manter a família unida e eu falhei. – uma lágrima escorreu em seu rosto –

— Eu pensei que a senhora não ligava pra gente.

— Claro que eu ligo, eu sempre me preocupei, Joana sempre me manteve atualizada sobre vocês duas e eu achava que minha ausência poderia ser suprida com os presentes, mas vejo que nada é melhor que o colo de uma mãe.

— Por que demorou tanto tempo mamãe?

— Eu te amo minha filha, eu espero que você possa me compreender algum dia.

Ana olhava desconfiada para sua mãe mas não se conteve e a abraçou, as duas choravam e selavam ali uma reconciliação que era tão esperada por ambas. Camila entrou no quarto atrás da irmã e viu a cena, percebeu que as duas haviam conversado e correu para se juntar ao abraço emocionada.

— Camila! – sua mãe levou um susto –

— Vocês fizeram as pazes!

— Mas eu nunca fiquei de mal com vocês. – sua mãe a abraçou também –

— Ana que tem essa cabeça dura e sempre criou resistência a tudo. – Camila completou –

— Ei, eu estou aqui. –Ana reclamava –

— Mas é teimosa e cabeça dura sim senhora! – sua mãe batia com o indicador em sua testa –

— Mamãe já contou que eles estão voltando para o Rio?

— Contou.

O abraço se desfez.

— Minha maquiagem que não estava pronta ficou péssima agora. – Ana se olhava no espelho –

— Eu te ajudo, vem cá. – Regina se ofereceu —

Pela primeira vez em quinze anos, mãe e filha pareciam voltar a ter um relacionamento familiar novamente, os fantasmas de Ana finalmente pareciam estar indo embora. Os laços maternos estavam se refazendo, mãe e filha conversavam como ha muito tempo não acontecia. Mais um passo foi dado para a evolução de Ana Paula.
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Viviane viajou para São Paulo com Isadora, iria apresentar a namorada para a família, esperava que não houvesse problemas, já que seus pais não eram conservadores.

Foi recepcionada no aeroporto pela irmã gêmea. Isadora ficou impressionada com a semelhança das duas. A única diferença era o cabelo, já que Vanessa o cortou mais curto, na altura dos ombros.

— Viviane! – abriu os braços –

— Vanessa!, Que saudades minha irmã! – correu e se jogou na irmã –

Isadora ficou segurando as malas enquanto via o abraço apertado das duas.

— Você cortou o cabelo, sua safada!, Quando fez isso? – passou as mãos pelos cabelos da irmã –
— Semana passada. Eu queria mudar um pouco, e nada melhor que o cabelo pra renovar o visual. – ria –

— Vem cá, eu quero te apresentar alguém. – puxou Vanessa pela mão –

— Vanessa, essa é Isadora. Isa, essa é minha irmã.

— Prazer Vanessa. – Isadora estendeu a mão –

Vanessa mais impetuosa a puxou para um longo abraço, assustando a mulata.

— O prazer é meu! Quer dizer que você é a Isa de Vivi?

— Como assim? – Isadora arregalou os olhos –

— Ah, você acha que eu não percebi que tinha algo acontecendo com essa aqui? Ela só fala em você o tempo todo, eu tinha certeza que vocês tinham mais que amizade.

— Eu juro que não contei nada. – Viviane levantou as mãos –

— E desde quando você precisa me contar alguma coisa? – cruzou os braços –

— É verdade. Então, apresentando oficialmente, essa é minha namorada, Isadora. Não tem problema pra você?

— Claro que não! Eu quero ver a sua felicidade. – olhou para Isadora – Bem vinda cunhada.

— Obrigada. – Isadora sorria sem graça –

— Vamos que papai vai adorar te conhecer. – pegava uma das malas no chão –

— Vivi, eu estou começando a me arrepender. – sussurrou no ouvido da namorada –

Viviane riu e segurou sua mão para passar-lhe confiança. Chegando ao apartamento, Vanessa já anunciava sua entrada com uma sonora gargalhada, sua mãe veio da cozinha secando as mãos em uma toalha e sorriu largo ao ver a filha.

— Viviane! Mas que saudade minha filha! – abraçou a ruiva –

Sua mãe tem o porte baixo, estava acima do peso, tem os cabelos escuros e ondulados na altura dos ombros. Seu pai vinha do quarto, alto ruivo como as filhas, ele usava um óculos de leitura e tinha o semblante mais sério, ao ver a filha lhe deu um abraço singelo e um beijo na cabeça.

— Papai, mamãe, eu preciso conversar com vocês.

— Viviane, não vai nos apresentar a sua amiga? – sua mãe perguntou –

— É sobre isso mesmo que eu preciso falar. – levou os pais até o sofá –

Isadora estava suando frio, não sabia onde estava com a cabeça quando concordou com essa viagem, deveria ter deixado Viviane ir sozinha para conversar com os pais primeiro. Estava em pé na entrada da sala, Vanessa ria internamente da cara da cunhada.

— Mamãe, papai, essa é a Isadora, ela é minha amiga, mas é muito mais que isso para mim. Eu aprendi uma forma diferente de amar e eu queria que vocês me compreendessem, — uma pausa — mas eu sou lésbica e a Isa é minha namorada. – olhou para Isadora –

O silêncio se fez na sala, os pais de Viviane estavam olhando para a filha, um tanto espantados, Vanessa segurava o riso e Isadora estava tão tensa que o corpo doía.

— Fala alguma coisa gente! – Viviane estava com medo de ter a mesma reação que a mãe de Drica teve –

— Minha filha, eu confesso que fiquei assustada com o que me disse agora, você tem ideia do que você está assumindo? Os riscos que você está enfrentando?

— Eu sei mamãe, depois daquele problema que eu tive em Harvard, eu enfrento qualquer coisa.

— Você está feliz? – seu pai perguntou –

— Muito. – abriu um grande sorriso –

— Então é isso que importa Viviane, eu quero que você seja feliz. – abriu os braços –

Viviane levantou e foi até os pais e os abraçou, ficou emocionada com a atitude deles.

— Viviane, agora apresenta sua namorada para gente direito. – sua mãe pediu –

— Isa, vem cá. – Viviane estendeu a mão –

Isadora caminhou em direção à namorada e ela tomou a mão da mulata apresentando formalmente aos pais, Vanessa ria no canto da sala, e no final de tudo Isadora já estava se sentindo em casa com aquele aconchego.

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Adriana estava com Mariana e Marcos no apartamento da índia, os três conversavam animados na sala enquanto terminavam de preparar a mesa da ceia. Mariana e Marcos eram sozinhos, não tinham família no Rio, primos ou avós moravam em Manaus, e Adriana também estava se sentindo solitária esse ano, não teria a companhia dos pais, para passar as festas de fim de ano.

— Mari, está tudo aqui. – Adriana colocava o pernil na mesa –

— Nossa, mas isso está cheiroso! – Marcos chegava beliscando uma rabanada –

— Marcos, sai daí! – Mariana ralhava com o rapaz –

— Deixa ele Mari. Alguém quer cerveja? – Drica caminhava para a cozinha –

— Eu quero! – Marcos se ofereceu –

— Eu vou te ajudar. – Mariana foi até a cozinha –

As duas pegavam os copos e a cerveja e trouxeram para a sala, não antes de se beijarem apaixonadamente.

Os três conversavam enquanto bebiam e comiam em volta da mesa, uma música tocava no som, e Adriana as vezes ficava pensativa.

O telefone da morena tocou e ela atendeu um Felipe muito animado, já estava embriagado na casa de Luana.

— Drica! Feliz Natal! – ouvia-se um barulho muito forte –

— Feliz Natal Meu irmão onde você está? – tentava escutar alguma coisa –

— Eu estou na casa de Luana, aqui é tudo uma festa! A casa está cheia, vem para cá.

— Ah Felipe, eu não vou não, eu não quero badalação. Eu estou com Mari e o irmão dela, eu estou bem aqui quietinha.

— Adriana, não fica assim não, a vida é linda, tudo é lindo, Luana é linda!

— Ai meu Deus, Felipe já está achando que é o Caetano Veloso. – balançava a cabeça –

— Como assim? – Mariana perguntava –

— Está tudo lindo pra ele. — Fez um arco com a mão sobre a cabeça. Mariana se acabou de rir. –
— Felipe vai caçar Luana, vai? Depois nos falamos.

O rapaz nem se deu ao trabalho de responder, ele estava fora de si.

— Agora veja só, Felipe está completamente bêbado, e são só dez horas da noite. – Adriana olhou no relógio –

Tinham presentes embaixo da árvore de Natal que seriam trocados à meia noite, o clima estava aconchegante, o apartamento de Mariana era bem decorado, arejado, tem três quartos, um ela usa como escritório e quarto de hospedes.

Adriana caminhou até a janela enquanto Mariana conversava com uma amiga do escritório e observava o céu límpido de dezembro, o tempo quente que lhe dava tanto prazer depois de dois anos sentindo frio.

O céu estava estrelado e uma linda lua cheia iluminava aquela véspera de Natal.
Adriana usava uma blusa tomara que caia lilás, uma saia jeans no meio das coxas, e sandálias de salto alto. Estava sentindo falta do ambiente em família, o Natal sempre era comemorado no apartamento de seus pais, visitou Antero à tarde, ele estava em casa se recuperando de uma sessão de quimioterapia, não tinha conversado com ele sobre sua paternidade, não queria trazer problemas para o pai. Que pai? Quem era o seu pai? Nunca iria descobrir.

Mariana caminhou lentamente até a namorada e a abraçou por trás trazendo Drica de volta a terra. A campainha tocou e Marcos foi atender, eram alguns amigos dele que chegavam para ficar com eles, os rapazes cumprimentaram as meninas e foram para a cozinha guardar as bebidas.

— O que foi minha linda? – deu um beijo no pescoço de Drica –

— Eu estava pensando na vida. – fazia carinho na mão de Mariana –

— Pra que pensar na vida? Deixa que ela vai tomar o seu rumo, tudo vai se encaixar. – continuava beijando a namorada –

— Será Mari? – seu olhar estava perdido nas estrelas –

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Alessandra e Paula recebiam suas famílias no apartamento, todos conversavam animados, riam das histórias da ruiva que sempre tinha uma confusão diferente para contar.

— Ai Alessandra, você é uma figura. – a mãe de Paula ria –

— Ih Dona Carmem a senhora não sabe de nada! — A irmã de Alessandra dizia – E quando essa maluca ai colocou na cabeça que tinha que ganhar uma cabra de Natal? – apontava para a irmã —

Alessandra balançava a cabeça negativamente para a irmã, mas ela é tão sem noção quanto Alessandra e continuou falando.

— Não adianta pedir para não contar não.

— Isso mesmo, conta sim, que história é essa de cabra? – Paula chegava da cozinha com vinho e cerveja –

— Não escuta o que ela diz não meu amor, essa desbocada adora inventar coisas sobre mim.

— Mas isso não foi invenção não minha filha.

— Ai mãe até você? – Ale reclamava com sua mãe –
— Menina, você não tem noção! Ela cismou que queria uma cabra, porque achava interessante o bichinho. – gesticulava com um copo na mão – as meninas geralmente pedem um poodle de presente, ela pediu uma cabra.

Todos riam com o relato da cunhada de Paula. Alessandra não sabia o que fazia, se ria ou se saia de fininho.

— O pior de tudo foi que essa criatura namorava uma louca na época e a garota deu a tal cabra! – sua mãe entregou –

— Minha nossa, e vocês ficaram com uma cabra dentro de casa? – Paula perguntou espantada –

— Ai gente que papo caído hein! – Alessandra cruzou os braços –

— Que nada, está muito divertido. – Paula ria e bebia cerveja –

— Pois é, nunca vou esquecer aquilo, a menina foi em um sítio com o irmão, sem contar pra ele o que ia fazer no tal sítio, e obrigou o garoto a enfiar uma cabra dentro do carro para trazer para Alessandra. – enchia o copo com cerveja –

— Ale, eu estou passada! – Paula colocava a mão sobre a boca –

— O coitado do rapaz tinha um ciúme danado daquele carro, o bicho fez xixi no tapete do carro, ficou uma murrinha de bicho molhado no carro dele que durou quase um mês inteiro.

Todos riam muito e Alessandra estava sem graça, mas acompanhava na gargalhada.

— E o bicho ainda mamava, tinha que ver essa ai acordando de madrugada para dar mamadeira para a cabra, teve um dia que eu acordei para ir para a escola e estavam Alessandra e a cabra dormindo na rede da varanda.

— Poxa Simone, você só me queimando hein! – jogou uma almofada na irmã –

— Bééééé. – Paula ficou imitando uma cabra o resto da noite –

— Eu estou ferrada agora não é?

Paula beijou o rosto da esposa e ria demais das histórias que foram contadas.

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Ana Paula caminhava pelo jardim da casa sozinha enquanto várias pessoas festejavam em sua residência. Segurava uma taça com espumante e sentou em um banco que ficava de frente para a piscina, pensava em Adriana, como a morena estava? Bebeu um gole da bebida e não percebeu que alguém se aproximava, seu pai chegava e se acomodou ao seu lado. Ela sorriu e recebeu um abraço.

— Eu notei que minha advogada preferida está muito quieta hoje. – continuava abraçado a ela –

— Eu estou bem. – se limitou a dizer—

— Conta para mim o que está acontecendo minha filha, brigou com a namorada? Eu não estou vendo você com ninguém.

— Eu estou sozinha papai, já tem alguns meses. – mexia na taça –

— Entendi, e tem alguém mexendo com esse coraçãozinho? – fazia carinho na filha –

— Pior que tem pai, só que eu perdi todas as minhas chances que eu tive com ela, eu fui tão imatura!

— Sei, e onde ela está agora? – aqueles olhos azuis que originaram os de Ana Paula a fitavam com curiosidade –

— Eu não sei, deve estar com a namorada. – seu olhar era triste –

— Olha minha filha, eu tenho muitos anos de vida e de relacionamento, eu sei que as relações pessoais são muito complicadas, mas você tem que se entregar. Não adianta fingir que viveu algo, você tem que viver. Você tem que sentir a outra pessoa e deixar que ela sinta você.

— Isso não é o meu forte papai. Eu fui egoísta, e eu perdi a pessoa que mais me amou até hoje.

— Você a ama?

— Sim eu a amo! – Ana falava com sentimento –

— Ela te ama?

— Sim, ela me ama.

— Então luta pelo seu amor filha, e você verá que tudo ficará bem.

Beijou sua testa e saiu deixando a loira com os seus pensamentos. Em um ato impulsivo ela discou o número da contadora no celular e esperou ansiosa pela resposta.

Adriana estava na cozinha pegando mais cerveja e o celular sobre a mesa começou a tocar. Mariana foi pegar para levar para a namorada e viu o nome de Ana Paula e uma foto que aparecia quando a loira ligava.

Ficou furiosa e ao invés de levar para Drica como tinha premeditado, ela resolveu atender.

— Alô! – foi ríspida –

— Alô, por favor a Adriana? – imaginou que era a namorada dela –

— Adriana não pode falar no momento. – olhava para Drica que vinha da cozinha –

— Desculpe. Eu ligo outra hora.

— Nos faça um favor não ligue mais. Deixa a Adriana em paz. – desligou o telefone na cara de Ana Paula –

Ana ficou olhando para o aparelho e seus olhos marejaram, sentiu a dor da rejeição novamente, será que Adriana que tinha pedido para a namorada falar isso? Não era o perfil dela, uma lágrima escorreu teimosa em seu rosto.

No apartamento de Mariana Drica vinha da cozinha e viu o seu celular com Mariana.

— Quem era?

— Ninguém. – sua feição estava diferente –

— Como ninguém Mariana? Quem era no telefone? – tentava pegar o aparelho –

— Você não precisa disso hoje, precisa? – tentava manter o celular fora de seu alcance –

— Claro que eu preciso, ainda não falei com Paula e Alessandra e nem Viviane! – estava ficando irritada – Quem estava ligando Mariana? – foi mais dura –

— Aquela sonsa, que não larga você. – se alterou – Sua amiguinha bêbada! – jogou o celular para Drica –

— Ana Paula? – segurou o aparelho que quase caiu no chão – O que você disse para ela?

— O que ela precisava ouvir né Drica! Poxa, ela tem que te deixar em paz! – gesticulava –

— Mariana você não tinha esse direito! – mexia no celular –

— Adriana, eu sou sua namorada! É claro que eu tenho esse direito!

— Mariana por favor, — fechou os olhos e esfregou as têmporas com uma das mãos — eu não quero brigar com você, então vamos encerrar esse assunto?

— Drica eu não quero mais você falando com essa mulher. – levantou o dedo para Adriana –

— Desde quando você levanta o dedo para mim? – Adriana ficou chateada –

— Desde que minha namorada tem um rabo de saia correndo atrás dela. – colocou as mãos na cintura –

— Mariana, minha história com a Ana acabou, você não consegue entender isso?

— Acabou né, você ficou toda derretida por ela na formatura da sua cunhada que eu vi, pensa que eu não notei como você olhava para ela? Ela tem que saber que você não está sozinha e que você é minha.

— Mariana, eu não sou de ninguém, eu estou com você porque eu quero estar, porque eu gosto de você, mas você não pode invadir minha privacidade e decidir o que eu tenho que fazer ou não, atender meu telefone e tratar mal uma pessoa que você nem conhece?

— Mas você conhece muito bem não é Adriana? Cama, mesa e banho! – disse sarcástica —

— Ah quer saber, Mari, me deixa ok!

Adriana abriu a porta do apartamento e desceu que nem um furação. Mariana ficou parada em plena sala sem saber o que fazer. Marcos veio até ela e entregou uma cerveja.

— O que é isso Marcos? – continuava olhando para a porta —

— Uma cerveja.

— Eu sei que é uma cerveja, estou perguntando por que está me dando isso? Não viu que eu briguei com Adriana?

— Vi sim, e por que você não foi atrás dela? – apontou para a porta –

— Eu não sei. – balançou a cabeça –

— Então bebe e espera ela voltar. – entregou a cerveja e Mariana a pegou –

Mariana olhou para o irmão e tomou um gole da cerveja, esperava que Adriana voltasse antes da meia noite.

Adriana estava caminhando pelo calçadão, pensativa com o celular na mão. Viu o número de Ana Paula e discou para a loira. Esperava com o coração na mão até ser atendida pela advogada.
Ana Paula viu o nome de Adriana no visor e pensou se atendia, será que a morena que estava ligando ou seria Mariana para lhe insultar? Resolveu dar um voto de confiança, se fosse Drica era mais um ponto para reconquistar sua amada.
— Alô.

Ouviu a voz de Ana Paula e se arrepiou inteira, ainda se perguntava que efeito era esse que a advogada tinha sobre ela.

— Ana?

— Sim sou eu Drica. – tinha voz de choro –

— Ana eu quero te pedir desculpas pela Mariana, ela morre de ciúmes de você, ela te fez alguma grosseria? – chutou uma pedrinha –

— Está tudo bem Drica. – fungou – Não se preocupe, ela tem razão de ter ciúmes né.

— Mas não pode te tratar mal, eu tive culpa com o que aconteceu entre nós, que ela me culpe, mas deixe você em paz.

— Eu só queria te desejar um Feliz Natal e dizer que estou com saudades.

— Feliz Natal Ana, eu espero que você seja feliz, não desejo nada diferente disso para você. – se emocionou –

— Eu te amo Drica, e não vou deixar de dizer isso nunca.

— Ana eu preciso desligar. – Eu também te amo, mas não posso dizer isso – pensava consigo –

— Tudo bem Drica. Foi bom falar com você. – sorriu –

— Eu também gostei de falar com você Ana, se cuida. – se controlava para não chorar – Feliz Natal!

— Feliz Natal!

Finalizaram a ligação e cada uma ficou olhando para o céu estrelado daquela noite quente de verão.

Ana voltou para a festa dos pais e Adriana ficou olhando o mar do Leblon por um tempo. Passava das onze quando resolveu voltar para o apartamento de Mariana.

Lá chegando encontrou Mariana sentada em uma cadeira ao lado da janela, ela tinha um copo de cerveja nas mãos e olhava para fora. Marcos estava com os amigos jogando vídeo game e olhou a cunhada entrando no apartamento com o semblante desanimado.

Os dois trocaram olhares e Marcos indicou a irmã coma cabeça para Adriana, ela caminhou até a índia e tocou em seu ombro. Mariana despertou de sua inércia e olhou para Adriana.

— Desculpe Mari.

— Eu que peço desculpas Drica, mas eu não consigo controlar o ciúme que eu tenho daquela mulher.—balançou a cabeça e olhou para o copo nas mãos —

— Não desconte nela sua raiva, eu também fui culpada pelo que aconteceu, ninguém me obrigou a deitar na cama dela, se tem alguém que você tem que culpar essa sou eu.

— Não fala assim, me desculpa, eu vou tentar me controlar. Eu sei que não posso invadir sua vida dessa maneira.

— Então vamos esquecer isso e comemorar nosso Natal numa boa. –fez um carinho no rosto da namorada –

— Sim, claro. – abraçou Drica e a beijou selando as pazes –



Notas:



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