Ana já estava atuando na promotoria, começou uma amizade com Eduarda, que estava sempre lhe chamando para almoçar ou trazendo alguns casos para Ana dar uma opinião. Ana estava gostando daquela companhia, estava se sentindo confiante novamente, sem contar que a moça é muito atraente.

— Oi Ana, pode ir almoçar? – chegava na porta da sala da advogada –

Ana estava escrevendo uma acusação e olhou para a promotora sorrindo.

— Eu posso, só preciso terminar de escrever essa acusação, senta ai. – apontou a cadeira –

Eduarda não negou o convite, sentou-se em frente à loira e ficou olhando os movimentos leves das mãos de Ana digitando no computador.

— Pronto, salvando o documento e podemos ir. – sorriu –

Levantou e pegou sua bolsa, Eduarda a acompanhou, elas sempre almoçavam no mesmo restaurante que fica próximo do Ministério.

— Ana, eu estou com um processo que eu queria que você desse uma olhada depois. – cortava o bife –

— Eduarda, eu posso te perguntar uma coisa? – bebia o suco –

— Claro, e eu já te falei para me chamar de Duda. – sorriu –

— Tudo bem, por que você sempre traz os casos para eu olhar? Eu sou nova na promotoria, eu não tenho experiência, tem tanta gente boa lá, deveria ser o contrário, eu levar os casos para você. – batia com o garfo no prato –

— Bom, eu não queria ser tão direta, mas já que você perguntou, eu gostei de você desde o primeiro momento que eu te vi, essa carinha de anjo me encantou, e eu não sei se eu estou certa, — soltou os talheres no prato – mas meus instintos me dizem que você também gostou de mim.

Ana Paula ficou sem ação, não sabia o que dizer, bebeu metade do copo de suco em um único gole enquanto olhava espantada para a promotora que fora tão direta.

— Desculpe se eu te assustei, mas eu sou assim mesmo, vou direto ao ponto. Eu sou lésbica Ana e eu me senti muito atraída por você.

— Eu não sei o que dizer Eduarda. – voltou a comer –

— Diga que você também é lésbica e que eu não paguei esse mico de cantar uma mulher hétero e casada. – fechou os olhos —

— Não, isso não. – riu – Eu sou lésbica sim, e não sou casada. É que realmente sua abordagem foi totalmente direta.

— Menos mal, mas você tem namorada? – limpou a boca com um guardanapo – Desculpe se eu te intimidei.

— Não, eu estou sozinha no momento. – limpou a boca com o guardanapo – Tudo bem, é típico de advogado. – riu –

— É verdade. Mas como eu ia dizendo, eu achei você uma mulher muito bonita Ana, e depois que te conheci, eu te achei muito interessante também.

— Obrigada. – Ana começou a se sentir uma presa sendo atacada por um predador – É melhor nós voltarmos não?

— Você nem terminou de beber o seu suco.

— Eu não quero mais. – tentava se esquivar – Eu estou com algumas coisas para fazer que o prazo termina hoje, então eu preciso voltar para o escritório.

— Tudo bem, vamos então.

As duas mulheres caminharam de volta à repartição e chegando no escritório de Ana Paula, Eduarda se despediu com um convite.

— Ana, você não quer sair hoje à noite depois do expediente para uma bebida? – seu olhar era extremamente sedutor –

Ana estava quase enfeitiçada pela voz doce e sensual que Eduarda fazia, olhava a boca fina e bem delineada pelo batom que lhe convidava a u beijo, mas conseguiu sair daquele transe e respondeu com uma esquiva.

— Eh, hoje? Hoje não vai dar, eu preciso – pensava em uma desculpa – eu preciso encontrar com a minha irmã para – mais uma pausa – comprar algumas coisas. – apertou os olhos –

— Entendi. – balançou a cabeça – Tudo bem, uma outra hora então. – piscou para a loira –

Eduarda saiu deixando Ana Paula assustada, ela soltou o ar dos pulmões e só então percebeu que o prendera por um bom tempo.

— Minha nossa, mas que mulher atirada! Eu não estou acostumada com isso não. – falava sozinha –

Voltou aos seus casos e documentos, pensando como seria se envolver com aquela mulher tão intrigante que Eduarda se mostrara. Lembrou de Adriana, como a morena é diferente! Provavelmente a promotora está procurando por sexo casual, mas com a contadora era amor.

Perdeu-se nesses devaneios e quando percebeu o dia já estava no final e ela dirigia para casa sã e salva das garras da predadora.

*****************
Adriana e Mariana preparavam a viajem de férias para Porto Seguro, desistiram de ir para Fernando de Noronha, a arquiteta convenceu a morena que a Bahia seria um destino mais perto e ela queria descansar. A morena foi para o apartamento da arquiteta para passar a noite.

— Mari, eu vi hoje as passagens para Porto Seguro, consegui uma promoção boa e já comprei para o dia dez, como nós combinamos. – usava o computador de Mariana —

— Maravilhoso, eu vou ligar para a pousada e reservar o quarto.—estava na cozinha preparando um lanche — Depois anota as datas pra mim.

— Eu anoto sim. As meninas querem tirar férias em dezembro, elas estão escolhendo para onde vão. Você teria alguma sugestão? Você viajou mais do que eu.

Mariana sentou ao lado da namorada com dois sanduiches e suco.

— Ah, eu não viajei tanto assim, mas dos lugares que eu já fui, para elas que gostam de praia, Natal é muito bonita, tem Recife, Salvador… – foi interrompida com um beijo – Hum que delícia!

— Esse sanduiche também está uma delícia! – riu – Eu vou falar com elas.

— Se você quiser, eu tenho alguns telefones dos lugares onde eu fiquei, foi muito bom. – mordeu o sanduiche —

— Ah eu quero sim, é melhor ir com indicação para não cair em roubadas.

— Isso é verdade. – limpava a boca com um guardanapo – Ainda mais quando se trata de Alessandra. –riu –

— Pois é, aquela ali arruma confusão até com bicho preguiça. – terminava de comer o sanduiche – Você viajou para esses lugares a passeio?

— Sim, a maioria. Algumas viagens foram para feiras de construção ou de decoração pela firma, mas eu adoro viajar, colocar a mochila nas costas e sair sem destino, é revigorante. – colocou o prato na mesinha de centro –

Adriana se aconchegou em seu colo e a índia ligou a televisão com o controle remoto, mas não prestavam atenção no que passava.

— Você nunca me contou sobre seus relacionamentos Mari, alguma dessas viagens foi com alguma namorada?

— Sim, foi. Mas por que você quer saber dos meus relacionamentos? Isso é passado.

— Ah, para te conhecer melhor, mas se não quiser falar tudo bem, é só curiosidade mesmo.

— Eu tive alguns namoricos, dois foram mais longos, e o ultimo antes de você foi o mais intenso e me magoou muito. – fazia carinho nos cabelos da contadora –

— Por que? O que houve?

— Nós ficamos juntas por três anos, mas ela era muito imatura, temos a mesma idade mas ela parecia viver no mundo da lua. Eu era apaixonada por Joseane, mas ela não soube viver a dois.

— Entendi, ela que te deixou? — perguntou com cuidado –

— Sim, eu estava terminando a faculdade, mas já fazia estágio, tinha meu próprio dinheiro, meu carro, ela não estudava, não trabalhava, vivia nas costas do pai que é muito bem estabelecido no setor da construção, eu estagiava em uma das construtoras que ele possui, Joseane que conseguiu para mim.

— Vocês se conheceram na faculdade eu imagino.

— Sim, ela cursou até a metade, e depois saiu porque disse que não era isso que ela queria fazer, o pai dela a obrigou a fazer arquitetura para dar sequencia na empresa dele.

— Entendi. – fazia carinho no braço da índia —

— Enfim, eu tentava persuadi-la para pelo menos tentar terminar a faculdade e depois ela poderia fazer outra, mas ela não quis, brigou com o pai e até saiu de casa por um tempo, acabou ficando na minha casa.

— Vocês moraram juntas então.

— Podemos dizer que sim, meus pais não gostaram disso, porque eu saía para trabalhar cedo, ia para a faculdade à noite e só chegava em casa tarde, e Josi como não fazia nada o dia inteiro estava incomodando em casa, até Marcos estudava na época.

— Ela é filhinha de papai né Mari, tem gente que não se coça mesmo.

— É, ela se comportava desse jeito mesmo, mas ela precisava entender que não estava na casa dela, e teoricamente era temporário, eu fiz de tudo para ela se entender com o pai, ele até gostava de mim, sabe. – sorriu lembrando de algo –

— Quem não gosta de você ? – fez carinho no rosto –

Mariana deu um beijo na namorada e continuou o relato.

— Mas ai veio o acidente dos meus pais, e quando isso aconteceu, eu achei que morreria junto com eles. – lágrimas surgiram em seus olhos –

— Mari se você não quiser falar tudo bem. – sentou no sofá e abraçou a namorada –

— As vezes é bom falar, — uma pausa — o que aconteceu foi que eu tinha discutido com minha mãe naquela tarde, por causa de Josi, e eu deveria ter saído com eles naquela noite.—a voz falhou — Eu tinha que estar naquele carro junto com eles e eu não fui de pirraça.

— Ei, — mudou as posições e aconchegou Mariana em seu colo – não se culpe, você não tem culpa do que aconteceu.

— Eu sei, mas é tão dolorido. A saudade ás vezes é tanta que parece que vai rasgar o meu peito. –colocou a mão sobre o peito –

— Eu sei. – fazia carinho em seus cabelos –

— Ai, um mês depois do acidente, Josiane arrumou as coisas dela e foi embora do apartamento, eu cheguei em casa da faculdade e encontrei o armário vazio, a parte que eu tinha separado para ela usar.

— Ela te abandonou num momento tão complicado desse jeito?

— Sim Drica. E o pior, sem nenhuma palavra, nenhuma carta de despedida. Simples assim.

— Mas que mulher fria!

— Eu fui procura-la pelo menos para saber se tinha voltado para casa, e não a encontrei, não me atendia no celular, na casa do pai dela ninguém sabia onde ela estava, sumiu do mapa.

— E ai, você a encontrou depois disso? – enlaçou os dedos da namorada –

— Sim, eu fiquei arrasada, imaginei que poderia ter acontecido horrores com ela, tentei procura-la em todos os lugares possíveis e ninguém sabia dela. Foram duas perdas ao mesmo tempo.

— Nossa.

— Seis meses depois de sumir ela apareceu na faculdade, era o meu último semestre, me pedindo perdão, que queria voltar para mim.

— Mas que cara de pau! – fazia carinho nos cabelos da índia —

— Quando eu perguntei o que tinha acontecido, sabe o que ela respondeu? – Drica apenas olhava – Que decidiu se mudar para Santa Catarina com uma engenheira que trabalhava para o pai dela e tinha sido transferida para outra filial no Sul.

— Mas que pilantra! E voltou arrependida por quê?

— Ah no mínimo lá não encontrou as mesmas regalias que tinha aqui né! –levantou do colo de Drica – Eu nem quis escutar as justificativas.

— Caramba, Mari.

— Ela me deixou em um momento tão frágil da minha vida! Eu tive que cuidar do Marcos, ele ficou meio revoltado no inicio, e ainda tive que administrar término de relacionamento.

— E quando ela voltou, o que você fez?

— Eu queria matar Joseane! Como uma pessoa some por seis meses sem dar noticias para ninguém e aparece assim, do nada com a cara mais lavada do mundo pedindo para voltar. – balançou a cabeça — Primeiro que ela já estava me traindo com essa engenheira a muito tempo, ninguém resolve se mudar de um dia para o outro assim.

— É verdade.

— Eu nem quis ouvir o que ela tinha para falar, mandei ela embora e pedi dispensa do estágio na empresa do pai dela. Ela ainda ficou me procurando por meses até desistir.

— Ai Mari, eu sinto muito por isso. – fez um carinho –

— O pior de tudo Drica, não foi nem a traição, mas o abandono no pior momento que eu já passei em toda a minha vida! Eu achei que poderia encontrar conforto nos braços dela, depois de tudo o que eu fiz, depois de ter lutado por ela, mas só encontrei descaso e abandono.

— Vem cá minha linda, vem aqui que eu vou cuidar de você.

Adriana abraçou a arquiteta e a beijou, podia sentir o gosto salgado das lágrimas que teimavam em cair pelo seu rosto. Ali mesmo no sofá, as carícias começaram a ficar mais intensas e a índia foi empurrando a contadora para deitar de costas. O beijo era carinhoso protetor.

Adriana passeava com suas mãos pelo corpo de Mariana e segurou a blusa da namorada, retirou deixando-a somente de top. O desejo exalava sua melhor essência, e as duas se envolviam mais e mais.

Com a coxa, Mariana pressionava o sexo da namorada que gemia em seu ouvido, Adriana arranhava as costas nuas da arquiteta que beijava o pescoço da outra, habilmente abriu o short que Drica usava e descia beijando seu corpo enquanto puxava a peça de roupa. Adriana estava de calcinha e camiseta.

Sobre a calcinha Mariana brincou com a língua estimulando a contadora que gemia contidamente.

Mariana subiu novamente colando seus corpos e voltou a beijar Drica com paixão.

No auge do clímax as duas ouviram o barulho da porta e de chaves batendo, pararam de se beijar e se deram conta que não estavam no apartamento de Drica e Marcos estava chegando da rua naquele momento.

— Mas Meu Deus! O que é isso no meio da sala? – o rapaz colocou a mochila no rosto para tapar a visão –

— Marcos! – Mariana se levantava apressada – Nós esquecemos que estamos aqui em casa.

Adriana tentava achar o short para colocar e o máximo que conseguiu foi se cobrir com a manta do sofá de Mariana, ficou sentada vermelha como um pimentão.

— Beleza, nada contra a ver duas mulheres lindas se pegando, mas quando elas não são minha irmã e minha cunhada, né.

Mariana jogou uma almofada no rapaz. – Ai. O que foi isso? — tirou a mochila da frente –

Mariana jogou outra. – Coloca essa mochila ai de novo fedelho!

— Calma ai maninha. Eu já estou saindo. Tudo bem ai Drica?

— Sim, –disse sem graça –

Marcos foi para o quarto e as duas ficaram se olhando, soltaram uma sonora gargalhada.

— Poxa Drica, eu estou começando a entender porque as meninas sempre pegam você nessa situação.

— Por que? – olhou curiosa –

— Impossível não querer fazer amor com você. – mordeu o lábio inferior da namorada –

Mariana estendeu a mão e Drica a segurou.

— Vem minha linda. Vamos terminar isso no quarto.

— Com certeza.

Adriana catou as roupas e seguiu Mariana para o quarto da arquiteta.

Marcos levou uma hora para sair de dentro do quarto e tomar banho com medo de encontrar as duas pelo corredor.

***************

Ana chegava para trabalhar, e encontrou uma caixa com bombons sobre a mesa e um cartão.

— Mas o que é isso? – pegou o cartão – “Para adoçar o seu dia. Duda.”

Olhou para a caixa e viu que são todos recheados com cereja e licor, pensou que aquele mimo tinha sido no mínimo caro.

— Mais essa agora!

Colocou os bombons de lado e sentou para trabalhar, teria audiência a tarde inteira e não viu Eduarda naquele dia.

Chegando em casa com a caixa em formato de coração debaixo do braço, Camila a interrogou com o olhar, a garota estava saindo para encontrar o namorado em um bar de Itaipu.

— Camila nem pergunte. –levantou a mão para a irmã –

— Hum, caixa de bombom em formato de coração! — balançou a cabeça– Minha irmã ganhou alguma admiradora? – beijou o rosto da advogada –

— Acho que sim. – olhou para a caixa – Quer saber! Toma, leva pro seu namorado, qual é o nome dele mesmo? Paulo?

— Pedro, o nome dele é Pedro. – revirou os olhos –

— Que seja, eles são todos apóstolos. – entregava os bombons para a irmã – Eu não gosto de cereja mesmo.

Camila pegou a caixa e riu da reação de Ana Paula, pela primeira vez ela viu sua irmã incomodada com o assédio de uma mulher.

— Eu vou encontrar com ele mesmo, obrigada. – saiu rindo –

Ana passou pela sala de TV e percebeu a luz acesa, olhou pela porta entreaberta e viu sua mãe e seu pai sentados assistindo ao jornal.

— Oi, boa noite gente. – os cumprimentou –

— Oi minha filha. Vem cá, deixa eu te dar um beijo. – sua mãe esticou o braço –

Ana entrou e beijou o pai na testa e segurou a mão de Regina que a puxou para o sofá, Ana estava tão cansada que se acomodou no colo de sua mãe. Ela fazia um carinho na filha. Enquanto Luiz lia um jornal.

— Pai, como você consegue prestar atenção no jornal que está passando na Tv e ler outro?

— Eu me acostumei, minha princesa. Eu estou lendo sobre os protestos que estão acontecendo no Centro, o pessoal resolveu ir para a rua meter a boca no trombone. – levantou os óculos e olhou para a filha –

— Eu sei, minha sorte hoje foi que eu tive duas denúncias para fazer e passei o dia no fórum de Niterói, o Centro do Rio estava uma loucura.

— E como está a promotoria? Ainda tem muito processo esquecido?

— E como papai! Eu estou tentando atualizar os mais críticos, mas toda hora chega algum processo com visibilidade na mídia e o Chefe do gabinete manda dar prioridade a esses casos, é uma injustiça o que fazem com essas pessoas.

— Eu sei, eu já vi muita gente morrer nas prisões mesmo já tendo cumprido toda a condenação.

— Tem gente inocente presa ainda porque não teve julgamento para desferir a sentença e o sistema não pode liberar a pessoa, o processo já está concluído mas ninguém faz a denúncia. É um descaso total com o ser humano. – sua mãe continuava fazendo carinho —

— Pois é e depois ninguém vai lá na casa do cidadão pedir desculpas por ele ter perdido o emprego, ser acusado injustamente e ter sua reputação jogada no lixo. – seu pai dobrava o jornal e colocava na mesinha ao lado –

— Bom, eu vou subir e tomar um banho por que eu estou cansada. –levantou –

— Minha filha, tem um pratinho montado pra você dentro do micro ondas que dona Joana deixou.

— Obrigada mamãe, eu desço para jantar.

Pegou sua bolsa e subiu as escadas. Pensava sorridente que sua vida estava se encaixando, deu uma escalada na carreira, seus pais estavam em casa novamente, voltaram a viver como uma família normal, estava mais segura de si e sentia-se feliz como nunca havia sentido antes. Finalmente encontrou um sentido para viver e correr atrás de um sonho, já pensava no futuro, depois de alguns anos na promotoria, faria a prova para o magistrado, queria se tornar juíza.

Ana tomou o seu banho e desceu para jantar, os pais ainda estavam na sala de TV, esquentou sua comida e sentou-se sozinha na mesa de jantar. Enquanto comia pensava nos afazeres do dia seguinte. Lembrou-se do presente de Duda, teria que enfrentar a colega de trabalho e agradecer pelo mimo.

— Será que daria certo? – pensava alto –

— O que daria certo? – sua mãe perguntou ao entrar na cozinha –

— Que susto mãe. Eu não vi a senhora entrando. – colocou a mão no peito –

Regina pegou um copo de suco e sentou na frente da filha.

— Eu vim pegar suco, e vi você falando sozinha ai. – bebeu um gole – No que você está pensando?

— Nada demais. – voltou a comer –

— Não quer conversar? Eu tenho notado você tão distante, só trabalha, não vejo você saindo mais como antes.

— Eu estou muito cansada mãe. Até eu me habituar ao trabalho acho que vai ser assim.

— E esse coração? Não tem ninguém habitando nele? – olhava para a filha de lado enquanto bebia o suco –

Ana ficou envergonhada, não tinha o hábito de falar sobre seus namoros com sua mãe.

— Ah mãe, não tem ninguém. – hesitou – Quer dizer, tem alguém, mas ela tem namorada. – deu de ombros –

— É a filha do senhor que você fez a doação não é?

— Como a senhora sabe? – terminou de comer –

— Camila me contou.

— Aquela linguaruda! – limpou a boca com um guardanapo – Eu vou pegar ela.

— Calma, eu quase subornei Camila para ela me contar. Não brigue com ela. – riu –

— Eu imagino. Eu fiz muitas coisas erradas mãe, e eu perdi a chance que eu tive com ela. E agora eu não consigo nem me interessar por ninguém.

— Ana, você precisa se permitir viver, você já reparou que sempre está em busca de algo impossível?

— Eu? – levantou para lavar o prato – Não, eu não faço isso.

— Faz sim, você só se interessa pelo proibido. Foi assim com a Lívia, foi assim com a Gisele e agora está sendo assim com a Adriana.

— A senhora sabe o nome dela?

— Eu sei de tudo. Você precisa se desprender Ana, esqueça essa moça, dê uma oportunidade a quem te deu os bombons, quem sabe você não para de buscar e encontra finalmente sua paz?

— Mas eu amo Adriana. – colocou o prato no escorredor —

Sua mãe levantou e a segurou pelo ombro. – Talvez você esteja amando Veneza, e não se deu conta disso. – beijou a filha no rosto e saiu –

— Veneza? Mas eu nunca fui à Veneza!

Ana saiu com a cabeça cheia, seu pai disse para ela buscar sua felicidade e sua mãe dizendo para esquecer, o que fazer?
*************
Adriana já não pensava tanto em Ana Paula, estava se entregando ao amor de Mariana, as duas estavam felizes, apaixonadas, curtindo finamente o relacionamento como ele deve ser.

Mariana já não se sentia tão insegura, a namorada nunca mais teve contato com a advogada, Drica nem sabia que Ana já estava de volta em Niterói.

O que mudou para a contadora foi a rotina no escritório, pois se dedicando apenas a consultoria, Drica passou a viajar muito para visitar as filiais das empresas que estava trabalhando e as vezes passava semanas fora, fazendo auditorias junto com Viviane.

A morena chegava de uma viagem de três dias em Resende, e estava entrando na garagem do prédio com Viviane.

— Ai eu nem acredito que nós chegamos em casa. – Drica desligava o carro –

— Nem eu amiga, eu estou morta! – soltou o cinto de segurança –

— E sua irmã? Está se adaptando bem ao Rio? – bateu a porta —

— Aquela ali já esta mais do que adaptada, está de namoro com o seu cunhado e abusando da minha paciência. – apertou o botão do elevador –

— Por que? – ria –

— Ai Dri, eu me dei mal, eu queria um apartamento para eu ter paz, mas Vanessa é muito espaçosa, ela tem roupa espalhada pela casa inteira, até no meu armário eu encontrei roupas dela esses dias.

— No seu armário? E as suas coisas? – entraram no elevador –

— Acredita que ela disse que não cabiam no dela e ela resolveu dividir o armário comigo? – apertou o botão do andar – Reorganizou minhas gavetas e tudo.

— Você está perdida! – riu –

— O que ela tem de CDF tem de patricinha. – revirou os olhos – É arriscado eu chegar em casa agora e só sobrar uma gavetinha no meu quarto pra mim. – acabou rindo com Drica —

As duas se despediram quando Drica desceu no quinto andar e caminhou para o seu apartamento. Ao abrir a porta, Pitty veio correndo para fazer festa com a dona, a cachorrinha estava morrendo de saudades.

— Oi Minha fofinha. – pegou a mascote no colo – Que saudades de você! Mas como você está cheirosa, tia Mari cuidou bem de você! – colocou de volta no chão –

Adriana jogou a bolsa de roupas em um canto do quarto e foi para o banheiro tomar uma ducha, avisou a namorada que chegara bem da viagem e Mariana disse que não iria até Niterói para a morena descansar.

Depois de tomar o seu banho e comer um sanduiche Drica deitou em sua cama e abriu o notebook para ver seus e-mails.

Entrou no seu perfil em uma rede social e navegou nos posts para se atualizar. Viu que Isadora postou uma foto dela com Ana Paula e não se conteve para abrir e rever sua amada, percebeu que há muito tempo não pensava na loira, mas ao vê-la ainda sentia o coração bater acelerado, a advogada está mais linda do que nunca, Drica percebeu que ela mudou o corte do cabelo, está usando um franjão cortado de lado e reduziu o comprimento.

Adriana saiu logo da imagem, não queria reviver esse amor dessa maneira, não queria trazer essa lembrança novamente. Depois de se atualizar, adormeceu o sono dos justos.

Acordou com o celular tocando, estava meio desnorteada, não tinha noção das horas, atendeu sem nem ver quem estava ligando.

— Alo.

— Drica, que voz de sono é essa? – Alessandra falava —

— Oi amiga, eu estava dormindo, ué. Cheguei cansada de Resende. Que horas são? – coçava os olhos ainda deitada –

— São dez da noite.

— E porque você está me ligando a essa hora? – levantou e acendeu a luz do quarto –

— Nós vamos sair, Paula mandou te ligar.

— Ah amiga, obrigada por lembrar-se de sua companheira aqui, mas hoje eu não vou a lugar nenhum, até Mariana eu dispensei, eu estou morta.

— Ah Drica, qual é? Hoje é sexta-feira, é dia de bater perna.

— Ale, deixa eu falar com ela. – Drica ouviu Paula pedindo telefone – Oi amiga, tudo bem? Como foi a viagem?

— Oi amiga, foi tudo tranquilo, nós chegamos bem, eu só preciso fazer o relatório para enviar para a direção da empresa.

— Você não me respondeu o principal. Você está bem?

— Sim, eu estou bem, só estou cansada, nada demais.

— Entendi, então tá, eu não vou insistir em te carregar para a rua, vai descansar. Nós vamos para a Lapa.

— Vocês vão sozinhas?

— Não, nós vamos com Isadora e Viviane e Marcos e Vanessa.

— Sério? Vivi está com esse pique todo? Eu estou ficando velha mesmo.

Paula riu da amiga. – Você só está trabalhando muito, essa viagem para Porto Seguro será boa para você descansar. Eu vou lá amiga, nós temos que sair. Beijos.

— Beijo, Paula, dá beijo em Ale.

— Com certeza.

As duas se despediram e encerraram a ligação. Adriana ficou olhando o aparelho e se perguntou o que Mariana estaria fazendo.

Ligou para a namorada e esperou, Mariana não atendeu, olhou o visor quando a ligação foi derrubada pela operadora. Imaginou se Mariana estaria dormindo também ou no banho. Esperou alguns minutos e tentou novamente.

Mariana finalmente atendeu e Adriana ouviu muito barulho e pessoas falando. Não entendeu o que estava acontecendo.

— Alo. – muito barulho na ligação –

— Mariana, onde você está? – andava pelo quarto –

— Eu estou em Copacabana com o pessoal do escritório Drica. Como você estava cansada e eu não fui para sua casa hoje, eu resolvi acompanhar o pessoal em um chopinho.

— Entendi. – Drica ficou enciumada – Tudo bem, só toma cuidado para voltar para casa tá? – andou até a janela –

— Pode deixar meu amor. Bons sonhos.

— Tchau.

Encerraram a ligação e Adriana ficou olhando pela janela, via os carros passando na rua e sentia-se sozinha como há muito tempo não sentia. Queria conversar com alguém, desabafar, mas as amigas estavam saindo, e a namorada estava bebendo, ela estava sozinha em casa, ainda pensava em sua vida, sua mãe foi morar com Marina, seu pai se mudou para Búzios como ele sempre sonhou em fazer. Felipe estava bem com Luana, provavelmente também estavam se divertindo.

Lembrou-se de Ana Paula, há tanto tempo que ela não via ou falava com a advogada, uma saudade enorme invadiu o seu peito e ela fechou os olhos, não foi uma saudade somente da mulher, mas também da amiga, e em um impulso Adriana discou o número do celular da advogada e esperou ansiosa pela voz que atenderia do outro lado.

Por uma infeliz coincidência, Ana estava em um bar com Camila, Pedro e alguns amigos da promotoria, incluindo Eduarda, a loira saiu para ir ao banheiro e deixou o celular sobre a mesa. Quando o aparelho vibrou sobre a mesa, Eduarda confundiu com o seu próprio e atendeu.

— Alo.

Adriana ouviu uma voz desconhecida atendendo o aparelho de Ana e muito barulho no fundo, assim como aconteceu com Mariana. Pensou que Ana estava em uma balada com outra mulher, achou que a advogada estava namorando alguém.

— Eduarda falando, quem é?

Adriana sentiu um frio na barriga e desligou sem falar nada. Novamente a solidão tomou conta de seu coração, sentiu um nó na garganta e teve vontade de chorar. Jogou o celular na cama e foi para o banheiro, algumas lágrimas escorreram pelo seu rosto e depois de chorar ela voltou a adormecer.

***********

Ana retornou do banheiro e sentou-se à mesa novamente, Eduarda não se preocupou em falar que o celular havia tocado, pois não percebeu que atendera o celular errado.

Todos conversavam animados, bebendo e rindo, enquanto uma banda tocava ao fundo. Eduarda tentava de qualquer maneira conquistar a atenção da loira e depois de vários chopes, Eduarda finalmente conseguiu algum progresso.

— Eu vou ao banheiro. – Ana levantou –

— Eu vou com você. – Eduarda levantou junto –

Ana olhou para Camila e a irmã a encorajou com o olhar, deu um sorriso e piscou para a loira.

Chegando ao banheiro, havia uma pequena fila, as duas ficaram esperando enquanto as pessoas passavam, o corredor é escuro e Eduarda encostou o ombro na parede ao lado de Ana, bem perto da loira.

A advogada estava fingindo que não percebeu as intenções da promotora, mas Duda se aproximou e falou ao ouvido da advogada.

— Você é tão linda! Eu estou louca para beijar essa sua boca deliciosa. – sussurrou –

Ana Paula que já estava há muito tempo sozinha não resistiu ao charme da outra e sentiu o corpo arrepiar inteiro. Fechou os olhos para prolongar a sensação e quando os abriu novamente olhou para Eduarda que a encarava com um desejo visceral.

Sem pensar em mais nada Ana avançou nos lábios da outra e os tomou como se fossem seus, Eduarda segurou sua cintura e a puxou de encontro a si colando seus corpos, algumas mulheres na fila do banheiro reprovaram a atitude das duas, outras olhavam com vontade de fazer o mesmo.

Terminando o beijo, Ana ficou envergonhada e se soltou da morena, Eduarda sorriu vitoriosa.

Depois de deixarem o banheiro, as duas mulheres voltaram para a mesa agindo diferente, Duda queria mais, Ana ainda estava assimilando o que acontecera.

Debaixo da mesa, a promotora acariciava a perna da loira que tentava sair daquela saia justa de qualquer maneira. Eduarda sorria, se jogava para cima de Ana, segurava a advogada e Ana continuava sem saber o que fazer.

Camila foi embora com Pedro, esticariam a noite em uma boate, Eduarda se encarregou de deixar Ana em casa. Durante o percurso pouco se falou, alguns comentários sobre a música que tocava no carro ou sobre algo que viram no bar.

Eduarda estacionou em frente ao condomínio da loira e desligou o carro, já passava de uma hora da manhã.

— Está entregue. – sorriu –

— Obrigada Duda. – ajeitou os cabelos –

— Ana, o que aconteceu no banheiro, foi delicioso. – sua voz era sedutora –

— Foi. – olhava para a promotora –

Eduarda se aproximava. – Eu quero mais.

Duda segurou a advogada pela nuca e a puxou para mais um beijo, agora reservado apenas ás duas, Ana estava entregue, o desejo em seu corpo era latente, ansiava pelo toque em seu corpo e pedia pelos lábios da outra que invadiam sua boca entreaberta.

Ana Paula retribuía aquele beijo como se fosse o último, era gostoso, era intenso, era carnal, era o desejo se materializando naquele corpo de mulher.

Quando soltaram as bocas para respirar, Duda encarou os olhos azuis brilhantes e mordeu o lábio inferior.

— Eu comeria você aqui mesmo, agora. – sussurrou –

Essas palavras foram como uma fagulha caindo sobre uma poça de gasolina, combustão imediata.
— Vamos para algum lugar mais reservado. – Ana sugeriu –

Eduarda sorriu e saiu com o carro, Ana indicou um motel e Eduarda entrou.

A vontade era tanta que enquanto abriam a porta do quarto, as duas já se beijavam, Ana estava um pouco alterada pela bebida, então estava completamente desinibida.

Entrando no quarto, as roupas foram ficando pelo caminho, Duda as levou para um banho, debaixo do chuveiro, carícias e beijos indicavam como seria a noite das duas promotoras.

Ana se entregou ao desejo como nunca havia feito antes, Eduarda era uma amante quente, levou Ana Paula a orgasmos intensos e o contrário também aconteceu. Foram longas horas de sexo movido por desejo e libido.

Ao acordar de manhã, Ana tentava se situar, por um momento se perguntou onde estava, ao virar o corpo na cama encontrou Duda dormindo. Levou um susto, aos poucos lembrou-se da noite de sexo que tiveram juntas. Levantou e percebeu que estava nua, pegou um roupão e foi para o banheiro, sentia uma leve dor de cabeça, uma ressaca iniciaria.

Lavou o rosto e a boca e se olhou no espelho, colocou a mão na cabeça e balançou negativamente. – O que eu fui fazer?

Ana tomou um banho e se vestiu, quando terminava de colocar suas roupas, Eduarda finalmente acordou, e preguiçosamente se levantou. Caminhava ao encontro de Ana que estava perdida.

— Bom dia. já está linda a essa hora da manhã. – cheirou o pescoço da loira –

— Bom dia. – sorriu amarelo –

— O que foi? Eu estou com bafo? – ajeitou os cabelos –

— Não, claro que não. É que eu estou com um pouco de ressaca.

— Entendi, você é maravilhosa sabia? – mordeu a orelha de Ana –

Ana Paula arrepiou, Eduarda foi para o banheiro e tomou um banho também, saiu de roupão do banheiro.

— O que você acha de pedirmos um café aqui no quarto e dobrar nosso horário? – abraçava a cintura de Ana –

Ana tentava se esquivar da morena e saia daquele abraço.

— Não Duda, eu acho melhor ir para casa, eu não estou me sentindo bem. – se referia à ressaca –

— Nossa, mas você ficou tímida de repente. – se aproximava — Não estava assim enquanto me comia essa noite.

Eduarda fazia um estilo mais atirado, gostava de provocar com frases explícitas e atitudes mais diretas.

— Que isso Duda, não fala assim que eu fico sem graça. – Ana estava vermelha –

— Desculpe querida, eu sou assim mesmo, muito explícita, algumas pessoas não conseguem se adaptar a isso, mas eu garanto que sou uma boa pessoa. – fez um carinho –

— Eu acredito, mas eu já passei a noite fora, minha mãe vai comer meu fígado. – sorria –

— É adolescente agora? – ria — Tudo bem, eu vou te levar para casa. – beijou Ana –

Eduarda estacionou em frente ao condomínio e olhou para Ana Paula.

— Ana eu adorei a nossa noite. – colocou a mão sobre a coxa da advogada –

— Foi ótima! – não sabia como agir –

— Posso te ligar mais tarde?

— Sim, claro.

— Então tá, tchau. – beijou Ana –

— Tchau.

A advogada saiu do carro e entrou no condomínio rapidamente, pensava se tinha feito a coisa certa, apesar de ter adorado a noite, estava precisando extravasar toda essa tensão e desejo que estavam guardados a tanto tempo.

Achou graça pois ao chegar no portão, encontrou Camila chegando também, olhou para a irmã e as duas riram.

— Ana, você está chegando agora? – abria o portão –

— Sim, estou. – riu – E você também né.

— Pois é, a noite foi boa então hein! Saiu com a Eduarda?

— Sim, ela me trouxe até aqui e ao invés de entrar em casa nós fomos para um motel. – disse sem graça –

— Aí, saiu da seca! – fechava o portão –

— Para Camila! Eu estou completamente sem graça, acho que eu perdi a mão com as mulheres. – Ajeitava os cabelos em um rabo de cavalo –

— Que nada, foi muito tempo sem azarar, você recupera o ritmo. – deu um soquinho no ombro da irmã –

— Eu não sei, eu fui ontem porque estava bêbada, e não sei o que fazer agora.

— Deixa rolar. – abriu a porta da sala – Depois você se acostuma de novo.

— Muito bonito hein! – ouviram a voz de Regina –

As duas pararam de andar e viraram ao mesmo tempo, encontraram sua mãe de braços cruzados no alto da escada olhando com reprovação para as duas, como se fossem duas adolescentes.

— Bom dia mamãe. – foi quase um coral –

— Quer dizer que as duas resolveram sumir por uma noite?

— Desculpe mãe, perdemos a hora. – Camila dizia –

— Eu sei o que vocês perderam, já pro banho para tomar um café e descansar, as duas, podem passar direto pros quartos. – dizia autoritária brincando com as filhas –

— Caramba, duas adolescentes. – Ana brincou –

Camila riu e as duas subiram as escadas e ao passar pela mãe deram um beijo no rosto da mais velha que ria das meninas.

Ana pensava enquanto tomava o seu banho, como essa noite poderia afetar sua vida dali em diante? Será que a lembrança de Adriana ficaria mais distante? Um novo poderia fazê-la esquecer? Se Adriana estava conseguindo ela poderia também.

Uma nova Ana surge para uma nova vida cheia de possibilidades.



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