Felipe estava no hotel, se preparava para sair e almoçar, quando recebeu um telefonema do delegado informando que encontraram Adriana e a outra moça que estava desaparecida. Ele pegou sua carteira e colocou um tênis, saiu correndo atrás de um taxi. Foi informado que Adriana seria levada para o Massachusetts General Hospital, é o hospital universitário de Harvard, fica próximo da Universidade. Felipe pegou um taxi e foi direto para o hospital.

A notícia chegou ao campus através de alguns agentes que estavam de plantão caso Ryan aparecesse para outro sequestro. Renata assim que soube abandonou a sala de aula, deixando o professor assustado. Passou no quarto para deixar suas coisas e ligou para Felipe.

— Alo.

— Felipe, é verdade o que estão dizendo aqui?

— Acharam Adriana. Os bombeiros a encontraram . – falava muito animado –

Felipe estava alucinado, a adrenalina corria em seu corpo acelerando seus movimentos e ele estava afoito para encontrar sua irmã sã e salva. Parece que Murphy atua quando as pessoas estão ansiosas, todos os sinais fechados e um engarrafamento no caminho atrasaram o rapaz.

— Qual é o hospital?

— Massachusetts General Hospital.

— Eu estou indo te encontrar, é aqui perto.

Renata desligou e pulou de alegria no quarto sozinha, lágrimas de felicidade brotaram de seus olhos, a garota pegou sua bolsa e saiu em disparada para pegar um taxi. O caminho não foi muito diferente de Felipe, a ansiedade consumia Renata, não sabia se era por reencontrar Adriana ou por voltar a ver Felipe.

********
Adriana abria os olhos ainda se sentindo muito tonta, percebeu que estava com uma máscara de oxigênio e sendo colocada em uma maca, ouvia os bombeiros falando ao longe, os paramédicos acoplavam um soro em um suporte preso na maca, sentiu a picada da agulha em seu braço, piscava longamente, sentia-se fraca, virou a cabeça para o outro lado e percebeu com a visão ainda turva Emily sendo atendida ao seu lado. Ficou aliviada por ter conseguido salvar a garota.

Os bombeiros ao fundo tentavam apagar o fogo que consumia a casa. Lembrou-se dos momentos que passou dentro do cativeiro, por sorte ela não foi morta pelo irmão de Bryan. Sentia dores por todo o corpo, ela estava fraca, cansada, tinha os braços cortados, tossia muito por ter inalado muita fumaça.

Ouvia mais sirenes ao longe, era como se estivesse em um filme que passava em câmera lenta. A sensação de estar fora do corpo lhe parecia um torpor. Já conseguia respirar melhor tentou se levantar, mas um dos paramédicos a impediu.

— Vai aonde mocinha? – segurava Adriana pelo tórax –

— Ele … está – tossia – lá dentro.

— Calma ai, quem está lá dentro?

— O assassino. – tossia mais forte –

— Relaxa, não faça esforço, os bombeiros vão resgatá-lo e você vai agora para o hospital, você está entendendo?

Ela só balançou a cabeça e olhou novamente para Emily, apontou o dedo para a maca da garota e o paramédico entendeu a pergunta sem palavras.

— Ela vai sobreviver, está indo para o hospital também. Agora você precisa descansar.

Adriana não sabia se tinha recebido alguma medicação para dormir ou se foi mesmo o cansaço e o desgaste físico que sofrera, sorte dela que Adriana sempre praticou esportes e isso contribuiu para ter um bom preparo físico, possibilitando aguentar tanto esforço. Ela apagou novamente logo após a conversa com o paramédico.

**************

Felipe chegava ao hospital afoito, correndo direto para o balcão da recepção de emergência.

— Boa tarde, eu vim ver Adriana.

— Está internada aqui?

— Eu não sei, ela estava vindo pra cá. – se movimentava olhando tudo ao seu redor —

— Qual o sobrenome?

— Ferreira, Adriana Ferreira. – Felipe tremia —

A recepcionista lançou o nome na tela do computador e não teve retorno.

— Não temos ninguém com esse nome. Quem passou a informação para o senhor? – a enfermeira estava desconfiada –

— Foi a polícia, disseram que tinham encontrado ela e a outra menina. – já estava ficando preocupado com medo da informação ser errada –

— Ah, sim. São as moças do assassino de Harvard?

— Isso mesmo.

— Elas ainda não chegaram, mas já estão a caminho.

— Ai, Graças a Deus, eu achei que tinha sido alarme falso. – colocava a mão no peito –

— Não, eles a encontraram, a ambulância já fez contato com o hospital, devem estar chegando a qualquer momento, o senhor é parente?

— Irmão.

— Deve estar aliviado, então.

— Você não sabe quanto. – mexia nos cabelos –

Enquanto esperava, Renata entrou feito um furacão na recepção do hospital. Atordoada, olhando para todos os lados. Avistou Felipe na máquina de café e correu até ele, o rapaz viu a colega de Adriana e abriu um largo sorriso. A menina pulou em seu pescoço sem Felipe esperar, os dois quase caíram no chão.

— Oi para você também. Nossa, se sua recepção é sempre assim, coitado do seu ex namorado!

Renata ficou sem graça.

— Desculpe. – ainda estava pendurada no pescoço do rapaz – É que a emoção foi muito grande. É verdade não é? Dessa vez.

Renata foi escorregando do colo de Felipe e olhou ansiosa pela resposta do rapaz.

— É sim, ela está vindo em uma ambulância. Vai chegar a qualquer momento. – abriu um sorriso emocionado –

Renata o abraçou novamente e em um impulso incontrolável beijou Felipe na boca, o rapaz se assustou e olhou com interrogação para a moça, que ficou completamente desconcertada, a troca de olhares estava intensa entre os dois.

Do lado de fora, a imprensa já fazia plantão na porta do hospital, a notícia já estava rodando pela cidade, todos esperavam a chegada das duas sobreviventes do Assassino de Harvard.

O barulho das sirenes quebrou o clima que ainda perdurava entre Renata e Felipe, que olharam para a porta ao mesmo tempo. As ambulâncias pararam no pátio em frente à porta do hospital, duas equipes médicas já estavam a postos esperando as meninas. A primeira ambulância aberta foi a de Emily, seu estado de saúde era mais crítico, ela inalou muita fumaça tóxica. Estava inconsciente e os médicos tentavam abrir caminho para entrar com ela na emergência.

Felipe e Renata esperavam ansiosos por reencontrar Adriana. Quando a segunda ambulância abriu suas portas e a morena saia de dentro deitada na maca, também inconsciente, Felipe teve uma explosão de alegria dentro do peito, sua irmã caçula estava ali em sua frente, viva e salva.

Adriana passava por eles, dava para notar que ela emagreceu durante esse tempo que ficou encarcerada, ela estava suja de fuligem, no olho já aparecia o hematoma da pancada que deu com a cabeça ao cair no chão com Ryan, o corte tinha um curativo, os pulsos ainda estavam sujos de sangue e muito machucados, Felipe começou a chorar imaginando tudo o que a morena passou e agradecendo por estar com ela novamente ali em sua frente.

Renata ao ver a colega também chorou, sentiu pena do estado que a garota se encontrava, ali tão frágil e vulnerável, inconsciente. Os paramédicos passavam com ela correndo entre o corredor de repórteres que estavam tentando a melhor imagem, quando entraram no hospital, Felipe saiu correndo com Renata atrás da maca. Os médicos falavam alto os sinais vitais da morena que foi levada para uma das salas de atendimento. Felipe e Renata foram barrados na porta, assistiam tudo pela janela de vidro.

Adriana ainda respirava com dificuldades, os médicos prestavam os primeiros socorros identificando os problemas da morena liberaram sua ida para os exames de imagem a fim de identificar qualquer fratura e depois uma tomografia completa para identificar se houve danos aos pulmões. Felipe e Renata foram levados de volta para a sala de espera.

No auge da euforia Felipe esqueceu de ligar para as meninas no Brasil, pegou o telefone e discou o número de Paula.

********

As garotas estavam no escritório, tentavam continuar com sua rotina normal, Paula atendeu Felipe.

— Ih gente é Felipe.

Todas olharam na mesma hora para prestar atenção na conversa.

— Oi Felipe.

— Paula, encontraram Adriana.

— O que? Espera ai. – Paula colocou no viva voz – Repete Felipe.

— Eles encontraram Adriana!

As meninas gritaram de alegria, levantaram de suas mesas e foram até Paula para participar da conversa. Viviane e Alessandra se abraçavam, a ruiva começou a chorar de emoção, era muita felicidade.

— Felipe ela está bem? Você já viu a Drica? – Ale perguntava –

— Eu a vi quando ela chegou na ambulância.

— Como ela está? – Viviane perguntava preocupada –

— Machucada, ela estava muito suja de fuligem, parece que a casa onde eles estavam pegou fogo.

— Minha nossa senhora das mulheres desprotegidas. – Alessandra como sempre –

— Ela está fazendo exames agora, eu estou aqui no hospital esperando liberarem ela para um quarto.

— Graças a Deus, Felipe assim que te derem mais notícias nos avise. – Paula pedia já com a voz embargada –

— Pode deixar.

A ligação foi encerrada e as meninas se abraçaram, lágrimas e gargalhadas se misturavam em um alívio libertador. Viviane era a mais emocionada, sua culpa caía ao chão. Paula consolava a amiga.

Na mesma hora elas pegaram os celulares e começaram a avisar aos amigos mais próximos.

Viviane ligou pra Isadora.

— Oi meu amor.

— Isa, você pode falar? Ou está ocupada?

— Eu posso conversar com você, eu estou na minha sala. O que houve? Você está chorando? – perguntou preocupada —

— Isa, Eles encontraram Adriana. – tinha a voz carregada de emoção – Ela está viva! – sorria –

— Nossa que alívio. – relaxava na cadeira – Quando você ligou chorando eu por um momento, ai não quero nem pensar.

— Ela está bem. Felipe nos ligou agora.

— Ai minha linda, que bom, eu fico muito feliz por você. Está mais tranquila agora?

— Nossa, parece que eu carreguei o mundo nas minhas costas durante esses dez dias, eu achei que não ia acabar.

— Mas acabou, nós precisamos comemorar isso.

— Sim, claro. Eu te ligo mais tarde para combinar alguma coisa.

— Eu vou esperar minha ruivinha. – sorria –

— Um beijo.

— Beijos.

***************

Isadora na mesma hora ligou para Ana Paula.

— Oi Isa. – dizia baixinho –

— Ana, pode soltar fogos, eles encontraram Adriana.

— O que? Tem certeza? – falou alto —

Ana levantou da cadeira e falou alto, chamando a atenção de todas as pessoas que estavam dentro do tribunal, ela acompanhava Lívia em uma audiência da empresa da professora e estava sentada na plateia, Lívia quando viu que ela que tinha desviado a atenção de todos fez uma carranca para a namorada. Que se desculpou completamente sem graça e saiu da sala de audiência.

— Ai Isa, Lívia vai me matar.

— O que foi?

— Eu estava assistindo uma audiência dela, eu acabei de desviar a atenção de todo mundo lá dentro. Tive que sair da sala. Eu vou levar um esporro daqueles. – fazia uma careta —

— Ai Ana, não se preocupe com Lívia, ela faz o que você quer. Presta atenção aqui. Adriana voltou. Ela está viva.

— Sim, que alegria, eu quase não consigo acreditar. – sentiu vontade de chorar –

— Ana é a sua chance, vai atrás dela.

Ana Paula sentiu o amor por Adriana florescer durante a emoção de saber que ela estava viva, mas ir atrás dela era um passo muito grande para ela que ainda estava assimilando esse sentimento tão forte e intenso.

— Eu não posso ir, ela não me quer mais.

— Você não tem como saber. Ana Paula, você vai se arrepender se não seguir o seu coração. E se esse incidente fizer com que ela mude de ideia?

— Meu coração é um estúpido Isa. – chorava de forma contida – Eu não sou mulher para Adriana. – dizia com tristeza –

— Ai meu santo padroeiro das mulheres indecisas e inseguras! – Isadora bufou –

— Existe esse santo? – Ana perguntava tentando descontrair –

— Ana, você entendeu. Bom era isso, eu queria te avisar para você não ficar tão preocupada.

— Obrigada amiga. Você é a melhor amiga do mundo. – sorria —

— Eu sou a única que você tem. – ria –

— Pelo menos é a única que me atura há tanto tempo.

— Eu sei. Um beijo e liga para ela.

— Beijo.

Ana sorria, seus olhos brilhavam novamente, seu coração parecia que iria sair pela boca, Adriana estava viva, ela recebeu a segunda chance que ela pediu, mas teria coragem de ir atrás do seu amor? E Lívia? Magoar a professora não estava nos planos, decidiu apenas curtir a noticia e relaxar, depois pensaria no que fazer, voltou à sala de audiência para esperar Lívia sair, mas sua mente voava para longe, Harvard era o destino.

**************************
Paula tentava se comunicar com Mariana e não conseguiu novamente, começou a ficar preocupada, deixou um recado na caixa de mensagem avisando que Adriana estava viva e se recuperando no hospital.

— Estranho, eu não consigo falar com Mariana! – dizia pensativa –

— Ela deve estar em reunião ou apresentando algum projeto. – respondia Viviane –

— De repente ela resolveu ir atrás de Drica lá em Harvard! – Alessandra dizia despreocupada –

— Será que ela faria essa loucura? – Paula perguntou pensativa – Não.

— Se fosse eu no lugar dela eu faria. – Viviane respondeu –

— Eu vou tentar de novo mais tarde.

Voltou aos seus papéis.

*******

Felipe dava a noticia para os pais pelo telefone.

— Sim papai, eles encontraram Adriana.

— Como ela está meu filho?

— Ela está bem, eles estão fazendo alguns exames para ver a gravidade dos ferimentos e o pulmão.

— Ainda bem que encontraram minha garotinha, eu quero tanto vê-la.

— Que bom pai, veja se agora você e mamãe param com essa palhaçada de não querer falar com Adriana.

— Eu vou rever isso sim meu filho, quase perdi minha menininha, eu não quero passar o resto da minha vida me arrependendo disso.

A mãe de Adriana entra no quarto.

— Você está falando com quem Antero? – entrava toda arrumada como se fosse sair —

— Felipe, eles encontraram Adriana, encontraram nossa filha!

— Ah que bom. Até que enfim essa menina resolveu parar de brincar de esconde-esconde. – fazia gestos ao acaso – Mas e Felipe está bem? Quando ele volta?

— Catarina, mas você não quer saber se Adriana está bem? – Felipe ouvia o diálogo dos pais no telefone e estava cada dia mais decepcionado com a mãe —

— Ela cavou a própria cova não é Antero? Ninguém mandou ir para aquele lugar. Agora meu bebê está longe de casa em outro país, eu não sei se ele está comendo direito, se está dormindo direito. Pergunta a ele se ele está bem?

— Pai, eu vou desligar, eu não aguento ouvir essas besteiras que minha mãe está falando. Depois eu te ligo.

— Tudo bem meu filho.

— Catarina, qual é o seu problema? É sua filha que está lá.

— Eu já falei que ela não é mais minha filha! – se exaltou –

— Mas nem a possibilidade de perder Adriana para sempre amoleceu o seu coração? – seus olhos marejaram –

— Antero, para com essa moleza, você parece até a mulher dessa casa. Enquanto ela não voltar a se comportar como uma mulher de classe, elegante e normal, eu não quero saber dela. Não sou mãe de sapatão!

Disse isso saindo do quarto deixando seu marido boquiaberto, não havia explicação para tanta aversão à própria filha, Catarina entrou no banheiro do corredor e trancou a porta atrás de si. Segurou o choro que queria se manifestar, não era de felicidade ou alivio, sua expressão era de raiva e rancor. Existia algo que a incomodava e um segredo que ela carregava.

— Por que você nasceu? Por que?
******************

Já era noite, Felipe e Renata esperavam a liberação para ver Adriana, estavam sentados na recepção, cada um com seus pensamentos. Os dois não se falaram mais depois do beijo que Renata lhe deu. Ela se martirizava pensando que o rapaz nunca iria perdoá-la, e ele confuso, pois ficou totalmente balançado pela colega de Adriana. Já estava ali a pelo menos duas horas tomando coragem para falar com a menina. Quando resolveu falar com a garota, os médicos vieram conversar com os familiares das duas estudantes.

— Renata eu acho que nós precisamos conversar. – tinha medo no olhar —

— Eu…

— Algum parente de Adriana Ferreira?

— Eu. – Felipe se apresentou – Sou irmão dela.

Renata foi atrás dele, Adriana era prioridade agora. Os dois ficaram parados em frente ao médico americano, que trazia o prontuário da contadora nas mãos.

— Ela está bem, está fora de perigo no momento. Ela inalou muita fumaça o que prejudicou bastante o sistema respiratório dela, precisará usar máscara de oxigênio por alguns dias, estamos administrando medicação para desobstruir as vias respiratórias e eu creio que dentro de um ou dois dias ela já poderá ter alta.

— Maravilhoso. – Felipe exclamava –

— Ela tem algumas escoriações, devido algum tipo de luta que ela deve ter travado com o rapaz, pois tem alguns ferimentos nas mãos e uma costela com uma pequena fratura, mas nada grave.

— Nós podemos vê-la?

— Sim, venham comigo.

O médico levou os dois até o quarto que Adriana estava acomodada, a morena dormia por conta dos sedativos que recebeu para fazer os exames, ela já estava limpa, com uma roupa de hospital, coberta por um lençol, tinha uma máscara de oxigênio em seu rosto, na cabeça um curativo no supercílio, as mãos e os pulsos também tinham curativos. Finalmente parecia a Adriana que Felipe conhece, estava com o semblante sereno.

O rapaz sentou ao lado da irmã e pegou delicadamente sua mão, beijou os dedos que estavam fora das ataduras, e abraçou a morena pousando sua cabeça em sua barriga, chorava feito uma criança de emoção por estar ao lado de Adriana, por ela estar viva. Renata em pé se aproximou com lágrimas nos olhos também, colocou a mão em seu ombro e fez um carinho em seus cabelos. Adriana estava de volta.

***********

A noite no noticiário no Brasil, os apresentadores davam a cobertura completa do caso do Assassino de Harvard, como Ryan ficou conhecido, Paula, Alessandra e Viviane assistiam ao noticiário sentadas na sala do apartamento de Paula.

— Vem Ale, já vai começar. – Viviane chamava –

Alessandra sentou no meio das duas com um pote de pipoca nas mãos.

— Alessandra você acabou de jantar! – Paula reclamava –

— Eu estou nervosa, eu quero ver minha amiga. – enchia a boca de pipoca –

A apresentadora começava a narrar os fatos.

— Terminou hoje o sequestro que estava apavorando a Universidade de Harvard nos Estados Unidos, na manhã de hoje foram encontradas as duas mulheres que ainda estavam em poder do sequestrador, identificado como Ryan Taylor. – apareceu a foto do ex militar –

— Ih é o irmão do Bryan. – Viviane lembrou do rapaz –

***************

Ana Paula também assistia ao noticiário em sua casa, estava com Camila e Lívia na sala.

— De acordo com as autoridades esse desfecho se deu devido ao ato heroico da brasileira Adriana Ferreira que conseguiu se libertar do cativeiro e enfrentou o sequestrador em uma luta pela vida!

— Grande coisa! – pensava Lívia com desdém –

Nesse momento, entrou a imagem da saída de Adriana da ambulância na porta do hospital, a imagem era de dar pena, Ana Paula colocou as mãos na boca sem acreditar como Adriana sobrevivera.

— Ainda não temos o relato da vítima, ela está internada no Massachusetts General Hospital, ainda está inconsciente, o relato dos bombeiros indica que houve luta corporal entre a Brasileira e o sequestrador quando a casa onde estavam em cativeiro pegou fogo.

Imagens da casa em chamas chamaram a atenção das meninas, em um ângulo a câmera conseguiu captar os paramédicos colocando Adriana na maca, deu para ter uma noção maior do estado que a morena se encontrava quando foi socorrida.
Ana Paula parecia outra pessoa depois que soube da notícia, estava novamente feliz, seu coração batia acelerado quando viu o rosto de Adriana mesmo desacordada. Sabia que ela estava bem. Lívia estava mal humorada, percebeu a mudança no comportamento da namorada. Sentia que perderia Ana Paula assim que Adriana pisasse em solo brasileiro.

****************

Antero esperava ansioso pelo noticiário, já haviam anunciado o resgate de Adriana, ele queria ver a filha. Quando mostraram as imagens da morena desacordada sendo resgatada, ele se emocionou, começou a chorar, Catarina que vinha da cozinha viu o marido chorando e o questionou.

— Mas o que é isso Antero? Agora deu para chorar todo dia.

— É nossa filha, olha o estado de Adriana. – apontava para a televisão –

A mulher olhou para a televisão e viu Adriana machucada, com sangue no rosto, estava suja de fuligem, desacordada nos braços dos bombeiros. A cena a abalou um pouco mas no fundo não esperava que a morena conseguisse sobreviver.

— Ela está viva?

— Sim, está, mas está tão machucada! O que fizeram com a minha filha? – ele colocava a mão na cabeça apoiando no braço do sofá –

— Ai Antero, você é tão mole, ela está viva, então pronto, o que mais você quer? Pode parar com essa choradeira.

— Minha nossa, Catarina, como você se tornou tão fria?

Catarina saiu da sala e no quarto pegou uma caixa que ela guardava no fundo do armário, retirou alguns objetos e olhou algumas fotos. Suspirou e guardou tudo de volta.
****************

— Minha nossa, olha só Paula! O que será que aconteceu naquela casa? – Ale se perguntava –

— Coitada de Adriana, de dois anos para cá, ela só está sofrendo, quando isso vai acabar? – Paula se lamentava –
— Depois de quatro mortes, o ex militar Ryan Taylor, morreu no incêndio que tomou conta da casa que era utilizada como cativeiro. — aparecia novamente a foto de Ryan — O exército americano informou que ele começou a apresentar distúrbios de personalidade e comportamento pouco antes de deixar o exército.

O Interfone tocava e Viviane foi atender, sabia que era Isadora.

— Oi, sim, pode deixar subir. – foi até a porta e a deixou aberta –

Isadora surgia depois de cinco minutos na porta do apartamento. Abraçou a ruiva e deu um selinho carinhoso. Depois de fechar a porta Viviane a levou para sentar no sofá e ver o final do jornal.

— Oi meninas. – sorria –

— Oi Isa. – Paula respondia –

— Oi. – Alessandra ainda se sentia intimidada com a presença de Isadora –

De mãos dadas, Viviane sentou com Isadora no sofá pequeno.

— Já passou a notícia de Adriana. – Vivi avisou –

— E ela está bem?

— Sim, pelo que Felipe nos disse ela está fora de perigo agora. – seu sorriso era largo –

— Que bom minha linda, eu não aguentava mais ver você e Ana Paula sofrendo daquele jeito.

— Falando em Ana, como ela está? – Paula perguntava –

— Está bem, Paula. – se limitou a dizer –

— “As duas mulheres estão em observação no hospital, a polícia americana deve encerrar o caso em aproximadamente um mês, Adriana Ferreira deve prestar depoimento nos próximos dias e a pergunta é se ela permanecerá em Harvard depois desse trauma terrível.”

Terminando o jornal, Vivi ficou na sala com Isadora e Paula foi para o quarto com Alessandra, felizes por saber que sua amiga estava viva e salva.

*********************
O dia amanheceu e Felipe dormia debruçado na cama de Adriana ao seu lado. Renata se encolhia em uma poltrona no canto do quarto, a morena mexeu, começou a abrir os olhos lentamente, aos poucos foi se acostumando com a claridade que entrava pela janela. Estava tonta ainda, a sensação era de estar acordando depois de uma bebedeira.

Seu corpo doía, ela ainda estava com a máscara no rosto, sentia o peso da responsabilidade que assumiu no dia anterior de sair daquele cativeiro, depois de se ambientar, percebeu que conseguira se libertar das correntes. Alguns flashes voltavam em sua mente, lembrou-se do fogo, partes da casa caindo ao chão. O corpo de Ryan, ela se apavorou. Não sabia se era sonho ou se eram memórias do trauma. Emily? Onde ela está?

Olhou a sua volta e viu Felipe, sorriu lentamente. No outro canto do quarto estava Renata. Ela tentou sentar sem acordar o irmão mas não conseguiu, Felipe abriu os olhos e encontrou os castanhos de Adriana. O sorriso veio fácil.

— Bom dia dorminhoca! – ele falava meio sonolento–

— Bom dia irmão! O que você está fazendo aqui?

— Eu vim atrás de você. – sussurravam –

— Encontrou. – sorria –

— Ainda bem. Eu senti tanto medo! Eu não posso te perder, nunca mais faça isso comigo! – voltou a chorar –

Adriana o abraçou, qualquer movimento era muito dolorido, os braços estavam exaustos dos esforços feitos no dia anterior.

— Eu não farei, mas pede pros sequestradores procurarem outras mocinhas indefesas por ai. – piscou —

Felipe riu e eles voltaram a se abraçar mais intensamente, com a movimentação, Renata acordou e pulou da poltrona ao ver Adriana acordada.

— Adriana! – coçava os olhos –

— Oi. – sorria –

— Você está bem? Está sentindo alguma dor? – levantou e foi até a cama da morena —

— Sim, eu estou bem e eu estou sentindo dores no corpo inteiro.

— Ai, amiga, desculpa. Eu deveria ter ficado com você.

— Renata, não precisa se desculpar, você estava em aula, eu nunca imaginei que ele poderia fazer alguma coisa dentro da Universidade. Eu achei que estaria segura na biblioteca.

— Eu fiquei tão preocupada! Não sabe o alívio que eu senti quando eu te vi de novo!

— Eu posso imaginar!

Enquanto os três conversavam, batidas na porta do quarto os distraiu, Felipe foi abrir pensando ser da polícia ou da Universidade, para a surpresa de todos, em pé na porta do quarto de Adriana no hospital em Massachusetts, estava aquele par de olhos ansiosos brilhando ao encontrar o olhar castanho da contadora.



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