Carmem entrou na casa avistando várias velas acesas iluminando toda a sala. Marcela estava sentada na poltrona lendo um livro. Fechou-o se erguendo com um lindo sorriso.

– Boa noite querida! Posso ganhar um beijo?

Aquela “querida” soou aos ouvidos de Carmem estranhamente. Foi até ela sem protestar. Assim iluminada pelo reflexo das velas estava lindíssima. Seu coração disparou enquanto beijava o rosto dela suavemente. Admirou os lábios engolindo em seco tamanha a vontade que sentiu de beijá-la na boca.

Afastou-se sentando próxima a ela.

– Você é muito doce, sabia?

– Sou?

– É sim, Carmem.

Confirmou indo até o barzinho.

– O que deseja beber?

– Uma taça de vinho.

Serviu duas taças voltando a sentar. Cruzou as pernas admirando o rosto de Carmem por alguns instantes.

– Trouxe a sua mala. Gostei de ver.

Carmem bebeu um gole do vinho respondendo sem disfarçar a ironia.

– Sou muito bem mandada. Basta ordenar que eu acato logo feito um cordeirinho.

Marcela ignorou a resposta acrescentando:

– Sua mãe deve ter ficado decepcionada com você.

– Oh se está! Ela acha que estou sendo permissiva. Sequer consegue aceitar porque não te enfrento e não aceita que eu faça sexo com você.

– É compreensível que esteja inconformada, ela é mãe.

– Ah, você acha compreensível? Que cômodo, pois eu não gosto nada dela imaginar que além de submissa, sou uma boba que você transformou na sua puta!

– Posso perceber o quanto isto te chateia.

– Chateia, chateia muito, afinal ela imagina até que você me força na cama. Está percebendo as coisas que ela pensa?

– Estou percebendo sim, mas, Carmem, a sua mãe não sabe o que significa ser uma amante?

– Tanto sabe que te despreza! A última dela é até interessante, agora que me obrigou a mudar para cá, ela colocou na cabeça que você deve ser uma psicopata.

– Você acha que eu sou?

– Não sei. Entre tantas mulheres loucas, só me faltava você ser uma delas. Também não estou à espera que a mulher maravilha venha me salvar das suas garras. Por isto vou ter que ficar aqui deixando você me torturar quando e bem quiser.

– Quem que está fazendo gracinhas agora?

– Queria que eu chorasse? Este gostinho não vou te dar, Marcela Alvarez! Já basta estar aqui e ainda por cima, ser sabatinada pela minha mãe cada vez que a encontro.

– Ela nem sonha o quanto estamos nos dando bem na cama.

– Só faltava ela saber o que eu faço na cama. Quase me deu vontade de rir agora.

– Fale para a sua mãe que ela tem toda a liberdade de mandar um psicólogo aqui. Eu me submeto a uma avaliação psicológica para tranquiliza-la.

– Por favor, não vamos falar sobre a minha mãe.

– Perdão!

– Não necessita pedir perdão, só estou muito cansada para discutir.

– Vou te fazer uma massagem para abrandar o seu cansaço.

Decidiu erguendo-se na hora. As mãos chegaram até os ombros de Carmem iniciando uma massagem com movimentos suaves. Aquelas mãos eram tão macias, bastava senti-las em seu corpo para excitar-se sobremaneira. 

Aos poucos Carmem foi relaxando. Marcela não tirava os olhos de sua nuca.

Sorriu comentando emocionada:

– Você não está acostumada com a vida a dois, nem eu. Vamos ter que aprender juntas. Sabe o que andei pensando? Podíamos fazer uma viagem e deixar os negócios e os problemas para trás por alguns dias. O que acha?

– Como é que vou fazer uma viagem com o meu pai no hospital? Quem você acha que cuidaria da empresa? Além disto, não quero ter uma vida a dois com você. A última coisa que quero neste momento é viajar.

– Também não queria estar aqui e está.

– É diferente, você sabe, estar aqui não foi da minha escolha.

Marcela sorriu descendo as mãos pela nuca dela sensualmente.

– Eu sei que não foi. Já percebi que na cama você é diferente.

– Sem essa.

– É sim. Não demonstra ter este desprezo por mim.

Sentia desprezo por ela? Sim, não tinha como negar que sentia um pouco. Tentou não sentir raiva, nem ódio, mas o desprezo não fora capaz de evitar. O que era horrível porque ao mesmo tempo em que a desprezava, não todo tempo, ainda assim sentia-se profundamente atraída. Era um desejo tão intenso, uma vontade tão grande de beijar, de cair na cama, de se entregar, de se esfregar no corpo dela, de fazer amor que… Fazer amor?

Sentiu a língua deslizando pela nuca sensualmente.

– Ah…

Detestou-se por reagir logo ao toque excitante. Tentou se afastar e Marcela, esperta e envolvente como só ela, enlaçou-lhe a cintura prendendo-a mais junto ao seu corpo. Seus seios colaram-se nas costas de Carmem roçando a pele dela. Percebeu que Marcela estava excitada sentindo os mamilos eriçados contra o seu dorso.

– Por que está se contendo? Vergonha? Vamos, deixe acontecer. Nós já fomos mais longe do que isto. Você quer…

– Não quero. Tenho que querer porque você quer?

Negou virando o rosto, tentando se mostrar indiferente.

– Isto foi o que falou para a sua mãe ou o que ela te aconselhou a fazer?

Provocou sorrindo dela.

– Disse a ela que não quer e que se odeia depois que fazemos? Mentiu para se eximir de culpa? Foi o que você fez?

– Você consegue ser baixa quando quer.

– Sei que está lutando para não ceder, mas seu corpo gosta dos meus toques. Pede por eles. Isto você não consegue disfarçar. Você quer dar para mim.

As mãos já estavam sobre os seios acariciando-os excitada. Soltou os botões abrindo a blusa. Afastou-se a livrando do sutiã rapidamente. Voltou a tocá-los mais à vontade. Carmem estava imóvel com os olhos fechados.

– Sua pele é macia… Suave… Cheirosa…

– Ah…

– Abra a sua calça para mim. Se oferece. Me pede para te comer.

Pediu rouca.

Carmem estremeceu abrindo os olhos. Apertou as mãos tensas. Não faria! Não faria mesmo. Marcela estava sorrindo. A boca chupava seu pescoço enlouquecendo Carmem. As mãos apossavam-se dos seios de forma mais íntima agora.

– Menina má…

Marcela desceu as mãos abrindo o zíper de uma vez. Afundou uma mão dentro da calça passando pela calcinha até chegar à buceta encharcada.

Carmem abriu as pernas sem aguentar e Marcela não perdeu tempo deslizando os dedos pela buceta inflamada pelo desejo. Retirou a mão chupando os dedos diante dos olhos de Carmem.

– Sua buceta é deliciosa. Eu quero ver você gozando. Adoro te deixar louca, me excita. Você gosta de me excitar? Conta. Fala baixinho, só eu vou te ouvir.

– Este seu joguinho é sórdido…

– Falei que não é um jogo. Eu quero você, quero cada vez mais.

– Ahaaaa…

Carmem gemeu sentindo os dedos novamente percorrendo sua buceta.

– Não percebe como se excita comigo? Você me quer Carmem.

– Ah… Oooo… Ah…

– Esses seus gemidos me enlouquecem.

Os olhos de Marcela estavam fixos nos lábios dela. Passava a língua neles contendo a vontade crescente que sentia de mergulhar a boca na dela. Queria e sabia que Carmem também queria demais seus beijos, mas não a beijou.

– Me dá teu gozo, Carmem.

Continuou acariciando o clitóris, levando-a ao máximo do prazer até senti-la gozando intensamente.

– Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…

Marcela a prendeu mais a si colando a boca em seu ouvido perguntando:

– Foi tão ruim?

– Pare com isto…

– Não seja desagradável.

 Marcela pediu acariciando os cabelos dela.

– Já entendeu que eu gosto de saber como foi o seu prazer, é só isto.

– Você ouviu então já sabe. Isso é que é desagradável. Tudo tem que ser falado? Não é o bastante me ter na hora que bem entende?

Carmem perguntou passando a abotoar os botões da blusa com os dedos trêmulos. Depois fechou o zíper rapidamente.

– Não demora e Giana entra aqui e me vê praticamente nua. Eu não devia ter permitido. Poderia esperar ao menos até estarmos no quarto?

– Você não se negou porque não quis, eu não te obriguei.

– Sei muito bem disto, mas estou aqui para me sujeitar aos seus caprichos!

– Caprichos? É assim que vê o meu desejo por você?

– Realmente sim. Você é uma mulher rica que está acostumada a possuir tudo que quer. Você me comprou!

– Não, não e não! Não te comprei! Eu te impus uma condição e você aceitou. Não vejo porque temos que voltar neste assunto.

– É difícil encarar a verdade, não é, Marcela?

– A verdade é que você tinha a sua condição e eu tinha a minha. Eu não me envergonho. Queria você, eu quero você e faria tudo de novo. Quanto mais rápido aceitar isto melhor será para nós duas. Além do mais, eu não te vejo chorando, você chora?

– Ah, não seja cínica, se eu choro ou não é problema meu!

– Quando você empaca não tem jeito.

– Empaco uma ova!

– Você é tinhosa, Carmem. Vai, admita e vamos nos dar muito melhor. 

– Quer saber? Fale o que quiser, tanto faz.

– As suas palavras frias não irão me demover da ideia de tê-la na minha vida.

– Sei muito bem porque fala tanto.

– Ah, sabe? E porque acha que eu falo tanto?

– Porque você quer transar e fala justamente para me excitar.

– Hum, que esperta! Ainda bem que você pensa.

Carmem cruzou os braços olhando para um quadro na parede sem a menor vontade de discutir.

– Vou pegar outra taça de vinho para nós.

– Faz bem, beber é muito melhor do que jogar conversa fora.

– Sim, concordo. Você pensou muito em mim hoje?

A pergunta feita daquela forma meio que casual fez Carmem prender o riso, e claro, disfarçar a surpresa dela acertar que tinha pensando muito nela.

– Não acredito que me fez essa pergunta. Você é tão convencida, meu Deus, deixa de ser presunçosa! É lógico que não pensei em você.

Dados da autora: Olha lá se não pensou.

– Pois eu pensei em você, pensei muito.

Carmem recebeu a taça que Marcela lhe entregou tentando imaginar o que ela tinha pensado. A curiosidade falou mais alto, não queria perguntar, mas perguntou.

– Pensou o quê?

– Pensei que teríamos uma noite agradável, quente, lembrei-me dos seus gemidos, de você agarrando o meu corpo, afagando meus seios, em pegar você de quatro…

– Já entendi o rumo dos seus pensamentos.

– Pois é, não consigo evitar, você é sexy e gostosa demais. Principalmente quando está transando. Eu amo o jeito como rebola a sua buceta na minha boca.

– Oh, meu Deus! Isso é que é tortura, o resto é brincadeira.

Carmem comentou sentindo todo o corpo reagindo, o que a fez fugir do olhar provocante que tentava decifrar suas emoções.

Como se não tivesse dito nada, Marcela sorriu balançando as pernas cruzadas diante dos olhos dela.

– Mudando de assunto, suponho que quando se lembrou daquela noite em que nos vimos no restaurante, entendeu porque ando pelas sombras. Agora você percebe as minhas razões?

– Um pouco.

– Vou a toda parte e ouço as pessoas falando sobre mim. A maioria dos meus empregados não me conhecem. Só quem eu quero me conhece. Sou uma pessoa livre. Só quero ter vida, espaço e privacidade. Você acha que sou louca por causa disto?

– Você pode ser o que for, não me machucando fisicamente, eu fico na minha.

Respondeu sem disfarçar o desinteresse no que ela estava falando.

– Aquela noite você me desejou.

– Não desejei coisa nenhuma!

Carmem respondeu voltando a fitá-la admirada. Porque tinha que dar aquele gostinho a ela admitindo o quanto a desejou?

– Sim, desejou! Ardeu de vontade de transar comigo e teríamos transado se você não estivesse com a sua família. Você iria subir na pia do banheiro e abriria as pernas para mim. Ou teria sido dentro do carro. Teríamos ido até para um motel. Eu senti os seus olhares de desejo. Fiquei tão molhada quanto você ficou. 

– Você se considera mesmo o máximo. Que antipatia, credo!

– Está negando o óbvio. Vamos, eu percebo as suas vontades.

– Percebe por que faz sexo comigo? Não seja pedante. Isto é o quê? Isto é nada!

Sorriu divertida cheia de confiança.

– Como nada?

Marcela questionou admirada.

– É nada sim, é só sexo, apenas sexo! Não vai passar disto! Pode ter meu corpo, dominá-lo e usá-lo até se fartar. Será só o que terá de mim, gozos vazios e suspiros passageiros. Só! Ficou satisfeita agora?

Marcela estremeceu afastando-se na hora.

Chamou a criada controlando-se.

– Giana? Sirva o jantar, por favor!

Seguiu para a mesa completamente muda. Carmem fez o mesmo. Ouviam apenas os sons que Giana fazia enquanto as servia.

As duas mal tocaram seus pratos. Carmem pensou que era a segunda noite que mal olhavam para o prato.

Marcela subiu sem convidá-la. Carmem ficou sentada pensando no quanto ela ficou furiosa. Sabia que estava com raiva e amou aquilo. Tinha dito exatamente o que ela precisava ouvir. Por que iria confessar que a desejou naquela noite? Entregar o ouro logo para ela? Não o faria nem sobre tortura. Tinha vindo morar com ela, mas não pretendia fazer confidências. Não falaria de seus sentimentos e nem a deixaria percebê-los. Faria o possível e o impossível para que fosse estritamente sexual. Se ela pensava que merecia uma compensação tendo-a como amante, também tinha direito aquela compensação. Estava mais do que certa de que não conseguiria se negar a ela. Como se negar para uma mulher como Marcela? Não era nem boba. Agora que a conheceu queria aproveitar cada minuto que tivessem na intimidade. Só não achava agradável aceitar intimidades na sala. Haviam os empregados da casa e não estava disposta a passar nenhum vexame. Até a cozinheira acabaria por ouvir os seus gemidos. Não era nenhuma Dona Beija.

Pensando no assunto subiu decidida para quarto. Viu-a deitada de costas. Foi para o banheiro e quando voltou deitou nua colando seu corpo nas costas dela. Marcela não se virou nem disse nada, mas estava nua e Carmem não se fez de rogada. Desceu a mão até o meio das pernas dela excitada. No primeiro instante pensou que ela não permitiria. Com as pernas fechadas, sua mão só precisou acariciar o ventre para Marcela abri-las deixando escapar um gemido.

– Ah…

Carmem sorriu sussurrando no ouvido dela.

– Sou eu que tenho que saber o que é ser uma amante. É para isto que eu estou aqui, não é?

– É… Ahaaaaa…

– Não era isto que queria quando me fez gozar na sala?

– Ai… Carmem…

Perdeu-se na buceta adorando cada momento. Dominá-la daquele jeito, como ela costumava a dominar, sentir o poder que Marcela sentia quando a tocava, foi delicioso.

– Aii… Oh… Ah…

Os gemidos de Marcela perderam-se pelas paredes do quarto.

Percebendo que ela estava a ponto de gozar, lambeu a orelha dela sussurrando:

– Goza sua puta safada.

Marcela gozou na hora, Carmem cerrou os olhos amando o som daquele gemido.

– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa…

Carmem se afastou ajeitando a cabeça no travesseiro.

Marcela ficou quieta. Estava realmente sentida com o que Carmem lhe disse na sala. Precisava de um tempo para superar aquelas palavras. Poderia até ter dela apenas gozos vazios e suspiros passageiros, mas que ela estava adorando cada gozo que tinha ah isto estava.

Marcela permaneceu refletindo, enquanto Carmem adormecia segundo depois. Um sorriso veio aos seus lábios lembrando que Carmem a chamou de puta. Com ela era mesmo uma puta e adorava ser.

Quando acordou viu Marcela escovando os cabelos diante do espelho. Estava linda novamente toda de preto. Uma vampira! O pensamento quase a fez sorrir. Desceu os olhos pelo corpo dela se lembrando de como a tocou antes de dormir. Uma vontade imensa de chamá-la para a cama a dominou. Achava curioso como ficava terrivelmente excitada só de olhar para Marcela. Imaginou o que poderia falar se a chamasse para a cama vendo-a voltar os olhos negros na sua direção.

– Bom dia, Carmem!

– Bom dia…

– Tenho que ir. Ainda vou deixar Giana no mercado para fazer compras para a casa.

– Porque não me acordou?

– Você estava dormindo profundamente.

– Sim, mas… Tem mesmo que sair correndo assim?

Passou a mão pelo lençol exatamente no lugar onde Marcela estivera deitada olhando-a intencionalmente.

– Tem tantos empregados nesta casa, qualquer um pode deixar Giana no mercado.

Marcela suspirou percebendo como Carmem afastava o lençol expondo o corpo nu provocando-a naquele instante.

– Sabe quem é a Giana?

– Não é a sua empregada?

– Giana não é somente a governanta desta casa. Ajudou a me criar e eu tenho uma grande estima por ela. Depois da minha tia é a pessoa em quem eu mais confio.

– Ah, eu não sabia…

– Agora você sabe.

– Mas se ela é governanta porque ela que te serve?

– Porque ela gosta de me servir, sempre foi ela que o fez.

– Hum.

– Até à noite, Carmem!

Despediu-se lançando um olhar intenso pelo corpo dela, saindo e fechando a porta.

Carmem caiu na cama murmurando baixo:

– Que mulher mais apressada! Bem que podia ter deitado um pouquinho comigo.

Seu corpo estava ardendo de desejo.

         Marcela entrou no carro, sendo seguida por Giana que sentou ao seu lado.

– A sua tia ligou ontem quando já tinha se recolhido com Carmem.

– Sei. Ela está bem?

– Sim, está. Está com saudades de você.

– Também estou com saudades dela. Você contou que Carmem está morando comigo?

– Ela perguntou se você estava namorando e eu confirmei.

– Hum, eu comentei com ela sobre Carmem da última vez em que estive lá.

– Foi justamente por isto que ela perguntou. Você sabe que ela se preocupa por você viver tão sozinha.

– Sim eu sei. Imagino que você já deve ter escutado alguma conversa entre eu e Carmem, mas…

– Não se preocupe, quando você a seduz eu vou para a cozinha. Não estou para ouvir essas coisas. Fico imaginando como que ela ainda não sentou a mão na sua cara. Porque você bem que tem merecido.

– O que eu posso fazer? Eu a desejo demais!

– Isto até ela já deve ter percebido. Se ela acabar te odiando não vai gostar.

– Eu não a trato mal, sei que não.

– Não trata mal, mas diz coisas que a amarguram. Você não é como tem se mostrado. Você é doce, é carinhosa, é sensível. Está fazendo de tudo para que ela não te conheça. Este lado que está mostrando é uma farsa. Está se escondendo atrás de uma máscara.

– Sim, é uma máscara e sinceramente eu desconfio que ela já me odeie. Deve ter começado a me odiar na primeira noite em que veio aqui.

– Coitadinha, ela estava tão assustada naquela noite. Se a sua tia ao menos sonhasse como a trouxe para a sua vida ficaria triste com você. Estou falando para o seu bem. Sempre cuidei de você desde pequenina. Eu só desejo que você seja feliz.

– Eu estou feliz agora que Carmem veio viver comigo. Não percebe a minha felicidade?

– Percebo, mas a que custo para Carmem? Não acha que ela também precisa de um pouco de felicidade?

– Credo, Giana! Ela parece estar assim tão infeliz?

– Feliz é que ela não está, mas você é que sabe. Não tenho o direito de me meter na sua vida. Aliás, nem devia ter falado nada, sei bem qual é o meu lugar.

– Você sabe que te considero muito. Amo como administra a casa e como cuida de mim. Não repita isto de que sabe qual é o seu lugar porque sei que fala para o meu bem. Eu gostei, obrigada por se preocupar.

– Sempre vou me preocupar com você, não é novidade.

– Não fique pensando sobre isto, eu quero que Carmem seja feliz comigo.

– Tomará que seja sim. Ligue para a sua tia, ela está com saudades.

– Também estou com saudades. Vou ligar sim, obrigada!

Continua…



Notas:



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