Valência

Capítulo 2 – Solidão ameaçada

— Senhorita Olívia, estou lhe dando a preferência, já que comprou uma das lojas. Veja bem, vou me mudar e este valor que estou pedindo, inclui seu apartamento, o outro ao lado e a segunda loja. Você terá o prédio todo por um valor muito aquém do que ele vale.

— Eu sei que está me oferecendo uma grande oportunidade, mas sabe que não conseguirei lhe pagar tudo de uma só vez. Com o que consegui ao longo desse ano com a “tienda”, só poderia pagar pouco mais da metade do valor que pediu. Deixe-me pensar até a próxima semana, tudo bem?

— Vamos fazer o seguinte; se conseguir me pagar oitenta por cento do valor que estou lhe pedindo, os vinte por cento restantes, você me paga daqui a seis meses. Pense num empréstimo. Seu negócio está indo bem, pelo que vejo. Essa é uma grande oportunidade, Olívia.

****

E esta foi a minha conversa com o dono do prédio, em que eu alugava o apartamento e havia comprado uma das lojas do térreo que a minha mercearia funcionava. Entendem agora porque levei meses morando nela? Eu queria morar em cima, num dos apartamentos e na época, ele estava alugado. Em Valência era assim; as pessoas trabalhavam e queriam morar perto de seus empregos. Vida pacata era tudo que queriam e eu, quando cheguei aqui e vi estes arranjos, amei. Não foi difícil decidir por esta vida.

Só que agora, tinha que me preocupar com a notícia que meu senhorio havia me dado. Ou eu comprava todo o restante do prédio, ou tinha que procurar outro apartamento. Isso não era bom. Fazia da sala de meu apartamento, o meu escritório. Ali conferia as notas fiscais, inseria na planilha em meu laptop, fazia o balancete mensal. Iria ficar ruim se me mudasse, afinal, não tinha espaço na mercearia e era fácil verificar qualquer coisa, se tivesse algum erro quando conferia as contas. Bastava descer a escada do pequeno prédio.

Estava com as notas da entrega que ocorreu de manhã e uma mercadoria não havia chegado. Liguei para a mercearia. Estava com preguiça de descer.

— Carmem, o atacadista não entregou a caixa de azeite que estava encomendado?

— Eles erraram a marca e eu mandei voltar, Olivia. Achei que você não iria querer ficar com a outra.

— Não iria querer mesmo. Eles estão fazendo isso com frequência.

— Já reparei também. Eles entregam um produto inferior e o comércio aceita para não ficar descoberto.

— Pois é. Eu sempre compro antes de acabar no estoque e por isso não temos urgência, mas se continuar assim, vou ter que pesquisar outro fornecedor.

— Se não se importar que eu dê a minha opinião, acredito que deveria procurar por outros fornecedores mesmo. Sei que compra neste, por oferecerem os produtos mais baratos, mas já é a quinta vez em menos de três meses que fazem isto.

— Tem razão, Carmem. Não vou esperar pela próxima. Hoje mesmo arranjo outros atacadistas para fornecerem para nós. Vou só terminar aqui e eu já desço para ajudar você aí.

— Ah, esqueci de dizer, a Lúcia ligou e pediu que entrasse em contato com ela.

— Ela não disse o que queria?

— Não. Só pediu que você ligasse para ela assim que pudesse.

— Ok. Obrigada, Carmem.

Terminei de falar com Carmem e imediatamente liguei para Lúcia.

— Oi. O que queria falar comigo que não poderia dizer a Carmem?

Provoquei-a falando com uma voz irônica e escutei uma gostosa gargalhada do outro lado da linha.

— Não é nada do que está pensando, sua pervertida!

— Eu não pensei nada, você é que está se denunciando.

Ri ao escutá-la gargalhar novamente.

— Falando sério agora, Olivia, só quero que jante comigo. Preciso conversar com alguém. Aconteceram umas coisas e estou arrasada e num impasse.

Fiquei muda uns instantes. A voz dela estava séria e parecia triste. Eu gostava realmente dela. Era uma boa amiga e centrada. Trabalhava com afinco e sabia que tinha certa estabilidade, pois o bistrô ia muito bem, mas o tom de sua voz me assustou. Lúcia era sempre alegre e para ela falar desta forma, algo ruim deveria ter acontecido.

— Pode deixar. Que horas quer que eu passe aí?

— Pode vir oito da noite. Já avisei Paco para assumir a direção hoje. Não quero jantar aqui no bistrô. Vamos a outro lugar qualquer.

— Ok. Quer que eu vá de carro?

— Não precisa. Vem a pé e saímos no meu carro. Na volta eu te deixo aí.

— Tudo bem, então. Até mais.

— Beijos.

Ela desligou e eu estranhei a seriedade dela, mais ainda. Pelo visto o problema era grande. Por volta das oito e quinze da noite, eu entrava no bistrô à procura de Lúcia. Passeei os olhos pelo ambiente, tentando localizá-la e vi Paco vindo em minha direção. Outra cena que me deparei foi, ao olhar em direção a uma mesa mais ao canto, vi a senhora Gallardo acompanhada de um homem de meia idade, bem vestido e sorridente. Virei imediatamente o rosto na direção de Paco para que nossos olhares não se cruzassem. Tinha que admitir; Ela era uma mulher muito bonita e elegante.

“Nossa! Ela poderia ter um gosto para homem um pouquinho melhor. Esse cara é feio que nem um cão chupando manga!”

Sorri ao meu próprio pensamento.

— Senhorita Ávila, a senhora Fajardo pediu para acompanhá-la até o escritório.

— Paco, por favor, me chame de Olívia. Até parece que não nos conhecemos há tempos.

— Eu sei Olívia, mas estou no meio do salão… – Sussurrou.

— Tá, tá. Entendi. – Falei sussurrando também.

Sorri para ele e o acompanhei, para que as formalidades fossem cumpridas, ali, dentro das dependências do bistrô. Quando passei pelo portal que dava acesso ao outro salão, senti o peso de certo olhar sobre mim, afinal, estava passando ao lado da mesa da senhora Gallardo e, certamente, ela me avistou. Eu senti um arrepio na nuca ao transpor o pórtico. Naquele momento, acreditei com todas as minhas forças que ela me odiava, tamanho o desconforto que senti com o olhar daquela mulher.

Depois que passamos o portal e, vi que só havia um casal na mesa do canto, falei baixinho para Paco:

— Pode deixar, Paco, volte para as suas atividades. Daqui eu vou sozinha.

Ele me sorriu.

— Boa noite, Olívia. Lúcia está lá dentro.

— Obrigada.

Caminhei até o vestíbulo que dava acesso ao escritório e quando me aproximei da porta, bati.

— Pode entrar.

Escutei a voz abafada vindo de dentro e me apressei para entrar. Ela falava ao telefone e fez um gesto para eu sentar na cadeira à sua frente. Sentei. Não queria escutar a conversa, mas era impossível dada a situação que me encontrava.

Sim, sim. Eu não tenho nenhum problema com isso, filho. Vamos ver. Na próxima semana eu vou ligar e combinamos. Um beijo para você.

Eu estranhei o teor da conversa, afinal, depois de tanto tempo, não sabia que Lúcia tinha um filho. Ela desligou e me olhou com certo ar de preocupação. Suspirou, levantou da cadeira, sem nada falar, e pegou sua bolsa.

— Vamos. Estou precisando de uma “bagaceira da terra”, e bem forte!

Entendi o recado e a acompanhei para fora do escritório. Passamos novamente pelos salões do bistrô e, eis o meu azar. A senhora Galhardo e seu acompanhante estavam de saída. O que a Lúcia fez, como boa anfitriã? Parou para cumprimentá-los na porta e eu, a seu lado.

— Como vão, senhora Galhardo e senhor Alonso? – Estendeu a mão para cumprimentá-los. — Espero que tenham gostado do jantar e do atendimento.

— O jantar estava divino, Lúcia, como sempre.

Esse foi o tal do Alonso, falando.

— Só não deixe que os preços se popularizem muito, pode ser que atraia pessoas que não sejam boas para o seu bistrô…

No momento em que Eva Galhardo falou esta frase, olhou diretamente para mim. Meu sangue subiu até o último fio de cabelo, mas Lúcia teve presença, e se colocou entre nós, falando amavelmente.

— Certamente que não. Todos que frequentam a minha casa, são pessoas muito bem recomendadas. Mais uma vez obrigada pela presença e pelo apreço de vocês, para com meu estabelecimento. Com licença, tenho um compromisso agora. Boa noite.

Sorriu e segurou meu braço, me rebocando para fora, sem dar margem a mais alguma conversa. Quando já estávamos há certa distância, ela riu e comentou:

— Olha, essa mulher, ou te odeia muito, ou está se derretendo por você! – Gargalhou alto. – Que olhar foi aquele? Ela te tirou de cima a baixo e depois fez aquele comentário.

— Se derretendo? Você só pode estar brincando, ela queria me fuzilar. Essa mulher me odeia e eu nunca troquei mais que meia dúzia de palavras com ela! Ou melhor, ela me esculachou uma vez e continua fazendo isso.

Falei exasperada e Lúcia deu um sorriso de lado.

— O que foi?

Não tinha gostado do sorriso cínico que ela deu.

— Ei calma. Estou do seu lado, ok? Só que ela não olhou só te fuzilando. Enquanto falava, parou o olhar dela no seu decote e não acho que quem queira matar alguém, fique averiguando o que tem por baixo da blusa da pessoa.

Mais uma vez ela gargalhou e eu senti meu rosto mudar a cor de vergonha.

— Ah, fala sério! Aquela é uma “hetero” convicta e “homofóbica”, se duvidar.

— Pode ser homo que está no armário e se esconde na capa da homofobia, também… – retalhou rindo – Olha, só estou levantado hipóteses. As reações dela são exageradas, até para alguém que odeia. Não são só as ações; é o olhar. Se esmera em colocar você para baixo e mostrar aos outros que fez isso, como se quisesse convencer a ela mesma. Quem apenas odeia, pratica as maldades no impulso. Não rumina o fato. Quem odeia, simplesmente perde a cabeça e bota para quebrar, não se controla, ou fica secando. Ela estava te secando.

— Ah, vamos mudar de assunto. Essa mulher já estragou minha noite!

— Ei, alto lá! Quem tá precisando de colo e conselhos, hoje, sou eu. Pode “arrumar” essa cara.

****

Estávamos sentadas na varanda de um restaurante à beira mar. A lua estava cheia e o cenário era lindo. Se fossemos loucamente apaixonadas e se não estivéssemos tendo aquela conversa, o cenário seria “veneziano” de tão romântico que parecia.

— Eu não sei nem o que falar, Lúcia. Eu não posso nem opinar… – falei desolada.

— Olha, eu adoro o Lito. Eu o criei desde os sete anos até os doze anos, que foi o tempo que fiquei casada com o pai dele. Nunca perdemos o contato mesmo quando me separei. Só que… gente, não sei o que fazer… – balançou a cabeça desolada. – Eu já não moro com mais ninguém há cinco anos. Sou dona do meu nariz e ele está um adolescente agora. Fora essa questão do Manolo ter morrido de uma hora para outra. A gente não se falava mais por conta do ciúme louco dele e da separação, que ele não admitia, mas era um homem bom, honesto e criava o filho com todo o carinho do mundo.

— Que loucura! Mas, por que ele não quer ficar com os avós?

— Eu não sei. Não o vejo a cinco anos, mas nas conversas ao longo do tempo, dizia que os avós pegavam no pé dele e estava cada vez mais difícil. Me falou que os avós não aceitam o estilo de vida dele, mas não me falou que “estilo de vida” era esse.

— Será que ele é gay?

— Se é, não demonstra quando fala. Não é afetado. Nunca falei com ele por vídeo. Sempre pelo celular ou no “talk” das redes sociais, mas a gente sempre estava com pressa. – Suspirou. — Ele sempre foi um garoto inteligente e era muito sensível também. Era agitado e desenhava divinamente. Era como se a arte estivesse no sangue e lembro que, às vezes, o avô criticava o filho por deixar o neto fazer “aquele tipo de coisa”, como se desenhar fosse algo terrível. Mais uma vez a família tradicional de que falo, que existe por aqui ou por qualquer cidade desse país, aos montes.

— Mas será que os avós vão deixar ele vir morar com você?

— Não tem como não deixar. Parece que o Manolo, ano passado, fez um testamento e fez documentos de emancipação para o Lito, que vigorariam caso algo acontecesse com ele.

— Que estranho. Parece até que o cara estava intuindo que ia “bater a caxoleta”.

— O Manolo sempre foi controlado com muitas coisas, mas ele sempre batia de frente com os pais. Eu tentava não me meter, mas os pais dele eram insuportáveis. Olhavam tudo, criticavam tudo e se metiam em tudo. Um dia o Manolo falou para mim, depois de uma discussão com os pais, que se ele fosse dessa para o outro lado, antes de Lito crescer, que não queria que os pais o criasse.

— Será que ele já sentia coisas, tipo sintomas mesmo, e não foi ver o que era? Ele era novo. Morrer de infarto aos 42 anos… sei lá.

— Aí, não sei Olivia. Sei que tô desesperada. Assumir um adolescente assim… Não tenho como negar isso a ele. Gosto muito do Lito. O fato é que eu abri esse bistrô, pois tínhamos uma taberna lá em Málaga. Eu já tinha traquejo de administração na área, só que queria algo mais requintado. Sabia que podíamos, mas o Manolo não queria, na época, pois o estabelecimento dele já era conhecido lá. Não sei o que o Lito pretende fazer com a taberna.

Conversamos por horas e saímos de “Passeig de Neptú” para voltarmos ao centro histórico. A vida mudaria para a minha amiga e ela estava aceitando, porém, com medo do que viria por aí.

Ela tinha parado o carro para me deixar na rua transversal, da pequena rua onde eu morava.

— Entra um pouco. Estaciona aí. Não está tão tarde.

Lúcia sorriu. Não era aquele sorriso sacana, que as vezes dávamos, procurando passar “segundas intenções”, era algo parecido com “estou precisando de colo”. Segurei sua mão e fiz um carinho. Incentivei-a mais uma vez.

— Estaciona esse carro e vem comigo. – Fui enfática.

— Está bem. Mas amanhã quero sair cedo, antes de você abrir a “tienda”. Não quero dar margens a línguas faladeiras. – Sorriu.

— Está bem, vamos.

Ela estacionou e andamos pela ruela, de mão dadas. A iluminação amarela, naquela rua de sobrados antigos, dava ao lugar um clima de tranquila paz. Havia uma leveza em mim, que não sentia há muito tempo. Abri a porta lateral do prédio, que dava passagem à escada para os dois apartamentos. Subimos e, a calma e o silêncio, cortado apenas por nossas respirações, era confortador. Mais uma vez desvencilhei de sua mão, para abrir a porta de meu apartamento e quando abri, ela entrou me abraçando por trás. Foi o tempo de fechar a porta, para me virar e enlaçá-la. Ela escondeu seu rosto em meu pescoço e suspirou.

— Desculpa, Olivia. Você não sabe o quanto este assunto está mexendo comigo.

Desvencilhou de seu abrigo em meu pescoço.

— É claro que sei, Lúcia. Então não sou da mesma espécie que você?

Ela gargalhou.

— E que espécie somos?

— Espécie da SSC.

Ela me olhou rindo, sabendo que viria alguma “pérola”.

— E que espécie seria essa?

— Ora, a espécie das “Solteiras Solitárias Convictas”.

Escutei uma gostosa gargalhada e senti meus lábios sendo beijados, brevemente.

— Deixa eu olhar o seu refúgio. A gente se conhece há um ano e nunca vim aqui.

— Não foi por falta de convite. Nem vem cobrar isso.

Sorri. Ela abanou as mãos impaciente.

— Não tô cobrando nada, e nem vem implicar comigo. Sabe que a gente sempre está na correria. Você trabalha de dia e eu à noite, ok?

— Mas você pode sair de vez em quando e deixar o Paco lá, como fez hoje. É incrível que nunca tenhamos saído juntas!

Ela olhou a pequena sala e na estante tinha o som, os livros, CDs e numa parte dela, toda uma prateleira com discos de vinil.

— Gente, discos de vinil?! – Sorriu se aproximando para ver a coleção.

— Não vai me dizer que você é daquelas que acha que disco de vinil é coisa de velho? Não me decepcione, dona Lúcia.

— Claro que não. Embora eu seja mais prática. Gosto dos “pen drives”.

— Não me diz que fica pirateando músicas na rede? – Provoquei e gargalhei em seguida.

— Não pirateio. Baixo de canais pagos, ok?!

— Mmm, sei. Me engana que eu gosto.

Adorava implicar com Lúcia e ela caía bonitinho na minha “pilha”.

Meu notebook ainda estava aberto na mesa da sala e alguns papeis da mercearia em cima da mesa. Vi quando seu olhar pousou sobre os documentos.

— Olívia, sei que cada um sabe onde o calo aperta, mas a oportunidade de um bom negócio não chega sempre. O que o seu senhorio ofereceu é um excelente negócio. O valor que ele está pedindo pelo prédio inteiro é bem aquém do mercado.

— Eu sei Lúcia. Estou pensando seriamente, mas tenho que ver a possibilidade de pedir o empréstimo sem me encalacrar muito. Não quero enfiar os pés pelas mãos. Amanhã devo ir ao banco e ver como ficaria para pegar o restante do valor.

— Pense direitinho, pois com o aluguel do outro apartamento e da outra loja, você poderá até pagar a prestação do banco.

— Se eu conseguir pegar o empréstimo, não vou alugar a outra loja, vou aumentar a minha mercearia.

— Tem certeza? Não é se arriscar muito?

— Não acho. Eu já estava fazendo planos de quando a loja ao lado vagasse, aluga-la para isso. Ele pediu o imóvel para o antigo locatário, parece que atrasou muito o aluguel e Geraldo já pensava em vender. Mês que vem deve estar liberada.

Lúcia me olhou com um sorriso questionador no rosto.

— Então os bons ventos astrais estão a seu favor, hum? Parece que o destino está resolvendo suas dúvidas de permanecer ou não em Valência.

Eu devolvi o sorriso. Uns tempos atrás, havia falado com Lúcia que eu estava em Valência, mas não sabia se a minha natureza nômade me permitiria ficar num lugar só, durante muitos anos. Mas ela tinha razão. Todos esses acontecimentos estavam contribuindo, cada vez mais, para que eu fincasse definitivamente meus pés aqui.

— Bom, deixa eu mostrar o resto do apartamento para você, mas não se empolgue que você conseguirá conhecer em menos de um minuto.

Eu ri e ela me acompanhou. Meu apartamento era tão pequeno que, com alguns passos já conheceríamos inteiro, porém era aconchegante



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