Vontade Ferrenha.

Capítulo 29

Layse decidiu ficar calada, pois não gostou do rumo que a conversa tomou. Pegou a mala olhando para os lados sentindo-se incomodada com o olhar da criatura antipática que a encarava com uma expressão de poucos amigos agora.

– Valentina falou onde que vou ficar acomodada?

– No quarto de hospedes. Venha comigo, vou te mostrar.

Não imaginou que Valentina tinha uma namorada que ainda por cima era uma cavala.  Engolindo a decepção daquela descoberta, seguiu a mulher por um corredor onde ela parou diante de uma porta. Denise abriu-a mostrando o quarto amplo e confortável.

– Este é o quarto de hospedes. 

Layse entrou falando:

– Muito obrigada!

– Se estiver com fome pode ir à cozinha que a empregada te prepara um lanche.

– Quero não, obrigada!

– Ok.

– Sabe me informar a que horas a Valentina vai chegar?

– Ela não tem hora. Não espere que ela te faça sala porque isto não vai acontecer! O tempo dela é só meu!

– Nem eu espero que faça.

– Que bom que você entende tudo rapidinho. Se comporte para eu não ter que encher essa sua cara convencida de bordoadas.

Dados da autora: Bordoadas? Como assim? Hahahahahaha…

Layse fechou a porta pensando admirada que a mulher parecia uma doida ameaçando-a daquele jeito sem ao menos conhecê-la. Sentiu vontade de dar um cala boca nela, mas estava na casa de Valentina, sendo assim, não faria nada que a decepcionasse.

Voltou-se analisando o aposento, falando em voz alta:

– É ruim desta biruta me bater. Ela que se atreva que vai ver só o peso da minha mão naquela cara besta dela. Palhaça! Monga! Ah, gente! Tenho até dó desse tipo de mulher passada das ideias. 

Colocou a mala no chão aproximando da porta que estava fechada ao lado da janela. Abriu-a dando de cara com uma sacada. Viu dois vasos de plantas e duas cadeiras ali. Sentou em uma das cadeiras colocando as pernas sobre a murada, passando a admirar a vista. Usava uma bota até os joelhos. Andava sempre de botas para se proteger das picadas de cobras. Perdera a conta de quantas já tinha matado durante aqueles anos trabalhando na casa de Clarice. 

Seus olhos admiraram os gigantescos prédios que conseguia alcançar. Aquilo é que eram prédios, quase entravam céu adentro. Não eram nada parecidos com o que tinha visto em fotos e revistas. Como o som da cidade, quanto barulho. Pensou que não se acostumaria se tivesse que morar naquela cidade. Permaneceu ali distraída enquanto o tempo passava.

Ouviu uma batida na porta quase uma hora depois, erguendo-se de um salto. Entrou no quarto abrindo a porta de uma vez. Valentina deu um sorriso olhando-a admirada. Seus olhos percorreram-na toda sem disfarçar a surpresa.

Valentina entrou no quarto fechando a porta. Encarou-a dando um lindo sorriso.

– Oi, Layse! Você está completamente diferente. Estou impressionada! Seja bem-vinda! Me dá aqui um abraço.  

– Olá, Valentina!

Layse ergueu os braços abraçando-a. Seus seios se colaram enquanto se apertavam no abraço forte que fez com que os seus corpos estremecessem intimamente. O rosto de Layse roçou nos cabelos dela. Sentiu o perfume, um perfume diferente desprendendo-se da pele dela. Valentina correspondia ao abraço carinhoso sentindo uma sensação maravilhosa, tão intensa quanto a que Layse estava sentindo. Fechou os olhos para desfrutar melhor daquele momento, quando ouviu Layse murmurando próximo ao seu ouvido.

– Mudou o perfume. É tão bom este que está usando.

O tom da voz soando quase num sussurro remeteu Valentina há dois anos antes, para os momentos em que se amaram intensamente. Afastou o corpo para dar fim ao abraço dando com os olhos brilhantes de Layse fixos em seu rosto.

Layse estendeu a mão passando os dedos levemente pela face dela.

– Você está deslumbrante. Não mudou muito e te vendo assim tão fresca me fez lembrar de algumas rosas desabrochando.

Dados da autora: Aí, soou meio brega isto. Deixa estar. 

Valentina corou na hora. Segurou a mão dela murmurando baixo:

– Não, Layse. Contenha-se, por favor.

– Só estava te fazendo um carinho. Faz tanto tempo…

– Faz sim, mas já errei no passado. Não quero errar novamente. Na verdade não quero voltar a te magoar.

– Claro, desculpa. Foi mesmo apenas um afago.

– Tudo bem. Como você mudou. Está muito bem mesmo.

Valentina elogiou olhando-a dos pés à cabeça encantada.

– Você é que está linda, Valentina. Nunca pensei. Nunca pensei mesmo.

Layse respondeu enfiando as mãos no bolso da calça admirando-a sem disfarçar a felicidade que estava sentindo.

– Obrigada!

Valentina viu a mala ao lado da cama, aproveitando para quebrar o clima entre elas, perguntando:

– Ainda não desfez a mala?

– É que eu estava olhando a vista da sacada. Acabei me distraindo, é tudo tão diferente de Cielo.

– É diferente sim. Se quiser posso pedir a Irene para desfazer para você. Pode deixar, ela vai tratar disso, ela é muito prestativa.

– Pode ser sim. Agradeço muito.

 – A Denise foi legal com você quando chegou, não foi?

– A mosca?

– Mosca? Que mosca?

Valentina questionou sem entender.

– Nada não. Até tentou ser legal. Ela me disse que se eu não me comportar vai me dar umas bordoadas. Fiquei rindo sozinha, porque posso ser tudo, mas nunca fui mal comportada.

– Oh! Ela falou isto para você? Não estou acreditando!

Valentina respondeu chocada com aquela notícia.

– É, falou, mas não liguei não. Deixa isto para lá. Estou muito agradecida por você me hospedar na sua casa.

– Era o mínimo que eu podia fazer. Não ia te deixar em um hotel sozinha, imagina!

– Confesso que seria sem graça ficar em um hotel. Achei muito melhor poder te reencontrar.

Novamente Valentina perdeu as palavras. Pensou no quanto estava ansiosa para reencontrá-la também, mas mudou de novo o rumo da conversa.

– Não quis tomar um banho para se refrescar?

– Ah, é, pensei nisso, mas a vista, já falei, distrai-me com ela. Vou ter mesmo que tomar banho para tirar a poeira do corpo. Seu pai deve ter contado que vim a trabalho.

– Contou sim.

Valentina olhou para a porta que dava para a sacada, acrescentando:

– Eu também gosto da vista dessa sacada. E aí, me conta. Fez uma boa viagem?

– Fiz. Estranhei o avião, pensei que iria cair o tempo todo. Foi a minha primeira vez.

– Sim, eu sei que foi. Até pensei sobre isso durante o dia e fiquei rindo sozinha.

– Rindo por quê?

– Por ser a sua primeira viagem de avião. Eu também quando entrei em um avião pela primeira vez morri de medo. Acho graça deste tipo de apertos, só isso.

Layse sorriu com ela acrescentando:

– É claro que você sabe. Sabe mais de mim do que eu de você.

Valentina abaixou a cabeça dando-se conta que aquilo era uma verdade. Layse se tornou mais conhecida na cidade por lidar com muita gente na área do comércio e pelo episódio no bar do Juarez. Até as saídas dela à noite na cidade chegavam aos seus ouvidos. E quando ninguém tocava no nome dela, sempre perguntava por que gostava de saber mais coisas.

Layse correu os olhos pelas mãos dela à procura de uma aliança. Valentina percebeu aquele olhar sem entender o que Layse estava observando.

– Algum problema?

– Não, só estava conferindo se você está usando uma aliança.

– Aff, nem pensar! É só um lance. A forma como ela falou com você foi imperdoável. Não gostei, aliás, já não vinha gostando de muitas coisas. Piorou agora, porque não admito que destratem você dentro desta casa. Que absurdo!

– Ela sabe que nos envolvemos no passado?

– Sabe nada. Nem é da conta dela.

– Foi o que eu pensei. De qualquer forma não queria causar transtornos para você. Sei lá, mas foi chato o alvoroço que ela fez.

– Sinto muito por isso ter acontecido. Não consegui chegar mais cedo, estava fazendo uma cirurgia no hospital. Pode deixar que vou tratar disso.

– Você que sabe, mas por mim não precisa falar nada. Não estou me queixando, apenas contei para você saber como fui recebida.

– Layse? Sei que não se queixou, você não é disso. Pode deixar. Agora vamos fazer o seguinte, você toma um banho e me encontra na sala. Vai querer tomar uma cerveja antes do jantar, imagino!

– Pedi não.

– Ah, Layse, por favor, você é a minha convidada, pode aceitar o que eu oferecer enquanto estiver aqui. Ficamos combinadas assim?

– Tudo bem, ficamos sim, Valentina!

Valentina sorriu comentando:

– Meu pai sempre relembra que você responde que não pediu quando ele te oferece alguma coisa. Como se eu já não soubesse disso.

Layse sorriu sem deixar de encará-la intensamente. Valentina ficou sem jeito caminhando para a porta.

– Tome um banho e venha me encontrar na sala, por favor!

Layse caiu sentada na cama quando ela saiu. As pernas estavam tão trêmulas que as agarrou tentando assim conter aquele descontrole.

Ouviu uma batida na porta minutos depois, falando:

– Pode entrar!

A mulher que surgiu ali usava um uniforme azul. Entrou fechando a porta sorrindo para Layse.

– Olá! Layse, não é? Sou a Irene, a empregada da casa. A patroa mandou desfazer a sua mala. Posso fazer isso agora?

– Olá, Irene! Ela me falou. Pode sim.

Layse respondeu erguendo-se na hora.

– Vou ajeitar suas coisas neste armário de maneira que poderá encontrar tudo facilmente.

– Está bem. Vou tomar um banho enquanto isso.

Layse foi tomar o banho sentindo o corpo recobrando o controle enquanto a água caía sobre ele. Quando terminou enrolou-se na toalha entrando no quarto. Irene estava terminando de guardar as roupas.

Layse aproximou-se avisando:

– Preciso só pegar o que vou vestir agora. Com licença!

– Lógico!

Irene respondeu afastando-se para deixá-la mais à vontade. Layse pegou tudo que iria vestir sentando na cama. Vestiu a calcinha e o sutiã passando creme pele corpo.

– Eu também uso creme corporal. A patroa me passou o nome de um muito cheiroso que deixa a minha pele mais macia. Quando ela passa creme pelo corpo parece que está fazendo um ritual.

– Não me conte. Tenho o coração fraco.

– Uai, é mesmo? Que trem ruim, sô! Vou confessar, simpatizei com você. A namorada da patroa é intolerável. Não vou com a cara dela, mas pelo amor de Deus não conte que falei isso. Você não a conhecia, não é?

– Não tive este desprazer antes de hoje, mas é porque não aprecio moscas.

– Hahahahaha, adorei isso! Vou te passar a ficha toda do que ela falou da sua vinda para essa casa. Ficou enchendo a patroa de perguntas hoje de manhã. Reclamou dela te hospedar aqui. Elas só estão juntas há seis semanas e vive se enfiando aqui. Não dou muito tempo para este namoro terminar. A patroa já nem olha para a cara dela.

Layse pensou alguns segundos, comentando em seguida:

– A Valentina deve ter tido outras namoradas ciumentas como essa.

– Uai, teve nada sô! Desde que trabalho aqui ela só namorou com a Paloma. Mas da Paloma eu gostava. Também não deu certo porque a patroa não se apaixonou por ela. Foi a Paloma que caiu de amores pela patroa, mas a coisa desandou. É igual a bolo quando murcha no forno, sabe?

– Sei sim.

– Nem todo relacionamento vinga, né não? Mas isto de coração fraco que você falou antes, tem algum problema com o seu coração?

– Não. É só uma forma de falar.

Terminou de se arrumar olhando-se no espelho ajeitando a gola da camisa. Depois penteou os cabelos.

– Hum, não sei não! Nunca vi uma mulher como você nesta casa. Aquela fuçadora vai ficar mortinha de ciúmes quando ver a sua boniteza.

– É mesmo? Uai, problema dela! Não tomo nem conhecimento de ataque de mulher louca.

– Não? Então você é das minhas. Ela faz cada cara ruim pra mim e eu nem ligo. Mas posso confessar uma coisa? Tenho muita vontade de bater nela.

Notas da autora: Eu também. Hahahahahaha…

Layse pegou o vidro de perfume espalhando atrás das orelhas pensativa. Não queria saber da cavala. Não estava ali por ela e sim por Valentina. Voltou-se para Irene falando com um sorriso.

– Pode deixar, se ela ficar cansativa vou dar um chega para lá nela.

– Vai? Agora eu gostei. Vou ficar espreitando porque quero assistir isso de camarote.

– Você vai ver. De onde você é, Irene? Percebi que você é mineira.

– Sou sim lá do Alto Jequitinhonha. De Minas Novas, mas nasci no Serro.

– No Serro? Sim! Costumo comer queijos do Serro. São deliciosos!  

– Queijo é o trem que mais tem lá. Em Minas Gerais toda, duvido que tenha um queijo melhor do que o queijo do Serro. Você é de onde, Layse?

– Sou de Rocas de Cielo.

– Uai, então é da mesma cidade da patroa! Que trem bão sô.  

– Agora vou lá para a sala porque a Valentina está me esperando. Muito obrigada por ter guardado as minhas roupas.

– Foi nada não. Oi? Espia aqui.

– Oi.

– Caluda sobre o que contei da intrusa.

– Pode deixar, não conto nem para o padre de Cielo.

Layse entrou na sala vendo Valentina distraída no tablet. Olhou para os lados à procura da cavala sem vê-la.

– Oi, Valentina!

– Oh, oi! Vem sentar-se aqui.

Valentina respondeu desligando o tablet, voltando-se com um sorriso radiante. Ficou olhando-a sem se mover. Layse estava mesmo linda. Os cabelos estavam soltos e bem penteados. Seus olhos encontraram-se.

– Onde foi parar a sua namorada gentil?

Valentina percebeu o tom irônico na pergunta, preferindo responder sem pincelar o fato.

– A Denise foi correr. É fanática com a condição física.

– Você gosta?

Valentina rebateu confusa:

– Do quê?

– Quanto ao fato dela ser fanática com a condição física.

Valentina sorriu erguendo-se com um ar de pouco caso.

– Não dou palpites, mas sei que tudo que é demais não faz bem. Vou buscar cervejas para nós. Já volto.

– Pedi…

Valentina ergueu a mão para que ela não continuasse.

– Nem pense em terminar. Lembre-se do que combinamos.

Layse abriu os braços justificando.

– Sim, é à força do hábito.

– Hábito. Creio que seja. Somos muito presas aos nossos hábitos. Não se preocupe, eu também tenho certos hábitos.

Valentina retornou com duas cervejas. Entregou uma a Layse, brindando a garrafa na dela.

– Saúde!

– Saúde!

– Passei pela porta do seu quarto e percebi que estava conversando com a Irene.

– Sim, nós conversamos. Foi gentil arrumando as minhas coisas como você pediu. Ela estava me contando que é de Minas Novas. É mineira também.

– É sim. Ela te falou alguma coisa sobre a Denise?

– Falou não. Conversamos sobre cremes e banalidades.

– Cremes?

– Cremes corporais.

– Ah, sei! Gosto que as pessoas que trabalham para mim sejam discretas. Falar demais não me agrada.

– É melhor que sejam. O Isaque, que trabalha comigo, ele é um pouco conversador, mas eu o deixo falar. A minha mãe já não tem muita paciência para ouvi-lo.

– Eu conheço os pais dele. Meu pai trata deles.

– Sim, eu sei. O seu pai é um homem muito bom.

– É sim. Então me conte sobre este trabalho que você vai fazer aqui.

– É tipo uma assessoria, mas na verdade faço uma avaliação do estabelecimento. Eu me faço passar por uma cliente comum e assim observo tudo com olhos microscópios. 

Valentina sorriu olhando-a admirada.

– Como isto é bom. Tirando essa parte do trabalho, você já está arrasando os corações das mulheres de Rocas de Cielo, não é? Volta e meio fico sabendo de alguma novidade.

– Eu arrasando corações? As mulheres querem mais sexo do que outra coisa.

– Olha que nem todas. Existem muitas mulheres à procura de um amor.

– Eu sou uma delas.

– É? Hum, isso é bom. Mas não podemos negar que sexo é imprescindível. Quem vive sem sexo? Pergunta ridícula essa minha. Nem acredito que falei isso. É óbvio que muita gente passa sem sexo. Por muito tempo também fiquei na seca.   

Valentina observou a intensidade do olhar de Layse naquele momento. Sentiu-se invadida, porque quando sustentava o olhar dela era isto que sentia, uma invasão daqueles olhos lascivos. Os olhos de Layse reluziam luxúria. Ela a estava olhando naquele instante exatamente como olhou quando a beijou pela primeira vez.   

– Bem, eu vou pegar mais cervejas para nós.

– Não vai fazer só isto, você vai fugir de mim também.

– Do que eu fugiria, hein, Layse?

Valentina perguntou fitando-a agitada.

– Do que vê nos meus olhos. Porque você lembra, não lembra?

Valentina sorriu erguendo-se sem demonstrar o quanto as palavras dela atingiram-na.

– Neste ponto você não mudou nada. Continua direta.

– Isto ainda te incomoda?

– Sabe que eu nunca pensei sobre isto? Ou melhor, não recordo de ter dito que me incomodava. Os olhos são seus, concorda?

– Tem razão.

Valentina foi para a cozinha consciente que Layse estava certa. Retornou sentando depois de entregar a cerveja para ela.

– Está geladinha a cerveja?

– Está sim, obrigada! Que bom que você sabe que gosto de cerveja.

– Hã? Como não saberia? Sua ida ao bar do Juarez ficou famosa. Antes de o meu pai me contar, algumas conhecidas comentaram comigo. Você é que não sabe como impressionou as pessoas. Acho que a maioria queria ter tido a coragem que você teve. As pessoas preferem engolir sapos a se impor.  

– Sim, mas o pobre homem estava com o filho doente. Se soubesse disso não teria dito nada a ele.

– O filho dele já se curou e você o ajudou demais.

– Aquele foi um dia difícil para mim. Foi a primeira vez que coloquei uma gota de álcool na boca.

– Estava triste por causa da morte do seu pai, não é?

– Sim. Também me desentendi com a minha mãe e outras coisas chatas.

– Outras coisas? Uma mulher? Foi isso?

O som da porta fechando impediu Layse de responder. Denise surgiu na sala correndo e sentando ao lado de Valentina todo elétrica.

– Bati meu recorde, mas senti saudades, bb! Voltei louca para beijar essa sua boca gostosa.

Denise contou beijando a boca de Valentina colando o corpo ao dela.

– Não Denise, você está toda suada! Para com isto!

Valentina a cortou afastando-se delicadamente sem ao menos chegar a corresponder ao beijo.

– Não precisa falar assim, só quero um beijo seu.

Layse ergueu-se ao ver a mão de Denise deslizando por cima da coxa de Valentina enquanto ela a afastava incomodada. Elas estavam se desentendendo porque Valentina não queria beijá-la. Passaram a falar mais baixo, mas Layse percebeu que Valentina estava irredutível. Notou que continuava virando o rosto fugindo do beijo da cavala.

Layse foi até o display de CDs passando a olhar um a um de costas para as duas.

– Deixa de frescura, só quero te dar um beijo!

– Eu disse que não! Estou com visita em casa. Deixa de ser chata.

– Que saco! O que eu tenho a ver com isto? Por que ela não foi para um hotel? Vai ficar aqui empatando foda o tempo todo?

Valentina engoliu em seco erguendo-se na hora. Deixou a sala pisando duro. Entrou no quarto até tremendo de raiva. Denise entrou atrás dela perguntando revoltada:

– O que foi? Por que está com essa cara fechada?

– O que você acha? Se pensa que vai dar escândalo porque decidi hospedar a Layse está muito enganada. Que história que foi aquela de falar que iria a encher a cara dela de bordoadas? Não tinha o direito de ameaçá-la!

– Não ameacei coisa nenhuma, só dei um aviso. Não entendo o que ela está fazendo aqui e não estou gostando mesmo! Não vou ser hipócrita. Sou assim e acabou!

– Você não tem nada que gostar. Aliás, faça o favor de ir embora agora, por gentileza!

– Ir embora por quê?

– Perguntou se a Layse iria ficar aqui empatando foda. Empatando foda? Que coisa mais sem nexo! Nunca ouvi nada tão vulgar na minha vida! Não sabia que você era assim. Tenha decência e saia da minha casa, por favor!

– Está me expulsando?

– Estou te pedindo com educação. Está tudo acabado entre nós! Também não entendi você vir mexer nas minhas coisas sem a minha autorização. Foi a gota d’água.  

– Ok, ok! A sua empregada bisbilhoteira andou o tempo todo atrás de mim para ver o que eu estava fazendo. Ela está inventando. Só tomei umas cervejas e fiz uma ligação. Você devia era mandar ela embora, não eu!

Denise aproximou-se agarrando os braços de Valentina perguntando furiosa:

– Você quer é trepar com a caipira não é? Só pode ser isto! Pode deixar que eu vou colocá-la daqui para fora agora!

Denise saiu do quarto entrando na sala furiosa, sendo seguida por Valentina. Aproximou de Layse ordenando grosseiramente:

– Trate de pegar as suas tralhas e suma daqui agora!

Layse que estava olhando os CDs, se voltou encarando-a imperturbável.

– Não me diga.

– A você vai sair sim ou eu te arrebento.

Respondeu ameaçadora.

– Deixe a Layse em paz sua demente!

Irene avisou surgindo na sala com uma frigideira na mão enfrentando Denise valentemente.

– Volte para a cozinha sua enxerida!

– Pare com este escândalo e saia dessa casa imediatamente!

Valentina ordenou para Denise perdendo a paciência.

– Cale essa boca ou te meto a mão.

Denise respondeu lançando um olhar furioso para Valentina.

– Valentina pediu para você sair! É melhor sair sem piar.

Layse recomendou parando na frente de Denise com os olhos apertados.

– Vou te mostrar quem é que vai sair.

Irene ergueu a frigideira sentando na cabeça dela, falando:

– Volta para o inferno de onde você veio diabo!

Notas da autora: Hahahahahahahahahaha…

– Ai, sua vaca!

Denise gritou se irritando mais ainda.

– Chega!

Layse falou já cansada do comportamento dela. O soco atingiu o rosto de Denise em cheio. Ela caiu para trás estatelando desengonçada ao chão. Ficou ali estirada completamente apagada.

Irene olhou de Valentina para Layse, voltando a mirar Denise imóvel no chão.

– Será que ela está morta?

Perguntou etada.

– Que morta que nada, só está dando um cochilo bão. Isso aí não aguenta um tapa. Foi ela que pediu por isso.

Layse respondeu piscando um olho para Irene. Percebeu que estava louca para rir. Viu Irene virando o rosto para rir de Denise escondido de Valentina.

Valentina olhou para Denise, comentando chocada:

– Estou passada. Que situação! Meu Deus! Aff…

– Além de chata apagou com um único soco. E ainda queria lutar, é cada uma! Pode deixar patroa, vou ligar para o meu amigo que trabalha em boates. Ele vai tirar essa nuvem negra daqui.

– Tudo bem. Faça isso porque não aguento nem olhar para a cara dela. Eu e a Layse vamos beber uma cerveja no bar lá em baixo. Quando ela não estiver mais aqui me ligue para voltarmos. Vou anotar o endereço dela para você dar ao seu amigo.

– É melhor mesmo.

Valentina anotou o endereço passando para Irene. Pegou a bolsa saindo do apartamento com Layse rapidamente.

Continua…



Notas:



O que achou deste história?

2 Respostas para Capítulo 29

  1. Adoro a Layse, gente!
    Essa cena ficou parecendo aquele vídeo de luta que um cara dá mil piruetas, fica se mostrando, e quando a luta começa, um soco do adversário acaba com a disputa! Rrrrsss…
    Obrigada

    • Olá, Nat!
      Sim, foi tipo essa cena mesmo. Tomou um soco e desabou. Rsrsrs.
      Muito obrigada!

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