Who You Are

Capítulo 24 – Imprensa

James dirigia calmamente pelo nosso caminho de sempre para a escola. Eu estava pensativo no banco do carona e havia um silencio dentro do carro. Não era desconfortável, ele me conhecia bem o bastante para saber dos meus momentos de reflexão e não ligar quando eu estava em um deles. Mas ao virar uma esquina, quatro quadras antes da entrada do estacionamento principal da escola, vimos algo que nos fez encarar um ao outro confusos.

Jill estava parada em cima de sua moto que estava estacionada na metade da quadra. O capacete apoiado sobre o tanque de combustível a frente dela servia de apoio para as mãos. Ela acenou na nossa direção assim que nos viu entrar naquela rua e James estacionou o carro junto a moto preta. Ela saiu de cima da moto antes que meu melhor amigo desligasse o motor e se aproximou da minha janela pela calçada.

– Houston, temos um problema – disse ela imitando uma voz robotizada que nos fez rir – Sério, temos mesmo um problema, e dos grandes – ela reafirmou se apoiando com os antebraços sobre o teto do carro e inclinando o rosto para a janela.

– O que houve? – perguntei curioso, mas calmo já que não deveria ser algo insolúvel se ela estava fazendo piada a respeito.

– Tem pelo menos umas 30 pessoas no portão principal esperando você chegar tentando parar quem passa por lá para pedir informações sobre você – ela contou fazendo minha expressão se fechar em seriedade e irritação – Lilly me ligou ainda a pouco, logo antes de eu chegar, contando a situação. Daí decidi parar aqui e esperar vocês.

– Não vamos consegui entrar assim. Quando verem que é o Arthur aqueles imbecis vão praticamente pular em cima do meu carro – falou James que conhecia como repórteres e fotógrafos poderiam ser abusados.

– Por isso mesmo tive a melhor ideia da década, podem me dar um prêmio por isso depois – Jill falou com um sorriso largo e piscando o olho direito para o meu amigo que gargalhou do jeito despreocupado dela – Parece que a escola já mobilizou alguns guardas.

– Deve ter sido coisa da Tia Melissa – comentei distraído e Jill deu de ombros sem realmente saber de quem eu falava.

– Bom, se passarmos pelos portões eles vão bloquear os outros. Nossa missão é passar antes que alguém reconheça o Arthur – falou ela jogando o cabelo para trás e encostando sua lateral direita perto do retrovisor – Nossa equipe infiltrada já me passou o relatório de que a entrada secundária está mais livre, então entraremos por ali.

– Que filme você assistiu ontem? Certeza que foi algo de espionagem – falou James entrando na brincadeira de Jill e os dois riram me fazendo rir também.

– A entrada do estacionamento dos fundos tem apenas umas cinco ou seis pessoas – ela continuou com os braços cruzados sobre o peito – Meu plano infalível é colocar o Arthur comigo na moto, o capacete vai confundir eles por tempo o bastante para que eu entre no estacionamento. Assim que estivermos dentro os três seguranças que estão naquele portão vão segurar os repórteres para que possamos entrar na escola.

Concordamos que o plano dela era realmente muito bom, apesar de que nenhum plano poderia ser mesmo considerado infalível. Jill abriu a porta enquanto eu pegava minha mochila e guardava o celular dentro dela. Saí fechando a porta do carro e dizendo para James ir logo. Cheguei perto da moto e Jill já tinha um segundo capacete estendido na minha direção. Coloquei a mochila nas costas e imaginei que a mochila dela deveria estar no bagageiro da moto no lugar do meu capacete.

Coloquei na cabeça e Jill afastou minhas mãos para prender e ajustar o capacete fazendo isso mil vezes mais rápido do que eu teria feito. Nem cinco segundos depois ela já estava subindo na moto e colocando o próprio capacete. Subi atrás dela e fiquei desconcertado sem saber como me apoiar enquanto ela ligava a moto. Eu nunca tinha andado na garupa de uma moto antes, apesar de saber pilotar e fiquei alguns segundos olhando em volta tentando descobrir a melhor forma de me segurar.

Ouvi a gargalhada abafada de Jill quando ela notou meu desconforto. Ela ajeitou os apoios dos pés que eu não havia abaixado ainda e depois pegou as minhas mãos e colocou sobre a cintura dela. Senti meu rosto ficar quente quando ela arrancou e eu precisei realmente apertar sua cintura. Eu sabia com toda certeza que o aumento da temperatura do meu rosto não era pelo capacete ser abafado. O pior era que Jill parecia notar que eu estava desconfortável e apenas ria de mim.

Demos uma volta para chegar ao portão dos fundos sem passar pelo principal e senti meu corpo ficar tenso ao ver o grupo parado na calçada ao lado do portão. Havia três câmeras penduradas nos pescoços e blocos de notas nas mãos. Jill seguiu em velocidade média até estarmos em cima do portão e, quando eles notaram que estávamos entrando ela acelerou fazendo a moto voar para dentro antes que eles nos abordassem. O capacete impedia que eles me reconhecessem de imediato, mas se chegassem perto não seria difícil para descobrirem quem eu era.

O grupo tentou nos seguir para descobrir quem éramos, mas três seguranças em ternos entraram na frente do portão barrando-os e eu soltei a respiração que não notei estar prendendo. A velocidade da moto caiu bastante e Jill nos guiou até as nossas vagas próximas ao prédio. O lugar onde sempre estacionávamos. Era longe o bastante para que os fotógrafos não conseguissem descobrir quem eu era imediatamente. Descemos da moto e não demorou dois segundos para metade dos nossos amigos estarem em volta de nós. James e Carlos pararam exatamente a minha frente, o tamanho de James cobrindo a visão que os fotógrafos tinham de mim enquanto eu tirava o capacete.

Eles sorriam parecendo animados e foram nos levando para dentro comigo em meio a eles de forma que seria bem difícil conseguirem uma foto que lhes certificasse de quem eu era. Assim que passamos pelas portas do prédio todos pararam de falar. Lillian e Georgia se aproximaram dos vidros para conferir o que os fotógrafos faziam. Aparentemente tinham perdido o interesse de nós ou os seguranças haviam conseguido dispersá-los.

– Parabéns para nós, somos a melhor equipe de segurança que eu conheço – falou Jill se escorando de costas na parede do corredor com os braços cruzados e um largo sorriso.

– Somos a única que você conhece, gênio – respondeu James empurrando-a pelo ombro e fazendo com que ela escorregasse pela parede, mas ambos riam juntos.

– Chega disso – falei sorrindo – Vamos, cada um pra sua sala. Temos aulas para assistir e se não fosse por isso não teríamos que vir enfrentar esses chatos da imprensa.

James se despediu virando em um corredor junto com Georgia. Eles logo se separariam também, mas nós quatro continuaríamos praticamente por todo o caminho juntos até nossas salas. Me obriguei a esquecer momentaneamente os fotógrafos, iria me concentrar no motivo de vir a escola e deixar para pensar nesses problemas quando tivesse de enfrentar eles novamente.



Notas:



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