EMILIA-ROMAGNA

Olá, meninas, tudo bem? Espero que sim. Hoje o post tá chegando no dia certo, até que enfim! Rrrsss… Continuando nossa série sobre as regiões da Itália, vou falar da Emília Romanha. É uma região ao norte do país, cuja capital é Bolonha, e tem várias cidades que são icônicas para a gastronomia, como Parma, denominação de origem para os presuntos crus, e Modena, que também a tem, mas para os vinagres ou acetos balsâmicos. 

Viajamos para lá em 2015. Já havia passado pela Itália duas vezes, e nesta terceira decidimos visitar os produtores de alguns itens importantes, como: presunto cru, aceto balsâmico, gelato e parmesão. Aliás, esse nome de queijo não existe realmente por lá. Quando você pergunta, eles te devolvem a questão, inquirindo se você quer um “parmigiano reggiano” ou um “grana padano”. A palavra parmesão surgiu no dicionário francês, por volta do século XVI, para definir um queijo curado importado da Itália. 

Triste pensar que tive que atravessar o oceano para me perguntar o porquê de não fazer essas visitas por aqui. E de entender que a valorização dos produtos e produtores nacionais é feita de forma visceral por eles, pois sabem que se não houver pessoas no campo, nós não comemos na cidade. E além disso, engrossa a fila de pessoas “sem qualificação” para brigar por subempregos, o contingente para ser atendido na saúde, na assistência social, e por fim, o aumento da criminalidade.  

Sim, eu e você podemos fazer isso por aqui também. Comprar e comer são atos políticos. Você comprar o queijo da indústria famosa diz para quem você dá o seu dinheiro, e com o que você se importa, no final. Pense bem! A gente adora seguir a moda de fora do país, né? Por que não seguimos essa então?

Em Bolonha, tive a oportunidade de tomar a melhor cerveja que já experimentei na Europa, um dos melhores queijos e presuntos também, debaixo de uma tenda plástica, sentada num banco rústico, com uma chuva torrencial. Luxo “zero”, qualidade dos produtos e simpatia dos produtores, “mil”! Apesar disso, o Mercado da Terra, feira promovida pelo Slowfood italiano, estava cheia de pessoas comprando diretamente dos produtores locais. Não fui a nenhum restaurante estrelado ou minimamente famoso. O mais importante estava ali.

Em um outro post, já falei sobre o Aceto Balsâmico e se quiserem mais detalhes sobre esta visita, do produto  e como escolher, é só passar lá e ler. Inclusive tem uma receita que gosto, de molho de rapadura com aceto.  

A capital da região tem o apelido de “A gorda”, pela qualidade da comida local; “A sábia”, por abrigar uma das faculdades e bibliotecas mais antigas da Europa; “A vermelha”, por causa da cor dos tijolos que construíram casas na parte central, que é histórica. Olha, comemos muuuito bem e barato lá. Um dos pratos que gostei foi o Talharim ao ragu. Espaguete a bolonhesa não existe por lá. Dizem que este formato de massa é mais pra região central, de Roma. Que a massa mais adequada ao molho é o talharim.  Seguem então uma receita:

RAGU ALLA BOLOGNESE
Ingredientes
50 g Cebola
90 ml Vinho tinto seco
300 g Músculo suíno
300 g Músculo bovino
15 g Salsa
15 g Aipo
25 g Cenoura
25 g Manteiga
25 g Bacon

500g de tomate picado grosseiramente
Sal e pimenta do reino a gosto
5 g Manjericão
5 g Sálvia
Caldo de carne o suficiente
Modo de preparo: Refogar o bacon na manteiga, selar as carnes picadas grosseiramente, deixar dourar, juntar a cebola, a cenoura e o aipo. Deglaçar* com o vinho e deixar evaporar metade. Adicionar os tomates e cozinhar em fogo baixo por cerca de uma hora adicionando, se necessário, o caldo. Temperar com sal e pimenta, quando a carne estiver macia e finalizar com as ervas aromáticas.
Obs.: O “Bolonhesa” pode ser enriquecido com a adição de fígado de frango ou substituindo parte do toucinho por presunto cru.

* remover a borra do fundo da panela com um líquido, no caso, o vinho.

Aqui no Brasil, fazemos com carne moída, mas originalmente eles fazem com carne cozida, que fica lá um tempão até desmanchar. 

E agora ao final, queria falar de dois produtores brasileiros, que inspirados nesta cultura criaram itens fantásticos. Primeiramente, o queijo Tulha, da Fazenda Atalaia, de Amparo, SP.  Olha, numa degustação cega eu falaria que esse queijo era italiano. Fiquei chocada com a qualidade do produto, ainda mais feito fora de Minas! Desculpem, mas a tradição do estado e ser de lá falam meio alto nesse bairrismo! Rrrsss… 

Outro, que conheci há algumas semanas, é o Granparma. A empresa produz presunto cru, copa e um queijo tipo Grana Padano. Também fiquei de cara com a qualidade! Aqueles cristais dentro do queijo, a textura, o sabor… Fico com água na boca de lembrar. E o presunto cru dá de 10 nessas marcas de indústrias famosas, como a Sadia. Se encontrarem, comprem, não vão se decepcionar. 

Espero que tenham gostado do post, e aproveito para dizer que este mês a Diana Rocco e eu lançaremos o e-book de Solarium. A história foi publicada por aqui e retirada para revisão e publicação. A grande novidade da versão é uma parte pós-história com todas as receitas dos pratos degustados pelas personagens durante sua jornada. Eu não sei se sabem, mas sou beta da Diana há alguns anos, e agora serei co-autora do livro, o que me deixa em estado de graça! Assim que for lançado eu deixo aqui para vocês o link. 

E por fim, venho mais uma vez falar das doações. O site novo está em processo de programação, como já disse. Algumas funcionalidades estão demorando um pouco, no entanto está ficando bem legal. Não temos patrocinadores, precisamos de ajuda de vocês para terminar este processo. Obrigada a todas que já doaram e que continuam a doar. Abraços e boa semana!

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