Utopia ou Orgulho?

Utopia ou Orgulho?

Por: Carolina Bivard

Revisão: Naty Souza e Nefer


Um dia acordei, pensando que minha adolescência foi o meu maior presente. Uma época em que eu não me conhecia, mas queria muito me descobrir. Transitei pelo mundo, ávida de anseios. Desejos de cores, amores, justiças sociais e verdades. Todos eles, meus. 

Minhas verdades eram tão lindas e cheias de tesão. Vontades inelutáveis e tão intensas, quanto um mergulho no mar, num dia de calor vigoroso, daqueles que o prazer perpassa o corpo e cinge a alma. 

Vivi lutas, conheci bocas de meninas, das quais tinham tantos sonhos quantos os meus. Meninas-mulheres que queriam abraçar o mundo e mudar a história. Muitas ceifadas de seus anseios no âmbito familiar e pessoal, porém cheias de vivacidades e amores, tão próprios, quanto tão próximos a todos à sua volta.

Ah, aqueles anos! Anos de revoltas particulares e revoltas sociais! Não. Revoltas internas, ou não. O mundo é o que é. O mesmo desde sempre. O mundo quer se sustentar e ser agraciado com os sabores de quem tem poder. Cresci.

As lutas mudaram. Hoje quero “poder” também. Ou sempre quis esse poder? Talvez um poder diferente. Não o poder do dinheiro desvairado, ou de aspirar o mando sobre os outros e sobre as coisas, mas… Quero poder desfrutar da boca que me amansa. A boca que me quer. Diferentemente das meninas-mulheres,  agora os lábios da mulher madura do meu tempo. E não quero que me digam que não posso.

Quero deitar com a minha mulher e depois ir a um almoço de domingo com os participantes da minha vida, poder lhes falar: Esta é a pessoa com que me deito, que compartilho minhas dúvidas, meus sonhos e desejos e não quero que estranhem o meu modo e o meu ser.

Eu quero poder, este poder.

Eu quero cheirar o perfume da mulher que escolhi e quero dar-lhe o meu perfume, sem que me digam que não há merecimento. Isto porque eu mereço. 

Eu mereço o ar que respiro, pois nasci. Eu mereço gastar meu dinheiro, por que eu o conquistei. Eu mereço o colo macio de quem eu amo, porque a amo. E não me diga que não posso, pois aí, serei a adolescente de sonhos de outrora. Cheia de vontades e querendo o mundo para mim. Rebelde e livre. Peitando a minha própria mansidão.

Quero fazer amor dentro do meu quarto, num hotel qualquer ou numa praia deserta. Os amantes merecem isso. Quero andar de mãos dadas, sem que hipócritas me machuquem e quero beijar a boca macia, cheia de gostos doces dos lábios de uma mulher. Enfiar os dedos nas entranhas e sentir o hálito do gemido de prazer, quando ele vier.

Deus! E que prazer que me dá, ao ouvir o som da minha amante, clamando por mim, na hora do amor!

Não importa se é utopia o que dizem os cínicos da estrada, mas é o que é. Eu sou amante do meu amor. Sou a mais verdadeira e feliz nos passos da minha história. E não importa se é utopia ou se os cínicos são infelizes. Eu sou a mulher-menina, amante do meu bem-querer e de mim mesma.      

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4 Responses to Utopia ou Orgulho?

  1. Carol, muito sicero e bonito o que você descreveu, sentiu e colocou no ” papel”. Transmitiu o que a maioria pensa,sente e vivi. Que possamos um dia viver num mundo assim! Mais amor, mais respeito, mais igualdade!!

    Beijao

    PS:Espero que estejam bem!!

  2. Q lindo, Carol, parabéns, q a tua UTOPIA te siga
    por todo sempre. Desejo q nunca percas esse ar
    sonhador.

    Bjs

  3. Uau!Utopia, de repente, acho que é aquilo que sonhamos, mas lá no fundo sabemos que é quase impossível de se realizar. Todas nós, penso eu, temos a Esperança deste Sonho se realizar o mais breve possível! E ter o Orgulho sim, de ter conseguido alcançar a Realização deste lindo Sonho!

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