STREET FOOD – AMÉRICA LATINA

Brasil, México, Colômbia, Argentina, Peru, Bolívia. Estes são os países que aparecem na nova série da Netflix chamada Comida de Rua América Latina. Este não é um post do Brejo na Cozinha, apesar do mote de parecer. A primeira temporada falou da Ásia, e também vale ser vista.

Vocês devem estar pensando: porque diabos essa autora resolveu fazer um post sobre uma série de comida em um site lésbico, fora da coluna de culinária, certo?

Então, principalmente pelo primeiro episódio, que mostra a Argentina. Ele fala de um pequeno restaurante dentro de um mercado, e de sua dona, que o herdou do pai. Porém, acima de tudo, fala de aceitação de si, e de seguir seu próprio caminho, seja na escolha da parceira, das escolhas para seu futuro profissional.

O mundo da cozinha tem muitas pessoas LGBTQ+. Neste seriado, somente um casal lésbico é mostrado. Entretanto, na minha experiência como professora, pude ver alunos das mais diversas orientações sexuais. É um mundo repleto de preconceitos e machismo, como qualquer outra profissão. Tanto para mulheres que são hétero, quanto para as lésbicas não duvidem disso.

No entanto, a série me ganhou por mostrar que somos capazes de fazer algo bom, que é reconhecido pelos nossos e também pelos outros. Por mostrar uma história bonita, e não somente pontos trágicos, como costumamos ver por aí.

Para quem se interessa por gastronomia, é um prato cheio! Como diz uma grande amiga historiadora, Nainora Freitas, nós viramos as costas para nosso próprio continente, nossos vizinhos. Acreditamos nessa visão “eurocêntrica” de tudo, e esquecemos nossas raízes.

A série se encarrega de trazer isso. As raízes de um continente, que apesar de nossa colonização portuguesa, tem muito em comum com outros povos, em função da nossa origem.

Quando bati o olho em uma panela, no episódio da Colômbia, me deparei com um ingrediente usado na Amazônia. Vocês já pensaram que a floresta abrange Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa? E que os povos que habitavam/habitam essa floresta tinham/têm conhecimentos comuns? Ou seja, que nós temos muitas coisas compartilhadas com esse povo todo?

Por fim, pensando agora em todos os episódios, penso nas mulheres. No quanto a cozinha é um espaço feminino. E no quanto a mídia, além do restante, quer nos colocar somente na cozinha de casa, no espaço privado, longe dos holofotes. Por que a maioria dos chefes estrelados é homem? Por que a maioria das cozinhas profissionais é gerida por homens? Por que as mulheres não são capazes de encarar esta tarefa? Ou será que é porque os aplausos não devem ser nossos? Vendo esta série me dou conta de que a história da Comida de Rua se cruza com a história de milhares de mulheres mundo afora. Que saíram de seu lar em busca de sustento para a família, de uma profissão, de seu lugar no mundo. Nós, mulheres, somos protagonistas das mais belas, duras, sofridas e maravilhosas histórias. Só nos falta nos apropriarmos disso para nossa vida.

Pois, é! Por tudo isso, não deixem de assistir a série e também acompanhar os posts do Brejo na Cozinha.

Espero que tenham gostado da dica.

Abraços!

 

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